Em Ótima Companhia
Nota: Vocês sabem aquelas histórias aleatórias que surgem na nossa mente, extremamente bobas, mas que dá vontade de colocar no papel? Poisé. Essa fic comecei a escrever do nada, sem muito planejamento, e não será muito longa, acho. Não sei quando as atualizações virão porque estou escrevendo bem na brincadeira, sem qualquer compromisso. Vejam essa bobagenzinha minha aqui como uma brincadeira sem intenção de ser profunda e cheia de significados, ou apegada demais aos detalhes, uahuaahahaua!
É EWE e veela fic, e o Draco que assumiu o papel de veela! Porque ele fica um amor assim. uhauahaahau! E está sem betagem, já peço desculpas pelos erros feiosos.
Boa leitura!
Capítulo 1
Harry esticou o braço quando o telefone tocou, e algumas pipocas caíram do balde no processo.
"Alô." Harry falou distraidamente, com os olhos ainda presos no filme aleatório que passava na televisão.
"Potter? É você? É você mesmo?" A voz do outro lado soou ligeiramente desesperada, surpresa e ansiosa, o que fez com que o moreno se ajeitasse melhor no sofá. Era um homem do outro lado da linha, mas Harry não reconheceu quem era, apesar de lhe soar estranhamente familiar.
"Sim... Quem está falando?" Perguntou desconfiadamente. O homem pareceu hesitar por alguns segundos.
"É o Malfoy. Sei que é difícil explicar agora, mas eu estou te procurando há três anos, Potter! Onde diabos você se meteu? A sociedade bruxa inteira esteve atrás de você e-"
A risada que Harry soltou fez com que o tal Malfoy se calasse.
"Sociedade bruxa?" O moreno perguntou divertido. Não esperou que o outro respondesse e continuasse com aquela ligação idiota, que não deveria passar de um trote. Colocou o telefone no gancho e voltou ao filme. Nem três segundos depois, o aparelho voltou a tocar.
"Alô." Harry acreditava ferrenhamente que o rapaz que havia recém lhe pregado um trote desistiria depois que desligasse na cara dele, então se surpreendeu ao ouvir a mesma voz, dessa vez terrivelmente irritada.
"Por que você desligou na minha cara? Eu estava falando com você!" Malfoy exclamou indignado. Harry revirou os olhos, remexendo os dedos entre as pipocas. Colocou uma delas na boca e mastigou sonoramente.
"Olha aqui, engraçadinho, apesar de ser um domingo extremamente ocioso o de hoje, eu não tenho tempo para brincadeiras idiotas." Harry revirou os olhos e pousou o olhar no filme. Por coincidência, era um sobre bruxos.
"E quem está brincando?" Malfoy respondeu com surpresa. "Olha, Potter, preciso que você me diga onde está morando e-"
Harry voltou a rir. "Sério, cara, eu não sei qual é a tua. Eu nunca ouvi falar sobre nenhum Malfoy. Eu vou desligar, ok? E por favor, não ligue mais."
"Não, Harry, espera, por favor!" Algo no tom do homem fez com que Harry não tornasse a bater o telefone no gancho. Apenas ficou parado e quieto, esperando. Malfoy aproveitou a deixa e continuou. "Eu sei que fomos inimigos no passado, e você não deve sentir nenhuma vontade de ver ninguém depois da guerra, já que está fugiu da Inglaterra há cinco anos e nunca mais deu notícias..." Harry começou a pensar que não deveria ter dado trela para esse louco. "Mas eu realmente preciso de você. Eu... gostaria que você me desse uma chance. Só me diga onde você mora agora, eu passo na sua casa, nós conversamos pessoalmente e, se você nunca mais quiser me ver depois disso, eu não o procurarei nunca mais."
Harry tinha as sobrancelhas franzidas enquanto olhava para a televisão sem realmente vê-la. Lambeu o dedo lambuzado de pipoca como se isso pudesse fazê-lo pensar com mais clareza. Havia tanta sinceridade no tom dele! E aquele toque de desespero... Era mesmo um homem muito doido. Harry resolveu brincar com ele também.
