SUBMISSÃO


Sinopse: Diferente do que Bruce pode pensar, sentimentos nunca estão sob controle.


Capítulo Um: No Closet

A Mulher Maravilha entrou na enfermaria com um sorriso. Aquela era sua parte preferida do dia.

Batman estava esparramado numa das camas, os olhos pregados na televisão, o peito desnudo, antes cheio de cortes, envolto numa bandagem. Vestia apenas calças de abrigo, já que nenhum dos membros, exceto os fundadores, tinha permissão para adentrar no local. Tinha a expressão sisuda de sempre. Mesmo assim, não poderia estar mais bonito ou mais charmoso. O que quase parecia um sacrilégio, considerando seu humor.

"Você não deveria estar patrulhando?" Ele perguntou, sem fitá-la, com alguma secura, um instante depois.

"Meu turno acabou." Diana encolheu os ombros, sentando-se na ponta da cama. Estendeu a mão, deslizando o dedo indicador por sobre o pequeno curativo que havia sido feito na testa dele, logo acima da sobrancelha, cujo machucado rendera três pontos. "Como está se sentindo?" Indagou, suavemente.

Seu corpo apreciou a proximidade entre eles. Era estranho e perturbador que um homem fizesse com que se sentisse tão vulnerável. Acreditava que, caso se tratasse de qualquer outro, provavelmente se esforçaria para manter uma distância segura. Com Bruce Wayne, porém, o perigoso parecia muito mais delicioso.

Como sempre acontecia, entretanto, Bruce, que nunca parecia nem mesmo abalado com a sua presença, segurou seu pulso, obrigando-a a romper o contato muito antes do que Diana gostaria.

"Bem. Da mesma maneira que dois dias atrás." Respondeu, seco, e agarrou o controle remoto para erguer o volume da televisão.

Diana observou seu gesto com certa displicência. Bruce podia ser tão evasivo e sutil quanto Batman, seu alter-ego. E, no começo, as tentativas de afastá-la surtiram efeito, mas depois ela simplesmente começou a relevá-las e até mesmo a se divertir com elas.

A verdade nua e crua é que o moreno a temia. Fugia dela. Costumava pensar nele como um corredor nato. Diana não sabia ao certo se era pelos motivos que dizia ou se por um motivo que não havia sido elencado para ela até então.

Uma pequena parte sua tinha curiosidade em saber como seria se ele nunca tivesse conhecido a Mulher Maravilha. Se tivesse conhecido apenas Diana. E ele tivesse sido apenas Bruce, e não Bruce e Batman.

"Eu não sabia que agora eu não podia visitar você também." Comentou, em tom displicente e ligeiramente mordaz, sem se mover. "Será que eu preciso manter uma distância de cem metros para que você se sinta seguro?" Deu um pequeno, suave, gentil, mas perigoso sorriso, do tipo que significava "cuidado com a sua resposta".

"Suas visitas não são necessárias." Disse Bruce, com secura, apertando as sobrancelhas. "Você deveria gastar seu tempo livre com coisas que realmente interessam. Como treinar, por exemplo."

Diana revirou os olhos. Treinar, é claro. Como se todos os membros da Liga fossem tão doutrinados quanto Batman.

"Você é tão mandão." Reclamou, com um suspiro, levantando-se. Jogou o cabelo longo para trás dos ombros. "Diferente de você, eu não faço tudo porque preciso, faço porque eu gosto." Comentou, beligerante, sem olhá-lo. Já havia dado suficientes indiretas para que Bruce soubesse o nível da sua afeição. "De qualquer modo, eu preciso ir. Eu e Grande Sombra (1) vamos a uma dessas boates humanas hoje à noite. Vai ser divertido."

Talvez Flash realmente estivesse certo. Talvez apenas devesse dar tempo ao tempo. Aproveitar a vida, conhecer pessoas novas, divertir-se. Eventualmente Bruce mudaria de ideia. E, se não mudasse, Diana precisaria aprender a viver por si só outra vez. Não poderia lutar pelos dois.

Caminhou na direção da porta automática, apertando o botão para abri-la. Relanceou os olhos na direção do moreno. Ele continuava com a atenção fixa na televisão.

"Até amanhã, Bruce."


O fato é que Diana não apareceu no dia seguinte. Nem no outro. Então Batman saiu da enfermaria e voltou à sua rotina normal, que envolvia combater o crime, guiar os novatos em suas incursões à Terra e auxiliar J'oon na vigilância.


Quatro dias depois, John havia convocado uma reunião entre os membros originais para conversar sobre a manutenção dos sistemas de segurança. Superman estava em Metrópolis, visitando Lois Lane, portanto era esperado que não comparecesse. Shayera havia ido atender a uma emergência na América do Sul. Mas a ausência da Mulher Maravilha foi uma surpresa.

