Presente de aniversário para a Patrícia Rodrigues que completou mais um ano de vida no dia 14 desse mês, sexta-feira passada. "Paty, que Deus ilumine a sua caminhada espiritual e que ele te ajude a superar as dificuldades da vida porque elas infelizmente existem, amiga. Espero que goste da sua fic. Um grande beijo".
Amor
The Institute dawn era um orfanato que cuidava de órfãos de toda a sorte: crianças abandonadas pelos pais, que perderam familiares em acidentes ou simplesmente fugiram, evitando o que seria um futuro negro e violento dentro de um lar conturbado.
Seu atual proprietário, James Correnan, era um senhor de com quarenta e cinco anos de idade, casado e pai de um filho ao qual veio a falecer vítima de meningite. Desde a morte do pequeno, prometera a sua esposa Doralice Correnan que se empenharia em ser um excelente tutor para os pequenos desamparados, pois, a pedido dela, usava parte dos lucros de sua empresa de laticínios mais uma contribuição da prefeitura para manter o local dentro dos padrões de higiene e acolhimento humano. Fora o último desejo da sua amada esposa, falecida seis meses depois do seu bebê. Ela sofria de insuficiência renal.
Passava das dez da manhã quando Jensen chegou junto com seus pais a um casarão grande na cor branca, cujo teto tonalizado na cor tabaco, destacava a beleza das janelas em madeira rústica vernizada. O loirinho maravilhou-se com o pequeno jardim de frente ao casarão. Soltou suas mãozinhas das mãos protetoras dos pais e adentrou o gramado imaculadamente verde, contemplando as roseiras e os girassóis espalhados.
De repente, uma voz feminina ecoou pelo ar tirando-o de sua euforia.
– Você deve ser o pequeno Jensen Ackles, estou certa? Eu me chamo Ashila – A mulher falou com um sorriso radiante.
– Sim, senhorita, muito prazer! Esses são meus pais, Roger e Donna Ackles.
Ao apresentá-los, o pequeno tocou a mão estendida da moça e deu um beijinho suave.
– Você é um cavalheiro, sabia? Qual a sua idade?
– Completei sete anos há seis meses. Já sou um homem.
A jovem sorriu para os pais dele. Ambos já se encontravam ao lado do filho e sorriam orgulhosos. Ela deu espaço e pediu que entrassem.
Por dentro era espaçoso e iluminado devido à luz do sol que adentrava os cômodos através das grandes janelas. Jensen, maravilhado com a organização do lugar e os móveis em tons pastéis, percebeu que a sua frente, destacava-se uma escada na cor ébano em formato circular com corrimão.
– Papai, para onde vai essa escada tão grande e escura? – Perguntou o loirinho.
– Para o quarto dos órfãos, querido. – Respondeu sorrindo.
– O que é órfão? – Sua pergunta soou engraçada, pois ele parecia surpreso com essa palavra.
– Um órfão, amor é uma criança que não tem um papai, uma mamãe e nem irmãozinhos, então eles vem morar aqui e são bem tratados.
– Eu não tenho irmãos. Eu sou órfão?
Seus pais e Ashila deram uma longa risada, inebriados pela inocência dele. Depois, a sua mãe o pôs nos braços e explicou-lhe com carinho, enquanto subiam os degraus.
Um choro de bebê se fez ouvir. Eles tinham atravessado a ala das meninas, dos meninos e dirigiam-se ao berçário. Ao entrarem, viram uma moça morena, alta, de expressão paciente e olhar sereno. Ela tentava em vão acalentar o pequeno ser em seus braços. O menino, com pena do rebento, pediu para segurá-lo.
– Mas, amor! Bebês são muito frágeis. Você ainda é uma criança... – Indagou compreensiva.
– Não quero que ele chore. Deixe-me tentar, mamãe...
Vencida pelo jeito doce do filho, Donna pediu que a moça se aproximasse. Ela os cumprimentou informando que se chamava Many.
A senhora Ackles sentou seu filho em uma poltrona ao lado de um dos berços e colocou o pequeno em seus braços que de imediato cantou uma música de ninar para ele, a sua preferida, cantada por sua mãe todas as noites:
[...]
Como pode um peixe vivo
viver fora da água fria?
