O encontro - Capítulo I
Essa fanfic contem yaoi e incesto, caso não curta estes gêneros, peço que não leia.
Escrevo apenas por diversão, Saint Seiya infelizmente não me pertence.
O negrume da noite atingia a cidade, levando consigo todos os resquícios da tarde. A lua era a principal luz, o céu não estava muito estrelado aquela noite, mas não deixava de perder sua beleza. Ventava, não muito, mas era um sopro gelado. E ele não havia trago seu agasalho, fazendo-o estremecer quando deu alguns passos para fora do prédio, juntamente com um leve suspiro de frustração.
Eram exatamente nove em ponto, quando abruptamente em uma direção contrária, alguém vinha em passos rápidos, teria notado a segunda pessoa se não insistisse em sua velha mania de andar com o olhar voltado para baixo, quando o volveu para frente não foi o suficiente para esbarrar no outro. Acabou não conseguiu ver seu rosto, alguns palavrões saíram de sua boca, mas o estranho parecia bem apressado, viu algo no chão, era um colar, em um ato de generosidade, abaixou-se para pegá-lo. Quando olhou na direção onde o homem foi, não viu sequer vestígios de sua presença.
- Droga – Pensou em deixar o objeto por ali, mas quando o examinou com maior minúcia, exclamou em surpresa – Ouro!
O colar era pesado, o segurava com uma das mãos, notou que possuía um pingente em formato de uma gota rubra. Seria um rubi? Acabou por constatar que sim, era um conhecedor de joias, aprendendo algumas técnicas com seu pai, que trabalhou quase sua vida inteira em uma joalheria. Mas algo lhe chamou atenção, algumas palavras talhadas no objeto. Δάκρυααίματος.
- "Lágrimas de sangue?" – Estava escrito em grego, mas conhecia aquela língua, mesmo vivendo atualmente em Londres, sua terra de matriz era a Grécia.
O pingente era um pouco maior que uma moeda; cingido por uma fina linha dourada, algo que certamente valeria algum dinheiro. Colocou o achando em seu bolso, pensaria em algum futuro para aquele colar. Ora, agora o dono era ele. Achado não é roubado, não é mesmo?
Um breve sorriso emergiu em seus lábios, voltou a caminhar em passos lentos, retornando para sua casa, que ficava a dois quarteirões do local, mas sem deixar de se regozijar por ser um homem mais rico.
Sorte, muita sorte. Como possuía tanta assim? Ele poderia estar certo, ou não...
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Ainda em passos apressados, chegara ao apartamento, tentando ocultar sua presença o máximo possível. Era o local marcado de encontrar-se com ele. Foi recepcionado por dois seguranças, que o seguiram e o guiaram até uma saleta aos fundos. Mesmo para um ambiente pequeno, existia luxo, pelos finos móveis escolhidos.
Os homens o deixaram ali, dizendo para aguardar. Algumas peças o chamaram atenção, eram outras joias, minuciosamente adornadas sobre a mesa e uma bússola cor prata, deu alguns passos para averiguar melhor, mas uma segunda voz faz sua investida cessar.
- Kanon Vassilikos? – Retirou o capuz que ocultava seu rosto, deixando os longos cabelos caírem sobre os ombros quando o outro o identifica, fixou seu olhar na direção do homem, seus olhos azuis o observavam com atenção.
- Radamanthys. – Notou que o outro o fitava, possuía cabelos loiros e olhos penetrantes, um sorriso maldoso emergiu nos lábios do britânico.
- Você foi seguido? – Adiantou em perguntar.
- Não, se fosse eu não teria vindo até aqui – retorquiu, arqueando uma das sobrancelhas em um ar de ironia.
- Onde está? – Ignorou seu atrevimento, aproximando-se do grego, ficando apenas a alguns centímetros de distância.
- Primeiro o dinheiro – Objetou, utilizando um tom sério. Esperou alguma reação do loiro antes de entregar o que ele queria.
- Comigo os negócios não são assim, senhor Vassilikos – aquela resposta não o agradou, mas tentou ocultar isso em sua expressão.
- Sinto muito, mas só irei entregá-lo se me der o dinheiro primeiro. – Insistiu, sabia que não poderia confiar nele.
- É mesmo? – fez um gesto com a mão, e dois de seus seguranças que estavam na porta se aproximaram – Então, podemos começar a negociar agora?
Acabou sendo coagido a aquiescer pela desvantagem, colocando a mão em seu bolso, mas deu por falta do objeto. Seu semblante se alterou para um assustado, procurando em todos os lugares possíveis.
- Merda... – falou mais para si mesmo, enquanto mexia em todos os bolsos de seu casaco e calça.
- Onde está? Você não disse que estava com ele? – Vendo-o nessa busca, o loiro impacientou-se.
