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Disclaimer: Supernatural realmente não me pertence. Com muita pena minha a sério, se pertencesse eles sofreriam muito mais (se isso for possível, claro)
Warning: Esta fic será Wincest, ficam desde logo avisados. Por isso quem não gosta é melhor não ler. Além disso, nesta fic uso uma linguagem um bocadinho grosseira...
Spoilers: Todos até agora, ou seja, até ao "Sex and violence" (4x14).
Nota: Até agora ainda só escrevi one shots de supernatural e nunca me tinha aventurado a escrever wincest puro por isso bem, esta é a minha primeira tentativa. Espero que gostem!
Sumário: A vida é feita de momentos de alegria e de desgraças mas para os irmãos Winchester as desgraças são o único que lhes parece acontecer. Não faz mal, enquanto estão juntos sobreviverão.
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Estradas para o inferno
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"Só tu o podes fazer Sam" – os olhos de Ruby olham-no com convicção, com uma fé imensa, uma fé que Sam não tem.
Ele quer dizer que está cansado, que não aguenta mais, que a única coisa que deseja é enfiar-se no impala com Dean e desaparecer porque tem medo, tem um medo enorme dele próprio. Sabe que cada vez mais se afasta da humanidade, mas porra, ele nunca foi totalmente humano não é? Ele tem sangue de demónio. John Winchester sabia, o seu irmão sabe. Dean está em negação mas ele sabe que Sam não é normal, talvez sempre o soube e Sam está farto.
Está farto de que Dean lhe diga para parar, para não usar os seus poderes e que até os anjos estão contra ele. Mas Sam não quer parar, a única coisa que quer é ver Lilith cortada aos bocados e dormir com eles debaixo da almofada.
Isso assusta-o mas Sam está farto e não quer saber.
"Eu sei e vou fazê-lo. Ela mandou o Dean para o inferno, vai ter de pagar por isso."
"Óptimo, porque Sam, o apocalipse aproxima-se e nós não temos muito tempo. Sei que o Dean não concorda com o que andamos a fazer mas..."
Sam acena com a cabeça. Estão numa cafetaria daquelas que ficam abertas vinte e quatro horas. Não está lá muita gente com eles, só um pequeno grupo de amigos que estão bêbados o suficiente para porem-se em cima dos assentos e começarem a dançar. A empregada não parece muito satisfeita com isso. Encontram-se numa pequena cidade em Luisiana. O próximo caso: Caçar um vampiro que tem um gosto especial por jovens rapazes. Dean ficou no quarto do motel, o seu irmão não sabe que ele está a encontrar-se com Ruby. E é melhor continuar assim.
Desde do caso da sereia que existe uma esquisita tensão entre eles. Tudo parece normal mas ambos sabem que essa normalidade não é mais do que pura ilusão. Dean continua com as suas más piadas e Sam concentra-se em descobrir novos casos. Sim, tudo parece realmente normal apesar de não o estar. Mas isso são apenas pormenores, Sam não quer pensar sobre tal. É mais fácil assim.
"É melhor eu ir. Dean pode ficar desconfiado" – Sam olha para o relógio. Duas horas da manhã. – "Se bem que se eu tiver sorte ele já está no mundo dos sonhos há algum tempo"
Ruby sorri e bebe um gole de café.
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SPN
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Dean respira uma, duas, três vezes. As luzes dos candeeiros de rua estão acesas mas são ofuscadas pelo grande placar de néon que ilumina a entrada do bar. Dean quer pensar que aquele bar é um bar normal e que apenas difere dos outros em algumas coisas mas ele é um Winchester e um Winchester não entra em bares como aquele. Ou não devia. Dean enfia as mãos nos bolsos dos jeans desgastados, olha uma última vez para o seu chevy e caminha em direcção da porta. É trabalho ao fim e ao cabo e Dean não vira as costas a nenhuma caçada, mesmo que isso signifique entrar num bar gay.
