Para a KaoriH, meu chuchuzinho, o presente do Amigo Secreto de Páscoa da JL


Aviso: contém uma pequena insinuação de Sirius/James. Pequena mesmo. Heh.


Thank me for being such a good friend

Um bom amigo deve saber qual é a hora de desistir. E eu sempre fui um bom amigo, é claro. Por isso, quando virei à esquerda em um corredor e vi James e Lily Evans se agarrando num cantinho escuro, percebi que já tinha chegado a minha hora de entregar os pontos.

James sempre foi dela, é claro. Não é como se eu fosse um completo obtuso, mas sempre ter esperanças também faz parte do currículo do bom amigo. Se eu não fosse um cara cheio de esperanças, seria uma péssima companhia nas detenções.

Então, lá estava eu, com meu cupcake de chocolate meio comido na mão e com a cabeça meio virada para o lado. Acho que eu só seria notado se enfiasse o bolinho na testa de um deles, por isso não me preocupei em sair logo dali. Afinal, não era nem de longe a primeira vez que eu topava com um casal nessa... Situação.

E eu tinha de admitir que Evans tinha umas belas pernas. Sabe como é, quando você vê meninas com saias curtas – não que o uniforme seja realmente tão curto, mas é claro que elas dão um jeitinho – todos os dias, acaba se acostumando e deixando de notar.

Ou talvez isso só tenha acontecido comigo... Mas, enfim, voltemos ao ponto inicial.

James, é claro, sempre foi muito habilidoso com as mãos. Eu sei disso porque... Bom, porque nos conhecemos há tempo o suficiente para saber de certos detalhes. Só por isso. Agora, por exemplo, ele estava usando toda essa habilidade para tentar adentrar no terreno perigoso que era o interior da blusa de Lily, mas era repelido de dez em dez segundos.

James sempre teve muita força de vontade. E Lily também. Talvez esse seja mais um dos muitos motivos pelos quais eles se davam tão mal e se atraíam tanto ao mesmo tempo.

Ouvi um barulho vindo das escadas; talvez tenha alguém chegando ao nosso corredor. É incrível como as pessoas nunca se cansam de ser metidas. Eu diria isso para o James, se ele não estivesse tão interessado nas curvas de sua recém-adquirida namorada.

Porque, mesmo que ele não tenha me falado, era óbvio que estavam namorando. Não por causa do agarramento no corredor – quem precisa ser comprometido pra fazer isso? –, mas sim porque James não sabia planejar boas mentiras sem a minha mente brilhante. Ele podia fingir o quanto quisesse, mas a gente percebe quando um cara tem uma garota.

E James tinha Lily. Ali, naquele momento, e provavelmente já há algumas semanas também.

"Mas sabe de uma coisa?", pensei com o meu cupcake. Eu não estava bravo com ele. Pobre James, talvez achasse que eu não seria um bom amigo. Talvez achasse que eu não concordaria e que daria um escândalo. Talvez estivesse até planejando como me contar, nos intervalos entre agarrar Lily Evans e pensar em Lily Evans.

Então, como eu ia falando, alguém estava chegando ao corredor. Comi o último pedaço do meu tão amado cupcake e tratei de cumprir a minha tarefa de bom amigo: interceptar os invasores para que James e Lily pudessem continuar suas atividades amorosas em paz. Espantar garotos do segundo ano de lugares onde não deveriam estar sempre foi a minha especialidade, e era mais fácil ainda em um feriado como esse de Páscoa, em que não tem tanta gente pelos corredores pra chamar mais atenção.

Depois de ter cumprido o meu dever, deixei o casalzinho em paz com seus botões abertos e zíperes em perigo. Com as mãos nos bolsos e ainda sentindo o gosto de chocolate, lamentei pelo amigo cabeça-dura que tinha arranjado, pela ruiva que até que era bonitinha e pensei se James se importaria se eu colocasse um ovo de Páscoa derretido embaixo do travesseiro dele.

Porque, vamos lá, não dá pra ser tão bom amigo o tempo todo.