A Odisséia de Tales

Epílogo

As ondas batiam no barco em um ritmo lento, Tales observava ao longe a enorme montanha que se erguia em torno do oceano, mais calmo que o habitual.

Há dias que estou navegando. Pensou Tales com o arco em mãos e o olhar preso no nível do mar, que subia e descia constantemente.

O barco se aproximava cada vez mais da montanha que parecia perdida e deslocada em meio à tamanha quantidade de água que era o oceano em que navegavam. Já era possível ver uma das cabeças da criatura que habitava as altas montanhas. O Arqueiro Tales se aproximou do Timoneiro e disse com a voz séria e fria, como sempre:

-Afaste-se do redemoinho e mande os Criados para o Convés Inferior. E chame todos os arqueiros, quero todos prontos.

-Certamente Capitão.

Tales seguiu para a proa do Navio enquanto o Timoneiro executava as ordens de Tales. Cada vez mais se aproximavam as cabeças da Scylla, que se agitavam a cada avanço que o barco fazia.

Nunca mais faço uma missão para Minos, por mais que ele me pague. Pensou Tales, Apreensivo. Se aproximando das montanhas as cabeças da Scylla entraram em frenesi se preparando para afundar o navio.

-Arqueiros!- Vociferou Tales aos poucos tripulantes que restaram no convés superior. –Tenho certeza que sabem o que nos espera além dessas montanhas!-Os arqueiros assentiam confiantes levando as mãos às aljavas e preparando as flechas em uma sincronia quase perfeita. Tales fez o mesmo com seu arco, tirou uma flecha de sua aljava e a preparou no arco pronto para disparar. Seis cabeças. Tenho 15 flechas... Espero que essa maldita flor valha à pena. Pensou o Arqueiro enquanto o Timoneiro com uma expressão apreensiva guiava o navio para longe de Caríbdis, o redemoinho assassino. Assim que a maré abaixou o barco aumentou a velocidade e ao se aproximar o suficiente das montanhas o monstro Scylla atacou.

Suas cabeças de cão desceram e os arqueiros juntamente com Tales mandaram uma saraivada de flechas e em seguida um grito de agonia vindo do alto da montanha ecoou no oceano, a flecha de Tales havia acertado uma das cabeças da Scylla. O restante das flechas passou pelo restante das cabeças sem causar o menor dano. E então viu um de seus arqueiros ser devorado por uma cabeça monstruosa da Scylla. Deixando Tales com a tripulação reduzida para Cinco arqueiros.

-Vamos! Eu atiro melhor que vocês de olhos fechados!- Esbravejou o arqueiro Tales, que já havia preparado outra flecha e esperava outra cabeça se aproximar. E novamente atingiu a testa de outra cabeça restando assim quatro.

Sem que Tales percebesse a Scylla pegou três de seus arqueiros enquanto ele atirava. Se continuar assim... Pensou Tales.

Os olhos de Tales brilharam com uma ultima chama de esperança em direção ao topo da montanha onde o tronco da Scylla estava à vista. Mas mesmo para um arqueiro como Tales era impossível acertar daquela distancia, então Tales despertou de seus pensamentos quando as quatro cabeças restantes o atacaram ao mesmo tempo. Em um salto confiante Tales passou por cimas das quatro cabeças fazendo com que elas se chocassem e quebrassem uma parte do chão do convés superior. Tales começou a percorrer pelo pescoço de uma das cabeças de cão da Scylla que ao perceber mandou o restante das cabeças atacarem Tales, quando a primeira investida aconteceu, o arqueiro desviou com um salto ágil, fazendo com que a Scylla se mordesse decapitando outra cabeça.

O hábil arqueiro preparou outra flecha no arco e continuou correndo por outro pescoço do monstro, até que o rosto "humano" da criatura estivesse perto suficiente.

Tales então viu com nitidez o rosto de mulher do monstro e atirou. A flecha zuniu no ouvido esquerdo do monstro. Tales Bufou ao errar e continuou avançando. Preparando outra flecha em seguida.

Já mais perto Tales disparou outra flecha, mas dessa vez acertou o crânio feminino da horrenda criatura que olhava para Tales com uma expressão maligna e Sanguinária até o momento em que a flecha atingiu o centro de sua testa e a fez cair, morta.

Com um hábil salto Tales se pendurou em uma das saliências da montanha e começou a escalar chegando rapidamente ao local onde estava o corpo morto do monstro.

Tales vasculhou o local, e foi no pescoço do monstro que encontrou o troféu perfeito. Tirou um colar de Ouro com uma pedra azul do pescoço da Scylla e então deslizou por um dos pescoços inertes do monstro, que agora pendiam nas falésias.

Após a ágil manobra Tales caiu no barco e disse com um sorriso triunfante no rosto.

-Vamos logo Buscar essa flor para Minos.

Cap.-1 Flashback

"-Rei Minos – Tales se curvou, o espanto de ter sido convocado pelo rei de Creta era visível em seu rosto, mas Tales era filho de Apolo, e Minos tinha uma missão para ele.

