São 15h43min.
Há o som da chuva, há o som dos poucos carros lá fora, há o som que a máquina de escrever faz quando os dedos dela encontram as teclas e há o som do atrito produzido pelo carvão e o papel nas mãos dele.
Pandora desiste. Deixa a máquina de lado, vai até Aaron e lhe abraça pelas costas. Sem se distrair, ele leva a mão ao rosto dela, acarinhando-lhe a face.
Ela lhe sussurra palavras bobas ao pé do ouvido, e Aaron retribui um sorriso ladino.
A seda desliza dos ombros ao chão, escorre. A língua fala à dela, e as mãos se encaixam perfeitamente nas curvas e nas saliências. Moldando sua arte em cada parte do corpo voluptuoso, sujando-a de tinta, sujando-a de si. Manchando Pandora com Aaron.
São 03h32min.
Não há som além de uma música antiga, um jazz qualquer, sem nome. E o quarto no sobrado, no subúrbio de Paris, é um mundo à parte, artisticamente abstrato.
