Kiss Kiss Bang Bang
Você sabe que perdeu seu juízo quando precisa dividir sua capa com outro homem, você pensa. Mas, na verdade, está tudo bem. Você está agradecido por não estar chovendo esta noite – e principalmente, por não precisar estar carregando a arma naquela escuridão. Quase como uma noite de folga.
E tudo bem se a sua capa está sobre o seu corpo e o de Sledge. Se os corpos de vocês estão em um limite de contato absurdamente pequeno e frágil; se a respiração acelerada que ele tenta disfarçar está sendo totalmente falha; se há um céu e um vazio enorme sobre vocês.
Você vira o rosto um pouco, até conseguir olhar o perfil de Eugene recortado contra uma bruma estranha de sombras – você consegue lembrar-se dele, a bem da verdade.
Gene, você diz quase num sussurro. Há um suspiro da parte dele – e você sabe que é tudo o que vai receber se não insistir um pouco mais. Vamos lá, Eugene. Eu sei que você está acordado. E então você se aproxima um pouco mais, encostando seu braço no braço dele. Ele estremece – e você sorri com isso.
O que foi, Snafu? Ele também sussurra.
Você não está achando estranho esse silêncio? Não está tudo muito quieto?
Ele se vira de encontro a você e então as pernas de Sledge se enroscam nas suas. Você sente a tensão dele neste momento – mas consegue agir mais rápido: segura o corpo dele pra que continue nesta posição.
Que diabos está acontecendo...? Você solta o corpo dele e pressiona os lábios com as mãos para que ele se cale. Está tudo bem, você tenta dizer, mas não consegue. Quem você quer enganar, afinal de contas? Vocês estão no meio de uma guerra, afundados dentro de um buraco que é o mais próximo que podem chamar de cama; dividem uma porra de uma capa velha enquanto fingem que dormem.
Nada está bem – e você simplesmente se cala e fica observando a sombra que agora é o rosto dele.
De certa forma, você quase sente que Sledge sabe o que você está pensando, porque ele simplesmente aceita, sem pestanejar, sem se afastar. Ele deixa seu corpo chegar mais e mais perto, ele deixa que suas mãos percorram a lateral do corpo dele, ele deixa sua respiração bater na face dele, ele deixa seu nariz tocar no nariz dele. O próximo passo, você sabe, ele não vai impedir.
E é a sua boca que toma a dele de uma maneira cautelosa. Os lábios que tocam os dele e só sentem gosto de terra e sangue e tabaco. Este é o gosto que invade a sua boca – porque é o mesmo gosto que está na saliva dele. Você aperta com força a cintura, e seus lábios pressionam com mais intensidade os dele. E é engraçado como ele simplesmente não age.
Se houvesse claridade suficiente, você tem certeza de que veria os olhos dele arregalados de surpresa – e nem se dá ao trabalho de fechar os seus; você se satisfaz com a mera lembrança do rosto dele que completa aquela massa de sombras.
Tão perto, tão perto, tão perto.
(O coração dele fala coisas pra você neste instante. Você entende o medo que ele tinha de não poder se alistar e também entende o medo dele de não poder voltar.)
Suas mãos deslizam por dentro da roupa dele e, Por Deus!, você pensa, Ele está gemendo! E é claro que isso é absolutamente tudo o que precisa para beijar com mais vontade. E desta vez, a sua língua invade a boca dele numa procura estranha e sem jeito.
E Sledgehammer engasga. O corpo dele pede a mesma coisa – talvez bem mais do que você. E a tentativa de retribuir o toque de língua é estranha, em sua opinião. As mãos dele agarram com força a frente do seu uniforme, beliscando a sua pele por baixo disso tudo. Você sente o corpo dele se colocando de encontro ao seu: as pernas se encaixando, os coturnos se batendo na pressa desajeitada dele.
E, por Deus! Como pode ser tão intenso e tão louco e tão precipitado e tão retribuído e tão bom?
Você desce a mão até o cós da calça dele e, enquanto ele geme com mais força entre seus lábios, você o beija e tenta fazer com que ele pare de se movimentar – o que você não precisa neste momento é um chute no saco, por favor.
Deixa que eu faço isso, você diz na boca dele. As mãos entram um pouco pelo tecido das calças.
Ah, meu Deus! Você escuta ele dizer. E não é uma interjeição de excitação, com certeza. Ah, meu Santo Deus, Shelton! Que merda estamos fazendo? E você quer que ele se cale e que continue quieto e que perceba que é mais normal do que ele pensa.
Mas, diabos! Ele é o seu virgem inocente e é claro que pra ele isso é bem mais sério do que parece.
(Não que pra você não seja. Você bem que gostaria que fosse só mais uma droga de transa, mas está bem certo de que é muito, muito, muito mais que isso. Ele derrete você, esse bostinha.)
Você deixa-o afastar o corpo do seu, ciente de que acabou – mesmo que nem bem tenha começado nada, pra você. E você sabe que deve fazer alguma coisa, algo que é bem a sua cara e que, de certa forma, vai conseguir remendar um pouco a situação.
O que estamos fazendo, Sledgehammer? Você retribui a pergunta. Eu só estou verificando a situação atual do meu companheiro de armas. E você se vira, puxando mais a capa sobre seu corpo.
A última coisa que escuta naquela noite é Sledge reclamando que existem outras formas de se verificar a situação atual do companheiro de armas.
E então você sabe que está tudo bem.
N/A: Eu simplesmente A-M-O esses dois. E Deus sabe o quanto eu queria o Snafu todinho pra mim. *-*
Primeira fic; obrigada por aturar minhas neuroses com essa série, Milene! s2 hahahaahahahaha
