Ela vive nesse mundo como se ele a pertencesse, a servisse, a alimentasse, e tudo que ela dar em troca são suas sinceras desculpas por não poder contribuir.
Ela é rodeada de pessoas fúteis, de lugares fúteis, de assuntos fúteis, de mentiras e fachadas. Vive dessa maneira indigente, sentindo-se rainha de seu próprio destino, sem mensurar conseqüências. Ela não sente ressaca moral; ela não sabe de nada disso.
Seu sorriso pode liberar generosas doses de adrenalina nas veias dos pobres mortais que a rodeiam, sua entonação é maliciosa, mas cheia de certeza. Olhar tão profundo que é impossível não fixa-la até o ponto de ferir a alma.E como ela fere bem!
È como um hobby: maltratar quem lhe tem algum tipo de admiração. Ela sabe que nunca é apenas pela amizade, então, devagar, ela deposita seu ódio dissimulado em ríspidas atitudes.
E antes que aquela admiração lhe seja tirada, ela a retoma com apenas um sorriso, um toque, um gesto pequeno e insignificante, mas que pode trazer de volta toda aquela vontade desenfreada de te-la por perto.
Sua vida é um exemplo; ela se protege com teorias e pensamentos igualmente comuns e fúteis, mas funcionam tão bem que, algumas pessoas desistem de conquistá-la de algum modo.
Mas ela não quer que isso aconteça, não é?
Simplesmente, uma demonstração de falha no seu ego perfeito já faz alguém acreditar que, em sua barreira quase intransponível, pode haver ma brecha.
Assim ela ganha almas. Assim ela quebra corações e os ignora.
Assim ela segue, pondo pessoas no limite de seus sentimentos, que começaram pequenos e simples e com o tempo, foram lentamente se transformando em ódio. Um ódio controlado, se contrapondo a cada simples carinho ou um olhar qualquer.
Porque o ódio é o sentimento mais perto do amor, e ela sabe disso.
O que ela não sabe é que as pessoas que ela pensa que a amam sempre vão querer algo em troca e um dia se cansarão de seu jogo injusto. Ela não sabe que um dia descobrirão a verdade por trás de seu rostinho de anjo, de suas teorias ultrapassadas que já não são mais coerentes com seu comportamento estúpido e sem motivos.
Ela nem sonha que, um dia, aquela atitude proposital em ferir seus ''escravos do ego'' poderia voltar-se contra ela mesma, e que, apesar do ódio está perto do amor, o que vai restar dessa enorme demanda de sentimentos é apenas pena.
Ela vai se destruir, e talvez não saiba disso...mas quem vai contar?
