Sonho Eterno
Sinopse: Para ela, ele era feito da mesma matéria que compõe os sonhos. Kouta x Lucy.
Disclaimer: Elfen Lied não me pertence, e nós todos já sabemos disso, não é?
Sonhos nunca significaram muito para ela, não passavam de doces ilusões que coloriam a vida e não permitiam que uma pessoa desistisse de seus objetivos, por mais que estes parecessem inalcançáveis. Eram apenas uma ferramenta para se manter lúcido, se assegurar de que estava tudo bem, quando na realidade não estava.
Lucy não tinha sonhos, mas pesadelos. Horríveis, sangrentos e desesperadores, mas que a mantinham de pé, lhe davam razões para continuar com a única coisa que ela sabia fazer, sua única razão de existência: matar.
Sonhos eram para os que tinham uma vida; para os que tinham um motivo para sonhar. E se ela alguma vez tivera algum, o perdera ao longo do caminho. Não fazia diferença.
Mas porque ela se sentia tão confusa, logo depois que ele entrara em sua vida sem ao menos pedir permissão? E porque ela começara a pensar nele como um sonho, seu sonho, quando sabia que não tinha vida nem motivo para sonhar?
Kouta era diferente, simplesmente diferente. E Lucy ainda não definira se diferente tinha um significado positivo ou negativo. Talvez fossem os dois.
O importante era ele, o modo como a olhava, a tratava. Sem medo, sem repulsa. Apenas aceitação, e ela supunha, uma pontada de curiosidade. Mas isso só contribuía para aumentar sua confusão, que ele era diferente, e de certa forma especial ela já percebera. O problema era o porquê disso.
Porque ele era gentil com ela, porque ele a fazia sentir-se estranhamente bem e em paz consigo mesma, porque se preocupava com ela e acima de tudo, porque a fazia amá-lo daquele jeito desesperado, deixando-a pensar que ela também podia sonhar.
Mas não era verdade, ela não sonhava, não precisava do conforto dos sonhos. Não era por conforto que ela ansiava, nunca fora. Lucy e Kouta eram opostos, que por mais clichê que pudesse parecer haviam se atraído, jogados em uma convivência que se fortalecia e evoluía sutilmente ao passar dos dias.
E era disso que ela – por mais estranho que parecesse – tinha medo da relação dos dois. Porque eles eram diferentes demais para dar certo. Lucy era uma assassina, e Kouta...ele era só uma garoto normal. Humano.
Então como ele podia estar ao lado dela, amá-la – mesmo se tratando de Nyuu, aquela parte de si que talvez nem soubesse o real significado do que ela fazia: matar. O pior tipo de roubo.
Pois o que ela fazia era nada mais do que roubar; roubava-lhes as esperanças, seus sonhos e suas vidas. Porque ela queria que pelo menos por um instante eles se sentissem como ela, compartilhassem da sua dor. Se eles ao menos a entendessem, ela não ficaria mais sozinha, não seria mais um monstro.
Mas eles nunca entendiam, não queriam compreendê-la. Sendo assim, o que mais ela podia fazer além de roubar?
Ela queria impedir o que estava fazendo, mas não conseguia. Via os olhares, ouvia as conversas, e nada parecia ser suficientemente forte para impedi-la. Ela queria ir embora, deixa-lo...viver. Porque Lucy sabia que quando ele a enxergasse de verdade, disposta da máscara de Nyuu, os olhos dele mudariam, o sonho acabaria e Kouta não seria nada mais do que igual a todos os outros. E igual a todos os outros, ela iria roubá-lo, até não sobrar mais nada. Definitivamente.
Então ela pedia, com todas as forças que conseguia reunir, mesmo não sabendo se iriam ouvi-la, mesmo não sabendo ao certo a quem se dirigia, para que ele continuasse como era. O seu sonho eterno.
Porque se ela acordasse do torpor causado por ele, mancharia mais uma vez o seu mundo de vermelho.
N/A: Eu definitivamente precisava fazer uma Lucy's POV. É uma personagem fácil de trabalhar para mim, mesmo com todo o conflito de personalidade dela. Bem, espero que vocês gostem dessa one-shot tanto quanto eu gostei de escrevê-la. :)
Se ler, deixe review, eu não mordo e os seus dedinhos não vão cair por causa disso.