Batman olhou ao redor, as sobrancelhas franzidas. A morena costumava comparecer a todas as audiências, mesmo as mais simples, já que tinha a Torre da Liga como lar. E ele não conseguia pensar em nenhum motivo plausível para que não estivesse presente. Quer dizer, com seu nível de intelecto, conseguia, sim, mas preferia não fazê-lo.

"Onde está Diana?" Questionou, em tom neutro, enquanto tomava seu lugar, entre J'oon e Lanterna Verde.

"Kásnia." Respondeu Flash, comendo um pacote de balas de goma. Em menos trinta segundos, já havia jogado para cima e pegado com a boca cerca de meio pacote. "A Princesa... Quer dizer, Rainha Audrey telefonou. Diana pensou que era uma boa oportunidade para que Grande Sombra conhecesse a melhor amiga agora que eles estão... Você sabe." Piscou, malicioso.

Batman encarou-o, impassível, sem se deixar abalar. Flash parecia ser um dos que mais apoiavam Diana nas suas tentativas de conquistá-lo. De modo que era difícil pensar nele como um aliado seu, ao invés de um aliado dela, que jogaria pelas regras dela.

"Estão o quê?"

"Saindo." Completou John, depois de trocar um curto olhar com J'oon. "Eu acho que Diana e Grande Sombra estão saindo." Confessou, com algum desconforto. Após todo aquele tempo, a maioria dos membros da Liga costumava pensar em Batman e Mulher Maravilha como um casal certo. Mas, bem, todos a princípio pensavam isso dele e da Mulher Gavião.

"Parece que você perdeu a garota, morcegão!" Comentou Flash, rindo.

"A gente não perde o que a gente não tem." Respondeu Batman, estoico, após um curto segundo de silêncio, e, curvando o corpo para frente, apoiou os braços sobre a mesa. "Agora vamos tratar da segurança. Talvez devamos restringir o acesso dos funcionários a setores específicos, de modo que nenhum deles conheça a nave por completo..."


Diana voltou para a Torre apenas algumas horas mais tarde.

Despedindo-se de Grande Sombra com um sorriso amistoso e uma promessa de se encontrarem mais tarde, seguiu para seu quarto, a fim de tomar um banho refrescante e de se inteirar sobre os acontecimentos daqueles últimos dias. Normalmente, não gostava de se afastar durante tanto tempo, mas admitia que precisava de um tempo para si mesma. A última vez que tirara curtas férias fora no ano passado, que passara junto da mãe, em Themyscera, e todo herói que se preze precisa descansar.

Como era de se esperar, havia tido o suficiente de diversão ao lado de Audrey, o que planejava repetir dali a duas semanas, no jantar que a rainha daria em comemoração ao seu aniversário, portanto estava feliz e de bom humor. Com saudades de Batman, é claro. Sempre sentia saudades de Batman, mesmo quando estava ao seu lado.

Mas tinha certeza de que ele apareceria em... Ah, ali estava.

Batman surgiu das sombras, como costumava fazer, interceptando-a num dos corredores que levava ao seu quarto.

"O que pensa que está fazendo?" Perguntou, em voz baixa e séria, como sempre, os braços cruzados, a típica posição defensiva. Às vezes Diana costumava pensar em que tipo de louca ela era, por se sentir tão atraída por um homem que não parecia fazer nenhum esforço para tentar ser feliz. Daí ouvia sua reprimenda em tom rouco e sensualmente persuasivo e se convencia de que era inevitável.

Poderia ter dado uma resposta espertinha, pois sabia a que o moreno se referia, mas preferiu aparentar ingenuidade. Sempre conseguia deixá-lo nervoso quando empregava docilidade e fingia ser um pouco sonsa.

"O que você sempre me disse para fazer." Explicou, arqueando uma sobrancelha. "Deixando você em paz." Sorriu, embora dizer aquelas palavras tivesse feito seu coração se espremer e seu estômago tremer, quase como se estivesse cometendo um crime.

Ele pareceu surpreso por um instante, o que não era algo que acontecesse com frequência. Ninguém nunca pegava Batman desprevenido.

"Me substituindo por um garoto com metade da sua idade e que pode morrer a qualquer minuto?" Rebateu, asperamente, o maxilar rijo. Se não o conhecesse melhor, ela diria que o moreno estava um pouco furioso. Mas, mesmo que estivesse, nunca deixaria com que soubesse. "Se você se apegar a esse garoto..."

"E daí?" Ela interrompeu, sacudindo a cabeça, incrédula com sua linha de raciocínio. "Eu não me aproximo das pessoas porque é "seguro" me envolver com elas. Amar e gostar envolvem correr riscos, Bruce. Eu sei que Grande Sombra pode sucumbir a qualquer momento. Isso não muda meus sentimentos em relação a ele. Ao contrário, apenas faz com que eu tenha vontade de aproveitar melhor o tempo que temos. Agora eu devo ir. Preciso tomar um banho e trocar de roupa antes de encontrar J'oon."

