Estava tudo escuro quando despertou, ainda meio zonzo do sono pesado, ele esfregou os olhos lutando contra um bocejo preguiçoso. Estava acostumado a acordar muito cedo, principalmente quando estava na casa dos Dusleys. Maldição, odiava estar à mercê de seus parentes cruéis, no entanto, algo se mostrava muito errado!

Engolindo em seco, ele ponderou, nunca experimentara na casa de seus tios a maciez dos lençóis recém lavados, o travesseiro quentinho sob sua nuca cansada, a sensação de calma... Ok! Tinha algo realmente muito errado!

A estranheza atormentava seus pensamentos incrustando uma crescente sensação de desespero sobre ele, quando apoiou os cotovelos em cada lado da cama preparando-se para levantar, sentiu uma presença além da sua naquele lugar.

Não é momento para pânico! Recitava mentalmente o bruxo, levando a mão direita discreta e lentamente em busca da sua varinha que sempre guardava sob o travesseiro, no entanto surpreendeu-se ao não encontra-la ali!

Droga! Praguejava mentalmente, no entanto, antes que tivesse a chance de protestar ou defender-se da presença ameaçadora ao seu lado na cama estranhamento confortável, um perfume suave lhe invadiu os sentidos. Ele congelou instantaneamente, ele conhecia esse perfume! Ah conhecia sim!

-Her-Hermione!

Arriscou ele com hesitação, a voz baixa e ligeiramente trêmula quase não podia ser ouvida. Em resposta, a pessoa ao seu lado pareceu suspirar alto, voltando-se em seu direção na cama e enterrando preguiçosamente a cabeça sobre seu peito, serpenteando o braço pela cintura dele, colando seu corpo ao do bruxo intimamente.

E fora com um gemido breve que ela suspirou contra a pele fria do peito dele, o que fez tosos os pelos da sua nuca eriçarem com um formigamento indecente em certas partes do seu corpo. Com uma mistura insana de horror, ele percebeu que estava seminu numa cama com sua melhor amiga, numa posição altamente comprometedora.

Involuntariamente sua mão direita segurou o braço dela no lugar, temendo que ela se movesse mais ou se para mantê-la ainda mais próxima a si, ele não sabia. Mas, um redemoinho de possibilidades absurdas permeavam seus pensamentos enquanto uma Hermione com pouquíssima roupas dormia agarrada à ele completamente pacífica e alheia ao tormento do moreno.

Merlin! Praguejava ele. Isso tem que ser um sonho! Isso! Só um sonho, desejou ele! Logo logo estaria acordado e ninguém saberia da humilhante sensação de dividir a cama com uma garota e não ser capaz de fazer NADA. Mas, tinha que admitir, o cheiro dela era tão bom, a pele macia implorando para ser tocada, as pernas bem torneadas entrelaçadas às dele o levando a fantasiar loucuras que ele jamais poderia dizer em voz alta.

Esse pensamento o deixava tonto. Maldição era Hermione ali! Ele não podia ter pensamentos indecentes sobre ela! Repreendia-se o moreno fechando os olhos com força e prendendo a respiração no processo. Com o coração acelerado dentro do peito, ele mordeu o lábio inferior com força, usando cada grama da sua determinação para desvencilhar-se de Hermione e sair dali antes que ela despertasse e tornasse aquele momento inexplicável ainda mais constrangedor.

-Hmmm, Harry! Ainda é cedo!

Resmungava docemente Hermione contra seu peito nu, o levando a estremecer brevemente. Santos fundadores, ela tinha uma voz rouca que poderia tê-lo deixado louco, como ela percebeu o que ele iria fazer? Maldição, ela sabia que estava dividindo a cama com ele... NAQUELA posição inapropriada e não parecia minimamente afetada? O desespero tomou conta do grifinório.

-Eu... err... Hermione... Droga!

Gaguejava ele completamente rubro, incapaz de mover-se um milímetro do lugar onde se encontrava. Com terror ele sentiu a garota esticar-se contra ele, roçando cada parte deliciosamente exposta da sua pele na dele enquanto bocejava confortavelmente. Harry ofegou, dividido entre o desejo selvagem de agarrá-la e o pavor de ter feito "aquilo" com a sua melhor amiga e não lembrar-se de nada.

