O SEGREDO DOS ANJOS – PARTE III

ASCENSÃO

Dama 9 e Hana-Lis


Nota:

Os personagens de Saint Seiya não nos pertencem, pertencem a Masami Kurumada, Toei Animation e empresas licenciadas.

Apenas Diana e Aisty são personagens criadas única e exclusivamente por nós para essa trilogia.

Este é um trabalho de fã para fã sem fins lucrativos.

Uma boa leitura a todos!


Dama 9, Hana-Lis e amigos incentivam a criatividade e liberdade de expressão, mas não gostamos de COPY CATS. Então, participe dessa causa. Ao ver alguma história ou qualquer outra coisa feita por fã, ser plagiada ou utilizada de forma indevida sem os devidos créditos, Denuncie!


Capitulo 1: Fogo e Gelo.

.I.

No mais completo silêncio os dois seguiram o Grande Mestre até biblioteca. O clima não poderia ser mais tenso, trocaram um olhar indagador, porém resolveram esperar para ver o que ele tinha a dizer. Shion abriu a porta, pedindo que entrassem.

-O que deseja de nós, mestre Shion? –Kamus perguntou, sem esconder sua impaciência.

-Sentem-se, por favor; ele pediu, indicando a eles algumas poltronas no cômodo.

Deram de ombros, era melhor ir com calma... Sentaram-se na poltrona, vendo-o sentar-se na outra, em frente a eles.

-Creio que agora que vocês sabem que são irmãos, devem querer saber porque Aaron não lhes contou isso antes, não? –Shion começou.

-Como? –Aisty perguntou, com um olhar confuso.

-Isso tudo começou a mais de vinte e cinco anos atrás. Aaron de Aquário, o pai de vocês, era um dos melhores cavaleiros de ouro que já foi sagrado neste santuário. Naquela época ele foi enviado numa missão com Sebastian até a França;

Kamus remexeu-se inquieto na poltrona, porque tal data coincidia perfeitamente com seu nascimento.

-Foi em meio a essa missão em Paris que ele conheceu Alice. Alice Kandel; Shion contou.

-Minha mãe? –Kamus perguntou, confuso.

-...; Shion assentiu. –Pelo que o Aaron me contou na época, eles viveram mesmo que em pouco tempo, um belo romance, porém ele tinha suas obrigações para com o santuário e ela bem... Era uma agente intermediaria do santuário fora da Grécia.

-Minha mãe? –ele perguntou, dessa vez com um "Q" de surpresa.

-Alice era uma das nossas melhores agentes; Shion continuou.

-Mas porque ela deixou isso de lado? –Aisty perguntou, vendo que o irmão parecia chocado.

-Porque quando a missão se encerrou, Aaron voltou para a Grécia e dois meses depois ela descobriu que estava grávida;

-Mas e ele, porque não voltou? –Aisty perguntou revoltada. Não era por ser seu pai, que iria defender uma cachorrada como aquela, de abandonar uma mulher com um filho para criá-lo sozinha.

-Ele não sabia; Shion falou com pesar, vendo os dois voltarem-se para o ariano, surpresos. –Alice optou por deixar de ser uma agente do santuário e não revelar a ele que estava esperando um filho;

-Não entendo; Kamus murmurou.

-Sua mãe prezava de mais a missão que haviam recebido e não queria que isso de alguma maneira viesse a influência-lo. Mas a questão é que Alice não pode esconder isso por muito tempo;

-Como assim? –Aisty perguntou.

-Oito meses depois, Aaron retornou a Paris e foi procurá-la, não havia como esconder, então, ele acabou descobrindo que ela estava grávida e a decisão dela, de esconder-lhe a existência de Kamus;

-E o que ele fez? – a amazona perguntou impaciente.

-Ele a pediu em casamento, dizendo que viria viver com ela em Paris se fosse preciso, ou ela iria para a Grécia. Mas Alice não aceitou;

-Posso entender o porque; a jovem murmurou. Se ele realmente quisesse algo sério, teria proposto isso antes de ir, não só fazer isso por saber que ela estava grávida agora; ela pensou com uma pontada de irritação. –E daí? –ela indagou, gesticulando para que Shion andasse mais rápido com a história.

-Aaron pediu que ela lhe deixasse ao menos dar seu nome a criança e participar o máximo que pudesse de seu crescimento; Shion respondeu.

-Por isso eu só o via nas férias e quando perguntava o porque, minha mãe sempre se esquivava em responder; Kamus murmurou.