Como poderei viver
Como poderei viver
Sem a tua, sem a tua
sem a tua companhia?
Sem a tua, sem a tua
sem a tua companhia?
Os Ackles, Ashila e Many, olhavam espantados para a cena. O Bebê havia parado o choro e olhava com seus pequenos olhinhos para a outra criança enquanto as lágrimas de outrora ainda escorriam de seus olhos.
– Mas eu cantei essa música para ele três vezes, um pouco antes de vocês chegarem. – Sussurrou Many para a sua colega de trabalho.
– Por que você estava chorando? Não gosta desse lugar? – Jensen esperou por uma resposta que não veio. Impaciente, olhou para a sua mãe e perguntou:
– Mamãe, por que ele não me responde?
– Ele ainda é novinho, querido.
Jensen sorriu para os pais e olhou novamente para o pequenino. Era um bebê fofinho; pele clara com um leve dourado, olhos azuis e cabelos escuros. Estava quietinho em seu colo segurando com uma mãozinha o dedo polegar do loirinho, enquanto encarava suas íris verde-clara como se reconhecesse o outro, apesar de sua tenra idade.
– Você é lindo, sabia? Quer morar comigo e meus pais? – Perguntou o menino.
– Qual é o nome dele? – Olhou para Many.
– Jared Padalecki.
– Esse nome é muito difícil. Vou chamá-lo de Jay. – Disse o pequeno.
Olhou novamente para o bebê, fastou o braço direito do seu corpinho mantendo-o em seu colo e deitado em seu braço direito. Em seguida, enxugou vagarosamente os olhos do bebezinho, ainda com o polegar preso pela mãozinha minúscula dele. Ambas as crianças pareciam perdidas em seus olhares intensos.
– Qual a idade do Jay? E porque ele está aqui? – Roger perguntou a Ashila.
– Ele tem apenas duas semanas. Os pais dele morreram em um acidente de carro quando voltavam da casa dos avós paternos de Jared, uma semana após o seu nascimento. Por sorte, deixaram-no lá para trabalhar e no caminho aconteceu a fatalidade.
– Pobrezinho! Nem mesmo sabe que perdeu os seus pais. – Donna falou comovida evitando as lágrimas.
– Meu bem, entregue-o a Many! Precisamos falar com o proprietário.
– Não! Eu quero ficar com o Jay. – Olhou para a mãe suplicante.
– Tudo bem, querida. Eu vou falar com o senhor Correnan. Fique aqui com nosso filho e o seu novo amiguinho.
Os Ackles visitavam o local todos os meses para repassar a James Correnan uma quantia em dinheiro. Não eram ricos, mas ambos trabalhavam para a coletoria de Vancouver cidade em que nasceram, se conheceram e tiveram o pequeno Jensen. Há cinco anos atrás, ajudaram-no também a conseguirem uma verba mensal da prefeitura para a criação e formação das crianças que lá se encontravam.
Sem dúvidas o homem cumpria o que prometera a sua mulher, pois os pequenos tinham desde a vacinação aos estudos garantidos e seus funcionários eram apenas mulheres treinadas. Elas cuidavam da limpeza, saúde, alimentação, educação e a segurança dos internos. Era uma maneira do homem guardar a memória de sua falecida esposa.
Foi com muita insistência que os pais de Jensen o convenceram a deixar que Many pusesse o bebê no berço. O menino não queria se desgrudar do novo amigo que mesmo adormecido recebia afagos e carinhos do loirinho.
– Todos os meses nós o traremos conosco, que tal? Então você vai poder brincar com ele.
– Vocês prometem? – Prometemos! – Responderam os pais em uníssono.
E assim aconteceu. Durante sete anos, os Ackles vieram ao orfanato e trouxeram o filho. Jared e Jensen cresciam e a amizade entre ambos crescia junto com seus corpos físicos. Havia outras crianças para brincar e elas também recebiam atenção, mas, quando chegava ao orfanato que aprendeu a chamar de segundo lar, Ackles não se desgrudava de Padalecki. O mais velho sempre protetor e educado, cuidava bem do seu melhor amigo. Amavam-se, mas ambos ainda não tinham ideia da real dimensão e profundidade desse amor.