E ele entra, ele realmente entra. E quando entra deseja que Sam estivesse no seu lugar porque aquele sítio, aquele sítio não é mesmo para ele e Sam... bem Sam não se importaria de estar ali. Sam apenas rolaria os olhos e concentrar-se-ia no caso e Dean tenta fazer o mesmo mas é difícil. É difícil porque mal mete os pés dentro do bar tem como que mil olhos em cima dele e Dean gosta de atenção mas depende da atenção. Aquela ele realmente despensa.
Senta-se ao balcão e mentaliza-se que, no fundo, aquele bar é como todos os outros em que ele já esteve, a única diferença é que não há mulheres em lado nenhum. Em vez disso há homens a flirtar com outros homens, homens a dançar na barra, homens a beijar outros homens... Dean passa a mão esquerda pelos olhos e tenta agir normalmente. Não consegue, a tal única diferença é demasiado grande.
Ele gosta de mulheres, ama mulheres. As suas curvas, os seus lábios carnosos, a sua suave pele, a maneira em como elas sorriem timidamente para na cama revelarem as suas garras. Dean gosta de mulheres, de fantasiar com elas, de piscar o olho a alguma delas e imaginar as coisas que lhe fará nessa noite. E ali está ele rodeado de homens e alguns estão definitivamente a olhar para ele. Dean tem a certeza que eles estão a fantasiar as mesmas coisas que ele costuma fantasiar com as mulheres, mas em vez delas com ele no papel principal.
E mais uma vez pensa que foi uma má ideia caçar aquele vampiro sozinho. E uma ideia ainda pior, caçar aquele vampiro sozinho fazendo-se passar por uma vítima. Não que Dean tivesse medo, o sobrenatural há muito que não lhe dava medo mas Sam não sabe que ele está ali e Dean não quer que Sam fique preocupado por ele. Aliás, o seu irmão pensa que ele está no quarto de motel.
Dean devia sentir-se culpado por fazer o seu irmão pensar que ele ficaria sossegado, a dormir na caminha como um bom menino, mas a verdade é que Dean não sente.
Sam está diferente. Desde que saíra do inferno Dean sente o seu irmão a afastar-se, a afastar-se cada vez mais e tem medo de que Sam se afasta-se de tal maneira que Dean não consiga encontrá-lo mais. Dean não pode perder Sam mas não sabe o que fazer para isso não acontecer. E isso assusta-o, isso assusta-o de tal maneira que Dean prefere fingir que está tudo bem. Prefere fingir que Sam não guarda segredos, que Sam não mente para ele, que Sam nunca o iria trocar pela Ruby.
"Vai querer beber alguma coisa?"
Dean é trazido novamente para a realidade. Não que isso o faça sentir melhor.
"Uma cerveja"
O bartender anui com a cabeça e afasta-se. Dean franze as sobrancelhas e reflecte sobre o caso que tem em mãos. Segundo Sam, há um mês que jovens são encontrados mortos naquela pequena cidade e todos eles têm em comum duas feridas no pescoço. E como se isso não bastasse todos esses jovens frequentam o mesmo bar, o bar onde Dean encontra-se nesse momento.
"Aqui está"
O bartender volta com a cerveja que pediu e um copo de vidro. Dean leva a garrafa à boca e ignora o copo. Ele está mesmo num bar gay. Beber cerveja num copo? É que nem Sam faz isso, o que é dizer muito.
"Noite difícil?"
Um rapaz de cabelos e olhos castanhos e alto, não tanto quanto Sam mas mais alto do que ele senta-se ao seu lado e Dean pousa a garrafa em cima do balcão. Era só o que lhe faltava.
"Hum... acho que não posso considerar esta como uma das minhas melhores noites. Aliás, esta noite está longe de ser uma boa noite"
Dean volta a beber um gole de cerveja e vira-se para trás de maneira a ter uma visão total do que está a acontecer à sua volta.