Passou por ele, começando a afastar-se.

"A propósito, senti sua falta." Sorriu por cima do ombro antes de dobrar no corredor.


Nas próximas duas semanas, Diana gastou todo seu tempo disponível com Grande Sombra. O rapaz era divertido, meio atrapalhado, mas muito engraçado, e era sempre um prazer tê-lo como companhia. Eles foram ao cinema, tiraram fotos em cabines automáticas, aproveitaram a vida noturna de Paris, Flórida e inclusive Caribe. O que antes era rotina se convertera numa eterna aventura.

Embora todos pensassem que estavam num envolvimento amoroso, ela tinha dificuldades em pensar no amigo como um possível par romântico. E Grande Sombra deveria ser capaz de ler os sinais, porque nunca tentou dar um passo adiante na sua relação. Mas também nunca espalhou boatos sobre isso – os membros da Liga meio que esperavam uma confirmação oficial. Nem positivos, nem negativos. Apreciava sua gentileza. Apesar de jovem, ele era muito sábio.

Se sua relação com Bruce antes era difícil, agora estava completamente impossível. Ela sempre se oferecia para ir como dupla de Batman, mas o morcego andava mais monossilábico do que normalmente.

Diana irritava-se com a sua posição. Pelos seus cálculos, ele deveria começar a tratá-la melhor agora que parara de tentar conquistá-lo. Mas não, Batman continuava com o jeito taciturno e arredio e, se ela não se empenhasse em começar uma conversa, eles não trocariam nem mesmo duas palavras.

O homem era uma contradição ambulante. Dizia que não a queria, mas tinha uma crise de ciúme quando descobria que havia sido deixado de lado. E depois diziam que as mulheres é que eram complicadas.

Entrou quase correndo no quarto, acendendo apenas a luz do abajur. Tinha pouco tempo para se arrumar antes da festa de Audrey e havia combinado de se encontrar com Grande Sombra na área de teleporte dali a meia hora. Mal teria tempo de arrumar o cabelo. E logo agora que Canário Negro havia lhe ensinado a fazer um coque lindíssimo!

Livrou-se da armadura, jogando o laço mágico sobre a cama, e tirou a tiara.

"Diana..." Ouvir seu nome sendo pronunciado pelos lábios de Bruce era sempre um prazer. Voltou-se para olhá-lo, os lábios entreabertos. Ele havia aberto a porta do cômodo usando seu acesso privilegiado e parecia se encaixar à perfeição em seu espaço privado. Na realidade, Diana não se importaria se ele aparecesse de surpresa todas as noites. "Eu preciso da sua ajuda."

"Deve ser importante. Você nunca fez questão da minha presença antes." Ela comentou, distraída, já que Batman não era reconhecido por solicitar auxílio de bom grado. Sentou-se na ponta da cama para livrar-se das botas vermelhas. "Pode esperar algumas horas? Audrey está de aniversário. Prometi que apareceria."

Descalça, seguiu até a porta do closet. A amiga havia lhe dado alguns vestidos de costureiros famosos naqueles últimos anos, dizendo que precisava estar sempre elegante, já que era uma mulher da mídia. Mas Diana nunca encontrava ocasiões para usá-los. Até um mês atrás sua vida era bastante pacata e tediosa.

"Hermes mandou uma mensagem e disse que a sua presença..." Ele começou a falar, mas parou quando ela livrou-se da parte de cima da roupa. "Ninguém lhe falou que não é adequado ficar nua diante dos homens?"

"Eu não estou nua." Fitou-o por sobre o ombro, a sobrancelha erguida. Não podia ler a expressão de Batman na semiescuridão. "De qualquer modo," voltou a atenção para a escolha da sua roupa após retirar a parte de baixo. "eu não sei por que vocês têm tantos pudores com relação à nudez. Creio que todo mundo já viu um membro do sexo oposto, não é mesmo?" Gesticulou, enfadada.

A mão quente de Bruce se fechou sobre o seu braço, fazendo com que desse um salto no lugar e se virasse para olhá-lo, surpresa pela proximidade repentina.

"Não é pudor." Ele falou, ao pé do seu ouvido. "É uma barreira, uma maneira de evitar o que você desencadeou agora."

Os lábios dele cobriram os seus antes que Diana tivesse tempo para pensar sobre isso. Bruce puxou-a contra si, prendendo-a em seus braços, e a rudeza dos seus movimentos e a aspereza da sua armadura feriram a pele sensível dela. Mas foi só por um momento. No outro, o fogo havia se alastrado pelo seu interior, como a lava em um vulcão entrando em erupção.

A língua dele tocou sua boca, procurando por passagem, e Diana deixou que ele tivesse todo o controle, ronronando como um gatinho sendo acariciado quando sentiu as mãos masculinas deslizarem pelas suas costas até a base da coluna, espalhando arrepios por onde tocava.

