Meu fantasma
Descrição: Uma paixão por algo irreal, um dia, pode ter um significado. Ela nunca imaginou que seu fascínio pelo Fantasma da Ópera lhe trouxesse um amor de tirar o fôlego.
Disclaimer: Bleach e o Fantasma da Ópera não me pertencem e dá pra perceber, eu nunca faria algo assim.
Nota: Como no Japão cada pessoa usa as roupas que gosta, não ligando pra estilo (que o que é o que mais se tem por lá), cada personagem usará algo que combine com os gostos e talvez, personalidade.
Capítulo 01 - Little Momo
O dia sempre fora puro e belo na cidade de Karakura, assim como a noite. Em um teatro antigo, uma importante peça era encenada e todos pareciam assistí-la com fervor. Uma garota, acompanhada das amigas, sentia seu corpo tremer diante da emoção de poder ver O Fantasma da Ópera e; mesmo em inglês conseguia compreender tudo. Em sua casa, o livro e o filme do mesmo estavam em destaque na estante.
Apertava a saia do vestido negro com força, cantando baixinho junto com os atores. Não chegava mais a ser uma peça e sim, uma ópera das melhores. Sua amiga, de curtos cabelos negros ria diante da animação da garota, mesmo concordando com tão maravilhosa sensação.
Angel of music
(anjo da música)
Guide and guardian
(guia e guardião)
Grant to me your glory
(conceda-me a sua glória)
As atrizes cantavam, acompanhando magicamente os músicos que ali tocavam com tudo. A garota fechava os olhos e ainda sim conseguia ver toda a peça, sabia de cor. Um sorriso bobo estava em sua face, assim como as mãos estavam unidas fortemente.
"Aaah.. é tão maravilhoso!" - Murmurou, para si mesma.
Depois de muito cantar e encenar, os atores finalmente recebiam as palmas finais do público. Ela, talvez, tivesse sido a primeira a levantar-se e aplaudir até suas mãos incharem. Era simplesmente maravilhoso, seu coração saltava como nunca.
"Rukia-chan, gostou?" - Virou-se para a amiga, que também aplaudia satisfeita.
"Hinamori, nessa você me pegou! É realmente lindo!"
Hinamori sorriu, mais satisfeita do que estava. Logo a terceira amiga, Matsumoto, chamou-as para ir embora, tendo que arrastar a pobre, de tão maravilhada que ainda estava. Momo andava por entre as pessoas lentamente, cantarolando alguma das várias músicas, chegando a trombar com alguém, mesmo não sabendo quem era. Restou a Rukia resgatá-la, a guiando até a saída e entrando no carro da ruiva.
"Hinamori, pare de sonhar!" - Ela falava, passando a mão na frente dos brilhantes olhos da morena.
"Rukia, acho que ela vai ficar o resto da semana assim."
Rukia bufou.
"Não é justo!" - Ela resmungou - "Vou ter de passar o resto das minhas férias sozinha!"
"Rukia, você ainda tem o Ichigo e o Renji como salvação!" - Matsumoto riu. - "Lembre-se de mim, que já trabalho!"
Todas as três se conheceram na escola, Matsumoto em seu último ano. Era o primeiro ano que ela agia como uma adulta quase responsável, ainda cabulando o trabalho duro de vez em quando, mesmo não querendo adimitir que sentia uma pequena queda por seu chefe. Rukia e Momo, ainda estavam no segundo ano do Ensino Médio, vivendo o auge de suas juventudes. Ou ao menos a Kuchiki, já que a outra era fechada em seu mundo com suas fantasias.
"Who is this angel...?" - Hinamori cantarolava, balançando a cabeça de um lado para outro.
"Sabe do que você precisa?" - Matsumoto falou, atraindo a atenção da mesma.
"O que?"
"Um na-mo-ra-do!"
Hinamori corou da cabeça aos pés, chegando a engasgar. Aquele assunto chegava a ser até complicado, já que a jovem nunca havia namorado antes. Garotos não eram o seu forte, mesmo sabendo que um amigo a amasse e muito. Rukia tivera um longo namoro de dois anos que acabou tragicamente e mesmo ainda tendo a amizade do garoto, sentia-se desconfortável.
"Chegamos."