"Então porquê?"
"Sei lá, talvez porque me sinto como um pedaço de carne pronto a ser devorado?"- Dean passa a língua pelos lábios inconscientemente. Onde raio estava a porcaria do vampiro?
O rapaz ao seu lado ri-se.
"Estou a ver... Bem, não os podes censurar."
Dean desvia o seu olhar de dois homens sentados numa mesa meio escondida ao fundo da sala e olha para ele com uma sobrancelha erguida. Agora que reparava, havia qualquer coisa esquisita naquele rapaz. Não era o vampiro mas...
"Olha eu sei o que estás a tentar fazer e meu sinceramente escusas. Não é que tenha alguma coisa contra ti mas podes ir pescar para outros lados"
"E o que é que pensas que estou a tentar fazer?"
Dean tem vontade de rir. Então era assim que aquele rapaz estava a tentar levá-lo para a cama? Tinha de lhe ensinar alguns truques porque até lhe dava pena a maneira em como o rapaz estava a tentar saltar-lhe para cima.
"Eu vou só dizer-te uma coisa..."
E Dean até ia mas nesse momento vê o que o faz estar ali, num bar como aquele. O vampiro acaba de chegar. Pálido, loiro, com ar superior e um olhar faminto. Olha para um miúdo que não deve ter mais de 20 anos e Dean sabe que ele já escolheu a sua presa. E sabe que tem de o matar e quer faze-lo o mais depressa possível. Está cansado, quer dormir e, acima de tudo, quer saber o que está Sam a fazer.
O vampiro senta-se na mesa em que estava o miúdo e os dois começam a falar. Dean sabe o que tem de fazer. Levar o vampiro para fora do bar e matá-lo num lugar escondido e escuro, onde não passe muita gente. É um plano simples e fácil comparado com outros que ele e Sam fizeram ao longo dos últimos anos. Dean comprova se tem a estaca dentro do bolso do casaco e levanta-se, ou melhor, tenta levantar-se.
"Onde é que vais? Pensava que estávamos a conversar"
Dean olha para a mão no seu braço.
"Hey, calminha aí! Primeiro que tudo, a mim ninguém me agarra e depois, o que pensas ou deixas de pensar, não me interessa, acredita."
A mão no seu braço perde força e acaba por o largar.
"Desculpa, não queria ser indelicado. A verdade é que... bem é a primeira vez que venho a um bar gay e... e tu és mesmo o meu tipo. Pensava que podíamos conversar e... sei lá, talvez saber mais coisas sobre ti"
Se Sam soubesse o que lhe estava a acontecer iria rir. Oh, o seu irmão iria rir mesmo muito, até lhe saltarem lágrimas dos olhos. Talvez tivesse sido uma boa ideia ter vindo sozinho afinal de contas. Ali estava um rapaz mais ou menos da idade de Sam e realmente interessado nele, Dean. Até tinha a sua piada se Dean não estivesse ocupado em vigiar o dito vampiro e se fosse Sam a ser assediado.
"Então é assim miúdo, vou ser directo porque não estou com tempo: Nós não vamos ter sexo. Não me vais chupá-lo nem eu vou enfiá-lo dentro do teu traseiro, se quiseres alguém para o fazer, está aqui muita gente disposta a isso."
E dito isto levanta-se. O vampiro ainda está sentado a falar com a sua presa quando Dean aproxima-se dele. O vampiro olha para ele com curiosidade e interesse e Dean dá um dos seus sorrisos, um daqueles sorrisos que costuma fazer as mulheres caírem aos seus pés.
"Hey, e que tal tu e eu sairmos daqui para fora? Tenho estado a observar-te e sinceramente acho que te divertirás mais comigo do que aqui com ele."
O vampiro retribui-lhe o sorriso, um sorriso cheio de dentes brancos que Dean sabe estarem muitas vezes manchados de sangue.
"Penso que és capaz de ter razão"
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SPN
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A primeira coisa que Sam faz quando entra no quarto de motel é reparar que o seu irmão não está lá. É um mau sinal. Dean disse que iria ficar ali a ver vídeos pornográficos na internet. O seu portátil encontra-se no exacto local onde Sam o deixou, Dean nem sequer tocou nele.
Não é, de longe, a primeira vez que Sam não sabe onde está Dean. Merda, ele não soube nada do seu irmão durante os anos em que esteve a estudar em Stanford! Agora, no entanto, depois que Dean voltou do inferno, Sam não suporta não saber onde está o seu irmão. Sente-se protector em relação ao seu irmão mais velho. Tem medo que Dean volte a desaparecer por mais seis meses e que o deixe ali, sozinho, sem saber o que fazer, sem saber viver. Ele precisa de ver Dean a sorri para ele, de ouvir Dean a cantarolar no impala, de sentir a respiração de Dean quando este está a dormir.
A segunda coisa que Sam faz é pegar numa das estacas que estão em cima da cama de Dean. Se Dean não está ali então pode ser que Sam tenha sorte e o seu irmão tenha ido caçar o vampiro. Sozinho. Isso magoa-o, num certo sentido. Dean já não confia nele?
Não é difícil encontrar o bar onde o vampiro costuma escolher as suas vítimas. Antes de entrar varre a rua com o olhar para ver se encontra o impala e, efectivamente encontra-o. Está ali, à espera que o seu irmão o gui até aos confins do mundo. Fica mais descansado.
O bar tem uma música suave. Uma música que Dean nunca deixaria entrar no impala. O ambiente é acolhedor e preenchido com o som de conversas trocadas. Só há homens, mas é um bar gay por isso é normal. Procura Dean com o olhar mas não vê em lado nenhum. O impala está estacionado lá fora por isso Dean não poderá estar longe, certo?
Sam aproxima-se ao balcão. O bartender está a polir um copo de vidro que, na opinião de Sam, mais polido é impossível de ficar.
"Desculpe, pode dar-me só uma informação?"
"Sim, claro. O que é?"
"Sabe se esteve aqui um homem, mais ou menos com um metro e oitenta, olhos verdes..." – o bartender não diz nada por isso Sam continua. – "Hum... cabelo muito curto... casaco de cabedal?"
"Eu falei com alguém assim parecido esta noite"
Sam olha para o lado. Quem acabou de falar não foi o bartender mas sim um rapaz de olhos e cabelos castanhos. Tem um copo meio cheio do que parece ser whisky na mão e um olhar melancólico.
"Ai sim? – Esteve a falar com Dean? Estranho... – "Por acaso sabes se ele já saiu daqui?"
O tal rapaz desviou o olhar para o copo que tinha em mãos e suspirou.
"Eu acho que foi amor à primeira vista... A sério acho mesmo. Nunca vi ninguém como ele. Aqueles olhos, uau aqueles olhos... Nunca me tinha sentido assim mas ele... ele..."
Sam semicerrou os olhos.
"Partiu-te os dentes todos?"
Desde que Sam era pequeno estava habituado ver todas as raparigas suspirarem quando o seu irmão passava. Dean parecia ser o centro de um campo magnético que atraía todas as mulheres, tivessem elas a idade que tivessem. E Sam pensava nisso como algo inevitável. As mulheres gostavam de Dean e pronto. Mas que também os homens gostavam do seu irmão era novidade e, por algum motivo, Sam não se sentia muito contente com a sua nova descoberta. Dean ir para a cama com homens? Não, simplesmente não.
O rapaz pousou o copo com força em cima do balcão e virou-se para ele com tanta rapidez que surpreendeu Sam por um segundo.
"Porque é que queres saber se ele está ou não aqui, de qualquer maneira? Espera, não me digas, és o seu namorado certo? Logo vi que ele não podia estar sozinho..."