Porém, cada uma das inumeráveis dúvidas que o assolavam, desapareceram como um passe de mágica da sua mente, quando Hermione antecipou-se à ele, aproximando o rosto ao do moreno, permitindo que o graciosos cachos marrons cobrisse o rosto de Harry como uma cortina delicada, antes de roubar seus lábios em um beijo suave, doce, carinho... beijo que ele demorou a devolver, ainda em completo choque, mas um beijo que ele jamais poderia se esquecer... um beijo com Hermione Granger... um beijo que estranhamente o fez sentir-se em casa.

Sem perceber as mãos dele alcançaram a cintura dela, levantando pecaminosamente a camisola que mal chegava-lhes às coxas e tocando a pele alva e convidativa de Hermione. Ela gemeu em sua boca quando as mãos frias de Harry acariciavam seu corpo enquanto o beijo se tornava mais profundo e apaixonado. Foi com um gemido gutural que o moreno separou seus lábios dos dela, os olhos verdes nublados em desejo, segundos antes de arrancar a camisola dela por seus braços delgados revelando gloriosamente o corpo de Hermione.

Ela respirava pesadamente, sentada sobre ele, ele tomou alguns instantes para admirá-la, os seios fartos, a cintura fina, as pernas perfeitas, os lábios mais luxuriosos do que poderia se lembrar. Cada centímetro do corpo dela estava chamando por ele, os cabelos emoldurando o rosto e o colo de forma acentuar suas curvas tentadoras com a tímida luz que alcançava a escuridão do quarto indicando o amanhecer. Pelas próximas horas, Harry esqueceu-se completamente do quão alucinante era sua situação e focou-se em satisfazer cada vontade mais perversa da sua melhor amiga naquela cama. Como se não houvesse amanhã.

Quando acordou pela segunda vez, não esperava encontrar-se no mesmo lugar, com um braço segurando possessiva e intimamente Hermione contra si. Agora ambos estavam completamente livres de suas roupas, era pele sobre pele, respiração contra respiração, o calor dela misturando-se ao calor do corpo dele. Respirando fundo, ainda podia sentir, com demasiada satisfação, o perfume dela irradiando dos cabelos cacheados.

Sem resistir ele enterrou seu rosto contra a sua nuca, soprando algumas mechas teimosas do caminho até que seus lábios encontram a pele macia, que ele dedicou a marcar amorosamente com seus lábios e dentes, congratulando-se ao senti-la estremecer e ronronar ao seu toque. Merlin, ele pensou, eu fiz amor com Hermione! Ela está dividindo uma cama comigo! Eu acabei de acordar com Hermione nua do meu lado! Este era o melhor sonho de todos os tempos!

Sorridente, ele moldou seu corpo ao dela e aconchegando-se ainda mais e voltara a dormir, sentia-se cansado fisicamente e mentalmente. Sabia que quando acordasse, os Dusleys iriam atribuir-lhe uma centena de trabalhos pesados e logo este "sonho molhado" com sua melhor amiga iria deixar de existir. Droga, ele nunca tinha pensado em Hermione desse jeito. Mas, não era hora de reclamar, ele decidiu apenas aproveitar e logo caiu no sono outra vez, com um sorriso bobo estampado no rosto.

O tempo passou tranquilamente, até o ponto em que o sol estava ao alto no alvorecer daquela manhã. A cama estava tão confortável e quentinha que Harry não tinha coragem de sair dali. Mas, tudo mudou bruscamente quando sentiu o corpo de Hermione movendo-se lentamente em seu abraço. Ele congelou novamente, em choque, estupefação e incredulidade absoluta.

-Não foi um sonho!

Murmurou ele desesperadamente, segundos antes de se afastar dela, quase caindo da cama no processo. A mudança repentina no comportamento de Harry assustou Hermione que sentando-se na cama rapidamente encarava preocupada o moreno.

-Harry! O que aconteceu?

Questionava alarmada a nascida trouxa enquanto um Harry um tanto trêmulo esforçava-se para ficar de pé e esconder sua nudez com um dos travesseiros que tinha pego da cama.

-V-vo-você é real! Você está na minha cama!