-Apesar da forma com que as coisas aconteceram, Aaron amava muito Alice, mas respeitou a decisão dela em criar Kamus sozinha, embora por vezes tenha recebido o auxilio de alguns amigos e parentes, mas nada que chamasse atenção demais, afinal, ela também tinha sua cota de orgulho; ele completou.

-Entendo, mas aonde entra minha mãe nessa história? –Aisty perguntou.

-Dois anos depois, Cecília chegou ao santuário vinda de Naxos, onde terminara seu treinamento, recebendo a sagrada armadura de Apus;

-Como? –ela perguntou, arregalando os olhos. Agora entendia o que Sebastian quis dizer.

-Isso mesmo, ao contrario de muitas amazonas residentes aqui. Cecília era extremamente arredia e extremista. Nem eu como Grande Mestre podia chegar muito perto, homens para ela só a um raio mínimo de cem quilômetros; ele explicou.

-O senhor esta brincando, não esta? –Kamus perguntou, arqueando a sobrancelha. Qualquer semelhança não é mera coincidência; ele pensou.

-Pelo contrario; Shion falou, com um meio sorriso. –Ela não era uma amazona comum. Era o que muitos conheciam como alquimista. Tinha a habilidade de usar o próprio cosmo, mais as energias do ambiente e transformá-las em outra coisa com a mesma importância. Para ela tudo era à base de equivalências. Se você quer algo, tem de dar algo em troca, as típicas leis do equilíbrio universal.

Entreabriu os lábios para falar algo, mas as palavras simplesmente não saiam. Desde pequena, sempre vira sua mãe como uma lady e dona de casa, que tinha uma vida comum, como a maioria das pessoas. Não como, bem... Era melhor não falar.

–Mas se ela era tão extremista assim, como eles ficaram juntos? –Kamus perguntou interessado.

-Ela o engaiolou; Shion respondeu com um sorriso maroto.

-Como? –Os dois perguntaram, quase caindo da poltrona. Definitivamente, qualquer semelhança não é mera coincidência.

-Isso mesmo, algum tempo depois que chegou ao santuário como amazona recém sagrada, recebeu a missão de treinar uma pupila;

-Dione? –Aisty chutou.

-Exatamente, ela tinha o habito de treinar Dione nas proximidades do Coroa do Sol, normalmente muitas amazonas preferiam aquele local para não ter de dividir a arena com cavaleiros. Nesse dia o treinamento terminou mais cedo e Dione retornou ao vilarejo, enquanto ela resolveu ficar um pouco mais;

-Deixe-me adivinha, o Don Juan apareceu? –Aisty perguntou, sarcástica.

-Isso o Don J-... Quero dizer, o Aaron apareceu; ele se corrigiu rapidamente, vendo o olhar divertido de Kamus para a jovem, como se disse 'Eu já conheço essa história';

-o-o-o-o-

Observou a amiga e Kamus desaparecerem no corredor que levava a biblioteca. Impaciente, sentou-se novamente. Tomara que Aioros não demorasse muito na prisão do Cabo, estava com um mau pressentimento.

-Tem uma coisa que eu ainda não entendo; Aiolia falou, chamando-lhe a atenção.

-O que? –ela ouviu Kanon perguntou.

-Compreendo que Aisty e Diana estejam irritadas com as ameaças de Apolo, mas não entendo porque Aisty parece odiar tanto Athena? - ele falou, indicando a jovem de melenas lilases que jazia encostada no beiral de uma janela, olhando vagamente para o nada.

-Ahn! Bem...; Kanon murmurrou.

-Mas isso é muito simples; Diana respondeu, voltando-se para eles calmamente.

-Diana; Aiolia falou engolindo em seco, como se só agora, houvesse se dado conta de que ela ainda permanecia no salão, como uns poucos.

-Aisty não detesta Athena; ela falou, vendo o cavaleiro dar um suspiro aliviado. –Quem Aisty detesta, é ela! –a amazona completou, apontando Saori, que ergueu a cabeça, voltando o olhar em sua direção.

-Mas...;

-A partir do momento que Athena reencarnou na Terra, suas vontades foram relegadas a um segundo plano, já que a consciência da mortal Saori é predominante, por isso... Quem Aisty detesta é Saori, simplesmente isso; ela completou dando de ombros.

-Não sei se entendi isso; Aiolia falou confuso.