-Tales –A voz áspera do rei de Creta quebrou o silêncio de poucos segundos na enorme sala do trono- Levante-se- Disse Minos gentilmente, e Tales se levantou com o semblante calmo que dificilmente abandonava. O Rei Minos continuou – Estou com pressa então serei breve, preciso que busque uma flor para mim, no Monte Etna. Você terá que atravessar o mar de monstros, não será uma tarefa fácil, mas se for bem sucedido lhe pagarei muito bem.

Depois de pensar um pouco Tales respondeu:

-Temo que sozinho eu não consiga alteza.

Minos soltou uma longa gargalhada que espantou todos na sala do trono e após recobrar o ar disse- Acha mesmo que eu te mandaria sozinho? Um navio com uma tripulação completa está pronto para partir garoto!

-Negociamos o pagamento no meu retorno. –Tales disse confiante, fez uma reverencia rápida ao rei e saiu.

-Boa sorte, Semideus. -Disse Minos com um sorriso triunfante enquanto Tales sai da sala do trono."

Narração 1ª pessoa:Tales

Foi então que acordei no balanço enjoativo daquele maldito navio, com o colar da Scylla em minhas mãos, não tive coragem de colocá-lo já que era de um monstro.

Tentei adormecer novamente, mas não consegui, então subi para o convés superior e vi que mesmo estando escuro, os operários estavam terminando de arrumar o buraco que a Scylla havia causado, quando me viram disseram em uníssono:

-Capitão – Seguido de uma leve referencia com a cabeça, que retribuí rapidamente, fui até a ponta do navio e olhei para o reflexo que a luz fazia no mar, era uma bela paisagem, podia ficar observando aquela imagem por horas, mas tinha coisas mais importantes para me preocupar. Então fui para a cabine de navegação, imaginei que Ária ainda estivesse ali. Ainda me lembro do primeiro contato que fiz com a cabine de navegação.

Narração terceira pessoa

Tales havia acabado de se apresentar à tripulação do navio e assim que o navio partiu, Tales começou a explorar o navio completo. Da Proa à Popa, de Bombordo à Estibordo. Viu a cozinha, a sua cabine, a cabine do restante da tripulação, a sala de armas, e então quando começou a explorar o convés superior entrou em uma sala cheia de mapas, um compasso, e alguns outros instrumentos como uma bússola. Trabalhando com os mapas estava a Navegadora Ária. Com uma expressão concentrada olhando para os mapas, assim que viu Tales deu um sorriso que fez Tales ficar meio sem jeito e o cumprimentou.

-Capitão...

Assim que a imagem de Ária surgiu na cabeça de Tales este despertou de seus pensamentos.

Narração 1ª pessoa: Tales

O navio deu uma inclinada mais forte para a direita, então para a esquerda, mas a maré continuava igual. Tales preparou uma flecha no arco e continuou observando a maré que se matinha calma, ao contrario do barco que balançava forte e incessantemente. O olhar de Tales se dirigiu á Popa do navio onde surgiram duas criaturas com cauda de foca e tronco de cachorro. Ambos seguravam arcos com hastes duplas que se cruzavam no centro. Tales não teve tempo para pensar quando os dois monstros prepararam duas flechas e dispararam o arqueiro só teve tempo para desviar das flechas das criaturas. Tales ajustou uma flecha em seu arco e com um tiro certeiro atingiu o peitoral canino de um dos monstros que caiu no mar inerte. Os olhos do Telekine se fixaram no colar que Tales ainda tinha em mãos, e avançou preparando outra flecha, com um olhar assassino.

O monstro disparou sua flecha mirando o braço de Tales que desviou com facilidade. E retrucou acertando a cauda da criatura que caiu urrando de dor. Tales mirou na cabeça do monstro e com um tiro certeiro eliminou o animal.

Tales se aproximou da criatura inerte e retirou o arco de suas mãos o analisando. Haste dupla e bem equilibrada. O filho de Apollo jogou o arco que tinha em mãos no chão de madeira do navio. E fez um teste com o arco do monstro que tentara invadir seu navio, mirou em uma tábua e disparou com uma precisão perfeita.

Tales pendurou as cordas do arco no ombro e seguiu à Popa se dirigindo ao timoneiro:

-Vá a toda velocidade, não quero mais surpresas esta noite.

Tales ficou rondando o navio por mais pelo menos 2 horas, verificando se nenhuma outra criatura entrara no navio. O resto da tripulação já havia ido dormir apenas um dos navegadores ficou acordado substituindo os timoneiros. Definitivamente não parecia um navio pirata. Sem barulhos, apenas 2 tripulantes acordados à noite e principalmente sem Rum ou outra bebida alcoólica.

O arqueiros já havia dado 4 voltas no navio e ficado pelo menos uma hora disparando a mesma flecha em uma tábua do deque superior por não conseguir dormir. Depois de mais alguns minutos Tales estava sentado à bombordo do navio e havia fechado os olhos, adormecendo.

Narração em 1ª pessoa: Tales

Será que eu não podia ter uma noite de sono tranqüila?