Boa dia/tarde/noite pessoal~! Bem, vou direto ao ponto; esta é a primeira vez que escrevi algo deste casal (Ronald x Grell) e não sei se consegui escrever sobre Ron mantendo sua personalidade, mas eu tentei. rsrsrs Fico feliz que você que clicou na minha fic e espero que aproveite o conteúdo.
Unexpected Revelations
Estava quase na hora de encerrar seu expediente, cada segundo parecia uma eternidade para passar. Tinha acabado de recolher a última alma de sua lista e entregue os relatórios referentes às almas colhidas; finalmente dando seu horário, Ronald Knox fez seu caminho à saída. Seu destino era claro, como já havia se habituado à rotina. Todo final de semana o jovem colheria as almas designadas o mais rapidamente possível, faria parte dos relatórios, iria até a sessão de Assuntos Gerais da divisão para gastar alguns minutos paquerando as garotas, voltaria ao escritório para terminar a papelada e entregaria a mesma ao seu superior. Como normalmente Grell já teria fugido do trabalho a estas horas, apenas entregava diretamente a William T. Spears. Depois iria à sua casa comer algo, tomar um banho relaxante e vestir uma roupa descontraída. –um cavalheiro sempre deve estar belo e cheiroso para as damas– Somente depois buscaria seu sempai, Grell Sutcliff... E foi exatamente o que fez.
Não levou mais que quinze minutos na caminhada apressada até seu apartamento. Shinigamis em sua maioria viviam em apartamentos situados num edifício com apenas seis andares, mas enorme para poder acomodar a todos. Seu tamanho, andar e "ala" dependiam do cargo que ocupavam, sendo que o térreo e primeiro andar eram designados aos novatos e assim por diante. Apenas os muito importantes, com altos cargos e títulos tinham residências e em uma área mais afastada. O seu era na ala Oeste, a mesma que seu sempai, porém em andares diferentes, residindo no primeiro andar. Tinha apenas um quarto e banheiro; o de Grell era mais espaçoso, com sala, quarto, cozinha e banheiro e ficava no quinto andar. Às vezes perguntava-se como ele conseguiu manter seu apartamento ali mesmo sendo rebaixado algumas vezes, mas provavelmente foi algum tipo de persuasão violenta da qual ele não poderia deixar de sentir um pouco de pena da vítima.
Olhando-se no espelho ficou mais que satisfeito. Usava uma camisa preta de mangas longas que foram dobradas no antebraço e deixou alguns botões superiores da mesma desfeitos; luvas negras; uma calça preta simples; sapatos Oxford e dois pingentes no pescoço, chamando atenção à pele à mostra. Cabelos penteados de forma habitual e um pouco de perfume com uma essência agradável que as garotas pareciam adorar. Com um sorriso alegre saiu em busca de seu sempai, subindo as escadas com passos apressados, ansioso para se divertir.
-Hey, Grell-sempai eu vim te buscar!
-Entre Ronie querido~! A porta está aberta~! –praticamente gritava do quarto com sua voz alegre– Já estou quase pronta~!...
-Só não demore demais ou vamos perder toda a diversão! –dizia em tom animado, brincando como sempre enquanto entrava e sentava-se no sofá.
Grell estava terminando sua maquiagem no momento em que o jovem bateu em sua porta chamando-o. Estava feliz que seu amigo sempre o chamava para sair, beber, paquerar, jogar conversa fora entre eles ou com estranhos... Desfrutar de sua companhia. Saber que alguém realmente apreciava estar ao seu lado alegrava-o imensamente; pois apesar de fingir não notar o desgosto dos outros, ou melhor, da maioria das pessoas, ele sabia que sua presença não era bem vinda. Claro, era apenas mais um motivo para não se afastar e irritar a pessoa até não poder mais e se divertir muito ao fazê-lo, porem não significava que não se chateava ao saber disso. Após a diversão, sempre se sentia solitário, e tudo isto apenas por ser quem ele realmente era. Mas eles que se ferrassem... Se não podiam aceitá-lo como era, problema deles. E mesmo se aceitassem não significaria que seriam dignos de sua amizade. Ronie era diferente; era doce, amigável, divertido, bonito, forte e o melhor de tudo; gostava dele como era e aceitava-o por mais excêntrico que fosse. Seu único defeito era ser tão jovem, mas isso não era sua culpa. Guardando sua maquiagem e indo até a sala só podia terminar seu trem de pensamentos lamentando o jovem não ter interesse em homens... Não, lamentando não ter nascido a mulher que sentia, que sabia ser, mas que seu exterior discordava.