-O que Diana quer dizer é que, Aisty detesta a falta de atitude que Saori vem demonstrando desde que Apolo apareceu. Independente de ser a reencarnação de Athena ou não, como ser humano, com conceitos de moral e do certo e errado, ela deveria compreender que a idéia de que "Vamos com calma, assim ninguém se fere", é mero conto de fadas. As pessoas, uma hora ou outra vão se machucar e evitar tomar uma decisão que pesa sobre todos, vai apenas piorar as coisas; Kanon explicou, voltando-se para a jovem. –Entendo que as coisas não são fáceis para você também Saori; ele continuou. –Mas tapar os olhos com as mãos, não vai fazer os problemas desaparecerem;

-Sem contar que hesitações e indecisão, deixam a lealdade das pessoas divididas; Diana lembrou.

-Isso também; Kanon concordou.

-Entendo; Saori murmurou pensativa.

-Não, acredito que você ainda não tenha entendido a extensão do problema; Diana continuou. –Mesmo que você não fosse a reencarnação de Athena, Aisty continuaria sem respeitá-la. Nós já vimos muita coisa nessa vida, menina... Acredite. Já vimos desde coisas boas até as que fariam Fredie Kruger tremer de medo. E depois de tudo isso só resta o respeito, se você não for capaz de ter respeito por alguém, não sobra nada. Nada de confiança, lealdade ou cumplicidade;

-Eu... O que eu... Bem, o que eu posso fazer? –ela indagou com um olhar perdido.

-Não cabe a nós lhe darmos a resposta; Kanon adiantou-se.

-Seria muito fácil se existisse um manual de passo a passo para essas coisas... Principalmente para entender a cabeça da Aisty; Diana falou com um fino sorriso nos lábios.

-Se existisse, o Saga seria o primeiro a querer arrumar um; Kanon brincou, para em seguida ficar sério. –Mas Diana tem razão, essas coisas tem de ser conquistada, com tempo e dedicação. Não só com Aisty, mas com todos os cavaleiros, amazonas e pessoas que convivem com você;

-...; ela assentiu.

-Bom, parece que Aioros vai demorar mesmo; Diana falou mudando de assunto levantando-se. –Acho que vou indo... Até mais;

-Até; os demais se despediram.

.::História dentro da História – Prisoner ::.

Respirou fundo, logo o sol iria se pôr e precisaria voltar para a casa. Dione já estava lá, mas precisava ficar um pouco sozinha, fazia poucos meses que estava ali, mas aquela sensação inquietante de que estava sendo observada não lhe abandonava.

Não era paranóia, definitivamente confiava em seus sentidos e eles não lhe enganavam. Parou por um momento de socar uma árvore. Costas eretas e respiração calma. Fechou os olhos por alguns minutos, ouviu um barulho bem baixo, como um coração a disparar.

Com apenas um golpe, uma árvore rompeu-se ao meio e deparou-se com um par de orbes verdes surpresos fitando-a. Estilhaços de madeira caiam sobre a grama, porém nenhum dos dois se moveu, ou deu sinal de que faria mais algum movimento.

-O que quer? –Cecília perguntou seca, pronta para mandá-lo para o Tártaro.

-Calma; o cavaleiro de longas melenas esmeralda pediu, saindo daquele estado de choque. –Só estava passando quando ouvi um barulho e vim averiguar;

-Barulho? –a jovem perguntou, arqueando a sobrancelha por baixo da mascara.

-Ahn! Bem...; Sabia que a desculpa não iria colar, mas nada lhe impedia de tentar; ele concluiu. –Você é aquela amazona de Naxos, não?

-E o que isso lhe interessa? –a jovem de melenas vermelhas rebateu, ferina.

-Nossa! Que humor! -Aaron provocou, com um sorriso debochado. –Deveria procurar outras coisas para se ocupar, quem sabe esse humor melhore;

Viu a amazona serrar os punhos nervosamente ao mesmo tempo que uma gota de suor escorria por sua testa. Aaron franziu o cenho, a Grécia era quente, mas não tão quente quando agora; uma nova gota escorreu de sua testa, lançou um olhar de soslaio para as plantas em volta e elas estavam secando. Mas que raios estava acontecendo? –ele pensou.

-Puff! Não vale a pena; ele a ouviu resmungar, dando-lhe as costas para ir.

Não era possível que ela houvesse mudado a temperatura tão drasticamente assim, embora o calor estivesse desaparecendo, como se a acompanhasse; ele pensou, intrigado. Agora não poderia deixá-la ir sem uma resposta.

