Crepúsculo

Capítulo 01 – Despertando...

A lua cheia iluminava a escuridão da noite, trazendo um pouco de luz às almas amarguradas que saíam das sombras em busca de emoções outrora esquecidas. Sob a luz do luar, pessoas mostravam a face que outrora ocultavam sem se importar em ser descobertas.

Saíam para se divertir, para afogar suas mágoas... Para se alimentarem... Para trazerem vida a seus corpos tão frios, desejando, alimentando o desejo e o ódio em seus corações tão complexos e contraditórios.

Duas esferas violetas percorriam o ambiente, enquanto caminhava por aquelas ruas frias e escuras, tendo como luz o resplendor da lua. Esgueirava-se entre os becos observando os bêbados, as prostitutas que lhe ofereciam seu corpo por meros trocados, os jovens que nada mais queriam do que diversão... Tão tentadores!

Caminhava calmamente, observando tudo com seu olhar frio e ao mesmo tempo erótico, que chamava a atenção de todos por onde passava. Os belos fios cereja balançavam suavemente, caindo sobre seus olhos, criando uma aura de puro magnetismo e sensualidade ao seu redor. Suas vestes negras davam apenas mais um toque à sua presença tão tentadora aos olhos daqueles humanos.

Vida... Era isso que corria naquelas veias. A mais pura e simples vida. Sentia as ondas de emoções que vinham de todos... Era como um convite quase irrecusável... Pensamentos autodestrutivos... O desejo de morrer... A ânsia de viver para sempre e impedir a morte...

" Oi lindo! Quer companhia?", Perguntou uma jovem de aproximadamente dezessete anos, de longos cabelos castanhos, com roupas curtas e sedutoras.

Os violetas percorreram aquele corpo de beleza tão tentadora e efêmera... Aparentemente tão frágil... Elevou suas mãos, tocando a face da jovem, sem nada dizer. Viu um sorriso se formar naqueles lábios vermelho-sangue, percebendo a movimentação ao redor dele. Um quase imperceptível sorriso de pura satisfação se formou em seus lábios.

A jovem se assustou quando o belo ruivo desapareceu de sua frente, procurando-o por todos os lados, rodando em torno de si mesma. Vários pares de olhos curiosos faziam o mesmo.

" Onde ele está?", Perguntou um homem mais velho.

" Eu não sei. Ele estava aqui e...", Viu apenas um vulto passar por trás do outro.

O homem se vira, vendo os movimentos elegantes e mortais do belo ruivo, que manuseava uma espada e antes que pudesse pensar no que fazer, teve sua cabeça cortada pela lâmina altamente afiada.

Os outros que ali se encontravam, viam o corpo sem vida do homem no chão, seu sangue se espalhando, abandonando seu corpo, o qual foi desaparecendo, até restar somente pó. Os olhos frios e predadores do ruivo, fitavam superiores os seres à volta dele.

" Ora seu maldito!", Um deles gritou, saltando sobre o ruivo, assim como os outros que o acompanhavam.

O ruivo viu as íris deles ficarem avermelhadas e as longas presas se fazerem presentes, enquanto vinham em sua direção. Estreitou os olhos e, antes mesmo de ser tocado pelo primeiro ataque, dividindo o agressor ao meio verticalmente, vendo a surpresa nas feições de todos. Desaparecendo e surgindo no ar, cortando os corpos dos demais, fez o sangue deles cair como chuva.

Seu corpo pousa delicadamente no chão, agora tão vermelho quanto seus cabelos. Todos estavam impressionados... Um caçador... Como um caçador poderia achá-los ali? Seus disfarces eram perfeitos, então... Como?

" Seu caçador maldito!", Um deles falou, sendo imediatamente morto pela lâmina prateada do ruivo. Os frios violetas fitavam o ser que em poucos minutos deixa de existir.

Não poderia ser um humano, não com tamanha velocidade e força. Um vampiro... Sim! Ele era um vampiro. Mas então, por que atacá-los? Não conheciam o ruivo, nunca fizeram nada para ele, então por que tamanha fúria?

" Você... Abyssinian...", Um deles diz, dando alguns passos para trás. O medo evidente em seus olhos.

" Abyssinian? O vampiro Aby...", O outro perde a fala, começando a correr como um louco.

O caçador lança um olhar predador, movendo-se em uma velocidade assustadora, matando aqueles que tentavam fugir primeiro, intensificando a chuva rubra que ele próprio criara. Seu olhar de gelo nada transmitia e o desespero dos outros vampiros ali presentes apenas crescia.

" Por que mata os da sua própria espécie?", Um deles pergunta, atacando o ruivo em uma fúria insana, obtendo como resposta a perfuração de seu corpo. Com um movimento forte do vampiro, a lâmina se eleva, partindo o atacante em dois.

Nada mais restava... Todos estavam mortos. Os violetas percorrem o local mais uma vez, vendo em um canto a garota que havia se aproximado dele primeiro. Os olhos dela expressando todo o seu medo.

" Por favor, não me mate!", Ela implora. Lágrimas corriam volumosas por sua face.

O vampiro apenas a observa sem nada dizer. Era apenas mais uma 'criança', que as os filhos das trevas mais velhos usavam para chamar a atenção de jovens, que serviriam de alimentos aos mais fortes... Esse era o hábito de vários deles, deixavam para outros a tarefa de atrair seu alimento. Seria mesmo isso?

" Eu... Eu posso ficar com você... Trazer pessoas bem jovens... Você é lindo e... Deve ter muita fome... Por carne nova...", Ela falava tentando se aproximar daquele vampiro que, de acordo com o que falavam, era bem velho e, definitivamente, muito poderoso... Um dos antigos com certeza! Um de seus amigos vampiros já havia lhe falado de Abyssinian, mas sempre achou que se tratasse de uma lenda.

" Gosta... Dos mais novos?", O vampiro pergunta em um tom frio e cortante.

" Sim, são os mais apetitosos e... Os mais saborosos...", Ela sorri, vendo o interesse do ruivo. Quem sabe poderia convencê-lo...

" Eles sempre vêm, por bem... Ou por mal.", Ela diz sorrindo.

O ruivo ficou a observar a garota. Por ser um vampiro antigo, podia sentir a presença de outros vampiros, podia sentir mais... Ficou olhando-a nos olhos, vendo perfeitamente como ela gostava de matar, como amava torturar, causar dor... Despertar o medo nos que se tornariam apenas... Seu alimento...

