BATMAN RESIGNS: Material Extra
Material adicional referente à fanfic "Batman Resigns", lançado em comemoração à estréia do novo filme do Batman, "The Dark Knight".
Capítulo I – Making-Of
"Eu sempre quis escrever uma história do Batman baseada nos filmes antigos, escalando atores reais tanto para os papéis dos personagens já existentes quando dos originais que eu criasse. Foi assim que, sob forte influência dos dois primeiros longas dirigidos por Tim Burton, mas como uma homenagem a todos os quatro primeiros filmes em si, nasceu Batman Resigns".
A cena de introdução é uma homenagem ao universo do Batman e às aberturas dos quatro filmes antigos, nos quais os nomes dos atores e atrizes surgem imponentemente na tela ao som da trilha sonora, seja com um aspecto mais discreto e sombrio, no caso de Tim Burton, ou mais épico e colorido, tratando-se de Joel Schumacher.
A música de fundo no caso desta fanfic é o "Batman Theme" de Danny Elfman, utilizado nos dois primeiros longas. Por muito tempo essa fantástica música acabou se tornando tema do Batman até fora do cinema, como no caso do desenho Batman: A Série Animada, que utilizou parte da melodia, re-arranjada, em sua abertura.
Agora, explicarei minha escolha quanto aos artistas...
Por que Michael Keaton?
Keaton de longe interpretou o melhor Batman da antiga série de filmes. Ele conseguia contrastar muito bem as duas identidades do personagem: fazia um Bruce Wayne sonso e anti-social, e quando vestia a capa do morcego, empregava um olhar soturno e uma rancorosa entonação de voz que encheriam de pavor qualquer meliante. Definitivamente foi o melhor Batman até Christian Bale. Pena que não protagonizou todos os quatro filmes, sendo substituído por Val Kilmer e depois George Clooney.
Por que Denise Richards?
O par amoroso de Bruce Wayne nessa minha história é uma personagem totalmente minha. Portanto me senti mais livre quanto à escolha da atriz que poderia interpretá-la. Para mim Denise Richards é uma das mulheres mais lindas de Hollywood, e a derradeira amada do Batman teria de ser realmente a mais bela de todas. Por isso optei por ela.
Por que Jack Nicholson?
Dispensa explicações. Interpretou o Coringa com primazia no primeiro filme. O grande erro de Tim Burton foi tê-lo matado no final, impedindo que o personagem voltasse para uma continuação. Mas como tudo é possível no mundo das fanfics, nesta história o Coringa de Nicholson retorna da morte para novamente realizar o que poucos vilões conseguem: fazer o público rir de suas atrocidades. E esse é o segredo do sucesso do Coringa nos gibis ao longo das décadas.
Por que Antony Hopkins?
Na minha opinião é um dos maiores atores vivos. Hopkins se encaixa perfeitamente no personagem de Wilfred Pennyworth desde o primeiro momento, e essa minha escolha para o papel foi elogiada pelos leitores. Uma curiosidade: Antony foi o nome inicial cotado para interpretar Alfred Pennyworth em Batman Begins, perdendo a vaga para Michael Caine. Como prêmio de consolação, Hopkins ganhou o relevante papel do irmão de Alfred neste meu conto.
As escolhas de Winona Ryder para Arlequina e Chris O'Donnell como Asa Noturna serão explicadas mais à frente no making-of.
Gotham.
O primeiro capítulo começa com Batman admirando a gótica paisagem da cidade do alto de um arranha-céu. Baseei essa cena num wallpaper da "On-Star" (empresa que criou alguns comercias de TV protagonizados pelo Batman há alguns anos, todos disponíveis no YouTube) contendo uma situação parecida, que eu usava no meu desktop quando comecei a escrever a fanfic. Acho que essa inspiração foi bastante frutífera.
Ao longo dos primeiros parágrafos, descrevo Gotham City usando muitas figuras de linguagem. Procurei expor minha visão própria da cidade nessas linhas, misturando a Gotham dos quadrinhos com o aspecto sombrio detonado por Tim Burton. Alguns leitores elogiaram bastante essa minha maneira de enxergar a metrópole, que transportei aos olhos do Batman.
Enquanto o herói reflete sobre como a cidade se transformou, faço com que recorde alguns eventos passados. Como a fanfic, servindo de conclusão da série antiga de filmes, se passa em 2006, quando comecei a escrever, praticamente dez anos após o quarto e último episódio da franquia antiga (Batman & Robin, 1997), preferi inserir alguns eventos criados por mim ocorridos durante esse intervalo: para começar, Barbara Wilson, a Bat-Girl (introduzida no quarto filme como sobrinha do mordomo Alfred Pennyworth, ao invés da Barbara Gordon dos quadrinhos, filha do Comissário Gordon) foi tragicamente morta pelo Espantalho, vilão dos gibis que não chegou a aparecer nos filmes dos anos 90 (ele apenas deu as caras em Batman Begins, já na nova franquia).