-Espere; ele falou, segurando-a pelo pulso, impedindo-a de se afastar.

Cecília voltou-se com um olhar furioso para o cavaleiro que pela primeira vez em muitos anos estremeceu, sentindo um arrepio correr-lhe as costas, isso não era um bom sinal. Mal tivera tempo de esquivar-se, a jovem virou-lhe um chute certeiro no abdômen.

-Hei; ele falou indignado.

-Você pediu por isso; ela respondeu, dando de ombros.

Se ela era orgulhosa, ele também; Aaron pensou. Deu um sorriso debochado que a irritou ainda mais.

-Se esse é o seu melhor, deveria arrumar outra amazona para treinar sua pupila;

-Oras seu; Cecília vociferou.

Segundos depois os dois atracavam-se em uma luta ferrenha. Socos, chutes, voadoras. Surpreendeu-se por ela ser mais ágil do que si para determinados ataques, mas tinha alguns truques na manga também.

Elevou seu cosmo, lançando contra ela uma série de farpas de gelo. Cecília esquivou-se, porém no processo, acabou por bater com as costas em uma árvore.

-Interessante; Aaron falou, com um sorriso maroto, surgindo na frente dela, apoiando a mão sobre o tronco da árvore próximo ao rosto dela. Deixando-a acuada.

-Patético; ela rebateu, balançando a cabeça levemente para os lados.

Dessa vez ele não teve como se esquivar. Com um único soco, ela o jogou contra uma árvore na outra extremidade, quando Aaron levantou-se do chão, pronto para contra atacar. Sentiu uma explosão de cosmo e uma nuvem prateada ergueu-se a sua volta, impossibilitando sua visão. Alguns segundos depois, uma gaiola gigante havia surgido a sua volta como se houvesse brotado da terra.

-O que é isso? –Aaron perguntou, socando as grades sem conseguir quebrá-las.

-A paga por seu atrevimento; Cecília falou debochada, dando-lhe as costas, afastando-se.

-Hei, você não pode me deixar aqui; o cavaleiro falou desesperado.

-Não posso? –a amazona indagou, voltando-se para ele com a sobrancelha levemente arqueada. -Me impeça... Isto é, se conseguir sair daí; ela completou, afastando-se ignorando o chamado dele.

-x-

.II.

Atravessou os corredores em direção ao próprio quarto, quando sentiu um cosmo estranho se manifestar. Instintivamente, apoiou-se na parede mais próxima, enquanto seus olhos tornavam-se embaçados.

-Mas, o q-....; ela murmurou, sentindo uma forte dor manifestar-se em sua cabeça, como se houvesse levado uma martelada entre as temporadas.

-Diana! –ouviu alguém chamar seu nome, mas no momento seguinte, tudo escureceu. –Diana; Saori chamou, correndo em direção a amazona.

Segurou-a pouco antes da queda, mas não foi capaz de suportar completamente seu peso. Caiu de joelhos no chão, vendo a face da jovem tornar-se mortalmente pálida.

-Diana; Saori chamou novamente, sentindo o pulso fraco da jovem, se desesperou. –SAGA! –ela gritou ao ver o cavaleiro sair de uma sala.

-O que aconteceu? –ele perguntou, aproximando-se correndo, deixando jogados no chão, os mapas que trazia nas mãos.

-Ela desmaiou, não sei o que aconteceu... Antes ela estava bem; Saori falou aflita.

-Vamos levá-la para o quarto, por favor senhorita, conte a Aisty o que aconteceu; ele falou, antes de suspender a jovem inerte entre os braços.

-Mas...; ela balbuciou, mas Saga já havia se afastado.

-o-o-o-o-o-

-Minha mãe dominava o fogo; Aisty murmurou pensativa, batendo distraidamente a ponta dos dedos sobre o joelho.

-E Aaron a água; Shion respondeu, já prevendo a próxima pergunta.

-Opostos; Kamus comentou, sabendo de um outro bom exemplo sobre isso.

-Um ano se passou e Aaron praticamente não a deixava em paz. Ainda é um mistério como no fim eles acabaram juntos, mas no começo, eram como cão e gato. Sempre que se encontravam saiam farpas ou a temperatura esquentava demais, ou esfriava demais; Shion falou, com um meio sorriso.

-E o que aconteceu depois? –Aisty perguntou, pensativa.

