[...] Sempre estive, sempre estou e sempre estarei ao seu lado. Mas se, para fazê-la feliz, for preciso eu me afastar por completo... Eu o farei. Pelo simples fato de amá-la tanto. Na maior parte do tempo ela está triste e fechada. Tudo isso pelo maldito Uchiha. Mas a prometi que o traria de volta. para ela, mesmo que isso me mate. Mas quando consigo enxergar aquele sorriso e aqueles olhos brilhando, sinto que posso fazer qualquer coisa. Até mesmo trair meus próprios sentimentos, fazendo-me infeliz. [...]

[...] