Sunrise Serenade

A primeira vez que Ginny foi a um casamento, tinha seis anos. Claro que ela já tinha ouvido sobre casamentos em contos de fadas e sonhado com encontrar um cavalheiro encantador e casar feliz para sempre – como Amata. Mas estar presente em um casamento foi o que fez surgir dentro dela um encantamento maior do que qualquer coisa que já tivesse experimentado a respeito de tal celebração.

Aos sete, ela foi convidada para ser daminha de uma de suas (inúmeras) primas, e se dedicou firmemente a cada detalhe das preparações que poderia alcançar. Os adultos achavam graça em sua fascinação infantil, mas era mais do que isso – Ginny estava apaixonada pelas flores que adornavam o caminho do altar, pelo belo vestido branco bordado com pequenas pedras que reluziam a luz do sol, pelas cadeiras cheias de parentes e amigos felizes com a união, pela festa alegre que seguia a celebração, pelas garrafas flutuantes de champagne e pela forma graciosa como as mulheres com belos vestidos seguravam-nas.

Antes, Ginny apreciava a idéia de estar casada. Agora, ela estava apaixonada pelo casamento, pelo sorriso secreto e ao mesmo tempo aberto que as noivas exibiam em seu caminho para o altar. Ela estava apaixonada pelas palavras do cerimonial, pela chuva de estrelas cintilantes que unia o casal. Ela estava apaixonada pelo processo de se casar.

Todos os dias sonhava com seu próprio casamento e via – em seu imaginário rosto de adulta – aquele sorriso belíssimo que parecia fazer parte de todas as noivas que viu. E tentava reproduzi-lo em seus lábios infantis, de frente ao espelho, corando toda vez que alguém a encontrava fazendo aquilo.

Aos oito, Ginny resolveu que aprenderia a bordar para começar seu enxoval. Ela trabalhava com um cuidado esmerado em cada toalha, cada lençol, cada pedaço que um dia faria parte da casa dos seus sonhos. Também nessa época começou a tentar desenhar seus vestidos de casamento, com a inabilidade natural de uma criança tão pequena. Ela procurava ocupar-se de todos os detalhes possíveis de serem vistos com tanta antecedência. Molly ria de sua preocupação, mas não deixava de encorajá-la – também amava casamentos.

Ginny tinha acabado de fazer dez anos quando viu Harry Potter pela primeira vez, e então seus sonhos de casamento passavam a ser povoados por um noivo bastante especifico. Em segredo, ela marcou em seu enxoval onde ficariam as letras de seu nome, e, sem saber, enquanto fazia isso, exibia o mesmo sorriso secreto de todas as noivas sonhadoras que via – uma mistura de ansiedade, felicidade e encantamento.

(Aos onze, Ginny tinha certeza que ninguém a faria mais feliz que Harry.)

(Aos quatorze, achava que tinha sido uma criança boba.)

(Aos quinze, achou que talvez tivesse tido alguma razão, e os sorrisos secretos lhe voltaram com toda força.)

(Aos dezoito, seu enxoval estava mais do que pronto para o casamento.)

(Aos vinte e dois, ela realizou seu sonho, o sorriso ansioso, feliz e encantado estampado em seu rosto, iluminando todo o salão.

E o noivo soube que era um homem de sorte.)