-Mesmo as amazonas tendo aquele dogma, quando Aaron a pediu em casamento ela aceitou; Shion respondeu, fazendo uma pausa.

-Minha mãe sabia sobre o Kamus? –a jovem perguntou hesitante.

-...; Shion assentiu. –Um tempo depois que haviam se casado e que ainda viviam no santuário, Aaron contou sobre Kamus. Não que ele temesse a reação de Cecília, apenas não sabia como contar. Lembro até que eles foram para Paris, Kamus ainda era muito pequeno, acho que não deve se lembrar, Cecília na época disse que você seria um grande cavaleiro;

-Sério? –ele perguntou surpreso.

-...; Shion assentiu.

-E porque eles nunca me contaram? –Aisty perguntou, confusa.

-Foi naquela época que Cecília comunicou que estava grávida e Aaron saiu em missão a Delfos, tendo acesso à previsão do oráculo; o Grande Mestre explicou. –Como único herdeiro da família Bering, ele pediu a Cecília que se mudassem para San Petersburgo, onde estariam em segurança. Não tinha como evitar, Apolo começaria a carnificina quando o oráculo anunciasse o seu nascimento;

-Por isso eles se mudaram tão rápido; Kamus murmurou, lembrando-se do que Sebastian dissera.

-Aaron não queria que Cecília corresse risco algum, ainda mais estando grávida. Algumas amazonas como Karina, Isis e Natsu foram junto para garantir a segurança deles caso acontecesse alguma coisa;

-Ainda não entendo, porque me esconderam a existência do Kamus; Aisty falou.

-Para garantir a segurança dele. Quando ele completou seis anos de idade foi mandado a Sibéria treinar para se tornar o sucessor do Aaron. Por isso Alice, Aaron e Cecília decidiram que seria melhor que qualquer relação entre os dois fosse ocultada, para que isso não prejudicasse Kamus em seu treinamento, nem o tornasse um possível alvo.

-Entendo, tem lógica; o aquariano comentou.

-Quando você completou seis anos. Aaron e Cecília iriam lhe contar toda a história e lhe mandariam para Naxos treinar com Dione, atual sucessora de Cecília com a armadura de Apus. Mas uma noite antes Apolo descobriu onde estavam e mandou Melina e as demais atrás de vocês, nessa mesma época o vilarejo da fronteira foi devastado, possivelmente elas pretendiam matar Diana, mas ela já não estava mais lá; Shion explicou. –Enfim, tudo aconteceu muito rápido, Isis e Natsu tentaram impedir que as amazonas chegassem até vocês, mas não houve tempo, Aaron tentou criar uma barreira para atrasá-las usando seu último fio de vida.

Fechou os olhos respirando fundo, não era preciso continuar a contar, já sabia como aquilo terminava. Sentiu uma mão quente sobre a sua e encontrou o olhar reconfortante de Kamus, como se soubesse exatamente o que estava pensando.

-Se pudéssemos, teríamos impedido tudo isso; Shion falou com pesar. –Cecília e Aaron eram pessoas incríveis, vocês se parecem demais com eles. Creio que foi por isso que Sebastian os confundiu quando estiveram na Taverna das Bacantes; ele completou.

-Como o senhor sabe? –Kamus perguntou surpreso.

-Ahn! Sebastian foi o último guardião de Escorpião, antes do mestre de Milo; ele respondeu.

Aisty voltou-se para o irmão com a sobrancelha levemente arqueada. Sim, qualquer semelhança não era mera coincidência.

-Aisty; Saori falou abrindo a porta bruscamente.

Os três viraram-se na direção da porta, vendo a jovem divindade visivelmente constrangida por ter entrado daquela forma, mas a aflição em sua voz despertou os sentidos de alerta da amazona.

-O que aconteceu? –Aisty indagou já se levantando.

-Aconteceu alguma coisa com a Diana; ela avisou.

Rapidamente atravessou a sala e saiu atrás da jovem, tendo Kamus e Shion em seu encalço. Deixaria para perguntar mais coisas sobre os pais depois, por hora era melhor ver o que estava acontecendo com a amiga; ela pensou preocupada.

Seguiu pelos corredores de mármore polido, indo diretamente ao quarto da amazona, sem que Saori precisasse lhe dizer, para onde ela havia sido levada.

-O que aconteceu? –Aisty perguntou preocupada, entrando no quarto, encontrando Saga impaciente a espera dela.

