Não deixei nada escapar. Fui forte até aqui. Não deixei, de maneira alguma, minha confissão vir à tona. Eu sabia que apenas pioraria minha situação. Acabei não confessando o que minha garganta implorava para eu gritar há muito tempo. Senti vontade de gritar a plenos pulmões meu amor por você. Gritar absolutamente tudo o que eu sentia.
Percebi que todas as vezes da minha vida em que consegui gritar foi com você. Meus pais sempre odiaram barulho alto, eu não podia gritar. Mas com você eu gritava. Por prazer, por ansiedade, susto. Sempre era com você. E você não estava ali e nem deveria estar.
Se eu mandasse em você, diria para estares brincando na neve. Enfim, o que me restou de forças, o que me restou foi o pequeno orgulho, a raiva e principalmente o amor. Amor por mim próprio, pela minha alma.
Acabei por me libertar de uma forma egoísta, mas pensando em você.
Eu sabia que você ficaria bem com a sociedade.
O principal eu já havia feito: te beijei e amei, amei demais. Você foi a causa disso tudo. A mão já fora estendida, não precisarias mais de mim, nem eu deste corpo.
Peço perdão se te magoei. Só queria que você soubesse que está tudo bem agora. Que agora sou livre como você. Não mais te dou razões mil para chorares. Não me sinto mais culpado por te amar tão intensamente e ainda assim não ser o bastante para você.