Sam nem se deu ao trabalho de dizer que não, que não era namorado mas sim irmão. Não valia a pena.
"Mas sabes uma coisa?" – o rapaz soava meio ébrio – "Ele acabou de sair com um loiro. Pois é, um loiro, alto, muito branco... parecia estrangeiro. Ignorou-me completamente e porquê? Eu sou melhor que ele, eu sou melhor que tu..."
Sam já não estava a ouvir. Dean tinha saído com o vampiro. Merda, merda, merda, merda, era suposto serem eles os dois a matar o vampiro.
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SPN
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Quando Sam estava na Universidade, no que diz respeito a caçar monstros, John ordenava e Dean obedecia. Se dizia para Dean esperar, Dean esperava. Se dizia para ele atacar, Dean atacava. John Winchester era bom a ordenar e Dean era bom a cumprir ordens. E tudo estava bem no universo. Com Sam era diferente, bem com Sam tudo era diferente mas na caça, na caça tudo era realmente diferente. Na caça ele e Sam complementavam-se, eram iguais. Não havia ordens para serem obedecidas e, no entanto, tudo funcionava bem. Um vigiava as costas do outro e como que por telepatia sabiam sempre o que fazer a seguir. Com Sam, Dean podia ser ele próprio.
Nesse momento Dean não tem nem John nem Sam.
O vampiro está a andar ao seu lado e Dean sabe o que a besta está a pensar. Não é difícil saber de qualquer modo. Estão na rua estreita que fica atrás do bar. O cheiro a podre vindo dos caixotes do lixo inunda o lugar mas Dean nem se apercebe disso, está habituado a cheiros piores e naquele momento toda a sua concentração encontra-se focada no vampiro.
"Aqui?" – pergunta o vampiro.
Dean sorri de lado.
"Aqui é o lugar perfeito para o que quero fazer"
O vampiro aproxima-se dele o suficiente para Dean sentir o frio que emana. Mãos gélidas acariciam o seu pescoço e a criatura está a milímetros dele. Inclina-se e encosta o nariz entre o fim do seu pescoço e o início do seu ombro direito. Dean está preparado. O vampiro está distraído a cheirá-lo. Okay isso é estranho mas quem é Dean para questionar o hábito dos vampiros?
"Concordo, aqui é um bom lugar"
Só tinha de espetar a estaca no coração do vampiro e acabar-se-ia. Nada mais eficaz. A sua mão estava a deslizar até ao bolso onde tinha a estaca. Mais um bocado e...
"Dean!"
Mal a voz do seu irmão chega aos seus ouvidos Dean sabe que o seu plano foi por água abaixo. "Porquê logo agora Sammy? Podias ter esperado mais uns instantes antes de apareceres!"
As mãos do vampiro apertam-lhe o pescoço ao mesmo tempo que olha para trás, para Sam que vem a correr na direcção deles. O rosto de Sam é todo angústia e medo. Dean também era capaz de ter medo, se tivesse tempo para isso. A próxima coisa que sente é uns dentes a prefurarem-lhe a pele e uma dor aguda a espalhar-se mas comparada com quarenta anos no inferno numa tortura sem fim é como se fosse uma picada de um mosquito.
Num momento Sam está a correr para eles no outro Sam separa o vampiro do seu corpo com uma força incrível. O vampiro cai ao chão e Dean aproveita para clavar-lhe estaca. Fica imóvel com a respiração irregular enquanto vê o vampiro a transformar-se em pó.
"Dean, Dean! Estás bem?!"
Sam olha para ele com a maior preocupação do mundo e Dean mete a mão no pescoço.
"Sobreviverei a menos que fique com mais uma cicatriz. Não quero uma cicatriz aqui, estragará o meu sexy pescoço."
Sam ri-se.
"Tu tens uma mão marcada no braço e preocupas-te com uma pequena cicatriz?"
