Acelerou. Sentiu os músculos se esforçarem. Cerrou os olhos. Esticou a mão direita e tocou a bala que zunia pelo ar. Ao seu redor, nada além de estátuas de carne e osso, pessoas congeladas no tempo. Incapazes de distinguir aquele borrão escarlate cruzar, entre ruas e avenidas, a tirar dali todos que corressem algum perigo.

Ainda que nenhuma daquelas pessoas pudesse ver, do alto de um prédio, em posição de caça, uma delas observava. Capa esvoaçante. Rosto sombrio. Fechado. Acompanhava como podia o companheiro correr metros e metros abaixo. Levantou os olhos e viu o céu escuro da cidade ser cortado por um raio verde.

Ele passou. Envolto em energia, sem medo do que estava a sua frente, o piloto de provas voava. Bailava no ar entre os disparos. Contendo e destruindo mísseis enquanto, a sua frente, uma mulher de cabelos negros e ondulados socava um imenso robô.

O gigante de metal disparava raios a esmo. Buscava acertar uma daquelas pessoas, vestidas em trajes colados, voando de um lado para o outro, acertando-lhe. Impedindo de completar sua missão. Detectou mais um. Vindo em sua direção como um foguete. Rasgando-lhe o peito como se toda sua blindagem nada representasse. O robô parou. Balançou. Caiu.

Atravessando uma das paredes, o marciano mudou sua forma. Adequou-se ao momento e garantiu que a imensa massa metálica viesse ao chão com leveza. Do alto do prédio, o morcego voou. O velocista escarlate voltou. Olhou a cena e deixou o lugar. Seguido pelo herói esmeralda que rasgou os céus rumo ao espaço sideral, atendendo a outro chamado. A amazona avaliou a situação e retornou a sua ilha, a sua embaixada. Assim como o marciano, que deixou o local para seguir seus seriados de televisão. Por fim, restou o maior deles. O Kryptoniano parou. Ficou por ali e foi o único a ver as pessoas ao seu redor saudarem pela vitória. Cruzou os braços. Respirou fundo. Foi então em busca da sua Fortaleza da Solidão, no outro lado do mundo.