" A líder da chacina.", Ele fala friamente e a garota se assusta.

A garota corre. Não era prudente enfrentar alguém da estirpe de Abyssinian. Agora entendia perfeitamente o motivo de não ter detectado a presença dele como vampiro. Ele era realmente aquele vampiro de que lhe falaram. Os mais antigos podiam se esconder de tal forma que pareciam humanos aos olhos dos vampiros mais jovens.

Passava como uma sombra pelas ruas e becos, tentando salvar a 'vida' que possuía e tanto amava, mas não se pode fugir para sempre. Ela pára no alto de um prédio, ficando parada, temendo que o outro vampiro pudesse surgir a qualquer momento. Pegou o celular, digitando trêmula e esperando ser atendida.

" Vamos, atende!", Clamava ansiosa.

" Oi...", Uma voz fria se faz ouvir do outro lado da linha.

" Ah! Senhor Far...", Não pôde terminar de falar.

A voz da vampira não mais saía. Seus olhos fitaram os violetas e ela abaixa o olhar, sentindo uma dor tão grande como há muito não sentia. Olhou para baixo vendo a espada cravada em seu coração.

" ...!", Podia ouvir o que acontecia.

" Morra!", O ruivo disse, atravessando o coração dela com a espada, ouvindo um grito agudo sair da garganta dela e seu sangue escorrer e banhar o chão.

O celular cai no chão, se quebrando, e a ligação é interrompida. O ruivo retira a lâmina do corpo inerte da vampira, que aos poucos vai se tornando pó. Ele balança a espada, retirando dela o sangue de todos aqueles malditos, guardando-a e voltando a caminhar pela noite escura e fria.

O sobretudo preto se movia, assim como os fios vermelhos que cobriam seus violetas frios. Seus passos elegantes e firmes, sumindo na escuridão sem deixar vestígios.

OOO

" ...!", Um homem de cabelos curtos prateados desliga o celular.

Encontrava-se sentado em uma aconchegante poltrona. Vestia uma calça preta e uma blusa sem mangas, semitransparente, azul escuro, com vários rasgos. Em seu pescoço uma coleira preta com detalhes em prata. Em sua mão direita, possuía três facas.

Seus olhos gélidos fitam a parede à frente, onde se encontrava um homem amarrado e ofegante. Ele balança as facas na mão e as atira, acertando o ombro, braço e perna, ouvindo o grito de dor de sua vítima.

" Por favor, mate-me de uma vez!", O homem gritava, desesperado para que seu tormento chegasse ao fim. Seu algoz se levanta, andando em direção a ele com um olhar sádico e perverso, segurando a faca fincada na perna de seu prisioneiro, torcendo-a bem lentamente.

" Aahhhhh...", O homem grita de dor, não conseguindo segurar as lágrimas.

Um sorriso se desenha nos lábios do torturador ao ouvir os gritos de dor e as suplicas de sua vítima, seus lábios se aproximando da ferida causada pela faca no ombro do homem, lambendo-a. Sua outra mão move a faca do ombro, fazendo o sangue escorrer mais, assim como o homem gritar mais alto.

" Você e seus desejos insanos!", Uma voz sarcástica chega aos ouvidos do outro.

Ele pára o que fazia, fitando os azuis do ruivo escorado à porta, que lhe sorria de modo enigmático. Aquele alemão sempre reclamava do modo como agia, de como gostava de se alimentar... Afastou-se um pouco, retirando a lâmina do ombro do homem e passando-a pelo peito dele, cortando-lhe a pele, fazendo-o sangrar e gritar.

" Ele acordou, Farfarello. Temos que ir!", O alemão fala, olhando nos olhos do outro. Havia maneiras tão mais prazerosas de tortura e Farfarello ficava lá, desperdiçando sangue. Revira os olhos e sai da sala. A mente daquele lunático o deixava com dor de cabeça!

Farfarello olha para sua vítima e um sorriso insano se forma em seus lábios. Em um movimento rápido, o rapaz crava a faca no coração do homem, saindo da sala em seguida. Leva a mão, suja de sangue, à boca, e passa a lambê-la, não deixando vestígios algum do líquido precioso.

OOO

Em uma biblioteca, um homem de um metro e oitenta de altura, vestindo um terno de corte fino, coloca seus óculos. Os fios negros caíam sobre seus olhos, enigmáticos e profundos, e ele se vira para porta, quando o ruivo entra no local.

" Está na hora de despertá-lo.", Ele fala, arrumando os óculos. Não que precisasse deles, mas simplesmente gostava de usá-los.

" Então vamos lá acordar o dorminhoco!", Fala com um sorriso sarcástico nos lábios. Observou seu líder de cima abaixo, vendo que o curto sono o fez bem e... Que ele parecia mais... Poderoso!

" Pelo que li nos relatórios vocês criaram novos grupos, Schuldich.", Caminhava em direção ao alemão.

" Sim, aumentamos o nosso território.", Falou sorrindo mais.

" Perdemos o grupo V15.", Farfarello entrou na sala, pronunciando o ocorrido com os vampiros afiliados a eles.

" Ah! Eu sei. Mas eles eram insignificantes e chamavam muita atenção.", Diz sem se importar muito, apesar de estar interessado em descobrir quem era o caçador que matara todos.

Farfarello nada diz, retirando da bota uma adaga. Sua lâmina era de prata e o cabo, dourado, com adornos em rubi. Ele fica olhando seu reflexo na lâmina brilhante, como se fascinado por algo enigmático. Ele lambe a lâmina, fazendo um corte na própria língua. Sente o gosto do próprio sangue, escorrendo pelo ferimento, que logo se fecha.

" Aquela não é a adaga do ritual, Brad?", Pronuncia o nome do moreno com sensualidade e malícia.

" Me chame de Crawford, Schuldich.", O vampiro americano fala sério, caminhando até Farfarello e tocando a adaga, sem no entanto tirá-la dele.

Aquele brilho tão especial! Farfarello com certeza já matara muitos com ela, e isso era perfeito. Schuldich ficou olhando a cena, lendo o prazer que Farfarello sentia apenas por se lembrar dos humanos que já matou, captando também a satisfação de Crawford ao ver que tudo caminhava como ele previra.

" Vamos, precisamos acordar a parte crucial disso tudo!", O americano diz em tom autoritário, sendo seguido por Farfarello. Schuldich vai caminhando lentamente atrás deles.