Ah, e como lamentava ao ver como sexy o loiro estava nesta roupa toda negra que lhe dava um ar sedutor juntamente ao cheiro irresistível do perfume que usava. Mal conseguia desviar o olhar da parte entreaberta da camisa, dando um gemido de aprovação e fazendo seu maior esforço para não pular em cima dele. Controle não era uma das palavras que ele gostava, mas o jovem era alguém querido e que não queria perder sua amizade e afeto, por mais fraternal que fosse por não se conter. Sua amizade e confiança se desfariam, e tinha certeza que nunca seria perdoado.
-Oh! Que homem maravilhoso vejo em minha sala esperando por mim~! Este homem sedutor que faz meu coração acelerar e meu corpo aquecer~! Onde está aquele pirralho que prometeu me buscar esta noite, hã~? –brincava gesticulando e simulando cenas dramáticas enquanto falava, segurando suas mãos e se afastando novamente, fingindo um provável desmaio. Terminando com um sorriso enorme e um leve rubor ao ser segurado nos braços do rapaz que correspondida sua brincadeira.
-Hahaha! Acho que ele deve ter ido para a cama, você sabe, crianças precisam ir dormir cedo. –sorria divertido com a "cena" de seu sempai, ajudando-o a se erguer – Vou tomar isso como um elogio. Então, quer dizer que você aprova?
-Completamente.
-Vamos?
-Oh sim! Vamos, não vejo a hora de sairmos daqui~!
O ruivo aceitou o braço oferecido pelo jovem e saíram rumo à cidade de Londres. Já fora do apartamento, Ronald internamente agradecia a seu sempai pela brincadeira... Ao longo do tempo havia se acostumado aos jogos do ruivo e entrava na brincadeira, mas desta vez foi necessário, ao menos para ele. No momento em que o ruivo entrou na sala sorrindo como sempre o tempo parecia ter congelado; ele não sabia o porquê, mas não conseguia tirar os olhos da figura feminina que tinha à sua frente. Sabia que Grell era um homem, ou pelo menos fisicamente era um, mas o que ele via era uma mulher. Andrógina, com pouco busto e sem muitas curvas, mas elas estavam lá. Existiam curvas onde não deveriam existir... O vestido vermelho sangue com alguns detalhes em babados negros e sem alças agarrava-se ao corpo dele, revelando uma cintura mais fina e o quadril um pouco mais largo que de qualquer anatomia masculina... Seu cabelo estava preso em um coque e várias mechas pendiam propositadamente do penteado, enfeitado com uma presilha média do lado direito em forma de uma rosa negra. Seus sapatos habituais de salto alto caíam perfeitamente em conjunto com o vestido que terminava em seus tornozelos. Ele também usava um colar com uma pedra negra e brincos com a mesma jóia, além de luvas negras que passavam seus cotovelos. Havia visto Sutcliff-sempai em roupas femininas várias vezes, mas desta vez ele se superou... Se não o conhecesse, até mesmo ele pensaria se tratar de uma mulher.
Era tirado de seu devaneio com um ruivo puxando-o pelo portal e logo saindo em Londres. Fazendo seu caminho de forma quase automática até um salão onde seria a festa e voltando a seus pensamentos. Provavelmente não havia por que se preocupar... Provavelmente estava apenas surpreso por descobrir quão enganoso o corpo do ruivo era. Afinal, foi a primeira vez que viu seu sempai usando algo tão agarrado e de certa forma revelador. Nunca tinha imaginado que ele poderia ser tão... Atraente.
"Não! Eu nunca pensei isso! Eu gosto de mulheres. Ele apenas me surpreendeu."-olhou para o ruivo que tomava certa distância dele como sempre faziam ao chegar aos locais- "Mas eu não posso negar que eu pensei. Nem que eu imaginei que sempai tivesse um corpo mais masculino... Eu estou condenado! Como pude imaginar como era o corpo do sempai sem nem ao menos perceber? Curiosidade! Isso! Eu estava apenas curioso, por isso inconscientemente acabei imaginando."
Convencendo a si mesmo com a conclusão que chegou, resolveu esquecer seus pensamentos e aproveitar a festa. Os dois conversavam sobre seu dia de trabalho e comentavam sobre as pessoas que lhe pareciam atraentes... Assim passaram quase uma hora divertindo-se entre si, quando Ronald decidiu ir atrás de uma garota em particular que chamou sua atenção.
-Hey, chegou o grande momento em que as damas podem ter o seu tempo comigo. –disse piscando um dos olhos ao ruivo e apontando à garota que se referia.