17 de junho de 1997
Jared brincava no jardim com seus amigos Chad e Misha, ambos três anos mais velhos que ele. Corriam e caiam pelo gramado quando Ashila se aproximou do trio e os chamou, sendo enfática com o mais novo:
– Meninos, entrem! A tia precisa conversar com o Jay.
Enquanto os outros dois foram tomar banho, a mulher sentou no parquinho levando consigo o garoto. Então, deu uma notícia triste, arrancando lágrimas e contribuindo para o olhar carente dele, quando finalmente mais calmo, falou:
– Por favor, titia, eu quero ver o Jen.
J2
A bela casa com a entrada enfeitada por tulipas em um jardim de gramado natural, perdeu o brilho e suas cores pareciam desbotar encobertas pelas lágrimas dos presentes.
Donna Ackles havia sido sepultada na manhã daquele dia. Jensen estava inconsolável sentado no sofá da sala, olhando para o jardim através da janela aberta. Sentiu quando alguém tocou seu braço chamando sua atenção e olhou com os olhos tristes ouvindo a voz infantil lhe falar. Não conteve o leve sorriso pela esperança que aquele ao seu lado trazia, apesar do momento de dor.
– Não fique triste, Jen. A tia Donna está no céu junto com o meu pai e a minha mãe.
Abraçou a criança pela cintura e o ergueu do chão deixando que suas lágrimas molhassem seu belo rosto adolescente. O outro, cruzou as perninhas em sua cintura, envolveu o pescoço com seus bracinhos e encostou a cabeçinha em seu ombro, chorando junto com o amigo pela perda da mãe amada.
Permaneceram assim. O tempo e o espaço inexistiam naquele momento.
Uma hora depois, Jensen embalava o sono tranquilo de Jared; alisava-lhe os cabelos e observava sua face inocente e adormecida. Apesar da dor, algo de bom e acolhedor o envolvia e o acompanhava desde o dia em que conhecera aquele em seus braços. Mesmo quando as coisas pareciam ruir, o simples sorriso dele ajudava-o a seguir em frente.
Apesar de ter apenas quinze anos, sabia ser responsável sem perder o melhor dos seus anos dourados. Sua mãe lhe ensinara isso. Poria em prática um dos mais difíceis de seus ensinamentos: viver sem ela.
J2
Os dias passavam e a saudade aumentava. No entanto, a amizade com Jared o ajudava a superar a dor. O moreno era carinhoso, doce e sabia ser um ótimo amigo.
Sete anos se passaram após a morte de Donna. Ackles tinha vinte e dois anos e Padalecki quatorze anos.
Após a perda da matriarca, o loiro visitava o orfanato nos fins de semana quando não fazia hora extra no sábado. Ele trabalhava em uma empresa de contabilidade. Passava horas conversando com o moreno ou o ajudando com a lição de casa. Jogavam vídeo-game, passeavam com o senhor Roger e algumas vezes discutiam, mas o loiro logo tratava de resolver as diferenças com o garoto. Afinal, ele era uma criança e as desavenças aconteciam pelo seu jeito marrento.
As pessoas do orfanato admiravam a cumplicidade entre eles. Porém, Ashila e Many viam muito mais do que uma simples e verdadeira amizade. Ambas mantinham em silêncio suas indagações porque notaram o pai do loiro tentando evitar a aproximação deles. Sem sucesso.
Certa vez, conversando no quarto que dividia com mais sete amigos, Jared chamou Jensen para uma sala em particular. Ansiava mostrar-lhe o que tinha descoberto naquela manhã de sábado antes de James chegar.
– Vem, Jen! Confie em mim!
– jay, tem certeza que o senhor Correnan não vai chegar agora?
– Claro! E, afinal, vamos apenas olhar. Que mal pode ter?
Olhou para o outro com seu típico olhar de filhotinho perdido. O mais velho não resistia quando ele fazia isso.
– Aff! Tudo bem. Vamos!
Deram as mãos e seguiram em silêncio pelo corredor comprido, parando em frente a última porta na lateral esquerda. Jared tirou do bolso do Jeans uma pequena chave prateada e abriu a porta de madeira, adentrando o local com o loiro em seu encalço.
– Quem são essas pessoas, Jay?
– Uma vez, ouvi a tia Many dizer que a última porta do corredor dos quartos, abrigava as fotos dos colaboradores do orfanato antes do senhor Correnan. Acho que são eles.