O carro parou em frente a um simpático prédio laranja, onde Hinamori morava com uma prima em um pequeno apartamento. A mesma se despediu das amigas e saltitou até o seu andar, o quinto. Pegou as chaves animadamente ainda na escada, deixando-as cair. Virou-se para pegá-las quando viu outra pessoa fazer o pequeno favor.
"Cuidado." - E entregou-lhe.
"Ah, obrigada..."
Hinamori parou. Era um garoto aparentemente da sua idade, com aparência um tanto punk. Os cabelos brancos espetados assustavam, mas os olhos verdes eram de uma profundidade que a intrigava. Ficou alguns instantes parada o analisando quando o mesmo sente-se desconfortável, pigarreando.
"Desculpe-me." - Pegou as chaves desajeitadamente, um tanto sem graça. - "Você mora aqui também? Nunca te vi."
"Sim..." - Hinamori concluiu que a voz daquele estranho era bem forte, talvez combinando com sua personalidade aparente. - "Me mudei recentemente."
Um estalo se formou na mente da menina. Ah sim, se lembrava de que o décimo andar fora comprado e alguém mudara-se ainda na semana. Então era a família daquele garoto. Sorriu, feliz por poder fazer um novo amigo.
"Então, muito prazer e bem vindo ao prédio! Meu nome é Hinamori Momo, moro no quinto andar."
"Hi..." - Ele hesitou falar por um instante, mas vendo aquela aparência tão gentil, não viu problemas. - "Hitsugaya Toushirou."
Só então Hinamori deu-se conta do horário. Desesperou-se ao se lembrar de que ficaria sozinha durante o dia e teria de levantar cedo para poder fazer uma pequena faxina, para ajudar. Despediu-se rapidamente de Hitsugaya e correu até seu andar, que era o próximo. Destrancou a porta no mesmo momento que o garoto rumava para as escadas do próximo nível.
"Boa noite." - Ela ouviu-o falar.
"Boa noite! Ah, por que sobe as escadas se temos elevador?" - Hinamori perguntou.
"Gosto de andar."
"Concordo!" - Rindo, Momo fechou a porta e trancou-a, tomando cuidado para não fazer barulho e acordar a prima.
Naquela noite, ela dormiu abraçada em sua almofada negra com um sorriso no rosto.
Beneth the opera house
(embaixo da cada de ópera)
I know he's there
(eu sei que ele está lá)
He's with me on the stage
(ele está comigo no palco)
He's everywere
(ele está em todo lugar)
And when my song begins
(e quando meu som começa)
I always find
(eu sempre acho)
The Phantom Of The Opera is there
(o fantasma da ópera está lá)
Inside my mind
(dentro da minha mente)
"Mais alguns minutos..." - Hinamori murmurou, enfiando-se por entre as cobertas para fugir dos raios de sol. - "Kuso..."
De nada adiantava, seu despertador que fizera a questão de personalizar simplesmente continuava tocando, não deixando-a dormir. Espreguiçando, Hinamori rumou para o banheiro depois de choramingar que eram apenas oito da manhã de uma segunda-feria. Tomou uma ducha fria para acordar, sentindo-se melhor. Colocando uma roupa confortável e velha, saiu para a cozinha, pois estava com fome.
Relembrava-se da noite anterior, respirando fundo enquanto mastigava uma torrada. Pela primeira vez assistira a peça ao vivo, não pela tela da televisão. Com certeza fora muito mais emocionante, digno de aplausos. Não comeu muito, logo guardou tudo e rumou para a dispensa, pegando a vassoura e o balde.
Era hora do almoço e Hinamori balançava no pequeno parque próximo ao prédio. Sentia o vento balançando suavemente sua franja harmoniosamente com seus sentimentos, também leves. O cabelo castanho estava preso em um ajeitado coque com presilhas azuis. Usava uma saia de prega cinza com longas meias brancas, sapato boneca e uma blusa preta com rendinhas ao longo das mangas compridas.
Em seu colo, o estimado livro descansava cuidadosamente. A garota não cansava de olhá-lo, relembrando parte por parte da noite anterior. Riu quando imaginou que Rukia espancaria Ichigo ou Renji até que se cansasse quando eles falassem mal da peça, como desde o início da semana.