- Estou, quis dizer, estava – atrapalhou-se por não estar o encontrando, notou que o semblante do outro se alterara. Deu alguns passos, recuando.
- Você estava querendo me passar à perna? – Indaga em um tom de ameaça, o notando se afastar, caminhou novamente em sua direção, o segurando com força pela gola do casaco, ouviu o outro gemer baixo – Escuta aqui seu espertinho, é muito bom esse colar estar em minha mesa amanhã, ás dez horas da noite, em ponto. Não quero atrasos. Você sabe que eu odeio atrasos, não é mesmo? – Terminando de proferir essas palavras o soltou, sem a menor delicadeza.
Quando conseguiu se desvencilhar de Radamanthys, o olhou de uma maneira séria, ajeitando a gola de sua roupa, segurou-se para não respondê-lo, precisava daquele dinheiro e sabia que se expor sua opinião, sua situação só iria piorar. Precisava encontrar aquele colar, de alguma maneira.
- Eu irei trazê-lo, ás dez estará com ele. – Colocou convicção em sua voz, mesmo não tendo tanta certeza se iria recuperá-lo. Deveria começar o resgate ao colar o mais rápido possível.
- Assim está ótimo – Sentou em sua cadeira, entrelaçando suas mãos na altura de seu queixo, deixando os cotovelos apoiados sobre a mesa. – Faça seu trabalho direito, não quero mais falhas... estou farto de esperar. A próxima vez que houver um erro, não terá segunda chance – ameaçou pelo seu tom.
- Sei que isso não tem nada a ver com negócios... mas porque quer o colar com tanta urgia assim? – não se intimidara com as palavras ditas pelo loiro, permaneceu em seu lugar com o olhar fixo no inglês.
- Isso não é da sua conta – Foi ríspido em sua resposta – Quero apenas que realize seu trabalho. Agora vá. Não estou com vontade de continuar essa conversinha inconveniente.
Sabia que não possuía muito tempo, mas aquela resposta lhe causou certa desconfia e incômodo, não tinha plena certeza dos assuntos do escorpiano, interrogá-lo seria perda de tempo, estava ciente disso, mas porque o outro queria que trouxesse o objeto com tanta urgência assim? Algumas respostas emergiam em sua cabeça enquanto retornava ao seu apartamento.
"Vou verificar e estudar um pouco mais sobre isso. Deve ser algo bem importante, para esse desespero todo daquele idiota." Pensou consigo. Claro, tiraria proveito daquela situação. Sentia que tinha algo em mãos que valia bem mais que Radamanthys lhe propusera a pagar.
Havia feito o trabalho mais difícil, entrar no museu sem ser notado, conseguindo surrupiar o objeto genuíno o substituído por uma réplica, isso graças a alguns contatos que trabalhavam no local. Demorariam a se tocarem da troca, nunca seria pego, pois dentro de alguns dias, estaria fora do país novamente. Levava sua vida assim, nunca se fixando em um lugar só, em cosequência aos trabalhos que realizava.
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Sentado em sua cama, analisava o colar, com bastante atenção, não se cansava disso, era uma joia bem interessante. O objeto irradiava uma branda luz escarlate, tentava compreender isso, mas depois de um tempo analisando-o, acabou desistindo pelo sono e a responsabilidade de acordar para o trabalho. Deixou o obejto sobre a mesa, perto da cama e não demorou muito para acabar dormindo.
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Não pensou em ir atrás do colar, tinha quase certeza que o deixara em seu escritório depois de rever alguns fatos. Fez uma rápida busca pela internet e alguns livros que havia em seu quarto, como um bom amante de antiguidades possuía exemplares que o ajudaram bastante, pois como suspeitava, aquele colar tinha história. Algumas informações lhe interessaram, mencionava uma maldição algo que foi inteiramente ignorado pelo grego.
"Maldição, maldição... Isso é pura fantasia, uma frivolidade. Quero saber quanto é que eu posso ganhar com isso." Pensou, enquanto analisava novos dados que julgara proveitosos, havia registros de vários donos, o que o intrigou um pouco, ainda mais o modo como haviam sido mortos, sempre de maneira brutal, outros sumiram sem dar explicações.
Por um momento, especulou talvez em crer na tal maldição, mas só em pensar no lucro, esqueceu-se disso.
- Interessante... – murmurou quando leu uma história, a mais antiga que encontrou, aconteceu há duzentos anos. Animou-se, estava lidando com uma relíquia e não um mero objeto. Agora estava certo de que conseguiria um lucro com aquele colar, pediria um pagamento de um valor bem mais elevado e cada segundo que se passava, sentia ainda mais sede de descobrir sobre as origens daquele enigmático objeto.
"Amanhã, depois do almoço, vou dar uma passada na biblioteca perto daquele hospital. Devo encontrar informações valiosas. Já devo ter recuperado o colar pela manhã."