Dean encolhe os ombros.
"O que queres que te diga, a recepcionista do motel gostou da mão"
Sam volta a rir mas fica sério de repente. Demasiado de repente e Dean não precisa de saber ler mentes para adivinhar o que o seu irmão lhe vai dizer.
"Dean, disseste que ficarias no motel"
"Yeah"
"Não ficaste"
"Pois não"
Sam abana a cabeça com incredulidade.
"Dean, eu pensei que estavas no motel! Sabes o quão preocupado fiquei quando cheguei lá e tu não estavas?! Pensei que..."
"E tu Sammy? Onde é que foste? Eu tenho de ficar sob vigia enquanto tu sais à noite para ir não sei onde encontrar-te com não sei quem?!"
É claro que Dean sabia com quem Sam se ia encontrar. Não era assim tão estúpido! Ruby, sempre Ruby. Dean ainda não a tinha aceitado apesar de Sam pensar o contrário. Cada vez que ouvia o som do telefone desejava mandar essa demónio de volta para o inferno. Ela tinha culpa de tudo! Ela era a razão de Sam estar a cair cada vez mais fundo no lado das trevas. E o que mais lhe irritava era que Sam parecia não se aperceber disso e não acreditava quando Dean lhe dizia.
"Não é o que estás a pensar"
"Ai não? Eu acho que é exactamente o que estou a pensar! Tu, Ruby e os vossos malditos segredos!"
"Eu preciso dela... nós precisamos dela. Ela vai ajudar-nos a vencer Lilith!"
Dean larga uma gargalhada seca que lhe doeu ao subir a garganta.
"Nós podemos vencer essa maldita criança do inferno sozinhos. Nunca precisámos de mais ninguém além de nós mesmo Sammy, porquê agora?"
"Porque tenho medo que sozinhos não o consigamos. Ela mandou-te ao inferno, Dean. Não quero falhar, não posso..."
Dean dá um longo suspiro. Não vão conseguir resolver nada ali ao frio e às tantas da madrugada.
"Vamos Sammy. Já passa da hora das crianças estarem na cama, não devias estar acordado."
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SPN
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Entram no impala. Sam gosta do impala. Quando Dean estava no inferno, sempre que entrava no impala conseguia sentir o seu irmão. Era como um lugar neutro num mundo de guerra. O impala era como um refúgio, o resto da humanidade ficava lá fora. Dá para compreender, no final de contas, o impala foi o único lar que teve, a única coisa que se mantinha constante.
"Então hã, sei que arranjaste um pretendente no bar, para não falar que ficaram todos tão impressionados com a tua beleza que vão nomear-te Miss sonho de qualquer homem. Quadro de honra. Ficaste famoso, não estás contente?"
Dean faz um barulho estrangulado e aperta o acelerador.
"Não me fodas Sam. Vou ter pesadelos para sempre."
Sam encosta a cabeça ao assento do carro e ri às gargalhadas"
"Espero que morras engasgado"
"Oh Dean, és tãoooo irresistível!"
"Eu sei mas não é qualquer um que me pode ter."
Dean olha para ele com o seu sorriso de marca e uma sobrancelha erguida. Sam pára de rir e sorri satisfeito. Sam tem Dean, o melhor irmão do mundo. Um irmão tão bom que por vezes pensa que não o merece. Que foi para o inferno por ele e Sam sabe que o voltaria a fazer porque Dean é assim: pronto a sacrificar-se pelo seu irmão mais novo como se isso fosse a coisa mais natural do mundo. Sam o irá vingar. Sabe que matar Lilith não apagará os anos de Dean no inferno, mas por agora terá de bastar.
O seu telemóvel toca. Dean olha para ele e Sam olha para a paisagem que passa com velocidade do outro lado da janela.
É Ruby.
"Sim?"
"Lilith foi vista na Pensilvânia"
...
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Continuo?
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