Livrando os braços daquele agarre perfeito, enrolou-os ao redor do pescoço de Bruce, puxando sua máscara e expondo o rosto áspero que ela adorava e os cabelos negros como asas de corvo para seu escrutínio e prazer pessoal. Acariciou sua nuca com a ponta das unhas, ansiosa para ter mais pele para tocar e um pouco frustrada pelas restrições que o traje de Batman lhes impunha.

Em algum momento da cena, eles haviam se empurrado contra o fundo do closet, entre os vestidos, a porta fechando-se atrás de si com um suave clique, e tudo o que restava era a escuridão, a deliciosa sensação provocada pela proximidade de Bruce e o barulho das suas respirações.

Diana sentiu o corpo tremer quando a mão dele aproximou-se das suas costelas.

"Então tudo o que eu tinha que fazer para seduzir você era tirar a roupa?" Indagou, com um suspiro satisfeito, gemendo quando ele deslizou a boca úmida pela dobra do seu pescoço, por entre os cabelos escuros, descendo pela clavícula. "Você poderia ter me dito antes. Teria me poupado de um bocado de trabalho." Murmurou, espalmando as mãos sobre os bíceps masculinos.

"Eu achei que fosse mais forte do que isso." Ele admitiu, a voz rouca, segurando o queixo de Diana com uma mão enluvada para que pudesse voltar a beijá-la.

Ela correspondeu ao seu beijo, um pouco ofegante, mas cheia de paixão, e livrou uma das suas mãos da luva.

Soluçou quando a pele dele tocou a sua, os dedos roçando a base do seu sutiã. Era malditamente dez mil vezes mais delicioso quando não havia nenhuma barreira entre eles. Que a Grande Hera lhe ajudasse, mas não conseguia pensar em nada que fosse melhor do que beijar Bruce. Ou, bem, podia sim.

Pareceu ter durado um século, e poderia durar muitos outros, no que dependesse dela, mas de repente a luz do seu quarto se acendeu, provocando um feixe de claridade que passou por debaixo da porta do closet, trazendo-os de volta para a realidade.

"Diana?" Era a voz do Grande Sombra, o que fez com que ela congelasse dentro do aperto dos braços de Bruce.

Havia se esquecido do pobre Grande Sombra!

Para sua sorte, ele deixou o cômodo assim que percebeu que estava vazio, o que fez com que ela suspirasse, aliviada. Sabia que o moreno nutria algum sentimento por ela. Ele não era exatamente discreto com relação a isso. Não queria ferir seus sentimentos demonstrando sua clara preferência pelo indomável, mal-humorado, delicioso Batman, vulgo Bruce Wayne, apesar de todas as reclamações que havia feito a seu respeito.

"Estou atrasada!" Exclamou, um pouco afobada, precisando empurrar Bruce para longe. Romper o contato entre eles quase provocou um sofrimento físico nela, mas trincou o maxilar e deixou o closet, movimento para o qual dispôs de toda sua coragem, sabendo o que precederia sua decisão.

Acendendo outra vez a luz, relanceou os olhos na direção do espelho que tinha pendurado numa das paredes. Tinha as bochechas coradas, o cabelo desarrumado, os olhos brilhantes. Nunca antes havia se sentido daquela maneira.

"Diana..." Bruce começou, voltando a vestir a luva, as sobrancelhas unidas, um semblante sisudo. Seu natural semblante sisudo, na realidade.

Ela sacudiu a cabeça, porque não queria saber. Não naquele momento, não quando ainda sentia os efeitos da paixão do seu toque, o sabor dos seus lábios.

"Eu sei o que você vai dizer." Confessou, passando por ele e escolhendo um vestido qualquer. Tirou-o do cabide para que pudesse vesti-lo. Àquela altura, estava mais preocupada com o tempo do que com a beleza. "Foi um erro. Somos do mesmo time. Eu não sou bom para você. Eu não me envolvo. Acontece que você não é, nunca foi um erro pra mim. Então não diga o que eu não quero ouvir. Apenas vá embora." Pediu, sem encará-lo, mordendo os lábios úmidos enquanto subia o zíper lateral da roupa.

Houve um curto e pesado silêncio entre eles, enquanto Bruce tornava a vestir a máscara.

"Nós nos vemos mais tarde." Ele falou, enfim, a voz rouca, e deixou-a sozinha com a própria decepção.


Bruce estragou completamente a festa de Audrey para ela. Mesmo com as piadas da amiga e o humor gentil de Grande Sombra, foi impossível retomar o bom-humor.

Como havia podido se apaixonar por um homem tão cabeça-dura, por Hera? Faria sentido sua preocupação com a segurança dela se fosse uma humana normal, mas era uma amazona. Era superpoderosa, podia voar, tinha um laço mágico, um jato invisível. E imortal. Era ridículo que alguém temesse pelo seu bem estar.

Decidiu que era o bastante. Talvez devesse dar uma chance a Grande Sombra. Ele era um pouco mais novo, sim, mas e daí? Não havia homens que se relacionavam com mulheres com metade da sua idade? Pensava que, se abrisse seu coração para novas experiências, outras pessoas, e deixasse de esperar por Bruce, poderia esquecê-lo. Deveria esquecê-lo.

Abusou um pouco da bebida naquela noite, criando coragem.

Não que fosse difícil ou desafiador beijar o rapaz ao seu lado. Ele era carinhoso, gentil, afável. Mas parecia um pecado fazê-lo apenas algumas horas depois de ter descoberto toda a magia que podia existir nos braços de Batman.

Se desse sorte, Grande Sombra poderia suplantar aquelas memórias.

Sentia-se um pouco, ligeiramente ébria quando o moreno a guiou até seu quarto. O vinho tinto era muito delicioso, o tipo de bebida que é difícil tomar uma taça só, e quando percebeu Diana tinha tomado o equivalente a quase meia garrafa. Algo que nunca havia feito antes.

Era metade da madrugada. Ela havia conseguido aliviar um pouco da tensão quando o álcool começou a fazer efeito. Agora só queria um pijama e uma cama confortável, pois o dia seguinte seria longo, se o que Bruce havia dito sobre Hermes era verdade.

"Você está bem?" Grande Sombra perguntou, com um sorriso divertido, quando a viu bocejar largamente pela terceira vez, espreguiçando-se como um gato no meio do corredor.

"Apenas um pouco cansada." Ela admitiu, suavemente, parando em frente à sua porta. Seu quarto ficava entre o de Shayera e Canário Negro, que passava metade do tempo junto de Arqueiro Verde. "E você, você se divertiu?" Indagou, deslizando os olhos pelo semblante moreno de Grande Sombra. Não havia nem mesmo uma marca de expressão em seu rosto. Pelos deuses, ele era tão novo!

"E tem como não me divertir com Audrey?" Ele rebateu, gracejando, o que provocou uma pequena risada em Diana. Então ele ficou sério, pelo que pareceu ser a primeira vez desde que o conheceu, e seus olhos negros, que eram como um livro aberto, demonstraram mil sentimentos diferentes. Ergueu a mão, empurrando uma mecha do cabelo negro dela para trás da sua orelha. "Diana, eu..."

Diana nunca soube o que viria a seguir.

Batman surgiu, interceptando o movimento de Grande Sombra e cortando qualquer contato entre eles.

"Batman?" Ele perguntou, surpreso e confuso, as sobrancelhas franzidas.

"Nem pense nisso." Bruce falou, mortalmente sério, soltando o pulso do rapaz, que despencou molemente ao lado do seu corpo. "Sugiro que você contenha seus impulsos românticos se não quiser arranjar um problema, garoto."

Grande Sombra ficou em silêncio por um instante, mas, diante do silêncio da princesa amazona, acabou por anuir e recuar. Batman era superior. Não apenas no que dizia respeito à hierarquia da Liga da Justiça, como também no coração da Mulher Maravilha, e isso não era nenhum mistério ou segredo para ninguém.

Vendo-o afastar-se com passos largos, Diana voltou a atenção para Bruce.

"Você foi extremamente grosseiro." Disse, em tom reclamatório, abrindo a porta do seu quarto.

"Você está bêbada." Rebateu Bruce, com desprezo, crispando os lábios quando ela permitiu-se despencar sobre a cama, empurrando a armadura para o chão e livrando-se das sandálias. "Pretendia mesmo beijar outro homem poucas horas depois de ter me beijado ou é o álcool falando por você?" Havia algo em seu tom de voz que ela nunca havia detectado antes. Um ciúme incendiário.

Diana apoiou o peso do corpo sobre os cotovelos, erguendo o tronco para que pudesse encará-lo.Vê-lo trajando a roupa de Batman fez com que se lembrasse dos minutos que passaram juntos no closet e do poder que suas mãos e seus beijos tinham sobre ela, de modo queteve vontade de vivenciar tudo de novo. Mil vezes, dez mil vezes, um milhão de vezes. Para sempre.

"Um pouco das duas coisas." Admitiu, com um sorriso débil. "Diferente de você, Grande Sombra não tem medo de mim."

Ele soltou um som que mais se assemelhava a um grunhido quando se aproximou.

"Você vai trocar de roupa e vai dormir." Mandou, voltando outra vez ao natural tom autoritário, curvando-se para abrir o zíper lateral do seu vestido. Ela poderia, mas não ofereceu resistência. Admitia que gostava um pouco do Bruce malvado. "Amanhã nós temos uma missão para cumprir, e é melhor que você esteja bem disposta." Ameaçou, puxando o vestido do corpo dela com certa violência, deixando-a apenas com as peças íntimas.

Diana soube que havia obtido o mesmo efeito da vez anterior quando ele parou por um instante. Mas Bruce parecia estar preparado daquela vez, porque continuou a agir como se nada estivesse acontecido, o maxilar rijo.

"Eu sempre estou disposta pra você, Bruce." Diana ronronou, com uma risada quente e um brilho nos olhos, enquanto ele a cobria com o lençol.

"Durma." Vociferou Bruce, apagando a luz e deixando-a sozinha no quarto.

Ela de repente não estava mais com sono, mas obedeceu. Bruce podia ficar muito, muito mal-humorado quando severamente contrariado. E tinha a impressão de que já havia testado sua sorte o suficiente naquela noite.


No dia seguinte, ela foi para o Inferno.

Hades tentava mais uma das suas incursões para o mundo dos homens, de modo que foi chamada para contê-lo, e, apesar dos protestos do Arqueiro Verde, Lanterna Verde e J'oon acharam melhor que ela levasse, ao invés de Batman, um time de mulheres para evitar criar problemas com as leis da ilha das Amazonas. Escolheu Canário Negro, Shayera e Fogo.

Elas voltaram um pouco chamuscadas, com alguns arranhões e cansadas, mas, no final, como era de praxe, obtiveram vitória. O portão para o submundo foi lacrado outra vez e a paz voltou a reinar. Por enquanto.

Diana seguiu para a enfermaria com Shayera para ajudá-la a tratar de algumas mordidas de demônio. Eram pequenas, mas as criaturas tinham dentes finos, que perfuravam a carne, e veneno. Não o suficiente para dopá-la, mas o bastante para provocar dor e formigamento durante algumas horas.

Esperava ficar fora do radar de Batman por mais um ou dois dias. Pelo menos até que ele melhorasse seu humor rabugento.

Aparentemente, havia ferido seus brios quando dissera que ele tinha medo dela – o que não tinha nada de mentira, na sua concepção. Agora, Batman parecia estar soltando fogo pelas ventas, mais duro e sarcástico do que nunca, tornando a convivência em algo quase doloroso. Ela começava a se irritar com seu mau-humor, porém não poderia exatamente culpá-lo.

Também ficaria possessa se o visse a um passo de beijar outra mulher.

A única diferença entre eles é que Diana nunca escondera ou negara seus sentimentos. Batman, por outro lado, parecia cheio de palavras rudes, pronto para puni-la, mas sem nenhuma ação.

Deixando Shayera aos cuidados de J'oon, seguiu para a sala de comando. Precisava reportar o sucesso, verificar se algo urgente estava acontecendo e, se tudo desse certo, tomar um bom banho e tirar uma soneca. Podia ser praticamente invulnerável, mas não era de ferro.

Para seu desgosto, porém, Bruce estava responsável naquela noite. Deveria ter percebido que, quando J'oon se ausentava, Bruce sempre tomava seu lugar.

"Como foi?" Ele indagou, sem se virar para ela, continuando a digitar, recebendo o auxílio de uma ajudante. "A propósito, tenho algo para você." Estendeu uma carta na sua direção, um pouco desgostoso.

Diana arqueou uma sobrancelha enquanto agarrava o envelope. Havia sido lacrado com cera vermelha por um sinete que continha um solitário W no centro. W de Wayne, é claro. Abriu a carta imediatamente após reconhecer o símbolo. Conhecendo o mensageiro, sabia quem era o remetente.

"Bem." Encolheu os ombros, mesmo sabendo que ele não poderia ver, e parou ao seu lado, apoiando o corpo contra a lateral do painel principal. Levou uma mão à cintura, distraída, lendo a mensagem. Alfred a estava convidando para uma visita. Com todas as pompas, é claro. "Canário Negro queimou um pedaço do cabelo."

Bruce fitou-a pelo canto do olho.

"Isso é tudo de importante que você tem para dizer?" Indagou, levemente sarcástico.

"Eu tenho muitas coisas interessantes para dizer, mas eu acho que você não gostaria de ouvir, Batman." Franzindo o cenho, mordaz, Diana curvou o tronco na sua direção. Nunca, ou melhor, só quando queria provocá-lo dirigia-se a ele como Batman. E, na realidade, agora que estava ali, sim, admitia que estava com um pouco de vontade de atormentá-lo com um pouco de flerte inocente.

Ele crispou os lábios, bravo, e por um minuto parecia pronto para dar uma resposta atravessada, mas a presença da funcionária ao seu lado acabou por inibi-lo. Era muito sigiloso com sua vida pessoal.

"Sobre a missão." Corrigiu, impassível. "Há algo que você precise reportar sobre a missão? Além do fato de que Canário Negro vai precisar de uma visita ao cabeleireiro, se você não se importar." Acrescentou, asperamente, voltando a digitar, quase como se a presença dela ali fosse apenas irrelevante.

