Cap I

Uma jovem moça de cabelos longos e castanhos escuros, olhos definidamente arredondados, do mesmo tom de seu cabelo e um corpo totalmente emoldurado em irresistíveis curvas acabara de se arrumar com uma roupa bem executiva; Um blazer feminino meio acinzentado, uma saia também executiva e no mesmo tom, com um sapato de salto alto preto básico, e por dentro do blazer uma blusa não muito chamativa, num tom branco que pouco podia se ver, já que o blazer tampava quase todo seu busto, sem deixar de formar um decote sexy, mas comportado. Esta prendera suas madeixas num coque bem feito, deixando apenas a franja solta, que realçava seu lindo rosto junto com o batom de tom bem claro. Por um motivo justo, a moça estava se arrumando as pressas, correu até o quarto de seu apartamento apenas para deixar a marca do batom de seus lábios na testa do homem que ainda dormira na cama de casal. Logo depois disso Sango saíra de seu apartamento já atrasada para o trabalho, mas nada que não pudesse resolver com seu chefe ao chegar.

À dois quarteirões do prédio em que morava Sango, havia uma bela casa em um bairro nobre por ali, pouco se via casas próximo ao centro de Tóquio, as que tinham então eram de grande valor, por estar bem perto do centro. Era uma casa duplex, de cor bege e com um lindo gramado na frente. Dela saia também para as ruas, uma linda moça com o cabelo negro e longo, este era ondulado nas pontas, dava para ver isso claramente já que o mesmo estava solto. Esta moça se vestia numa calça jeans e uma blusa de manga com bordados infantis no decote, e um sapato fechado de bico arredondado, sem salto, da mesma cor da blusa, um rosa bebê, a menina era uma verdadeira boneca. Kagome tinha seus 21 anos e ia tranquilamente para as aulas de seu último ano na faculdade.

A menina entrou em seu carro e foi em direção a universidade, ao se deparar com o trânsito da rua em que seguia, começou a resmungar sozinha:

- Ai, não acredito! Eu corto caminho, desvio de milhões de ruas e justamente a que eu pego está engarrafada! Pelo visto meu dia será ótimo hoje... – dizia a jovem irritada enquanto olhava os milhões de carros que a rondava pelo retrovisor até que sua mente clareou quando pensou em cortar caminho pela rua do prédio de Sango, a fim de uma solução mais rápida no momento.

"Meu Kami! Mais um atraso no mês eu serei descontada! Por que esse trem está demorando tanto?... Nem tomei o café da manhã para sair mais cedo, estou morrendo de fome... ai, quer saber..." – Sango sai da estação de trem e vai em direção a uma cafeteria perto de sua casa, ela era bem conhecida pela dona de lá por sempre pedir um "expresso para ontem". Sango, sempre atrasada...

Quando a moça atravessou a rua, em direção à cafeteria um carro prata quase a atropelou. O susto foi tanto que Sango olhou para o vidro filmado do carro indignada – Acorda, baka! Dirige direito! – rapidamente ela arregalou os olhos por achar muito familiar aquele carro. Era o carro de sua amiga de infância, adolescência e tudo mais, sim, era Kagome!

A menina abaixou o vidro, pronta para fazer o famoso "sinal feio" com o dedo, mas quando viu que era sua amiga, quase irmã, que ela quase atropelara, mudou de ideia e resolveu então chamar a amiga para que entrasse em seu carro. Sango foi em direção ao conversível prata e então entrou, sentando no banco de carona e abraçando sua amiga

– Quando você decidir se quer me matar ou não, me avisa, Ka, porque tem que ser depois que eu voltar do trabalho! – disse a secretária com um ar sarcástico, fazendo a estudante rir da situação.

- Só fica mais divertido quando o assassinato é de surpresa, Sangozinha! – ambas riram do estranho reencontro e do deboche saudável que rolou na brincadeira. – Vou te levar ao trabalho, amiga, porque algo me diz que está atrasada de novo... - Kagome mudou a fisionomia feliz, arqueando a sobrancelha e olhando para Sango, como se tivesse a culpando e então voltou a andar com o carro, mudando o trajeto até a empresa onde sua amiga trabalhava.

- Sim! Mas é só a segunda vez esse mês...ainda não serei descontada... – a mulher disse como se estivesse sendo acusada por um crime injustamente. – Mas, Ka, vamos correndo, para dar tempo de eu tomar o café antes do meu chefe querido chegar – o "querido" foi tão irônico que fez Kagome rir

- Ué, ele é tão mau assim? – perguntou a menina curiosa e interessada no assunto, porém sem deixar de se ligar no trânsito.

- Bom, na verdade ele é um cara um tanto quanto...impulsivo e impaciente, mas eu sei que no fundo ele tem um coração bom...porque ele já me livrou dos descontos do meu salário umas duas vezes...para mim, ele é um anjo! – as duas sabiam que esse elogio era simplesmente por ele ter livrado a amiga dos atrasos não-remunerados. Isso não deixou de ser hilário e então deram risada mais uma vez.