" Claro... Brad!", Diz, lamentando um pouco o fato de não poder ler a mente do americano tão profundamente quanto gostaria.

OOO

A lua ainda estava a iluminar a escuridão, o silêncio imperava naquele local frio e sórdido. Três figuras se moviam calmamente entre os túmulos memoriais de um cemitério antigo e de alta classe.

O vento balançava os fios negros de Crawford, descobrindo seus olhos, que estavam fixos em um mausoléu magnificamente construído em estilo grego. Ele entra no local, sendo seguido pelos outros dois. O local, vazio e silencioso como era de se esperar.

Farfarello empurra o caixão, abrindo uma passagem para o subsolo e o americano desce primeiro. Após descer as escadas, ele abre uma porta após digitar um código de segurança. Esta se abre e lá dentro tudo está limpo.

A sala possui piso em mármore, nas paredes havia pinturas de vampiros, sangue e pessoas servindo de alimento e no teto... Penas negras em torno de um anjo branco, coberto por um manto azul-celeste.

Os frios olhos de Crawford observam o caixão de prata com rubis incrustados, um triângulo com um grande rubi adornava a tampa do caixão e o americano se aproxima, erguendo a manga de sua blusa, deixando o pulso à mostra.

Schuldich ficou a observar, sorrindo sarcasticamente. Passa a língua nos lábios, ansioso com o despertar daquele vampiro. Vê o irlandês louco se aproximar de Crawford, cortando o pulso deste, vendo o sangue começar a escorrer, caindo em cima do rubi e do triângulo, escorrendo entre frestas não muito visíveis.

" Está chegando o tempo de caminhar além do crepúsculo e despertar aquele que se encontra no sono 'eterno'!", Crawford diz seriamente.

O sorriso do ruivo sumiu por um segundo, mas voltou ao sentir a energia do ser que se encontrava dentro do caixão. Crawford leva o pulso à boca, lambendo o ferimento e cicatrizando-o, olhando interessado para o caixão, que começa a se abrir.

Envolto apenas em um pano branco de seda transparente, se encontrava o corpo de um vampiro secular, apesar da aparência de um jovem de quinze anos. Ele se levanta. A pele alva, os cabelos cor de chocolate e os olhos de um azul profundo... Ele vai saindo do caixão, seu corpo... Todas as curvas de aparência tenra, que transmitiam sensualidade, eram vista pelos olhos dos três vampiros mais velhos.

" Chegou o momento, Crawford?", O jovem pergunta seriamente.

" Está muito próximo, Nagi.", Respondeu, dando a ele um sobretudo preto.

O jovem deixa a seda branca escorregar por seu corpo, não percebendo quão intensamente duas esferas azuis o observavam. Precisava se alimentar, e o mais rápido possível, para que seus poderes voltassem a ser como antes... Não! Para serem maiores que antes, depois do tempo que dormiu.

" Estou pronto!", Disse e os quatro abandonam o local.

OOO

Caminhava pelas ruas movimentadas daquela cidade. Vestia uma calça gelo e um casaco preto com fivelas. Suas mãos escondiam-se nos bolsos e seus olhos azuis escuro observavam as pessoas.

Andando, esperando...

Sozinho sem cuidados.

Desejando e odiando...

Coisas que não posso suportar!

Via os mendigos nas ruas, que o faziam lembrar-se de que um dia foi como eles, sentindo ódio e raiva pelas pessoas que o abandonaram, mesmo sabendo que elas estão mortas agora. Via uma mulher se aproximando de uma criança e a pegando no colo, chamando-a carinhosamente de 'meu amor', e o sorriso esperançoso e terno da criança, devido ao gesto da mãe.

Você acha que é legal chegar assim...

Pegar minha vida e foder tudo?

Bom, você acha?

Bom, você acha?

Sua mente voava ao passado, lembrando-se do sangue derramado e da pessoa que o atormentava depois de se tornar o que é agora. Aquele ambiente estava causando um sentimento de repulsa em seu ser e ele salta para o alto de um prédio. O vento lá em cima era mais forte, fazendo seu cabelo fino e delicado se mover revoltosamente. Ouvia a música que um dos moradores escutava... "Slept so Long".

"É... Eu dormi mesmo por muito tempo!", Pensava, fechando os olhos.

Sentia seu poder voltar pouco a pouco. Não havia se alimentado o suficiente, mas não tinha vontade de fazê-lo no momento. Estava seguro e ninguém poderia feri-lo!

" Ei, garoto! O que faz aqui?", Pergunta o vigia, que observava o jovem em cima do parapeito do prédio, ao lado de uma das colunas que se erguiam, sustentando belas estátuas e quando este se vira, aquele se assusta com as esferas vermelhas que o outro possuía.

Eu vejo o inferno em seus olhos...

Me pegando de surpresa.

Tocar você me faz sentir vivo!

Tocar você me faz morrer por dentro!

O vigia estava parado, confuso em ser ou não uma visão o fato daquelas pupilas que ele jurava que eram azuis se tornarem vermelhas. Ele caminhava em sua direção, mas o rapaz não se movia. O jovem era tão lindo e perfeito! Começou a andar em direção a ele.

Nagi ergue o braço, tocando a face do homem, seus olhos mais vermelhos que antes. O homem não conseguia reagir, surpreso com o fato de ter começado a sentir um desejo insano de ter aquele garoto para si, mesmo não tendo forças sequer para tocá-lo.

O garoto de aparência frágil faz o homem se ajoelhar perante si, vendo o olhar de puro fascínio que este tinha por ele. Sua feição ainda era séria e o jovem de aparência tão enigmática segura aquela face branca, alojando seus lábios no pescoço daquele homem, ouvindo-o gemer de prazer. Enterra suas presas na jugular do homem, fazendo-o gritar, de dor e de prazer, não notando que estava morrendo nas mãos daquele garoto enigmático e perturbador.

Andando, esperando...

Sozinho sem cuidados.

Desejando e odiando...

Coisas que não posso suportar!

Prazer... Era isso que sentia, a sensação que o inundava, enquanto sugava o líquido vital até a última gota, deixando o corpo sem vida do homem ir ao chão, erguendo a cabeça e fechando os olhos com o prazer que o invadia, sentindo seu poder voltar cada vez mais.

Era tudo maravilhoso, mas ao mesmo tempo odioso. A sensação de vazio tomava conta de seu ser. No final, contudo, o prazer que sentia enquanto aquele sangue corria por suas veias o fazia esquecer essas coisas por um tempo. Ele se entrega, sentindo apenas aquela sensação maravilhosa percorrer cada célula de seu corpo.

" Então o prodígio está aqui?", A voz maliciosa e sarcástica de Schuldich chega aos ouvidos de Nagi, despertando-o do prazer que usufruía.

O garoto abre os olhos, vendo o ruivo com seu típico sorriso sarcástico. Ele vestia uma calça preta de couro extremamente justa e baixa, deixando seu umbigo à mostra. Usava um casaco sem mangas de cor gelo aberto e sendo preso apenas por correntes prateadas. O tórax parcialmente à vista.

" O que quer?", Disse, vendo o caminhar lânguido do ruivo em sua direção.

" Talvez ver seu corpo gostoso de novo!", Falou, passando a língua nos lábios.

Você acha que é legal chegar assim...

Pegar minha vida e foder tudo?

Bom, você acha?

Eu odeio você!

Uma onda de raiva e revolta invade o pequeno corpo de Nagi. Ele estreita os olhos, balançando a cabeça negativamente como se não acreditasse em algo, ou melhor, no que estava acontecendo. O ruivo sempre o irritava. Achou que ele teria mudado nesses cento e cinqüenta anos em que esteve adormecido, mas estava enganado afinal...

" Típico de você!", Falou com certa repulsa.

" Hum... O garotinho está mal humorado!", Falou cinicamente e sorriu.

" É. Ver sua cara me deixa nesse estado!", Fala, passando a mão irritadamente pelos cabelos.

" Humm... Então eu te deixo assim é!", Disse malicioso, referindo-se ao estado de entorpecimento que o corpo do garoto ainda estava, só para provocá-lo.

" Hoje eu não caio no seu jogo.", Disse, virando-se de costas, indo em direção ao parapeito do prédio.

Schul podia ler todos os pensamentos conflitantes presentes na mente de Nagi. Ele havia acabado de despertar, seus sentidos ainda se acostumando ao novo mundo. Força e fragilidade... Euforia e melancolia... Paixão e ódio!

Nagi observava a cidade agitada abaixo dele, todos aqueles desejos humanos chegando ao seu ser como convites que eles mal sabiam que davam a um anjo da noite como ele. Tantas pessoas... E mesmo assim tanta... solidão!

" Não precisa dormir sozinho se não quiser!", Schul diz em um tom rouco e em um movimento rápido, prensa o corpo de Nagi contra a coluna, esfregando seu corpo no dele.

" O que pensa que está fazendo?", Grita irritadíssimo, começando a manifestar seu poder para afastá-lo.

" Você não é o único que ficou mais forte!", Ri malicioso, lambendo a orelha dele.

" Me solta!", Fala ameaçadoramente, sendo virado por Schul, olhando dentro dos olhos azuis do ruivo, estremecendo.

Eu vejo o inferno em seus olhos...

Me pegando de surpresa.

Tocar você me faz sentir vivo!

Tocar você me faz morrer por dentro!

Os olhos de Schul eram pura malícia e desejo, sentia um arrepio passar por seu corpo. O ruivo o ergue, colando mais seu corpo no do garoto, tomando posse daqueles lábios pequenos e macios, em um beijo molhado e selvagem.

Nagi debatia-se, sentindo aquela língua invadir sua boca, enquanto as mãos atrevidas de Schul passeavam por seu corpo, sentia o prazer vindo dele, fazendo-o ficar excitado e com ódio daquela sensação.

Schul devorava a boca de Nagi em um beijo avassalador, abaixando mais a mão, apertando mais o corpo menor, sentindo este ficar mais quente e começar a se render a ele. Sentiu as mãos de Nagi enlaçarem seu pescoço, o rapaz começava a corresponder ao beijo, o deixando ainda mais quente e avassalador.

Sua mão foi descendo mais, passando pelas coxas roliças do garoto que se esfregava contra ele, fazendo-o ficar mais louco de desejo. Seus lábios foram se esconder naquele pescoço alvo, lambendo-o e mordendo. Sua mão chegou até onde tanto queria, apertando o membro do jovem...

" Aahhhhh...", Nagi geme, segurando com firmeza aqueles cabelos cor de fogo, arranhando com força as costas de Schul, movendo os quadris contra aquela mão que o massageava, amando cada toque.

Schul beijava e dava chupões naquele pescoço alvo, deixando a pele avermelhada, massageava com mais força o membro de Nagi, ouvindo mais gemidos deixar aqueles lábios tentadores. Foi subindo, dando beijos pela face do garoto, fazendo um leve ferimento no próprio lábio e beijando novamente o japonês.

" Humm...", O gemido de Nagi sai abafado devido ao beijo. Sentir o gosto do sangue de Schul o deixava extasiado.

Sentia Schul abrindo seu casaco, enquanto não o deixava de massagear seu membro. O beijo continua luxurioso e insano, sentindo o prazer dele e o que vinha de Schul. Suas unhas rasgando a blusa do ruivo... Deliciando-se com as loucuras que faziam.

" Aaaahhh...", Schul se deliciava cada vez mais com aqueles gemidos, também deixando escapar alguns enquanto sua mão adentrava a calça do menor, apertando seu membro, deixando o jovem mais louco.

Em meio à sensação de quase êxtase que sentia, Nagi abre os olhos, fitando o céu escuro, respirando descompassadamente, enquanto sentia o ruivo a masturbá-lo. Como ele conseguia brincar assim com seu corpo? Brincar... Schul adora brincar...

" Uma brincadeira...", A mente de Nagi desperta em um choque e antes de Schul falar algo, seus poderes aumentam velozmente e ele arremessa o ruivo pra longe.

" Seu maldito! Uma brincadeira... Fique longe... De mim!", Falou ofegante, enquanto arrumava sua roupa. Suas pernas ainda trêmulas devido às sensações ainda presentes em seu corpo.

" Nagi...", Schul pronuncia com a voz rouca, sua excitação totalmente presente.

" Fique longe de mim, ouviu?", O garoto fala, saltando do prédio e sumindo na escuridão.

Eu dormi por tanto tempo sem você!

Está acabando comigo também.

Como chegou tão longe...

Brincando com esse velho coração.

Schul escora-se na parede, levando a mão ao próprio membro, já em completa ereção dentro da calça preta, soltando um longo gemido. Já havia tanto tempo... Como podia ainda continuar assim? Ele é lindo! Depois de um século e meio, ele havia despertado para ser sua doce distração naquelas noites solitárias.

" Uma distração...", Seus azuis se abrem, fitando o local onde Nagi estava, para depois se fecharem novamente.

Eu matei um milhão de almas.

Mas eu não consegui matar você!

Eu dormi por tanto tempo sem você...

Como já havia matado. Naquela noite mais fria, ele caminhou pelas ruas, matando todos que encontrava, apenas pelo simples prazer, sentindo o sangue deles em seus lábios, como também se espalhando pelo chão. O medo e desespero que vinham deles... Ah! Como isso era prazeroso a seus sentidos!

Brincar com os sentimentos dos outros, sentir o sangue deles descer quente por sua garganta, continuando sua matança naquela noite solitária, até chegar àquele local, encontrando mortos e uma criatura plácida e bela, encolhida em um canto.

Matar! Queria matar mais, ver o medo naqueles olhos. Aproximou-se furtivamente, erguendo a face pálida do jovem e se perdendo naqueles azuis profundos, sentindo seu corpo mais quente... Aquele corpo tentador... O calor que ele emanava, a maciez da pele... O gosto do sangue dele em seus lábios...

" Hummm...", Schul leva os dedos aos lábios, passando delicadamente sobre eles, ainda sentia o gosto daquele sangue...

OOO

Corria como um louco pelas ruas, tentando esquecer, parando repentinamente ao ver uma garota passando por ele. Nagi se vira para ela, puxando-a pelo braço e jogando-a na parede, apertando o corpo dela com o dele e beijando a boca, enquanto a apertava.

Eu vejo o inferno em seus olhos...

Me pegando de surpresa.

Tocar você me faz sentir vivo!

Tocar você me faz morrer por dentro!

Não conseguia esquecer aquele olhar de malícia e desejo, o modo com que o tocava, o devorava e o deixava mais extasiado. Vai apertando a garota, que já não mais se debatia, deixando-se ser beijada por aquele desconhecido, que a apertava, mordia seu pescoço e a acariciava.

Aqueles toques quentes que o faziam ir ao céu e quase chegar ao clímax. Aquelas mãos percorrendo seu corpo e o deixando mais excitado... Seus lábios a devoravam com mais fervor, lembrando-se dos toques do ruivo, cravando suas presas no pescoço dela e ouvindo um grito de êxtase deixar aquela boca. Como queria que fossem os gritos... Dele!

O sangue quente o revigorava e lhe dava mais força a cada momento. Uma brincadeira... Por que ele tinha que sempre brincar? Brincar com seu corpo pra ver suas reações? Brincar com seu...

Foi soltando o corpo sem vida da garota. Havia vida em suas veias, mas ele sentia-se morto...Voltou a caminhar, sua mente não mais registrando as coisas redor... voltando a enterrar suas lembranças com sempre fizera. Esquecer... Queria apenas esquecer...

OOO

O ruivo entrava no casarão que morava com os outros. Foi caminhando para seu quarto, ainda pensando no ocorrido. Vê Farfie brincando com facas como sempre, culpando deus por seus infortúnios, como se o mesmo fosse responsável pelas coisas sofridas por ele. Aquela mente insana o enlouquecia e subiu depressa para seus aposentos.

Eu vejo o inferno em seus olhos...

Me pegando de surpresa.

Tocar você me faz sentir vivo!

Tocar você me faz morrer por dentro!

Sorriu ao se lembrar de como Nagi retribui seu beijo e seus toques, ainda olhando sua roupa rasgada. Passou a língua nos lábios imaginando o que aconteceria se tivessem continuado. Rasgaria aquela calça gelo de Nagi e enlaçaria aquelas pernas deliciosas em sua cintura e o penetraria com força só para ouvir aqueles roucos e doces gemidos do garoto.

Seus pensamentos o deixavam arrepiado. A voz de Nagi era quase sempre fria. Mas ele gemendo... Ah! Como aquela voz se tornava doce e sexy! Era como morrer e ressuscitar. Segurou a maçaneta da porta e ficou lá, viajando naquele corpo e nos gemidos com que foi presenteado.

" O que quer, Brad?", Falou, virando-se rapidamente para o americano.

O moreno vinha andando calma e elegantemente pelo corredor, parando ao lado de Schuldich, sem no entanto olhar para ele.

" Se eu vir que vai me atrapalhar, saiba que não pensarei duas vezes em tirá-lo do meu caminho, Schul!", Falou, virando o rosto lentamente e fitando o ruivo sério.

" Eu quero o despertar dele tanto quanto você, Brad!", Respondeu estreitando os olhos.

" Não me chame de Brad!", O americano falou, arruando os óculos.

" Mas é tão sexy!", Disse malicioso, sorrindo desafiadoramente.

Antes que Crawford pudesse responder a provocação do outro, imagens vieram à sua mente e suas mudanças foram notadas pelo ruivo.

O triângulo se abrindo, o vampiro milenar emergindo do mundo das sombras... Gritos de dor... Súplicas sem fim... Poder sem limites... Um anjo de cabelos acinzentados que perdeu suas asas... O prazer que um jovem sentia... Seu sangue escorrendo... Um grito de êxtase e de dor... O despertar...

" Além do crepúsculo...", Crawford pronuncia e vai caminhando em direção ao próprio quarto. Uma visão vaga, como todas que tinha em relação ao vampiro milenar que tanto desejava despertar.

O ruivo entra em seu quarto, dando de ombros ao americano. Tinha coisas mais interessantes a fazer. Deixou seu corpo cair sobre a cama e ficou a olhar o teto. Um grande espelho no teto refletia seu corpo despojado e os arranhões causados pelas unhas daquele 'jovem' vampiro... Que ainda teria em seus braços!

OOO

A chuva fina caía naquele entardecer, molhando o campo e o corpo de um lindo garotinho de cinco anos de idade. Ele caminhava... Sua feição era triste e assustada. Seus pezinhos desviavam-se dos cadáveres, mas ainda assim se sujavam com o sangue derramado no chão. Tantas pessoas mortas... Por quê? Sua mentalidade ingênua e infantil não podia lidar com tais mortes... Era demais para ele!

As lágrimas banhavam a face do belo garotinho de olhos azuis. Ele ouve uma voz a chamá-lo e ergue o olhar, vendo um homem ao longe. O garotinho corre até o homem, perplexo pelos mortos que encontrava em seu caminho.

" Papai? Você é o meu papai?", Ele pergunta enquanto se aproximava.

" ...!", O homem não responde. De seus olhos desfalecem lágrimas de sangue.

" Por que está chorando? Está doendo? Você é o meu papai?", O garotinho pergunta tentando se aproximar, porém o homem desaparece, deixando-o sozinho naquele campo mórbido.

Ele chora e a paisagem vai mudando, assim como seu corpo. Ele não era mais uma criança! Podia se defender... Se defender daqueles que tentava machucá-lo ou que machucavam outras pessoas.

Sombras se multiplicam e com suas flechas, ele elimina um a um. O sorriso se desenha em seus lábios e ele caminha confiante pelas ruas da cidade, destruindo as sombras da noite, salvando a vida de inocentes. Não havia nada melhor que aquilo! Destruir todos aqueles malditos...

Ele caminha confiante pelas ruas, mas estas somem e fios de ouro envolvem seu corpo, imobilizando-o. Ele se debate em vão e tenta ver quem o estava atacando, sem sucesso. Um triângulo aparece em baixo de seus pés e vai se abrindo.

Ele olha intrigado para o que está acontecendo e então ele ouve os gritos de pessoas, pedindo para serem salvas, clamando para que a morte venha rápida e os privem de tamanho tormento.

O garoto de belos olhos azuis tenta se libertar novamente e os fios vão cortando sua pele, fazendo-o gritar. Ele cerra os olhos e ouve um barulho aterrador. Ele abre seus azuis, as paredes são sangue e ao olhar para baixo, vê um ser horrível emergindo... Longas asas demoníacas saem de suas costas e ele se aproxima do garoto...

" Meu!", Aquela voz aterrorizante se pronuncia, para desespero do jovem.

" NÃÃÃÃÃÃÃÃOOOOOOOOOO!"

OOO

Estava sentado em um confortável sofá, com um copo de vinho na mão pensando seriamente se deveria ou não acender seu cigarro. Sabia que já tinham proibido fumar ali, mas... Ele estava sozinho e já esperando há algum tempo, então...

" Largue esse cigarro, Kudou!", Uma mulher ruiva diz ao entrar na sala.

" Mas Manx linda... Eu não ia fumar, estava apenas... Olhando...", Diz com um lindo sorriso nos lábios.

" Então guarde-o.", Falou, cruzando os braços.

O rapaz de um metro e oitenta e dois de altura e olhos verdes observa a mulher de cacheados cabelos ruivos, que estava de braços cruzados esperando que ele guardasse o cigarro. Ele vestia uma blusa azul justa e uma saia vermelha. Era uma mulher bonita e atraente.

" Tem certeza que não quer sair comigo?", Ele pergunta sensualmente.

" Não. E nem tente me tocar!", ¬¬ Já avisou, vendo a aproximação do loiro.

" Ah, Manx... Só um beijo então. Você me fez esperar por tanto tempo!", Falou, fazendo uma carinha de cachorro sem dono.

" ...!", Sabia que se não fizesse nada seria convencida por aquela cara lavada do loiro.

Yohji se aproximou mais, enrolando o dedo nos cachos ruivos de Manx, seu olhar sensual e sedutor. Estavam trabalhando juntos há mais de um ano e a jovem ainda se mantinha firme em não ceder aos seus encantos, o que era elogiável, já que ele sempre conseguia o que queria.

" Você não está dando a cobertura necessária ao Tsukiyono.", Ela diz, saindo de perto daquele loiro tarado.

" Quê?", Pergunta sem entender o afastamento brusco da ruiva. Acabou por se sentar. Queria saber do que ela estava falando.

" Tsukiyono está caçando sozinho desde os quinze anos. Passamos essa informação pra você, mas pelo visto não está podendo vigiá-lo sempre.", Ela fala, mirando os verdes de Yohji.

" Deviam impedi-lo. Ele tem dezessete anos, pelo amor de Deus.", Falou. Sempre encheu a paciência do garoto desde que foi morar com ele. Quando este ia caçar, ele fazia o mesmo, observando-o e às vezes ajudando-o sem que o mesmo soubesse, apesar de ter sido por poucas vezes.

" De qualquer forma, tente mantê-lo fora das ruas por uns dias. Vampiros poderosos tem despertado esses meses e Pérsia está preocupado com o garoto.", Falou séria.

" Por isso digo que Pérsia devia impedi-lo.", Não queria ver o garoto machucado, mas não podia estar sempre ao lado dele.

" Você sabe que Tsukiyono não vai parar de caçar apenas por alguém dizer que ele não pode.", Ela fala, entregando uma pasta e uma fita a ele.

" Informações sobre os 'novos' vampiros?", Perguntou, dando uma folheada.

" Sim. Eles estão matando jovens entre quinze e dezoito anos. Estamos investigando, mas parece ter a ver com um ritual.", Ela diz, começando a sair da sala.

" Isso é sério.", Falou mais intrigado ainda.

" Sim e por isso, fique de olho em Omi!", Ela fala, se despedindo e saindo do local.

" É, as coisas estão ficando cada vez mais sérias.", Disse suspirando e levantando-se. Teria que estudar aquelas informações e se desdobrar pra vigiar aquele moleque.

Yohji caminha pelas ruas indo em direção a seu carro. Jogou a pasta e a fita no banco ao lado e virou a chave, pra dar a partida. Começou a dirigir e ao passar por um beco, viu algo que o intrigou. Parou o carro e foi averiguar.

Caminhou sorrateiramente até o local, vendo três homens de aparência suspeita cercando um rapaz menor, moreno. Olhou para a face do jovem... Devia ter uns dezessete ou dezoito anos no máximo, lembrando-se das palavras de Manx, sobre o tal ritual.

Sem pensar duas vezes, ele entra no beco. Não ia deixar um inocente morrer! Viu o jovem sendo prensado na parede por um deles e os outros rindo. Eram vampiros, não restava dúvidas, viu perfeitamente os olhos vermelhos de um deles, mesmo estando escuro. Eles sempre brilham de forma que é impossível não ver.

" Então gostam de brincar!", Falou em um tom sarcástico e divertido, apesar do ódio que sentia.

Quando os vampiros viram-se para ver quem é o intrometido, Yohji salta sobre um deles e o mesmo se vê envolto por um fio fino, ficando muito irritado. Quem aquele humano pensava que era?

" Ah, seu idiota!", Falou, puxando o braço, para trazer o loiro até ele.