Desligou o computador e guardou os livros, mas antes de colocar no lugar alguns, marcou as páginas que poderia utilizar depois, onde encontra informações sobre as localidades do colar e de alguns donos, os que eram conhecidos na história, de duques a grandes generais. Demorou, mas acabou pegando no sono, no sofá de sua sala esquecendo a televisão ligada.
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Acordou ás sete, com o despertador berrando, suspirou sendo coagido a deixar a cama, o quarto estava escuro, abriu as janelas e viu que a joia ainda estava onde a deixara. Foi até o banheiro, visualizando sua imagem no espelho por um momento, se desfez de suas roupas e entrou no banho. Quando o terminou, voltou ao quarto e se vestiu, em seguida, preparou um rápido café.
Antes de sair, acabou indo novamente ao seu quarto e pegou o colar, aproveitaria para mostrar o objeto a um amigo, que era conhecedor de peças antigas, poderia lhe dar informações, pois julgava que aquele objeto deveria ter mais história do que imaginava.
Então seguiu até o hospital, trabalhava como médico. A rotina árdua começaria, suspirou, e enquanto caminhava, pensava no colar.
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Mesmo não se fixando em um lugar, acabara alugando um escritório, temporariamente para organizar seus trabalhos. O lugar até que era bastante confortável e ficava perto de seu apartamento.
- Merda, merda, merda! – Exclamou depois revirar quase seu escritório inteiro – Cadê aquela merda? Preciso encontrá-lo. Achei que estaria aqui.
Tocou em seus próprios cabelos, andando de um lado a outro, exasperado. Pegou um cigarro, mas nem com isso conseguiu se acalmar.
"Vou refazer meus passos. Agora vejo como será difícil. Não poso ficar aqui parado. Se eu não encontrar o colar, aquele idiota acaba comigo..." Estava sentado no chão, no lugar onde antes era o sofá. Lamentar-se não iria trazê-lo de volta, deveria começar a busca imediatamente.
Começou a refazer seu caminho, torcendo para que conseguisse encontrá-lo, mas estava ciente de que seria difícil. Não existiam pessoas honestas, e nada poderia reclamar, porque de honestidade não possuía nada.
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Aproveitou a hora do seu almoço para ir até o trabalho do seu conhecido, ficava perto do hospital onde trabalhava.
- Meu amigo, como é bom revê-lo. – Falou com um caloroso sorriso quando viu o ruivo mexendo em alguns livros.
Eram amigos há alguns anos, se conheceram naquela mesma biblioteca. O francês era uma pessoa realmente misteriosa, não falava muito no início, especialmente de sua vida pessoal, mas nunca escondeu sua paixão por livros e objetos antigos.
- Bienvenue¹, Saga. – Correspondeu o sorriso de forma lacônica. – É bom revê-lo. O que devo a honra de sua visita? Veio em busca de livros?
- Não, não. Queria sua ajuda. – Retirou do bolso de seu jaleco o colar, colocando sobre a bancada. – O que me diz disso?
- Mon Dieu² – murmurou, mas sua atenção foi desviada a outra coisa quando ouviu o som da porta se abrindo, vendo a terceira pessoa entrar.
A cada instante, ia se frustrando de sua busca pelo colar, como estava passando perto da tal biblioteca, acabou entrando, mesmo não estando certo se conseguiria encontrar aquela relíquia. Planejaria algum tipo de fuga para que não fosse pego se não recuperasse o objeto até ás dez.
O homem de jaleco fitou o que acabara de entrar, seus olhos se encontraram com os dele, então Kanon cessa os passos, seu semblante, assim como o do médico se alteram para um assustado. Parecia estar vendo um reflexo no espelho. Ficaram um observando o outro, em um silêncio mutuo, Camus assistia á tudo sem conseguir compreender.
- Quem é você? – Arrisca na pergunta Kanon, quebrando aquele silêncio, mas se mantendo em seu lugar, ainda não havia notado o que tanto procurava estava nas mãos do francês, pelo choque de encontrar um gêmeo seu.
Continua...
¹ Bem-vindo.
² Meu Deus.
N/A: Finalmente terminei, ufa. Bem, a primeira vez que escrevo com esses gêmeos delícia, estou voltando a amar os dourados. Até que gostei do resultado, coisa rara. Espero que não esteja confusa, é que não quis identificar os personagens inicialmente. O que os senhores podem ver é que estou simplesmente viciada em jogos como Uncharted. E estou apaixonado por esses dois. Culpa da Vaaan. E essa fic vai ficar em homenagem para ela. Sim, o Saga e o Kan não se conhecem, isso será explicado no decorrer da estória. Espero que gostem para os que lerem. E também a Van.
Beijos, até mais!