Diana mordeu o lábio, disposta a colaborar. Apenas porque não estavam sozinhos.

"Aparentemente Hades teve ajuda de fora. Mas isso não é nenhuma surpresa." Gesticulou, com indiferença. "Nós notamos um indício de magia no interior do castelo. Acho que era de Morgana Le Fay. Ainda deve estar tentando rejuvenescer o filho. Ter acesso à biblioteca do Inferno, a parte que eu e Shayera não destruímos da última vez, é claro, poderia ter sido útil."

"Você tem certeza de que era Morgana?" Ele indagou, voltando ao tom profissional.

"Não. Investigar é a sua especialidade, lembra?" Rebateu a morena, arqueando uma sobrancelha. "Eu acho que era Morgana. Mas eu não me preocuparia muito com ela. Deixou de ser um problema desde que Mordred virou um velho imortal. Bem, estou exausta e preciso de um banho. Podemos continuar mais tarde?"

"Vá." Ele concordou, distraído por um chamado vindo da Terra. Aparentemente de um membro em missão. "Mas se comporte." Resmungou por sobre o ombro, ainda aborrecido pela noite anterior.

Ela revirou os olhos, um pouco irritada com seu tom possessivo, mas feliz por ter algum resultado depois do que pareceram anos de desapontamento. Com jeitinho e a sutileza de um elefante numa loja de cristais, talvez aprendesse a manejar o temível Cavaleiro das Trevas.

"Tá bom, papai." Disse, com um sorriso torto. "Ninguém vai brincar com os seus brinquedos." Sacudiu a carta numa despedida desatenta.


Diana tomou um longo banho e se enrolou no roupão de seda chinesa que Audrey havia lhe dado. Apenas a amiga poderia pensar em detalhes que, para Diana, seriam apenas uma frivolidade, como perfumes, roupas de gala e roupões de seda chinesa. Mas gostava do fato de que se sentia mais feminina quando se atinha a eles.

Sentou-se em frente à penteadeira, começando a escovar o cabelo úmido. Perdeu o que pareceu ser uma eternidade passando o pente por entre os fios macios.

Era um pequeno ritual que desenvolvera, para matar as saudades de casa. Sua mãe sempre escovava seu cabelo antes de dormir, contando histórias sobre os deuses gregos, os grandes heróis, o mundo lá fora, aquém do reino imutável e perfeito de Themyscera.

Não importa o quanto gostasse da Terra ou dos seus companheiros da Liga da Justiça, nada nunca substituiria seu lar. Exceto... Bem, ela preferia não entrar naquele mérito. Sabia que seus sentimentos por Bruce eram fortes o bastante para fazer com que estar ao seu lado se assemelhasse muito à sensação de estar em casa. Porém, não queria levar tais impressões adiante, temendo correr o risco de alimentá-las demasiadamente. Se havia aprendido algo ao lado de Bruce durante aqueles anos, era que nunca podia criar muitas expectativas.

Ouviu a porta se abrindo, voltou o rosto para recepcionar o homem dos seus sonhos.

"Você precisa perder o hábito de invadir o sistema do meu quarto." Comentou, divertida. "As pessoas normais batem, você sabe." Largando a escova, começou a fazer uma trança.

"Estou indo para Gotham por alguns dias." Como de praxe, ele a ignorou completamente. Cruzando os braços, apoiou-se contra o marco da porta automática. "Arlequina conseguiu escapar e é bem provável que Coringa venha fazer parte da festa. Você pode cobrir os meus turnos de vigilância?"

Batman era cheio de inimigos insuportáveis. Diana gostaria que alguns deles dessem uma boa folga, só para variar. Detestava quando o moreno passava dias sem subir para a nave da Liga da Justiça. Seu coração ficava apertado de saudade.

"Eu vou com você." Respondeu Diana, virando-se para fitá-lo, decidida. Se desse muito tempo a Bruce, ele voltaria completamente recuperado da pequena rachadura que ela provocara em sua carapaça fria. Agora que sabia que era correspondida, precisava continuar pressionando.

Ele ergueu uma sobrancelha, irônico.

"Não preciso de ajuda."

"Quem disse que eu vou ajudar?" Ela rebateu, asperamente. Levantou-se, seguindo até o closet. Duas ou três mudas de roupa deveriam ser o bastante. "Eu prometi a Alfred uma visita mais de um milhão de vezes. Mas não fui a Gotham desde o último episódio com Coringa. E, como você bem sabe, ele me mandou uma carta. Um convite, na realidade."

"Se você não se recorda, Alfred vive na minha casa."