Desesperava-se o grifinório com os olhos esbugalhados, esquecendo-se completamente que estava sem óculos ou varinha no momento. Ela no entanto o fitava entre a confusão e o choque. Sobre o que ele estaria alando? Então sendo a jovem racional e atenciosa que sempre fora, o responde calmamente:

-Sim, eu sou de carne e osso e estou na nossa cama, Harry!

Diz ela pausadamente analisando a estranha expressão de horror no rosto dele.

-No-nossa?

Pergunta o moreno engolindo em seco.

-Isso não está certo Hermione! Você precisa ir, se os Dusleys nos encontrarem será terrível!

Ansiava Harry entrando em pânico com a possibilidade de seu tio Vernon arrebentar a porta do quarto e encontra-lo com Hermione completamente despida em sua cama.

-Dusleys?

Repete incrédula a bruxa.

-Harry, esta é a nossa casa, não há Dusleys aqui! Você não mora com seus tios há quase dez anos!

Explica Hermione ainda mantendo o tom de voz mais pacífico possível, no entanto seus olhos analisavam o moreno com incerteza, Harry estava abalado demais.

-Dez anos?

Fora a vez dele repetir sem conseguir acreditar nas próprias palavras.

-M-meu óculos! Onde estão meus óculos!

Exigia ele com a voz afetada, a respiração descompassada e o peito arfando dolorosamente. Que tipo de piada Hermione estava fazendo?

-Onde você sempre os deixa antes de dormir, na cabeceira da cama!

Respondeu ela firmemente antes de respirar fundo e procurar a camisola que usava antes para cobrir-se. Harry a tinha jogado do outro lado da cama antes de terem feito amor. Tateando cegamente a cama, o grifinório encontra seus óculos e colocando-os tem o maior choque da sua vida. O quarto, a cama, as paredes, as janelas, as cortinas, ao armários e abajures, tapetes e fotografias...

-Esse não é o meu quarto!

Murmurou percebendo pela primeira vez que realmente não se encontrava no quarto velho de móveis mofados dos Dusleys.

-Hermione onde eu estou?

Bradou ele surpreendendo a melhor amiga que agora levantava-se vestindo a camisola e o alcançando com os olhos castanhos brilhando em preocupação genuína.

-Harry, está se sentindo bem? Foi algum pesadelo?

Questiona ela tomando o rosto dele em suas mãos e para assombro da nascida trouxa ele se afastou de seu toque a fitando com horror.

-Vo-você está... você não pode ser Hermione! Você é mais velha que ela!

Gritou ele em tom de acusação. Ele agora tremia furiosamente. O que diabos estava acontecendo? Ele tinha certeza de que estava com Hermione, a SUA Hermione momentos atrás... agora quem era essa mulher? Que brincadeira estúpida era essa? Onde estava? Uma armadilha! Merlin!

-Harry, o que está dizendo?

Pergunta aflita a nascida trouxa tentando se aproximar dele novamente, mas logo sendo repelida pelo bruxo.

-Você não é Hermione! O que fez com ela?

Esbravejava o grifinório a segurando pelo pulso a ponto de machuca-la.

-Francamente Harry! Essa brincadeira não tem graça!

Rebate ela secamente puxando seu pulso dolorido longe do alcance dele. Estava magoada, preocupada e assustada com aquela reação dura.

-EU NÃO ESTOU BRINCANDO!

Vociferou ele deixando Hermione completamente muda em estupefação. Aquela forma grosseira, aquele tom de voz ameaçador, a posição agressiva... há muitos anos ela não o tinha visto se portar assim. Ele teria continuado se uma batida de leve na porta não tivesse chamado sua atenção.

Harry olhou com o canto dos olhos para a porta do quarto, ponderando a possibilidade de ser um inimigo, algum comensal da morte maldito ou qualquer psicopata alucinado atrás do menino-que-sobreviveu. No entanto, antes que pudesse fazer qualquer movimento uma voz infantil ecoou hesitante do outro lado.

-Mamãe? Papai?

Fora a vez de Harry emudecer, congelado em choque. Uma criança? Ali? Porém, Hermione fora mais rápida e sem encará-lo correu até a porta para encontrar uma menininha de aproximadamente três anos de idade. Ela tinha os cabelos revoltosos, quase indomáveis, tal qual a bruxa nascida trouxa, enquanto os olhos, Harry observou em admiração, eram tão verdes quanto os seus, e para deixa-lo ainda mais confuso, ela estava chorando.