Um vento frio bateu em seu rosto, fazendo-a arrepiar. Ainda era inverno mas o frio não era tão grande, exceto quando ventava impiedosamente. Momo abraçou a si mesma, tentando espantar aquela sensação gelada. Riu consigo mesma quando se lembrou da personagem Christine e sua visita ao cemitério, tentando espantar o frio de seu coração pela saudade do pai.
"Você vai congelar." - Uma voz falou em seu ouvido, de repente.
"AAAH! O FANTASMA!?" - Hinamori gritou, jogando o livro para o alto.
"Fantasma? Você ainda acredita nessas coisas?" - Hitsugaya pegou o livro facilmente e sentou-se no balanço ao lado. - "Quantos anos tem? Dez?"
"Claro que não!" - Resmungou, fazendo um bico. - "Tenho dezesseis! E não era o tipo de fantasma que você estava pensando."
Hitsugaya fitou o livro, ficando surpreso ao ver seu conteúdo. Aquele tipo de fantasma. Talvez fosse apenas prepotência sua, mas Hinamori era meiga demais para gostar de uma história como aquela, mesmo se tratando de um romance. A história aparentava ser maravilhosa, mas tinha um homem doentio como personagem principal, dando um ar mais sombrio ao enredo.
"O Fantasma da Ópera..." - Ele leu em voz alta. - "Conheço essa história."
Os olhos da garota brilharam, fazendo-a esquecer-se completamente do livro. Se Hitsugaya conhecia a história, talvez pudesse debater sobre a mesma, como sempre gostava de fazer, porém sempre pela internet. Seus amigos não eram interessados naquilo.
"É maravilhosa, não acha?"
"É bem complexa, mas concordo. Gosto do jeito doentio do fantasma."
"Ele não é doentio. Apenas.. diferente." - Hinamori fitou o chão. - "Desde pequeno não conheceu as oportunidades boas da vida e quando finalmente teve a chance de se apaixonar, tornou-se tão possessivo que não pôde controlar."
Hitsugaya a fitou, curioso. Hinamori filosofava de uma maneira sincera e sábia, ao mesmo tempo simples. Sorriu de canto, simpatizara com a garota. Olhou para a rua, escondendo o começo do rosto no cachecol branco, enquanto colocava as mãos nos bolsos da jaqueta azul escura.
"É, você entende bem da história."
"Hai! É a minha favorita, já que minha mãe sempre me contava, antes de dormir."
"Ela ainda não te conta?"
Os olhos da mesma tornaram-se opacos. O sorriso alegre sumiu de sua face tão rapidamente como veio, tornando-se triste.
"Ela morreu, ano passado."
Hitsugaya arregalou os olhos. Desculpou-se baixinho, olhando para o lado oposto da jovem. Aqueles assuntos eram delicados, ele próprio sabia. Não gostava de comentar sobre sua mãe, o passado não era dos melhores. Seu pai estava doente, sempre de cama, mas ele não ligava. Nunca foram íntimos, trocavam poucas palavras desde que se lembrava.
"Desculpe."
"Não, tudo bem... Eu já superei!"
Ele sabia que era mentira, com aquele sorriso tão falso. Fitou-a do canto do olho, fazendo uma careta. Hinamori era realmente sensível, comprovava pelo fato dos olhos estarem marejados. Oh não, ela iria chorar. Hitsugaya sempre detestou ver os outros chorando, nunca conseguia fazer nada para pará-los. Era egoísta, chorar era um direito somente dele quando pequeno e de mais ninguém.
"Não começe a chorar, supere e vá em frente."
Momo olhou-o, sentindo-se confortada. Era estranho, havia conhecido-o praticamente no mesmo dia e já se sentia bem ao seu lado. Era uma sensação inédita, como uma criança quando descobre algo. Sorriu, fazendo uma pose confiante. Hitsugaya bufou.
"Essa pose é pior do que a anterior."
Não aguentando, Hinamori riu e chorou ao mesmo tempo. Uma maneira estranha e ao mesmo tempo cômica de se consolar uma dor profunda o suficiente para se deixarem cicatrizes. Hitsugaya a fitou confuso, ficando mais irritado do que já aparentava ser. A garota aproximou-se, com um sorriso zombeteiro.