"Tudo bem, eu moro na..." Harry deu o endereço de uma república de estudantes, onde alguns de seus amigos moravam. Disse que ficava na Austrália, em uma pequena cidade costeira.
Malfoy agradeceu, e disse que estaria ali assim que possível.
O moreno desligou o celular balançando a cabeça, pensando em cada louco que passava vez ou outra pela vida de alguém e resolveu sair de casa mais cedo e ir surfar um pouco. Harry estava com vinte e dois anos e era estudante de jornalismo há três, porém estava de férias e seus dias se resumiam a sair com os amigos, ir à praia, ir a um ou outro luau. Morava sozinho em uma casa pequena com vista para o mar e adorava tudo aquilo.
Assim que estava pronto para sair de casa, cerca de quinze minutos depois, entretanto, seu celular tocou jogado em algum lugar do sofá. Harry franziu a testa ao ver que era uma ligação de um dos rapazes que moravam na república de seus amigos.
"Fala, Luca. E rápido, porque estou saindo para surfar." Harry falou espiando a praia pela janela da sala.
"Cara, então vai desistindo, porque tem um louco que acabou de chegar aqui exigindo falar com você. Ele disse que foi você quem passou o endereço. Um tal de Draco Malfoy." Luca informou em um tom baixo, talvez para que o tal Draco em pessoa não viesse incomodá-lo. "E, sério, cara, ele não para de falar umas loucuras sobre muggles e azarações. Completamente pirado. Muito sacana da sua parte dar o endereço daqui."
Harry piscou incrédulo. Ele não estava esperando por aquilo. Nem imaginava que o tal Malfoy morasse ali na cidade. Era a única explicação para ele ter chegado tão rápido à república. O moreno suspirou estafado.
"Eu vou passar aí. Me dê cinco minutos." Harry falou, decidindo ir ver quem afinal era esse tal Draco Malfoy e quem sabe mandá-lo à puta que pariu por ter atrapalhado seu surfe.
Ainda assim, Harry foi com a prancha até a república, que não ficava muito longe dali. Passou pelo Bar do Gaivota e abanou para o filho do dono, um conhecido seu. Ele perguntou se Harry iria surfar mais tarde, ao que o moreno assentiu.
"Li seu artigo ontem no jornal. Estava ótimo!" Mathias cumprimentou.
Harry agradeceu descontraído e seguiu para a república. Era comum as pessoas se cumprimentarem e pararem para conversar pela rua ali, já que quase todo mundo se conhecia, e esse motivo fez com que Harry demorasse quase vinte minutos para percorrer um trajeto de cinco. Quando finalmente chegou, Luca o esperava no pátio da casa envidraçada, batendo o pé.
"Você trate de tirar aquele cara ali de dentro AGORA." Ele exigiu nervoso. "Eu não sei o que ele está fazendo, mas... todo mundo... ele tem algo de muito errado nele!" Luca ganiu.
Harry ergueu as sobrancelhas, espantado com o tom do mais velho, algo que não percebera por celular.
"O que foi? Ele não tentou matar ninguém não é? Até passou pela minha cabeça ele ser algum maníaco assassino, vai saber." Harry deu de ombros, largando a prancha na parede ao lado da porta de entrada.
"Você vai entender quando ver o cara." Luca empurrou Harry república a dentro.
Logo da entrada já se chegava à sala, onde havia alguns sofás e uma televisão, e inclusive algumas redes de descanso no pátio parcialmente coberto logo ao lado da sala, que se tornava quase uma extensão dessa. Draco Malfoy estava sentado no sofá, esperando em uma pose elegante, e seus olhos se cravaram em Harry assim que o moreno parou no centro do cômodo.
"Potter!" Ele se ergueu e sorriu, enquanto Harry perdia momentaneamente o ar.
Era o cara mais estupidamente atraente que já havia visto na vida! Ele era alto e esguio, talvez apenas uns poucos centímetros mais baixo, e tinha cabelos loiros e brilhantes que ficavam puxados naturalmente para trás, compridos até metade da nuca. Seus traços eram finos e simétricos e ele parecia irradiar algo que deixou Harry completamente aparvalhado.