Certos leitores me criticaram por ter matado a Bat-Girl, talvez por ser uma personagem carismática, e desejaram tê-la visto na fanfic. Acontece que a Bat-Girl, nos quadrinhos, sempre esteve associada a uma tragédia: na clássica história "A Piada Mortal", de Alan Moore, Barbara Gordon, vítima de um disparo efetuado contra si pelo Coringa, ficou paralítica pelo resto de sua vida. Incapaz de continuar combatendo o crime como Bat-Girl, Barbara, numa cadeira de rodas, assumiu então a identidade de Oráculo, uma verdadeira central de informações para o Batman em seus casos (esses acontecimentos na vida de Barbara são reproduzidos, com algumas alterações, no seriado Birds of Prey, que teve apenas uma temporada). Sendo assim, eu procurei adaptar a tragédia que envolve a personagem da Bat-Girl para o universo dos filmes antigos, fazendo com que a sobrinha de Alfred fosse morta por algum vilão.
Continuando, a morte de Barbara Wilson foi o estopim para que Dick Grayson (o primeiro dos três Robins dos gibis, e o único a aparecer nos filmes) saísse de Gotham e seguisse sozinho no combate ao mal, assumindo o uniforme do Asa Noturna, numa transição semelhante à dos quadrinhos. Para completar, situei a morte do mordomo Alfred em 2003, devido à velhice. Assim fiz Batman voltar às suas origens como um vigilante solitário, da mesma forma que nos dois primeiros filmes e em esporádicos períodos das HQs. Eu, particularmente, o prefiro assim, pois a inserção de companheiros como Robin ou Bat-Girl quase sempre infantiliza o personagem, como ocorreu nos dois longas dirigidos por Joel Schumacher e nos próprios gibis.
A escolha de colocar um Batman velho e um tanto inseguro foi uma influência da HQ "O Cavaleiro das Trevas", de Frank Miller, publicada nos anos 80. O enredo e características dessa publicação em particular começam a se fazer mais presentes na fanfic a partir de sua metade.
Em seguida, Batman confronta um grupo de vândalos. Essa cena é uma oposição ao início do filme Batman, de 1989: nele, o justiceiro amedronta e ataca dois assaltantes de rua, deixando-os quase chorando de medo. Agora o herói não é mais um mistério tenebroso para os habitantes de Gotham, a geração atual não sente a força do símbolo criado por Bruce Wayne. Por isso os jovens o ridicularizam e provocam, até ele perder a cabeça e atacar um dos pichadores, só então notando que era praticamente uma criança. É aí que Batman tem certeza de que as coisas não são mais como antes, inclusive ele mesmo.
A narrativa depois mostra Bruce acordando em sua mansão na manhã seguinte. A propriedade vazia e as impressões que ela assim causa no protagonista foram um recurso utilizado por mim para frisar a solidão do órfão: ele está mais uma vez sem uma família, pois Dick e Barbara se foram.
Um dos meus leitores achou que a ingratidão de Gotham em relação ao Batman, e a impressão de que ele não é mais necessário, lembram o filme Superman O Retorno, de Bryan Singer. Achei uma comparação muito boa, e não foi intencional quando escrevi.
Paris, França. Nessa cena marco o breve retorno da personagem Vicky Vale, oriunda do primeiro filme. Uma curiosidade é que nos gibis ela é ruiva, não loira. Uma possível razão para a mudança na cor do cabelo é que originalmente o par amoroso de Batman no início da franquia seria Silver St. Cloud, também originária dos quadrinhos. E a atriz Kim Basinger se parece mais com ela do que com Vicky.
Logo um misterioso e ameaçador personagem aparece. Apenas pelos diálogos já é possível perceber que se trata do Coringa. Encurralada, Vale acaba sendo cruelmente morta pelas mãos do criminoso, marcando o começo da vingança do vilão. Alguns leitores também não gostaram de Vicky ter morrido, ao menos de forma tão rápida na história, sendo que ela poderia ter interagido com Bruce antes disso.
Logo depois começa aquela que, na minha opinião, é uma das cenas mais densas da história: a seqüência que começa com Bruce na chuva em frente ao túmulo de Alfred e que termina com a tentativa de suicídio no quarto. Aqui exploro ao máximo a angústia do personagem, ferido pela ingratidão da população de Gotham. Também sente que perdeu sua vida combatendo o crime. Há referências aos filmes anteriores e trechos de intensa angústia textual. Na época estava com depressão, e a fossa de Wayne, associada à minha, torna-se ainda mais explícita no capítulo seguinte.
O revólver de Thomas Wayne com o qual o filho deste pensa em se matar é uma ligeira referência à arma que o órfão carregou consigo em Batman Begins para matar Joe Chill (o assassino do casal Wayne nas HQs, ao invés de Jack "Coringa" Napier), apesar de serem franquias diferentes e, portanto, sem relação entre si. O capítulo termina com Bruce lendo uma carta de Wilfred Pennyworth, irmão de Alfred já mencionado no filme Batman & Robin, portanto não sendo uma total criação minha. Um lampejo de esperança encerra esta primeira parte da história.
Continua...