No entanto, ao executar tal movimento, o fino fio começa a cortar sua carne, fazendo-o gritar de dor. Não sabia como aquilo estava acontecendo, mas estava... Ele, um vampiro, estava sendo literalmente fatiado por um mero caçador.

Os outros foram em direção ao loiro de sobretudo preto, mas antes que um deles pudesse chegar até o outro, que já se encontrava sem braços e quase tendo a cabeça decepada, ele é impedido pelo moreno.

" Nunca me subestime!", Ele fala, fazendo garras aparecerem em sua mão, cravando-as no coração do vampiro, deixando o mesmo surpreso. Outro... Caçador!

O moreno vira a garra, destruindo de vez o coração daquela criatura das trevas, retirando as mesmas e vendo o sangue escorrer e banhar o chão. Ele se vira para ir ao encontro do loiro, que lutava contra o vampiro mais alto e forte. O que o loiro lutava de início, já se encontrava decapitado no chão.

O vampiro mais alto estava sendo bem sucedido em se desviar dos golpes de Yohji e o moreno resolveu ir ajudá-lo. O ser em questão era um vampiro muito mais resistente. Devia ser mais velho! Partiu pro ataque também, mas mesmo assim estava difícil.

Os dois lutavam contra aquele vampiro super alto e mesmo estando em dois, estavam ficando em desvantagem. Isto não podia continuar assim. O loiro não podia morrer por uma distração dele! O moreno se move rápido, atingindo a perna do vampiro com a garra, fazendo-o soltar um grito de dor e virar-se contra ele, lhe dando um soco forte, o que o lança a certa distância.

Ao ver o outro ser atingido, Yohji lança seu fio, passando pelo corpo do vampiro que mais parecia um bambu ambulante de tão alto. O vampiro tenta se libertar, mas uma vez envolto pelos fios era impossível fugir!

O vampiro tentava se soltar e ao mesmo tempo matar aquele caçador loiro. Yohji ia se esquivando e puxando mais o fio, cortando a pele do vampiro e antes que ele pudesse dar o próximo passo, Ken perfura a garganta deste com a garra e a retira. Com um puxão forte, Yohji termina de degolar o infeliz.

" Ô bambu difícil!", Falou o loiro, passando uma das mãos na cabeça.

" Bambu!", Õ.o Perguntou, erguendo uma sobrancelha.

" É. Ele é alto como um bambu!", Fala e então fita o jovem, vendo-o rir de suas falas.

" Ei, você está bem?", O loiro pergunta preocupado.

" Ah, sim! Só um arranhãozinho básico aqui e ali!", Disse, coçando cabeça.

" Ah tá! Isso é um arranhãozinho básico!", Disse, apontando para o ferimento na costela.

" Não é nada, estou bem!", O moreno falava, sendo puxado pelo loiro.

" Você vem comigo. O que fazia aqui nesse beco sozinho? Presumo que seja um caçador!", Falou, arrastando o moreninho até o carro.

" Sou, assim como você. E... Pra onde está me levando?", Perguntou, quando o loiro praticamente o colocou dentro do carro.

" Vou te levar para um hotel.", Falou, ligando o carro.

" Quê!", O.O

" Preciso cuidar dessas feridas.", Falou sério enquanto dirigia.

" Ah, bom!", Ken falou em um tom quase inaudível, mais para si mesmo, envergonhando-se de pensar tamanha bobagem daquele o que salvou.

" Qual o seu nome?", O loiro perguntou, meio desconfiado.

" Meu nome é Ken Hidaka e o seu?", Perguntou. Seus castanhos esverdeados fitando o loiro com curiosidade.

" Yohji Kudou!" Pisca o olho para o moreno, que vira o rosto desconcertado.

" Não devia caçar sozinho. É perigoso.", O loiro disse, lembrando de Omi, que era outro louco por fazer o mesmo.

" É, eu subestimei eles!", Fala com uma feição mais descontraída.

Em poucos minutos, Yohji e Ken chegaram ao hotel onde o playboy estava hospedado. Como não daria para cumprir a missão dele indo dormir em casa, o loiro alugou um quarto de hotel naquela cidade. Eles entraram e os olhos curiosos de Ken percorreram o ambiente.

" Tire a roupa.", A voz do loiro saiu autoritária.

" Como!", O.O Ken arregala os olhos com as palavras do outro.

" Preciso ver o ferimento.", Yohji diz meio impaciente, achando que o moreno devia ter levado uma pancada na cabeça.

" Ah sim, claro!", Disse, retirando a jaqueta Jean e a blusa preta que usava, que estava rasgada na verdade. Por que aquele loiro sempre precisava falar palavras com duplo sentido? Se bem que podia ser coisa só da mente dele! ¬¬

Yohji vê o ferimento na costela do jovem. Não era profundo, mas sabia que era incômodo. Levou as mãos com cuidado, limpando o local e vendo o moreno de olhos fechados e feição séria.

" Está doendo muito?", Perguntou, enquanto limpava o mais delicadamente possível.

" Não...", Disse em um tom baixo. Aqueles toques eram tão...

Yohji continuou sua tarefa, limpando o ferimento, sentindo o calor daquele corpo. Ken tinha um corpo muito bonito na verdade, com músculos firmes porém macios, os fios castanhos... Aquela carinha tão linda e... Os olhos castanhos esverdeados. Havia notado que dependendo da quantidade de luz que batia naqueles olhos, a cor deles pareciam mudar de castanho para verde. Era muito fascinante!

"O que eu estou pensando! Estou reparando em um... Rapaz!", Recriminava a si mesmo. Aquilo só podia ser cansaço do dia. É, era isso e nada mais. Terminou de limpar o ferimento e passou um remédio cicatrizante, passando uma faixa em seguida.

" Quer uma roupa minha emprestada?", Perguntou, virando-se para guardar a caixinha de primeiros socorros.

" Não, obrigado. Eu já vou indo!", Ele falou. Ainda podia sentir o calor daqueles dedos em sua costela. Não podia ficar ali!

" Quê! Não vai não! Você está ferido e vai descansar... Agora.", Falou autoritário.

" Tá...", Não queria muito ficar ali, mas... O modo como o outro falou, não deixava margem pra segunda opção.

No quarto havia duas camas de solteiro, uma ao lado da outra. O moreninho havia colocado uma calça larga de moletom do loiro para dormir e assim que bateu na cama adormeceu, ao contrário de seu companheiro de quarto e anfitrião.

