Nada pra mim

Disclaimer: Os direitos autorais (mundo Harry Potter) são da diva Tia JK. O título da fic (e a letra contida nesse prólogo) foi baseado na música "Nada pra mim", interpretada pela cantora Ana Carolina e pela banda Pato Fu. Então, literalmente, não sobrou nada pra mim.

Prólogo

Scorpius Malfoy

Eu preciso achar Rose. Preciso falar o que eu estou sentindo.

Se ela não quiser ficar comigo depois disso, terei que aceitar, por mais doloroso que seja. Mas estarei com a consciência um pouco mais leve.

Corri até a biblioteca. Dei uma olhada geral e nenhum sinal dela. Pense, Scorpius. Pense!

Adentrei na Área Restrita, e vi alguns casais se enroscando entre as prateleiras. Se aquelas prateleiras da Área Restrita falassem... "Nerds também amam, ué!", Rose costumava dizer quando nossos corredores favoritos estavam ocupados por outro casal.

Ri mentalmente. Merlin, não posso ficar sem essa garota!

Quando Rose está chateada, costuma ir para aquele corredor mofado de História da Magia. Nenhuma magia consegue retirar o cheiro de mofo daqueles livros antigos. Aparentemente os livros ali foram enfeitiçados para permanecerem mofados...

Para aprender História da Magia Avançada, os alunos precisam amar a disciplina tanto a ponto de aguentar aquele cheiro. Rose era a única aluna que tinha esse amor. Ia lá para pesquisar, para estudar, ou até quando precisava de quietude pensar. Diz que "é bom para distrair".

Nem ali achei aqueles cabelos ruivos. Que costumavam ser meus.

Pense, Scorpius. Pense!

Aquele carvalho na entrada da Floresta Proibida!

Corri pelos Jardins da Escola, cheios de alunos. Passei pela margem do Lago Proibido, pelo campo de quadribol, pela antiga cabana de Hagrid...

Cada vez menos pessoas, até que, chegando nos arredores da Floresta Proibida, não se ouvem mais vozes. Aquele silêncio, quebrado apenas pelos raros ruídos vindos da floresta. Fui direto para "a árvore de Rose".

Como eu pensei, lá estava ela. Dentre as folhas e galhos fortes, lá em cima estava ela. Não consigo ver o rosto, e aquelas poucas mechas de cabelo ruivo poderiam ser de qualquer um. Ruivos em Hogwarts em nossos anos não eram exceção nesses tempos.

Se ela veio tão longe,foi para não falar com ninguém. Conheço Rose o suficiente para saber que ela não fica muito contente quando é interrompida nessas horas.

Mas eu preciso falar. Ela precisa saber como eu me sinto. Reúno toda a minha coragem para gritar:

- Rose!

- Malfoy, me deixa em paz! – Ela disse com uma voz fria.

Comecei a subir por entre os galhos. Que bom que me vesti com roupas esportivas hoje!

Ela olha em minha direção incrédula.

- Não quero falar com você, Malfoy! Muito menos agora. Desce daí.

Alcanço a altura do galho em que ela está sentada. Vou para um galho próximo, e me sento olhando-a de frente.

Ela desviou os olhos. Se ela soubesse o quanto esse pequeno ato me machuca.

Eu não vim aqui

Pra entender

Ou explicar

Nem pedir nada pra mim

Não quero nada pra mim

- Rose, por favor, pelo menos olhe pra mim. Precisamos conversar.

Ela virou o rosto, com uma face de indiferença, disse secamente:

- Acho que não temos mais o que conversar, Malfoy.-E voltou o rosto para outra direção.

- Você sempre me chama por meu primeiro nome.

- Chamava, Malfoy. Chamava. No passado. – Falou energicamente, sem se dar ao trabalho de mover sua cabeça para me encarar.

Bom, pelo menos agora ela está mostrando alguma emoção.

- Eu ainda te chamo de Rose. – Falei, despretenciosamente.

Pude ouvir uma pequena risada.

- Você me chama de Rose porque você é um idiota teimoso. – A voz dela mais relaxada.

- Você sabe que não sou idiota. Muito pelo contrário. E sou persistente, não teimoso.