"Como se você passasse muito tempo fora daquela caverna." Comentou Diana, de modo sarcástico. "Além disso, é verão. O clima em Gotham deve estar ótimo. Alguém precisa usufruir daquele jardim maravilhoso que você mantém só pelas aparências. Estou um pouco cansada de ter apenas o espaço como vista da janela. Talvez eu também deva comprar uma casa." Confessou.

Bruce ficou em silêncio enquanto ela colocava seus pertences dentro da pequena mala. Nunca levava muita bagagem. Havia aprendido a viver com simplicidade, embora influências recentes lhe ensinassem como era fácil se habituar ao luxo, e não costumava se apegar a detalhes como o número de sapatos necessários para cada ocasião. Às vezes preferia mesmo ficar descalça.

"Me encontre na sala do teleporte em quinze minutos." Ele disse, por fim, abandonando o quarto.

Diana trocou o roupão de seda por uma calça jeans e uma blusa azul que combinava com seus olhos. Passou uma maquiagem leve. Queria parecer tão encantadora e apaixonante que colocaria Alfred a seus pés com um sorriso. O mordomo poderia ser uma peça importante na sua partida pelo coração do rei. Só precisava convencê-lo de que ela era tudo o que Bruce precisava.

Seguiu para a sala de teleporte controlando o sorriso. Nunca havia sido tão fácil convencer Bruce a atender seus desejos. Ele provavelmente queria manter o olho nela, ou manter Grande Sombra longe dela, ou tinha em mente um motivo muito mais obscuro e complexo, o que fazia bastante o seu feito, mas a verdade era que o porquê não era muito relevante.

Se ela soubesse que tudo o que tinha que fazer para conseguir uma reação contundente era despir-se, teria abusado da técnica sempre que tivesse oportunidade.

Não via a nudez da mesma maneira que as mulheres humanas. Gostava do seu corpo. Sentia-se bem consigo mesma. Era uma amazona, forte, segura de si. Seus quadris tinham curvas ideais, seus seios eram de um tamanho que gostava e tinha pernas longas. Não havia motivos para ter vergonha. E, de qualquer modo, não era como se fosse fazê-lo para todo e qualquer um, uma vez que sabia sobre os costumes da Terra. Mas confiava em Batman, Superman, J'oon, Lanterna Verde e Flash. Era diferente.

Esbarrou com Grande Sombra pelo caminho.

"Ah, oi." Ele sorriu ao notá-la, normalmente, como se sequer se recordasse da noite anterior. "Indo passear?" Apontou com o queixo para a mala que ela tinha na mão.

"Vou para Gotham." Explicou Diana, suavemente, temendo magoá-lo. "Prometi visitar alguém. E quero aproveitar o verão. Eu adoro o sol. Metade dos meus turnos de vigilância será durante a madrugada nessa semana. Pelo menos isso me dá algum tempo para aproveitar o dia." Suspirou.

Ele anuiu, aparentando serenidade.

"É claro. Às vezes eu sinto saudades da rotina da Terra também." Comentou, sem esconder certa tristeza. Todas as suas memórias haviam sido implantadas.

"Vamos combinar de dar um passeio quando eu voltar." Sugeriu, apertando a mão dele num gesto gentil, querendo afastar aquela amargura do seu rosto. "Preciso ir. Batman não gosta de esperar. Aliás, sinto pela cena de ontem à noite. Eu nunca imaginaria..."

"Tudo bem." Garantiu Grande Sombra. "Dói um pouco, mas nada que seja insuperável. Todo mundo meio que sabia que vocês pertenciam um ao outro. Até eu. Só, sabe, quis aproveitar a sua companhia. Acho que não é nenhum segredo que gosto de você. É uma mulher incrível. Batman tem sorte de ter você. Espero que ele perceba antes que seja tarde."

Diana sorriu, tocada pela sua gentileza.

"Obrigada." Disse. "Você é um amigo muito especial."

Grande Sombra acariciou a bochecha dela com o dorso da mão.

"Você também, princesa." Afirmou, dando um passo para trás. "Agora vá. Não quero ser vítima do mau-humor de Batman outra vez."


(1) Grande Sombra aparece no capítulo nove da primeira temporada de Liga da Justiça Sem Limites. Inicialmente faz parte dos Ultimen, mas acaba abandonando o grupo e integrando a Liga da Justiça. Por se tratar de um clone, assim como seus outros colegas, apresenta rápida degeneração, podendo morrer a qualquer momento. Tem uma queda pela Mulher Maravilha.


N/A: Nunca escrevi sobre o casal, mas me apaixonei pelos dois após assistir Liga da Justiça. Quem poderia imaginar que ambos se completariam tão bem?

Agradeço à Mira, que, sendo a profunda conhecedora da DC que é, foi quem me ajudou a trabalhar na personalidade dos nossos protagonistas, de modo a não deixá-los OOC (ou o mínimo OOC possível :P).

Por favor, revisem :). Nos vemos no próximo capítulo!