-Oh~ Já encontrou uma candidata que gostou~? Deixe-me ver~... –olhava na direção que o amigo lhe indicara, vendo uma jovem de baixa estatura, com cabelos castanhos encaracolados e olhos amendoados que aparentava ser bastante tímida. – Oh eu vejo~... Vai trocar uma dama exuberante e madura como eu por uma pequena sem graça que mal deve saber como lidar com um homem~.
-Bem, eu sempre posso ensiná-la a lidar com um. Hahaha! – brincava rindo dos gestos e tom dramático do mais velho enquanto levantava-se para ir até ela. – Tenho certeza que logo estará cercado de belos pretendentes. –Sorria, piscando a seu sempai antes de seguir de encontro à jovem, mas pensou ouvir algo como: "Deixando uma dama sozinha, que rude!" antes de se afastar mais.
O ruivo assistia o amigo se afastar e começar a conversar com a garota. Ela era bonita, o corpo proporcional com belas curvas femininas que ele tanto desejava ter... Sentiu inveja dela; não só dela, mas de todas as mulheres que tinham o que ele nunca teria e a maioria não davam valor. Sua expressão tornou-se um misto de tristeza e amargura, apesar de sutil. Elas poderiam ter o homem que desejassem viver seu amor com ele, se casar, ter filhos... Apenas olhar para elas era um lembrete de tudo que não poderia ter. Nunca. Um sorriso brotou de seus lábios ao ver um cavalheiro se aproximar da mesa com duas taças de champanhe... Um homem atraente por volta de seus vinte e oito anos, olhos azuis, alto, cabelo negro passado os ombros e preso com uma fita de cetim azul marinho que combinava com seu terno de um azul tão profundo que quase chegava ao preto.
-Desculpe se incomodo, mas quando lhe vi não pude evitar vir a seu encontro. Posso perguntar o que uma jovem senhorita tão atraente faz isolada e sozinha nesta mesa?
-Rsrsrsrs... Esperando por meu príncipe encantado~... –piscava o olho de forma paqueradora, usando um tom mais baixo até começarem uma conversa mais descontraída.
-Posso? – perguntou apontando ao assento vago.
-Oh, por favor, fique à vontade~!
Do outro lado do salão, Ronald jogava conversa fora com a jovem, distribuindo cantadas a todas as moças bonitas que começavam a se aproximar dele trazendo bebidas e aperitivos na tentativa de chamar sua atenção. Em meio às conversas, vez ou outra olhava para a mesa que estava com seu sempai, não conseguindo ignorar a sensação estranha que sentira ao deixá-lo sozinho ali. Mesmo vendo que pouco tempo após ter se levantado alguém havia se aproximado com claras intenções de flerte, mesmo quando via outros três homens se juntarem ao primeiro, algo lhe dizia que deveria se preocupar. Sabia que Grell era capaz de se cuidar e se defender sozinho, ele era conhecido por sua força apesar de não aparentar. Então porque estava preocupado? Foi quando perguntava isso a si mesmo que uma das jovens chamou sua atenção.
-Ronald... Ronald!
-Oh sim, o que foi? –sorria desconcertado por ter se distraído.
-Hihihi... Você parece distraído. –comentou a morena a qual chamara sua atenção, Mary.
-Er... Bem...
-Eu acredito que ele está preocupado com aquela mulher que está cercada por cavalheiros. –disse outra moça, uma loira.
-Qual? Ah! Aquela ruiva? Céus ela é magnífica, não me admira que esteja cercada de bons partidos. –disse outra, uma de cabelos e olhos negros.
-Oh! Agora me lembro de onde pensei já ter visto você! Vocês sempre vêm às festas juntos não é? É sua namorada? –perguntou outra jovem de cabelos castanhos, porem esta com olhos verdes, apelidada Cris.
-Er... Não... Na verdade somos amigos há algum tempo. Como moramos perto e gostamos de sair vamos juntos quase sempre. –respondeu surpreso por alguém ter se lembrado e ir com a mesma frequência a estes lugares.
-Entendo. Ela parece estar se divertindo. –comentou Mary, sorrindo e observando os risos e sorrisos da ruiva e dos que estavam com ela.
-Eu não penso assim.
-Por que não Cris? –perguntou a loira.
-Ela parece estar se divertindo em minha opinião. –disse a de cabelos negros aguardando uma explicação para a conclusão da morena.
-Ela está, mas parece ser algo temporário. Na maioria das festas que estive presente ela também estava; junto com este rapaz maravilhoso que está ao nosso lado, claro. Rsrsrsr... – usava um tom de flerte olhando ao jovem shinigami que sorriu – De qualquer jeito, eu sempre a observei porque não há como não admirar uma mulher que atrai tantos olhares, e notei que apesar de parecer aproveitar a noite cercada por belos homens ela nunca saiu acompanhada.