As roupas dele eram pouco usuais para a cidade. Ele vestia uma camisa social branca, calça preta e sapatos fechados. Bastante formal, mas ele havia dobrados as mangas e aberto os primeiros botões da camisa, provavelmente devido ao forte calor de início de tarde. Harry não conseguia tirar os olhos dele, e muito menos da pele pálida e perfeita, do nariz fino e bem desenhado e dos olhos cinzentos.
E Harry nem se lembrava de ser gay.
E não parecia ser o único a ter-se esquecido disso, já que Luca e mais dos rapazes que estavam amontoados na porta da cozinha também pareciam vidrados no rapaz.
"Você mudou bastante." Draco observou, também o mirando de cima abaixo. "Está mais alto e... mais musculoso. Que eu me lembre, era um pau de vira tripa até uns anos atrás."
"Você o conhece, Harry? É seu amigo?" Luca perguntou virando-se para Harry e parecendo aliviado por conseguir quebrar contato visual com o rapaz desconhecido. Harry piscou atrapalhadamente, sem saber o que dizer.
"Eu... não faço ideia de quem ele seja." Admitiu confusamente, sem desvia o olhar do loiro, e reparou em como ele pareceu em choque, e ligeiramente magoado. "Será que a gente poderia usar o pátio? Eu e ele precisamos conversar."
"Certo." Luca mirou o rapaz de esguelha, e indicou com a cabeça a rua para os rapazes. "Vamos dar uma volta, galera."
Assim que todos saíram, Harry caminhou até o loiro e o segurou para o braço, porém o soltou imediatamente ao sentir uma espécie de choque elétrico atingir seu corpo.
"O que foi isso?" Perguntou pasmo, mas então se viu completamente perdido no rosto do outro. O que diabos esse loiro gostoso tinha que o estava deixando completamente fora de si? Como se uma força superior ordenasse que o empurrasse contra a parede agora e o beijasse até que ele os lábios doessem?
"Você realmente não lembra de mim?" Ele indagou sem se importar com a pergunta. "Potter, você salvou a minha família, me salvou do fogo maldito e agora vem com essa de que não se lembra de mim! Você mentiu, é isso? Seus amigos não sabem sobre-"
"Mas que diabos! Você quer parar de ficar falando asneiras? Que história é essa de eu ter salvado a sua família?" Harry perguntou irritado. "E fogo maldito? Mas que merda de-"
Draco se afastou um passo com o semblante em puro choque.
"Você realmente não se lembra." Ele disse como se pudesse ver a verdade nas íris verdes de Harry. "Você não se lembra de nada? É por isso que nunca deu notícias para ninguém? Nem para seu amiguinho pobretão e a sangue-ruim?"
"Quê?" Harry retrucou achando o rapaz cada vez mais pirado. Uma pena, já que ele era... Merda! De novo esses pensamentos estranhos! "Eu lembro de tudo! Eu lembro que nasci aqui, cresci aqui e continuo vivendo aqui, e tenho certeza de que nunca vi você antes na cidade. Como você sabia meu nome, e meu telefone?"
Draco ofegou e colocou uma mão sobre a boca, as íris tempestuosas brilhando de incredulidade.
"Retiraram sua memória." Ele sussurrou por entre os dedos.
Aí foi demais. Harry se irritou de vez, segurou o pulso fino dele e o empurrou contra uma parede, a ataque surpresa ajudando a dominá-lo com facilidade. Deslizou uma coxa por entre as pernas dele e se deliciou com o gemido assustado que ele soltou. Diabos, o cara parecia liberar feromônios a cada piscar de olhos! Harry estava com uma vontade louca de provar daqueles lábios rosados e sentir o gosto deles.
"Olha aqui, loiro pirado, eu não sei que porra toda é essa que você está falando, e a maneira como você parece se... insinuar apenas por respirar está acabando com toda a minha paciência." Harry rosnou colocando uma mão no pescoço de Draco, mas apenas para erguer mais o queixo dele.