-Desmaiou, não sei, estava saindo de um dos escritórios do templo, quando Saori me chamou, falando que ela tinha desmaiado do nada; Saga adiantou-se quando a amazona passou por ele, aproximando-se da cama.

-"Tem alguma coisa errada"; ela pensou, tendo um péssimo pressentimento.

Vários médicos passaram pelo corredor indo para um caminho oposto ao qual eles haviam vindo.

-O que esta acontecendo ali fora? –ela perguntou, voltando-se para o cavaleiro.

-Os cavaleiros que foram escoltar as amazonas até a prisão de pedra foram atacados, a maioria saiu com alguns arranhões, mas Shura foi quem mais se feriu. Ouvi eles falaram que ele ainda esta inconsciente; Kamus falou entrando no quarto.

Parou por um momento, com ar pensativo. Shura ferido mais Diana apagando do nada. Uhn! Depois de tudo o que ouvira, sabia que isso não era mera coincidência, mas como explicar algo tão "inexplicável" assim? – ela se perguntou.

-Aisty; Saga chamou, aproximando-se, vendo-a com um olhar perdido.

-Depois eu vejo isso; ela murmurou, balançando a cabeça, como se estivesse tentando empurrar seus pensamentos para algum arquivo, onde seriam revistos mais tarde.

-Isso o que? –Saga perguntou curioso, porém a jovem não estava nem ao menos se dando conta da sua presença agora que Shion voltava ao quarto trazendo um médico consigo.

-Pedi ao doutor que a examinasse, é melhor vocês saírem... Tem gente demais aqui; Shion falou.

A contra gosto concordou, mas ao passar da porta, encostou-se na parede, como se a montar guarda, esperando que o medico saísse. Mais essa agora? O que estava acontecendo com Diana? Será que realmente tinha algo a ver com o ataque aos cavaleiros no Cabo? –ela se perguntou pensativa.

-Aisty; Saori falou, aproximando-se cautelosa.

-Uhn! – virou-se para a jovem, embora não a focasse com seus olhos, era como se estivesse vendo algo por sobre seu ombro.

-Diana vai ficar bem, porque você, não... Bem, não vai descansar um pouco? –ela sugeriu hesitante.

-Estou bem aqui, mas você, talvez devesse ir atrás daqueles médicos. provavelmente eles vão precisar de ajuda com os feridos; a amazona respondeu, recostando-se na parede, deixando-se escorrer até o chão, onde cruzou as pernas e acomodou-se melhor, dando a entender com isso, que não sairia dali por nada, enquanto não tivesse noticias do bem estar da amiga.

.III.

Um fino sorriso formou-se nos lábios bem desenhados, com a ponta dos dedos tocou o espelho a sua frente, onde uma infinidade de imagens parecia dançar. O calor de seu corpo irradiou como um fino cordão vermelho que espalhou-se pelo espelho, fazendo as imagens desaparecerem.

-Parece que finalmente as coisas estão acontecendo como eu quero; Apolo falou, aproximando-se do leito de dossel vermelho.

Ergueu a barra da túnica, de maneira graciosa afastou as cortinas e sentou-se.

-Meu senhor; a voz sonolenta da ninfa de melenas castanhas chegou até si como um ronronar.

Notou o tornozelo delicado surgir entre os lençóis de seda, tocou-o suavemente, vendo a pele acetinada arrepiar-se ao seu toque.

-Já amanheceu? –Melissa indagou, afastando alguns fios de cabelo que caiam sobre seus olhos.

-Não, ainda esta longe de amanhecer; Apolo respondeu com um sorriso encantador. –Descanse, meu bem...;

Ela assentiu, com as faces rosadas e sonolentas, a pequena ninfa serrou os orbes, deixando-se adormecer em seguida entre os lençóis de ceda e travesseiros de plumas.

Levantou-se com cuidado para não acordá-la e fechou os véus, sentiu algo movendo-se a suas costas. Virou-se rapidamente, mas não encontrou nada.

Franziu o cenho, enquanto aproximava-se novamente do espelho, os cabelos vermelhos caiam numa longa cascada ondulada por suas costas, cobrindo parte da túnica imaculadamente branca. Os orbes azuis como gelo cintilavam um brilho de vitória.

Em breve teria tudo pelo que estava lutando e ninguém poderia lhe deter; ele pensou, dando as costas ao espelho, mal notando que agora, o reflexo a lhe fitar possuíam um brilho incomum de verde, como esmeraldas recém polidas. Frias e letais...

Continua...