N/A: Olá de novo. XD Escrevi essa fic durante alguns dias em que fiquei sem internet. Eu a adoro, foi divertidíssimo escrevê-la, e espero que seja divertido ler ela também, rsss. Enfim, a inspiração eu tirei dos quadros de Kathrin Longhurst, uma pintora divina cuja arte roubou meu coração. O site dela é kathrinlonghurst (ponto) com. O título da fic vem de uma expressão que me inspirou a fazer um trocadilho (paint the lily: pintar o lírio, numa tradução literal). Créditos dados, vamos ao resto:

Avisos: Fanfic UA, Narcissa/Lily, num mundo sem magia e sem Voldemort. Não é tão desinteressante quanto parece. XD PoV (ponto de vista) da Narcissa, e eventualmente femmeslash (relação amorosa entre duas mulheres, só pra constar). Não gosta, não leia.

Disclaimer: Nem Harry Potter nem nenhum outro personagem me pertence. Estou apenas dando algum agito à minha vida XD e asas a minha imaginação. Não me processem.


Paint The Lily: expressão popular que significa adornar o que já é completo, enfeitar algo naturalmente belo.

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Uma mancha ardente. Passei a imaginar o vermelho amarronzado sobre o fundo rubi, com os filetes de amarelo ouro mesclados com borrões de laranja outono impingidos sobre a mistura para representar a luz. A vida, de repente, havia invadido minha vida.

Eu puxei um guardanapo e comecei a anotar as nuances que já estavam escolhidas em garranchos. Assim se inicia uma boa pintura: na certeza das cores e dos elementos. Enquanto há dúvida e incerteza, há a garantia de uma obra medíocre. Pintar é como amar: se você não está certo sobre fazê-lo, então não deveria estar tentando-o.

Ela estava tomando um café acompanhada de um homem pálido, que parecia ligeiramente cansado, e uma criança brincava ao seu redor. Vendo-a, lembrei-me de Draco, e olhei para o chão a fim de me certificar que ele estava por perto. Peguei sua mão e a agitei, mostrando que estava ali, recebendo um sorriso cheio de dentes de volta. Porém nem ele nem seu sorriso conseguiram desviar minha atenção dela.

Areia para a pele iluminada e pêssego e marrom para a mergulhada nas sombras. Rosa real e carmim para seus lábios, e verde escuro e floresta no fundo dos olhos mais lindos que eu já vira. Ela sorriu, e tocou o ombro do homem que estava rindo levemente também, talvez de alguma piada ou lembrança. Nem o sol entrando pelas janelas e amarelando o ambiente me impedia de discernir com exatidão as nuances daquela mulher.

A criança que estava com ela, pelos olhos verdes seu filho, foi atraída para Draco com uma força tão magnética quanto meu olhar foi atraído para sua mãe; e assim que os dois ficaram perto o suficiente, começaram a brigar. Eu ri, tentando apartar a briga ingênua, abaixando em direção aos dois pequeninos.

"Harry, pare com isso!" Ela disse, e se levantou para puxar o filho, que agitava as mãozinhas na direção do meu bebê. "Me desculpe, ele não costuma fazer isso..." Completou, risonha, e ergueu o rosto na minha direção.

Sem sombra de dúvida, turquesa para o brilho de seus olhos.

"Não foi nada," Respondi, sorrindo também. "É mais provável que meu filho tenha começado. Ele puxou o gênio difícil do pai." Ela riu, fazendo covinhas, e pegou o filho no colo. "Quantos anos ele tem?" Perguntei, talvez não tão aflita quanto poderia parecer.

"Acabou de fazer dois." Ela me respondeu, enquanto Harry brincava com seu cabelo. Puxei Draco para meu colo e acariciei seus fios louros e macios. "E ele?"

"Também." Disse, olhando para meu pequeno com carinho. Ela me sorriu mais uma vez, antes de voltar à sua mesa com o filho e retomar sua conversa com aquele rapaz.