Inclinou-se para devorar aquela boca e acabar com a angústia que era não poder tocá-lo mais intimamente quando sentiu um baque na boca do estômago e foi jogado para trás. Caiu de bunda no chão, deslizando alguns metros, e quando enfim parou, não pôde acreditar que o loiro era tão forte. Viu ele guardar rapidamente algo dentro do bolso da calça, e franziu as sobrancelhas. Parecia um pedaço de pau.
"Não pense que porque você é minha outra metade, pode ir me agarrando do jeito que quiser." Ele declarou solenemente, empinando o nariz. E depois suspirou cansado e balançou a cabeça, parecendo perdido. "E eu pensando que teria alguma explicação para o seu sumiço... agora eu fico me perguntando como, por Merlin, você veio parar na Austrália, sem memória do passado, e se tornou um surfista amador?" Draco o encarou tão fixamente que Harry se sentiu despido – e isso que estava só com a roupa preta de surfe abaixada até a cintura.
"Não há nada que preste na sua mente. Por Slytherin! Você virou um surfista vagabundo! Que deprimente." Draco torceu os lábios.
"Hei, eu trabalho! Não sou um vagabundo!" Harry retrucou indignado se levantando.
"E as memórias que implantaram? Ridículas! Abandonado pelos pais e adotado por um casal de senhores já mais idosos? infância travessa e adolescência tranquila? Namoricos idiotas? Merlin! Você realmente acredita em todas essas besteiras? Se eu fosse bom em feitiços de memória, eu-"
Draco não conseguiu continuar a falar, pois Harry voltou a segurar seu braço e o fulminou duramente, fazendo com que se calasse.
"Quer calar a boca? Puta que pariu, como você é irritante!" Harry exclamou e começou a puxar o loiro consigo para fora da república. Não tinha ideia de como ele sabia sobre sua vida. Devia ser algum maníaco perseguidor, ou algo parecido.
"O que está fazendo? Potter, nós precisamos-"
"Eu preciso que você cale a sua maldita boca antes que eu arranque sua língua, o que, sinceramente, seria um verdadeiro desperdício." Harry disse sem pensar. Saiu pela porta arrastando Draco e pegou sua prancha. "Preciso surfar um pouco."
"E eu posso saber por que você está me arrastando com você?" Draco perguntou também parecendo irritado com a atitude do moreno. Harry não ligou, e apenas bufou.
"Eu não sei!" Exclamou angustiado. Não sentia a mínima vontade de largar o loiro e deixar que ele se afastasse, ao mesmo tempo que não aguentava ouvir mais nenhuma palavra doida que ele tivesse para tagarelar ou ouvir expressões estranhas como Merlin e Slytherin.
Não demoraram nada para chegar até a praia, e só então Harry soltou Draco.
"Potter," Draco chamou enquanto Harry ajeitava a roupa de surfe. "Você precisa voltar comigo para a Inglaterra. Lá a gente encontra algum bruxo que vai ajeitar a sua memória e-"
"Você não desiste, não é?" Harry perguntou dando-se por vencido. "Só me dê alguns minutos."
Draco encarou embasbacado Harry correr em direção ao mar com a prancha, deixando-o ali sozinho feito um trouxa vestido no meio da areia. Bufou e se sentou, observando Harry entrar mar adentro sem qualquer dificuldade. Como ele havia aprendido a surfar tão bem? Ele costumava ser desengonçado, Draco pensou enquanto o admirava pegar ondas com uma desenvoltura invejável.
O loiro não havia deixado de reparar em como ele havia ficado mais atraente. O clima australiano havia feito bem a ele, ou talvez fossem apenas seus genes veelas e a maldita história das metades perfeitas, almas gêmeas e coisas assim que o faziam pensar dessa forma. Mas Harry estava definitivamente sarado e bronzeado. Draco salivou quando o viu pela primeira vez depois de cinco anos.
Só que agora que sabia que Harry não estava se fazendo de maluco, Draco não tinha ideia do que faria. O herói do mundo bruxo estava desmemoriado e isso era uma grande merda. Draco não sabia como agir com ele, não sabia o que dizer, e não sabia ajeitar a memória dele.
'Mas talvez seja melhor assim...' Draco pensou distraído. 'Eu conquisto a confiança dele, e depois o levo para a Inglaterra comigo.'