- Para algumas coisas você é idiota. Até você sabe disso. – Ela disse firmemente (Merlin, como é difícil saber o que ela está sentindo às vezes. A cada frase, um tom de voz. – E pode chamar sua teimosia do que quiser, não me importo.

- Você realmente não se importa? – Eu disse, com voz firme. – Por Merlin, Rose, olhe pra mim. Estou te pedindo para se virar e olhar pra mim. É demais? Eu te procurei por toda a manhã. Não estou te pedindo pra fazer nada além disso. Estou longe o suficiente para sequer conseguir te tocar! Por favor, olhe pra mim e ouça. Não vou tomar muito o seu tempo, mesmo sabendo que, se você veio para tão longe, provavelmente não tem nenhum compromisso nas próximas horas. – Minha voz já não tão firme, beirando o desespero. – Ninguém de Hogwarts está vendo, caso seja essa a sua preocupação.

Ela finalmente se move, reacomoda o seu corpo, e se encosta no troco olhando em minha direção. Pude ver seu rosto inchado, como se ela tivesse chorado por um bom tempo antes de eu chegar.

- Okay, Malfoy. Seja breve.

- Scorpius, por favor? Eu vou continuar te chamando de Rose.

- Scorpius, então. Que seja! Estou te encarando. Fala o que você precisa de falar tão urgentemente.

- Seus olhos estão diferentes, mais escuros. – Pensando em voz alta. Não devia ter falado isso. Ela vai achar que é uma cantada barata. Scorpius, pensa direito antes de falar.

- Você veio até aqui pra falar dos meus olhos? – Ela realmente parecia nervosa. Se eu notei o azul dos olhos, provavelmente notei que os olhos também estavam vermelhos e o rosto inchado. Ela não queria que eu a visse desse jeito. - E você sabe muito bem que eu venho aqui para não ser incomodada por ninguém. Então fala logo ou desce daí e me deixa em paz!

Ela desviou o olhar. Rose sempre faz isso quando está mentindo. Posso estar sendo presunçoso, mas algo me diz que ela não quer que eu vá embora.

- Direto ao assunto então?

- Fala logo! - Ela soltou rispidamente.

- Bom... O que aconteceu... Não vou mentir pra você que estou completamente okay com isso...

- Scorpius, nós já tivemos essa briga! Não precisava...

- Deixa eu terminar, tá? - Interrompi, com uma voz um pouco mais rude do que gostaria. - Eu quero te dizer algumas coisas... Ser sincero com você? Seria mais fácil dizer que não guardo nenhuma mágoa. Mas eu estaria mentindo. Você me conhece o suficiente para saber que eu não estaria falando a verdade. E definitivamente não quero que você pense isso do resto do que eu vou te falar aqui.

- Hmm...

- Ainda não estou muito contente com o que aconteceu. Mas sei que você também não está. Te juro, eu sei.

- Nenhuma novidade...

- Por Merlin, Rose! Pára de me cortar!

Ela me encarou silenciosamente e acenou concordando.

- Não que eu esteja tirando a importância do que aconteceu. Mas aconteceu, e não é como se pudéssemos voltar e desfazer isso. Eu admito que posso ter exagerado na minha reação e, bom, em tudo que fiz nesses últimos dois meses.

- Pode ter exagerado? Jura? - Disse ela ironicamente.

- Rose, eu sofri muito desde o dia em que terminamos. Sim, sei que você vai querer me dar um sermão sobre aquelas atitudes não parecerem de quem está sofrendo. Mas você já viu alguns primos homens seus aqui em Hogwarts com o coração partido... Eles não costumam fazer diferente.

- Ah, e só porque meus primos agem como idiotas, isso te dá o direito de agir como um?

- Não. Definitivamente não deveria ter agido daquele jeito. Eu só queria que você entendesse. Eu estava cego de raiva e tristeza.

- Não precisa explicar. Não estávamos mais juntos.

- Sim, não preciso, mas eu quero.

Eu vim pelo que sei

E pelo que sei

Você gosta de mim

É por isso que eu vim

- Esses dois meses foram um inferno pra mim. Você pode não ter enxergado assim, mas foram. Você não estava por perto o suficiente pra ver. Eu chorei todas as noites desde aquele dia. Todas as 70 noites desde aquele dia. E sobre isso você só tem minha palavra, porque eu não queria deixar isso transparecer para o resto de Hogwarts.