Draco não demorou a pular do meu colo novamente, e eu apenas deixei sabendo que ele não iria muito longe. Mexi o meu café com desinteresse, minha concentração quebrada por aquela batalha inofensiva; me distraí por alguns minutos, absorvendo o líquido negro e quente e mirando a rua lá fora. O céu estava um pouco nublado, mas livre o bastante para permitir que raios de sol banhassem este pedaço de terra que chamamos de Inglaterra.

Era tudo tão monótono. Os mesmos azuis, os amarelos pálidos, os acinzentados das casas e edifícios. Nem mesmo os alaranjados das folhas caídas ou dos telhados me despertavam alguma emoção - nenhum deles chegava aos pés dos tons que os cabelos daquela desconhecida poderiam alcançar. Eu soube, no instante em que a vi, que não teria paz enquanto não a pintasse.

Voltei a meu guardanapo e percebi, tarde demais, que ela estava indo embora. Meu coração bateu inquietantemente, desesperado com a sua partida, mas não me pronunciei e a assisti sair e levar consigo toda aquela vida. A energia que eu estava buscando incansavelmente desde Samantha Abbott.

Dediquei boa parte de minha vida à pintura de flores e figuras femininas. Ambas me cativam desde muito antes de aprender a pintar; e o olhar artístico só aguçou meu desejo de retratar aqueles detalhes, aquelas texturas e tonalidades maravilhosas. As imperfeições que as tornavam perfeitas: espinhos, sardas, pétalas machucadas, cicatrizes apagadas, vermelhos desbotados e cabelos embaraçados. Tudo o que era considerado uma ofensa à perfeição era, para mim, seu ápice; porque as fazia reais.

Eu acreditava em todas elas. Eu acreditava tão firmemente quanto podia tocá-las. Rosas, gérberas, crisântemos, narcisos, Lindas, Kylies, Desirées e Samanthas. No entanto, quando terminava de pintá-las, me surpreendia com a forma que elas tomavam: surreais se estampadas na tela, indefectíveis quando imortalizadas por óleos e acrílicos.

Nunca descobri por que eu enxergava seus defeitos mas os fazia parecer divinos quando os pintava - de qualquer forma, minha visão me tornou uma pintora respeitada e prestigiada. Meus quadros são disputados por admiradores, que se vangloriam em dependurá-los em seus halls ou salas de visitas. Quanto a mim, sinto-me feliz em espalhar aquela perfeição entre os que sabem apreciá-la; seria egoísmo guardá-los para mim enquanto eles poderiam fazer tantas outras pessoas satisfeitas e deleitadas. Pintadas, as flores nunca murcham e as mulheres nunca entristecem.

Mas minha vida, entre os intervalos dos meus quadros, era sempre tediosa e cheia de enganos. Não sei exatamente por que, cometi meus maiores erros quando estava sóbria, e não embriagada pela beleza das minhas modelos. Tenho muitos motivos para acreditar que a lucidez me afete como um veneno letal, sugando minha vitalidade e destruindo minha capacidade de raciocínio.

Olhei no relógio e terminei meu café rapidamente, lembrando que havia marcado um encontro com Andromeda na minha casa. Peguei meu filho no colo e deixei o aconchegante café que eu costumava freqüentar, saindo para o clima contraditório do início do outono; apesar do sol, o vento era frio e impiedoso, e Draco se encolheu contra meu peito.

Quando os carros pararam e deixaram que eu e outros pedestres atravessássemos a rua, eu fitei seus faróis vermelhos e fiz uma pequena prece.

Deus, por favor, permita-me encontrar com ela novamente.

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N/A 2: É mais um pequeno prefácio, os outros capítulos são maiores. E não fiquem bravos comigo, eu vou postar ela toda até o dia 12, pois vou viajar. Eu também fiz um trailer, só por diversão, hahaha XD se alguém quiser ver, é só dizer que eu coloco. Espero algumas reviews e opiniões... reviews não mordem, sabe. ó.ò Anyway, até mais. o/