– Pensei que ele havia fundado o orfanato. – Jensen comentou confuso.
– Era o que eu achava, mas na verdade ele foi o próximo a cuidar do lugar e dizem que os que vieram antes dele, também eram pessoas gentis e que gostavam de ajudar crianças como eu; sozinhas.
Quando falou isso seus olhos marejaram. Ackles lhe deu um abraço apertado e ao soltá-lo, falou olhando em seus olhos:
– Você não é e nunca vai ser sozinho. Você tem a mim e mesmo que eu não possa estar presente, vou sempre encontrar uma maneira de cuidar de você. Esteja onde estiver.
Mantinham o contato visual. As palavras de ambos remexendo em suas mentes. A quietude se apossando de seus corações e uma sensação de paz tocando o vazio em suas almas como quem mostrando a cura para suas mazelas pessoais.
– O que vocês estão fazendo aqui? A voz de Ashila ecoou firme.
– Eu pedi ao Jay que me mostrasse o que tinha aqui, já que esse é o único quarto que não me deixaram entrar. – Disse despreocupado.
– Não apenas você, Jensen, a todos nós porque ele é restrito. Agora, Jared dê-me essa chave e saiam. O senhor Correnan nunca saberá que estiveram aqui.
– Obrigado tia! – Ele a abraçou pela cintura, segurou a mão do loiro e saíram rumo ao quarto do garoto sob o olhar atento da mulher:
– Deus, só espero que nenhum dos dois se machuque. – Pensou.
Naquele mesmo dia, o senhor Ackles chegou ao orfanato com uma surpresa: levaria Jared para um lar adotivo. Havia encontrado em seu meio social, um casal ideal para dar um lar ao menino. No entanto...
– Eu não vou! Eu não quero ir! – Dizia aos prantos abraçado a Jensen.
– Querido, você terá uma famíla. – Many tentava persuadi-lo.
– Jensen e vocês são a minha família. Eu não quero outra!
– Jay, aproveite a oportunidade que a vida está lhe dando. Aceite ir para um novo lar... – Ashila tentou justificar.
– Mas, tia! Eu estou aproveitando a oportunidade da vida. Eu tenho me esforçado para ser um excelente amigo para o Jen.
Sem argumentos, os presentes àquela conversa se sentiram desnudos diante da intensidade daquelas palavras tão sinceras. Jensen o apertou mais em seus braços e beijou-lhe os cabelos.
– Lembra da música que você canta para que eu durma, Jen?
– Uhum! – Respondeu mantendo o abraço.
– Sou como o peixinho, Jen! Não vou conseguir viver fora da água. É assim que vou me sentir longe de você.
O jovem Ackles sentindo seu peito rasgar pelo sofrimento do melhor amigo e o calor proveniente dos sentimentos puros do moreno aquecerem o seu coração, interveio descartando qualquer pensamento contrário:
– O senhor está preocupado em dar uma família para o Jay, não é? Então, eu o adoto e o levo para morar conosco.
A criança afrouxou o abraço e ergueu o rosto, sorrindo para o outro.
– O quê? Filho, você enlouqueceu?
– Qual o problema, papai? Não é de um lar que ele precisa? Sou maior de idade, tenho um emprego fixo, sem falar que sou seu herdeiro. Além do mais, nunca tive problemas com a polícia.
Roger Ackles olhou para o filho estarrecido. Seria difícil dobrar Jensen, afinal, o rapaz puxara a personalidade forte e decidida da mãe. Ponderou mais alguns segundos, antes de falar:
– Acho melhor termos essa conversa em casa.
Continua...
Olá, pessoal! Desde o Natal e Ano Novo que não escrevo one-shot. Essa foi motivada pelo aniversário de alguém que me incentiva muito em minhas fics. Obrigada, Paty!
E aviso que próxima segunda (sem falta) postarei mais um capítulo de Sweet August e Almas acorrentadas. Espero poder contar com o carinho e a leitura de vocês.
Não esqueçam de comentar, ok? Vocês sabem como os rewies são importantes para os escritores. O capítulo dois sairá amanhã ou quarta. Aguardo-os.
Uma feliz e abençoada Semana santa. Muitas bençãos.