Yohji não conseguia tirar os olhos do corpo do moreno, o que era ridículo! Estava... Estava... Estava se sentindo atraído por ele? Isso era inadmissível! Ele era Yohji Kudou, o grande conquistador e protetor das mulheres, não podia sentir isso por...

" Ah, maldita hora em que o trouxe para cá!", Fala, virando-se de costas para ele, porém sem conseguir dormir.

OOO

" Aahhhhh!", Um garoto de cabelos loiros e olhos azuis acorda de seu pesadelo sufocante. Sua respiração descompassada e seu corpo estavam todo suado.

" Esse sonho... De... Novo...", Ele fala com dificuldades, voltando a se deitar. Uma de suas mãos se encontrava no peito, com se assim pudesse impedir a dor existente em seu coração. Ele passa a mão pelos cabelos e se levanta. Ia tomar um banho. Olhou para o relógio na cabeceira da cama...

04:59 AM.

" Não adianta dormir mais.", Ele diz, caminhando até o armário e pegando uma toalha.

Foi para o banheiro e olhou a banheira. Não! Ia demorar tempo demais. Começou a tirar o pijama e ligou o chuveiro, entrando debaixo daquela água morna, deixando-a escorrer por seu corpo. Escorou a cabeça no azulejo e ficou lá parado...

Começou então a lavar o corpo, passando as mãos delicadamente por cada parte. Após se ensaboar, ele abre mais a água do chuveiro e enxágua o corpo, tudo bem lentamente. Não tinha por quê ter pressa! Terminando de se lavar, Omi sai do banheiro, enxugando o corpo. Olha para o comutador a acaba ligando o mesmo. Veste apenas uma bermuda larga e se senta em frente ao computador, entrando na net e indo a uma sala de bate-papo, que tinha como tema vampiros.

OOO

Estava quase amanhecendo. Não poderia permanecer nas ruas e não conhecia nada daquela cidade. Já caminhava há horas e estava cansado. Teve uma noite agitada e queria descansar. Fechou seus olhos, sentindo a presença de Crawford, sabendo em que direção seguir.

Olhou para os lados, vendo que não tinha ninguém na rua. Parou e concentrou-se mais, aumentando a energia, o que fazia seus cabelos esvoaçarem. Seu corpo se ergue e voando, ele voltou para casa, mesmo não desejando entrar na mansão onde estava Schuldich, mas não tinha muita opção. Teria que suportá-lo!

Ele entra na casa e vai em direção a seu quarto, ao lado do de... Schuldich. O jovem japonês suspira e não consegue evitar lembrar daquele olhar em chamas, do desejo que via neles, dos toques loucos e prazerosos que lhe eram presenteados.

Vai em direção à porta de seu quarto e entra, trancando-a e se dirigindo à cama. Parou a centímetros dela, olhando para si mesmo, decidindo tomar um banho. Lavou seu corpo com calma, apesar do cansaço, enxugando-se rapidamente e vestindo apenas uma calça preta de seda larguinha, sem nada por baixo.

" Está chegando o tempo de caminhar além do crepúsculo e despertar aquele que se encontra no sono 'eterno'!"

Nagi se lembra das palavras de Crawford. Em breve ele não mais precisaria se preocupar com nada, não se sentiria mais da mesma forma, seria mais poderoso e... Livre! Iria além do crepúsculo e quem sabe lá não encontrasse o que tanto procurava? Os azuis profundos vão se fechando e o jovem garoto cai em um sono profundo, seu corpo totalmente relaxado. Não havia se coberto com nada.

Das sombras, Nagi era observado sem se dar conta, tamanho o seu cansaço. Olhos azuis passeavam sobre o corpo indefeso, fitando a pele alva das costas descobertas... As nádegas durinhas... Podia ver cada curva delas devido ao tecido da calça ser tão fino. Ele era tão... Tentador!

"... O vampiro milenar emergindo do mundo das sombras... Gritos de dor... Súplicas sem fim... Poder sem limites... Um anjo de cabelos acinzentados que perdeu suas asas... O prazer que um jovem sentia... Seu sangue escorrendo... Um grito de êxtase e de dor... O despertar.."

O despertar... Foi isso que Crawford viu. Foi isso que ele captou na mente de seu líder. Gritos de dor, súplicas, poder sem limites... Ainda fitava aquela criatura bela... Tão aparentemente frágil, mas ao mesmo tempo tão poderosa... Poder...

Seus olhos se estreitam. Nagi era importante... Importante para o ritual, mas... Será que o mesmo se limitava apenas ao que lhe foi dito? Seus pensamentos confusos, tão contraditórios desapareceram quando o jovem deitado na cama se mexeu, dando um suspiro profundo, fazendo seu observador deleitar-se com a imagem.

Caminhou para mais perto, sentando-se na cama ao lado dele. Fazia o contorno das costas dele com a mão direita, sem no entanto tocá-lo. Acabou acariciando de leve os fios cor de chocolate, vendo o garoto se remexer na cama, ajeitando-se.

" Nagi...", Sua voz sai rouca e necessitada, enquanto olhava com desejo aquela face e corpo adormecidos. Não podia ficar assim!

Continua...

OOO

Olá! Aqui estou eu com um fic de Weiss e... Vampiros! Sim, essa é minha obsessão atual! Rsrsrsrs... Bom, eu comecei a criar essa fic há algum tempo, ano passado na verdade, após um surto em ler fics de Weiss. Fui pensando nos detalhes e contando todas as minhas idéias para Mey Lyen, que se tornou minha queria co-autora!

Esta é a segunda fic Weiss que eu escrevo, a primeira foi Delírios (mas ela ainda não foi betada) e já tenho outras em mente também! Acho que estou me viciando nessa série... ¬¬ Ou melhor, já me viciei! '

Dedico essa fic a Mey Lyen, que sempre me suporta na net, pelo MSN ou Yahoo Messenger e que agora está me ajudando nesta fic! Muito obrigada, maninha! Só você pra ficar ouvindo todas as minhas idéias loucas. Rsrsrsrsrs...

Nesse capítulo eu usei a tradução da música "Slept so Long". '' Eu adoro essa música, é a minha preferida da trilha sonora do filme Rainha dos Condenados.

Agradeço a todos os que leram essa fic. Peço que me mandem comentários, caso contrário, não saberei se estou agradando ou se está tudo uma porcaria! Por isso... COMENTEM!

Agradecimento especial a Dark Dite, meu lindo beta oficial!

17 de Fevereiro de 2005.

05:23

Yume Vy