Harry saiu da água muito mais do que dez minutos depois, e veio acompanhado.
Draco ergueu as sobrancelhas para os dois homens com ele. Ambos tinham porte de surfistas, eram bronzeados. Um deles tinha os cabelos compridos e loiro-queimados até quase a cintura, amarrados por um elástico no meio das costas, e olhos azul-claros. E outro com cabelos castanho-escuros com dreads até pouco depois dos ombros, amarrados de qualquer jeito, e olhos marrons. Draco torceu o nariz para ambos.
"Esse é o doidinho?" O de dreads perguntou com um sorriso. "Olá, eu sou o Hugh." Ele estendeu a mão para Draco, que apenas a encarou com desprezo. O rapaz ficou sem graça depois de alguns segundos e recolheu a mão.
"Hugh, sua besta, está todo molhado e praticamente querendo um abraço dele." Intercedeu o loiro puxando Hugh para longe. "Eu sou o Mikael." Ele se apresentou. "Eu não imaginei que você fosse ser tão bonito. Erm... digo, tão atraente e, não! Quero dizer, tão gost... gostos... MAS QUE PORRA EU ESTOU FALANDO?"
Harry olhava para Mikael como se ele também fosse um louco fugido do hospício. Draco revirou os olhos e se levantou, limpando a areia da roupa.
"Não é sua culpa. Vocês muggles são facilmente afetados pela atração de um veela." Draco falou com descaso.
Hugh se inclinou para perto de Harry.
"Você não tava mentindo mesmo sobre ele ser meio..." Fez um gesto circular com o dedo perto da orelha, e Harry concordou discretamente. E nesse meio tempo, Mikael tentou agarrar Draco.
"Hei, o que você está fazendo, cara?" Harry perguntou pasmo, tirando o amigo de cima do loiro maluco que havia soltado uma exclamação de indignação com o ataque súbito do surfista. O moreno o arrastou para longe e o jogou para Hugh. "Segura esse idiota."
Harry preferiu não pensar que também havia tentado agarrar aquele loiro não havia muito tempo, também sem qualquer explicação lógica para sua atitude. E pior, Harry ainda sentia uma vontade devastadora de tentar novamente, e precisava se concentrar enormemente para se manter são. Mikael piscava confuso, parecendo recobrar a consciência.
"A gente se fala depois." Harry se despediu de qualquer jeito dos dois e voltou a agarrar o braço de Draco, arrastando-o consigo para bem longe de Mikael. Não que estivesse com ciúmes ou algo parecido, mas não queria seus amigos sendo afetados também pelo loiro bizarro.
"Você parece ter gostado de me arrastar para cima e para baixo." Draco comentou com tédio, o que fez Harry caminhar mais rápido até sua casa.
"Fique quieto. Você é muito estranho." Harry grunhiu insatisfeito com os pelinhos de sua nuca arrepiados apenas pelo contato entre sua mão e a pele macia do braço do loiro.
"E você não cansa de dizer isso. Estranho é você, que ganhou uma guerra e então some, apenas para ser encontrado em uma praia chinela no fim do mundo, e sem memória de nada. Francamente, e eu ainda paguei um dinheirão para detetives particulares que só foram capazes de encontrar o número desse tal de telefone, nem mesmo um endereço foram capazes de me dar. E você ainda não me explicou por que me deu o endereço errado!" Draco terminou sua tagarelice num tom irritado.
"Assim que eu chegar em casa, vou ligar para o hospital psiquiátrico da cidade vizinha. Você só pode ter fugido de lá. É a única explicação razoável." Harry balançou a cabeça, exasperado com tanta abobrinha.
"Só imagine o meu susto quando descobri que justamente você era minha outra metade. Acho que isso explica por que eu vivia implicando com você nos tempos de Hogwarts. Todo aquele papo de tentar chamar a sua atenção de alguma forma. E eu posso apostar que você adorava... não pensei que eu não sabia que você vivia me monitorando no sexto ano. Patético como você consegue ser transparente. Bem, agora você nem ao menos lembra, então não tenho como arrancar informações sobre o que você sentia naquela época, mas não que interesse realmente agora."
Harry já estava sentindo princípios de dor de cabeça com tanta falação.
"Foi uma droga quando você sumiu. Eu comecei a me sentir deprimido, sabe? Completamente ridículo isso. Me sentir deprimido porque você não estava por perto. Precisei de três anos para entender o que estava acontecendo, até que um médico me explicou tudo, e graças a um feitiço, eles descobriram que você é meu 'par ideal'. Aí começou a busca. Quando você atendeu o telefone, achei que iria enfartar. Sua voz continua tão horrível quanto da última vez que a escutei."
O moreno trincou a mandíbula, pensando que, caso ele e Draco houvessem mesmo sido inimigos em algum momento, ele deveria ter bons motivos para isso. O cara era um mala! O tom arrogante e a pose nariz-empinado dele eram extremamente pedantes e chatas.
"E então eu chego aqui e... isso! E você ainda tem amigos de péssimo nível. Muggles..." Draco falou a palavra desconhecida para Harry como se ela fosse um xingamento odioso.
"Você disse que precisava de mim." Harry falou subitamente, lembrando-se da estranha conversa que eles haviam tido por telefone. Isso foi suficiente para calar o loiro por alguns segundos.
Harry olhou por cima do ombro e viu que ele havia desviado o olhar e mordia o lábio inferior, com um leve rubor nas maçãs do rosto. E ele ficava tão...
"Droga, não faça essa cara!" Harry exclamou exasperado, e Draco ergueu o olhar, confuso.
"O quê?" Ele perguntou sem entender, o que deixou Harry ainda mais estressado. Já estavam no pátio de sua casa, que havia sido deixada aberta.
Arrastou o loiro para dentro, praticamente chutando a porta, largou a prancha em qualquer canto e empurrou Draco até que ele batesse a parte de trás dos joelhos no sofá e caísse desajeitadamente sobre ele.
"Quero saber por que precisa de mim. Agora." Harry demandou.
Draco abriu e fechou a boca repetidas vezes e ainda olhou para o lado, parecendo mais constrangido do que nunca. Isso aumentou perigosamente a vontade de Harry de subir naquele sofá e cobrir o corpo dele com o seu.
'Mas o que eu estou pensando?' Harry perguntou-se nervosamente.
"Responde agora, senão te coloco para fora daqui e não escuto mais nenhuma palavra que você tenha para me dizer." Harry falou firme.
"É difícil explicar quando você não lembra nada sobre magia." Draco replicou rapidamente, com certa irritação. "Nós somos como almas gêmeas."
Harry sentiu sua raiva aumentar consideravelmente. E mais essa agora: um doido apaixonado.
"Você só pode estar brincando." Harry falou por entre os dentes e subiu no sofá, sem se importar se ainda estava molhado ou não. Segurou os pulsos Draco, de modo que os braços ficassem acima da cabeça dele, antes que ele conseguisse socá-lo como antes.
Draco ofegou quando Harry se acomodou entre suas pernas, achando a expressão surpresa mas sem resistência dele extremamente sexy. Ele virou o rosto quando Harry baixou os lábios, mas o moreno não se importou. Simplesmente começou a beijá-lo no pescoço de forma que marcasse bastante nitidamente aquele pescoço pálido.
"Você está fedendo a peixe." Draco reclamou tentando refrear os suspiros que queriam escapar. Harry segurou os pulsos dele com apenas uma mão e usou a outra para desabotoar a camisa social dele.
"Será que você não sabe ficar quieto e aproveitar o momento? Estou tentando criar um clima." Harry reclamou impaciente antes de mordiscar o lóbulo da orelha de Draco, que arqueou o quadril apertando os olhos.
"Você faz isso muito mal!" O loiro rosnou e conseguiu empurrar Harry, que rolou feito fruta podre diretamente para o chão. Em um instante, Draco já estava de pé, olhando-o de maneira firme. "Volte para a Inglaterra comigo."
"Você é inglês?" Harry perguntou estupidamente, só então reparando melhor no sotaque britânico.
"Você também é!" Draco contou exasperado. Harry bagunçou os cabelos, ainda sentindo o gosto da pele do loiro derretendo-se em sua boca.
"Sem chances. Se você é da Inglaterra, o que estava fazendo na Austrália?" Olhou cético para o loiro.
"Eu consegui uma chave-de-portal em menos de dez minutos. Não foi fácil. Você deveria valorizar mais o meu esforço para vir aqui te ver!" Draco reclamou, enquanto Harry sentia vontade de se jogar de alguma ponte.
"Chave-de-por...? Ah, esquece! É só mais uma das suas loucuras!" Harry falou exasperado e foi atrás de alguma coisa para tomar. Draco se levantou do sofá e o seguiu até a cozinha, que se juntava ao pátio dos fundos da casa onde havia um quiosque coberto, com churrasqueira e uma mesa comprida. Era um pátio bastante arborizado.
"Eu não sou doido!" Draco exclamou estafado.
"Então pare de falar como se essas coisas de feitiçaria existissem!" Harry retrucou enchendo um copo com água e bebendo-o em apenas três goles. Draco colocou a mão no bolso.
"Eu vou te provar como magia existe." Ele resmungou tirando uma vareta de madeira do bolso da calça. Porém, antes que tivesse tempo de executar algum feitiço, Harry arrancou-a de sua mão.
"O que é isso?" O moreno perguntou debochado analisando o artefato. "Sua varinha der condão? Vai dizer agora que você é minha fada madrinha?"
Draco fingiu uma risada.
"Muito engraçado, Potter. Agora me devolve, antes que você acabe quebrando-a com a sua patetice." Rosnou estendendo a mão. Harry abriu um sorriso cruel que fez Draco imediatamente entender o que ele tinha em mente.
"Assim?" Harry perguntou antes de quebra a varinha em duas. Draco deixou o queixo cair. "Ops... foi mal."
"Filho da puta!" O loiro perdeu toda compostura e arrancou a madeira avariada das mãos de Harry. "Por que você fez isso?"
O moreno deu de ombros.
"Não quis deixar você alimentar suas loucuras." Cruzou os braços sobre o peito. "Outh!" Harry cambaleou para trás e tapou o nariz, que estava sangrando, após o soco certeiro que recebeu de Draco.
"Você merecia um cruciatus!"
"Meu nariz..." Harry resmungou um tanto fanho. Estava doendo pra valer. Ele nunca diria que aquele loiro esbelto era tão forte. "Você não precisava ter partido para a violência."
Draco bufou terrivelmente irritado, mas se aproximou e tirou a mão de Harry de cima do nariz dele.
"Deixe-me ver isso." Analisou o ferimento, e depois arrastou o moreno até a pia e limpou o ferimento, sob protestos de um Harry completamente emburrado. Depois o levou até o sofá e fez com que ele deitasse com o rosto para cima.
"Não está quebrado, e mal sangrou um pouquinho, então tire essa expressão de quem foi condenado à morte do rosto." Draco demandou com um revirar de olhos.
"Mas está doendo." Harry reclamou ainda birrento.
"Você está parecendo uma criança de cinco anos!" Draco repreendeu.
Harry passou o braço pela cintura de Draco e o trouxe para perto, e segurou a nuca dele. Draco ficou meio torto com a posição, mas o moreno não se importou. Ergueu levemente o rosto de modo que seus lábios ficassem bem próximos.
"Você deveria se desculpar propriamente por ter me socado dentro da minha casa." Falou aproximando a boca da orelha dele, e a mordiscou de leve. Sentiu o corpo do loiro estremecer contra o seu e o segurou firmemente quando ele tentou se afastar, já aproveitando para atacar aquele pescoço pálido e macio.
"Harry..." Draco suspirou baixinho segurando com força os ombros do moreno.
"Resolveu me chamar pelo nome? Sabe, aqui na Austrália a gente não tem essas frescuras de ficar usando os sobrenomes das pessoas..." Harry passou a língua pela pele fresca do loiro, que gemeu baixinho.
"Eu sempre te chamei de Potter." Draco retrucou, e foi quando sentiu algo viscoso em seu pescoço e um forte cheiro metálico. Empurrou Harry e viu que o nariz voltara a sangrar. Depois olhou para sua camisa branca e viu que estava manchada de vermelho. "Minha melhor camisa!" Se ergueu indignado. "E você ainda quebrou a minha varinha! E agora eu não tenho como retirar a mancha!"
"Você já ouviu falar sobre máquina de lavar roupa?" Harry perguntou jogando a cabeça para trás para fazer o sangue parar e pegando novamente o paninho que Draco lhe havia entregado antes. "Você é muito dramático. E essa camisa nem é tão bonita."
Draco apertou os punhos.
"Como se você entendesse alguma coisa de roupas para dizer algo assim. Ao menos até cinco anos atrás, vestia-se tal qual um mendigo, e duvido que isso tenha mudado!" Acusou.
"Você quer parar de falar como se já nos conhecêssemos? E sim, eu sei me vestir muito bem, obrigado." Harry colocou as mãos atrás da cabeça e olhou para o loiro com um sorriso enviesado, ondulando as sobrancelhas, e Draco bem que tentou, mas não conseguiu evitar passear o olhar pelo tórax e abdômen bronzeados à mostra.
"Pois eu duvido." Draco resmungou desviando o rosto quando percebeu o sorriso de Harry tornar-se convencido. Era óbvio que ele estava se espichando e estufando o peito de propósito.
Draco olhou ao redor sem saber o que fazer. Agora ele estava sem sua varinha, e não havia como se comunicar com ninguém da Inglaterra. Ele não tinha uma coruja, e a Austrália só possuía comunidades mágicas isoladas, e nenhuma naquela cidade. Ele só estava com as roupas do corpo e alguns galeões. Também não tinha como convencer Harry que falava a verdade. Maldita hora em que pensou ser inútil treinar para aprender a realizar magia sem varinha.
"Não sei como iremos para Inglaterra agora... Só se fôssemos para Sidney. Já ouvi falar que lá existe um pequeno Ministério da Magia Australiano..." Pensou alto, mais para si próprio, porém Harry ouviu e bufou.
"Não vou ir para Inglaterra." Repetiu, levantando-se com o pano contra o nariz. "E está na hora de você voltar para sua casa. Ou para o hospício, vai saber. Que burrada dar o endereço da república para você. Achei que seria legal ter um louco incomodando os rapazes, mas cá está você, incomodando a mim." Harry começou a empurrar o loiro em direção à porta. Ele não sabia nem por que o havia trazido até ali, para começar.
Draco Malfoy tinha alguns efeitos estranhos sobre ele, e o moreno achou que estava na hora de tirar ele de perto de si.
"Não! Harry! Espera! Eu não tenho para onde ir!" Draco se virou de frente para Harry e o segurou pelos ombros. "Você não pode me colocar para fora. Eu vim até aqui por sua causa!"
"E eu deveria ficar feliz com isso?" Harry retrucou rapidamente, sem parar de empurrar o loiro.
Draco cambaleou alguns passos para trás, e abriu uma expressão desesperada.
"Me deixa ficar aqui." Pediu perdendo toda a auto-suficiência que parecia parte de si, e parecendo-se muito como antes, quando havia pedido desesperadamente a Harry que lhe passasse seu endereço. Harry hesitou. O que esse doido tinha que parecia convencê-lo de tudo sempre? Havia algo no tom dele que o fazia ceder.
Harry suspirou pesadamente.
"Está bem. Que seja! Mas só por hoje. Amanhã vejo o que faço com você." Resmungou, soltando-o. "Vou te mostrar onde você vai dormir..." Harry foi se virar, mas parou arregalando os olhos ao ver o momentâneo sorriso que Draco abriu. Era simplesmente perfeito e hipnotizante. Sentiu vontade de puxá-lo e enfim beijá-lo, acabando com esse desejo estúpido, mas se recompôs quando Draco voltou a ficar sério e empinou ligeiramente o queixo.
"Ainda não esqueci que você quebrou a minha varinha." Draco falou acusador, passando por Harry como se ele fosse um obstáculo insignificante.
Harry passou as mãos pelos cabelos e suspirou. Talvez ele fosse o louco por aceitar esse loiro maluco, pedante e gostoso em sua casa.
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