Ela permaneceu calada, com uma expressão de indiferença.

- E eu sei que você também chorou. Você herdou dos Weasley a incapacidade de esconder muitas emoções. Seu rosto inchado, seu olho encarando o chão... Te vejo mexendo na comida sem colocar nada na boca. Você mal tocou no seu prato predileto nas últimas 5 vezes em que ele foi servido. Você emagreceu quase dez quilos!

- Peraí, como você sabe quantos quilos eu emagreci! Scorpius, alguém foi falar algo com você? Claro que foi! Ah, como eu odeio essa mania da minha família de se meter na minha vida!

- Rose, eles se preocupam com você. Uns 15 dias atrás Albus foi me procurar nas masmorras. Sim, nas masmorras. Ele disse que estava começando a ficar preocupado com você. Que você não estava conseguindo se concentrar nos estudos. Ele disse que te encontrou chorando inconsolavelmente na Biblioteca, que você disse que tinha chegado lá na noite anterior e não tinha ideia de que tinha passado 24 horas sentada na Seção do Mofo. Ele disse que foi até Madame Pomfrey pedir um calmante pra te fazer parar de chorar e dormir, e ela deixou escapar que você estava tomando calmantes há mais de um mês. E que ele obrigou Dominique e Lily a falarem pra ele tudo que elas sabiam... Elas nem fizeram questão de esconder. Queriam que os garotos tentassem te ajudar, porque nada que elas faziam pra te ajudar adiantava... Você parecia estar pior a cada dia.

- E qual o problema? Estava nervosa por causa dos exames de fim de ano. Eu sempre fico assim!

- Bom, eu não acredito em você. Sabe o que eu acho? Que você sente minha falta. Assim como eu sinto de você. Que você ficou arrasada depois que terminamos. Assim como eu fiquei. Que você gostaria de alguém para conversar sobre o que aconteceu pra ver se a dor se torna um pouco suportável. Sim, também dói em mim!

- Pare de tentar adivinhar como me sinto, Scorpius! Só... Pare.

- Rose, eu te amo. Eu te amo há bastante tempo. Fui um idiota de nunca ter falado isso pra você. Eu te amo muito, e me sinto ridículo por só ter percebido isso quando você não estava mais comigo. E suspeito que seu sentimento não seja tão diferente do meu. Por favor, Rose, não tente negar seus sentimentos.

Eu não quero cantar

Pra ninguém a canção

Que eu fiz pra você

Que eu guardei pra você

Pra você não esquecer

Que eu tenho um coração

E é seu!

- Não tem mais espaço pra ninguém no meu coração. Eu te amo! - Comecei a soar desesperado. - Eu te amo. Não faz essa cara de incrédula... Temos muita coisa pra viver juntos ainda. Não tenho vontade de fazer nenhum plano que não te envolva. Penso em você o tempo todo e me corta o coração saber que você não está mais comigo. Vamos passar por cima dessas mágoas e sermos nós de novo. Volta pra mim, fica comigo!

Ela vira o rosto e encara o vazio. Meu coração nunca bateu tão rápido. Merlin, sei que são só segundos, mas parece que ela está há horas olhando para o nada.

Nenhuma resposta veio.

- Eu posso ficar aqui pelo resto do dia...

- Por favor, vai embora. - Ela estava chorando. - Esses galhos são meu refúgio, respeite isso.

- Tudo bem. - Falei sem tentar esconder o desapontamento.

Tudo mais que eu tenho

Tenho tempo de sobra

Tive você na mão

E agora tenho só essa canção

Enquanto eu descia os galhos, sua voz me chamou timidamente.

- Scorpius, eu preciso pensar. Falo com você depois.

E uma sensação familiar... Sim, as malditas borboletas no estômago.

Eu ainda posso ter alguma esperança.

Sem pressa, voltei pelos jardins até o castelo.

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N/A: Olá, pessoas!

Essa é a primeira fic que publico. Já adianto e peço desculpas se cometi algum mico.

Esse prólogo é de uma cena que vai acontecer mais ou menos do meio para o fim da história.

Se puderem, deixem algum review com o que acharam ou algumas sugestões.

Beijos,

Até o próximo capítulo,

Re-Mione-Zitta