-Eeeh? Tem certeza disso? Ela poderia escolher qualquer cavalheiro que tenho certeza que a acompanharia com prazer! –disse a loira.
-Sim, mas ela sempre dispensa todos e se retira sozinha. Pergunto-me se ela teve algum relacionamento que a desiludiu... –observou Cris.
-Você é amigo dela. Não sabe o motivo? –Mary perguntava olhando o rapaz.
-Não. Na verdade falamos muito pouco sobre nossos relacionamentos... –respondeu Ronald, um tanto desconcertado pela pergunta inesperada.
-Entendo... Mas bem, voltando ao assunto anterior, onde estávamos? Ah sim, agora me lembro.
E assim o tópico voltou-se novamente sobre algum conde presente e seus filhos rebeldes; porém era impossível a Ronald esquecer a fofoca das garotas sobre seu sempai. Perguntas começaram a se formar em sua mente do porque desta atitude... Ele sempre pareceu extremamente confiante e alegre, dizendo que se desejasse algum homem ele estaria aos seus pés em questão de minutos. Esforçava-se para entender o que o fazia entrar em contradição. Talvez nenhum deles tenha agradado-o o suficiente para que fosse à sua casa... Não. Não era o verdadeiro motivo e sabia perfeitamente disso. Parte dele queria voltar à mesa de Grell e mandar todos aqueles lobos famintos para longe do ruivo, no fundo queria ser o único a fazê-lo rir daquele jeito... Ser o único que pudesse estar tão próximo dele como o loiro que estava sentado a seu lado quase colado a seu corpo. Mas não conseguia entender porque se sentia assim... Porque ficou aliviado ao saber que ele não ia embora com ninguém, mas ao mesmo tempo preocupado? Talvez fosse medo de perder a atenção que sempre tinha de seu sempai se ele encontrasse alguém especial? Mil coisas rondavam sua cabeça... Nesta noite começou a prestar mais atenção ao ruivo e quando se despediu do mesmo junto a jovem chamada Mary para levá-la a casa; viu uma pontada de tristeza nos olhos dele, apesar de rapidamente escondida e seu sorriso nunca vacilar. Assim que deixou a moça onde morava, desculpando-se por não poder terminar a noite com ela, voltou ao salão. Não exatamente ao salão, já que permaneceu escondido em um dos muitos telhados próximos, aguardando o término do baile. Queria confirmar com seus próprios olhos se a tal jovem chamada Cris estava certa, e assim foi. Pessoas saíam aos poucos do local conforme as horas se passavam, estava quase dormindo quando ouviu a voz de Grell, fazendo-o olhar discretamente em direção às portas de entrada. Lá estava ele, ainda cercado pelos mesmos homens que beijavam sua mão e tentavam convencê-lo a irem a um local mais "reservado". Seu sangue ferveu sem saber o motivo, ele mesmo fazia o mesmo a todas as garotas que conhecia. Viu o ruivo recusando, se desculpando com um sorriso arrependido e observando-os partir... E viu também o sorriso de seu sempai desaparecer por completo ao se ver sozinho, sua expressão alegre substituída por uma séria e arriscava dizer; triste, ao virar-se e fazer seu caminho ao reino shinigami.
Seu coração apertou-se ao ver aquela expressão. Nunca havia visto Sutcliff-sempai sem um sorriso lunático no rosto... Nunca havia sequer imaginado que ele algum dia voltaria para casa sozinho após uma festa, chutando pequenas pedrinhas em seu caminho enquanto caminhava sem olhar para cima. Muito menos com tantos pretendentes bem apessoados. Seguiu-o sem ser notado por todo o trajeto, só retirando-se até seu apartamento após ver Grell entrar no dele.
Uma semana se passou com ele pretendendo não ter visto nada e agindo como sempre... Outro baile em que ele o seguia e confirmava a mesma atitude do mais velho... Outra noite em que sentia seu peito apertar. E assim continuou, seguindo-o por mais de um mês, e confirmando duas coisas: Um; este era um comportamento habitual a Grell, e não conseguia descobrir o motivo. Dois; ele descobriu após muita relutância que estava apaixonado por seu sempai, e que não fazia ideia de como lidar com isso ou o que fazer dali em diante.
Nota:
Apenas como um aviso, mas não sei ao certo quando poderei atualizar, então até o momento, estou prevendo por volta de uns 15 ou 20 dias ate o segundo capítulo, ok? Kisus mina-san~... bye bye...
Hitokiri Koishii ^.~