"Você está parecendo uma criança. Quantos anos tem? Dez?"
Então ela gostava de jogar na mesma moeda. Interessante.
"Não, tenho dezesseis!"
"Eh?" - Hinamori piscou. - "Em que escola você estuda?"
"Não sei direito o nome... mudei pra cá faz pouco tempo, vivia em Tókio. A escola é..." - Hitsugaya tentou se lembrar, mas não conseguia. Não estava muito interessado quando seu pai lhe falou o nome, portanto nem mesmo a localização ele sabia. - "Ah, não sei! Começa com Mei, isso tenho certeza."
"Então só pode ser a minha." - Hinamori sorriu amigavelmente. - "Vamos estudar juntos! Não é legal, Hitsugaya-kun?"
Ele bufou, escondendo um sorriso, que não passou despercebido pela Momo. Ela já estava se achando sua amiga, antes mesmo de conhecê-lo bem. Mas não ligava para aquele detalhe, tinha esperanças de se encaixar melhor nessa cidade do que na outra.
"Hum.. é."
"Ah, pode me chamar de Hina-chan! Todos me chamam assim."
"Não."
Hinamori piscou, levantando-se de súbito do balanço, assustando o garoto. Ela tinha uma personalidade bem espontânea e explosiva, concluiu.
"Por que?"
"Não quero, te chamo do modo que eu quiser."
Hinamori foi falar alguma coisa quando se tocou das horas. Congelou, sua prima já deveria estar em casa esperando pelo almoço. Saiu correndo sem mesmo se despedir de Hitsugaya ou pegar seu livro, correndo para o prédio e pegando logo o elevador. Quando chegou no apartamento, mal fechou a porta e foi para a cozinha, parando ao ver as panelas encima da mesa e um pequeno bilhete da prima, que preparara por ela mesma e se fora.
"Ai, que vergonha... Fiquei de papo pro ar e me esqueci da Nanao-chan!" - Foi quando parou. Estava se esquecendo de mais alguma coisa... - "MEU LIVRO!"
Talvez Hitsugaya ainda estivesse no parque, segurando-o. Correu para a porta, encontrando ninguém mais ninguém menos do que o próprio observando aos quadros na parede de uma maneira falsamente interessada.
"Sua cabeça-oca. Você se esqueceu."
Hinamori pegou seu livro delicadamente, abraçando-o como se fosse um pedido de desculpas. Andou até a sala e colocou-o na estante, ao lado do filme com o mesmo tema. Virou-se e viu Hitsugaya observando o resto da casa como se esperasse pelo agradecimento.
"Tenho que retribuir."
Ele a olhou pelo canto do olho, ainda com as mãos nos bolsos. Não disse nada, apenas a seguiu a pedido da mesma até a cozinha, vendo-a pegar mais um prato e um par de hashis. Rolou os olhos, não gostava de dar trabalho para os outros.
"Não vou incomodar."
"Não se preocupe! Minha prima sempre faz comida demais, não vai incomodar de jeito nenhum."
Vencido, Hitsugaya sentou-se, assim como Hinamori. E o almoço passou lentamente, ambos conversando sobre o que lhes vinha à cabeça, tendo várias vezes o tema preferido da garota, que a mesma descobriu ser também o dele. Um sentimento quente brotou em seu peito, porém ela não sabia o que era, mas gostava. Uma sensação nova, que nunca havia sentido antes.
"Vamos ser bons amigos, né?"
"Huum..."
E Hinamori riu, diante de um irritado Hitsugaya com a boca cheia de macarrão.
Continua...
Tcharam! Olha eu aqui, de novo! Não resisti ficar longe deles, simplesmente não dava! E misturei com o Fantasma da Ópera, é uma história que gosto demais. Eu não iria começar a postar essa fic agora, mas por vontade e por pedidos, postei.
Espero que todo mundo goste e caso alguém não conhecer a história me fala que eu explico, já que vou comparar muitas situações da fic com o que acontece no livro ou filme. E vou postar também trechos de músicas, assim como os títulos dos capítulos são os nomes das músicas.
Enfim, é isso, espero que gostem! E deixem reviews falando o que acharam, qualquer erro ou coisa chata que tiver, eu dou um jeito de corrigir! ;D
Ja ne!