-Você não tem jeito, Sango... – disse Kagome parando a risada quase histérica, já que com sua amiga se sentia a vontade a ponto de rir do jeito mais louco do mundo perto dela.

Kagome parou o carro e deixou Sango na porta da empresa, esta trocou beijos no rosto com a estudante e saiu as pressas do carro, dizendo já fora do carro um rápido "Obrigada, bom dia, Ka!" e saiu correndo para dentro do prédio comercial.

A menina achava sua amiga uma total desastrada, mas uma desastrada muito cômica, e linda. Ficou rindo ainda do que houve mais cedo entre as duas enquanto seguia agora em direção à faculdade.

- Nossa, eu juro que só não mato a Sango porque ela é uma mulher e também porque não vou achar uma secretária tão competente quanto ela! – disse um jovem rapaz de aparentemente 28 anos, com cabelos prateados longos, no momento preso em um rabo de cavalo baixo, e olhos vibrantemente dourados. Seu corpo modelado estava escondido num terno preto, onde uma gravata vinho se destacava.

O rapaz parecia estar bem a vontade em sua sala, porém impaciente, falando com alguém no telefone, tentando descontrair o nervosismo pelo atraso de Sango.

-Calma, meu amor, eu a vi bem aqui em frente à cafeteria entrando num carro, ela já deve está chegando por ai... – uma voz feminina podia ser escutada ao telefone – Mas porque você não se acalma pensando no nosso jantar hoje a noite, ein... - a voz logo tornou-se um pouco mais melosa e provocante.

- O que me deixa mais calmo mesmo é pensar no que pode rolar depois desse jantar... na verdade, me deixa ansioso... – Inevitavelmente o belo homem também mudara a voz para um tom mais provocante, sem deixar de estampar no rosto um sorriso de canto, um tanto quanto malicioso.

Ao avistar sua secretária entrando com dois cappuccinos na mão e várias pastas pela porta de vidro, logo o jovem mudou de humor, sem mesmo prestar atenção no que a mulher estava falando ao telefone e rapidamente disse

- Mais tarde nos falamos Kikyou, te amo. – desligou logo, sem aguardar qualquer resposta da namorada, bem frio. Ela já estava acostumada com o pequeno detalhe qual Inuyasha tinha, ele fazia tudo o que bem queria, e ninguém o impedia, até desligar o telefone na cara dela...

- Bom dia, chefe! Aqui seu cappuccino e os papeis que deixaram na minha mesa ontem. Eu separei esses aqui para você assinar, o resto eu consegui dar o meu jeito... – Disse a moça, toda enrolada, botando as pastas com os papéis em cima da mesa do home, junto com o copo do café que levara para ele.

- Bom dia? Quase boa tarde, Sango! Não acha? – O rapaz disse bem irônico e irritado, com as sobrancelhas arqueadas fitando seriamente os olhos nos dela. Acho até que nem prestou atenção no resto da frase que a mulher dissera depois do polêmico "bom dia".

- Foram só 50 minutinhos, chefe, eu consegui chegar até mais rápido porque uma amiga me trouxe, porque se eu dependesse daquele trem lá perto de casa... – A mulher dizia sem deixar de encara-lo, mas de um modo respeitoso, apenas tentando se explicar – Ah, desculpa, chefinho, eu pelo menos trouxe seu café... – disse a moça com uma cara mais comovente do que a do Gato de Botas do Shrek.

-Grrrr... odeio quando você me comove, Sango...está tudo bem, pode voltar ao trabalho, não vou contar esse dia de atraso, ok? – Disse o homem com a voz um pouco mais tranquila. É, talvez Sango tivesse razão, ele tem um bom coração mesmo!

-Haaai! Obrigada, chefinho! – disse a mulher entusiasmada, indo em direção a porta para começar mais um dia de trabalho. Mas foi interrompida quando descontraído, Inuyasha perguntou – E como está aquele pervertido que você chama de "namorado"? – Disse sorrindo, com toda a intimidade do mundo com Sango.

- Ah...hihihi, ele está de folga hoje, está em casa... mas não vou deixa-lo parado mesmo! Deixei um bilhete pedindo para ele fazer umas comprinhas para um happy hour que faremos hoje... – Sango sabia que além de seu chefe Inuyasha era um amigo íntimo, já que ele conhecia o namorado dela a bastante tempo. Acredite, foi por acaso que Sango acabou trabalhando na empresa do falecido pai de Inuyasha. – Por que você não vai, chefinho? – disse a moça apoiada na porta.

- Hoje eu tenho um jantar com a Kikyou... aqueles que normalmente fazemos na cafeteria dela, depois que ela fecha...nada demais, só que ela cismou de querer cozinhar para mim, então não posso dizer não.. – disse o rapaz coçando a cabeça, como se ele estivesse arrependido de trocar o happy hour com os amigos por um jantar a dois.

- Entendi, então bom jantar para vocês! Agora eu vou trabalhar, se não meu chefe me mata! – com um sorriso debochado Sango deixou a sala de Inuyasha que balançou a cabeça negativamente pensando "Hah! Ela não tem jeito mesmo!". Logo se concentrou nos papéis acima de sua mesa e começou a trabalhar.

Kagome chegara na faculdade faltando alguns minutos para o primeiro tempo começar. Então resolveu ler um bom livro sentada no pátio de um refeitório que havia lá. Mas não leu por muito tempo, pois foi interrompida por um colega de classe, um menino de cabelo curto castanho claro, assim como seus olhos. O menino tinha os ombros largos e era alto. Ele chegou por trás de Kagome, sem nenhuma malícia, mas mesmo assim a assustou.

- Ai, Houjo! Quase morri de susto agora! – disse a menina dando espaço para que o rapaz sentasse ao seu lado.

- Perdão, medrosinha... – o menino deu uma risada alta pela cara de espanto da jovem, mas logo parou dando um beijo na testa da menina.

Kagome fez uma cara de que não gostou muito do deboche ou sequer da presença do menino, mas mesmo assim foi educada – Tá bem, deixa pra lá... e o seminário? Vai apresentar o seu hoje? – perguntou interessada na resposta de Houjo, já que não queria ser a única e apresentar o trabalho.

-Claro, você sabe que sou muito responsável – enxia o peito de ar e empinava o nariz para falar isso. Mas Kagome pouco ligou para o momento orgulho do menino e voltou a ler o livro, apenas para desviar o olhar do rapaz.

- Ainda bem, Houjo. – o rapaz pode notar o modo como Kagome tentou cortar bruscamente o assunto com ele. Mas insistente ele mudou o assunto. – Ei, linda, vou mesmo poder te acompanhar na tal happy hour que tem hoje a noite? – o menino chegara mais perto dela, envolvendo um dos braços em seus ombros.

Não muito confortável com a situação a menina ficou imóvel e apenas o respondeu balançando a cabeça positivamente, ainda fingindo estar ligada no livro, mas nem estava lendo mais, só estava pensando mesmo em como ela foi capaz de convidar Houjo para ir a casa de Sango como seu par...talvez ela estivesse bêbada, ou trêbada..

- Ei, Kagome...eu queria experimentar aquele seu beijo de novo... – o rapaz aproximava cada vez mais o rosto com o da moça

"BEIJO? Eu realmente fiquei com Houjo naquela boate depois de incontáveis garrafas de Smirnoff? Ai...e agora!" – a jovem pensava indignada, tentando sem sucesso se afastar do menino. Ela apenas ouviu um sinal, e então levantou de um jeito tão rápido que em segundos ela sumiu da vista do garoto, e deixou para ele apenas uma frase, já gritada de longe enquanto corria acenando para ele – Desculpa, Houjo, tenho que ir para aula, até mais tarde! – a cara de pau da menina era tanta que a cena foi até engraçada.

Houjo apenas a fitou com um sorriso e retribuiu o "tchauzinho" com a mão, indo também assistir a aula, porém em salas diferentes.

Já era 13:00 hr quando um rapaz com a cara bem amassada, mas ainda assim muito bonito, abrira seus olhos púrpuros incomodados com a claridade do forte sol da tarde que adentrava pela janela, e mexia no cabelo bem escuro, mais ou menos alongados aos ombros, na tentativa de arruma-los.

Miroku havia trabalhado no dia anterior e dormido bem tarde devido a uma diversão íntima com Sango durante a madrugada, talvez tenha sido o motivo do atraso da moça nesse dia...

O homem estava apenas com uma cueca box roxa e estava ainda acordando quando foi até a sala e viu um bilhete com a delicada letra de sua namorada.

"Bom dia, amorzinho, como hoje quem não trabalha é você, por que não vai ao mercado comprar algumas coisinhas para o happy hour de hoje a noite? Eu ficaria muito feliz, e você seria bem recompensado depois...

Beijos da mulher que te ama muito!"

-Er... melhor eu obedecer esse bilhete bem carinhoso do que depois ouvir Sango me mandar fazer isso aos berros... essa sim foi a verdadeira mensagem do bilhete... – O homem de corpo bem definido e ombros largos disse com um sorriso sincero no rosto, como se estivesse sorrindo por lembrar carinhosamente dos momentos de raiva de sua namorada.

Por esse pequeno bilhete, Miroku resolveu agir, e então almoçou a sobra da janta da noite passada bem rapidamente e depois de um bom banho, incluindo uma ajeitada no cabelo, o homem vestiu-se com uma camisa de alça amarela e uma bermuda jeans clara. Nos pés um par de chinelos. Ele estava bem simples, já que só ia mesmo ao mercado, atender o pedido de sua namorada e logo voltaria para casa. O homem saiu de casa determinado a deixar a namorada feliz, então saio pelas ruas de Tóquio em busca do mercado mais próximo para fazer as compras. Durante o caminho Miroku não deixava de dar um sorriso bem malicioso para todas as moças bonitas que passavam em sua frente, e por ser muito bonito, elas acabavam retribuindo. O rapaz era famoso por ser bem pervertido, mas jamais passava por sua cabeça, trair Sango.

E assim começou a segunda sexta-feira do mês para estes felizardos.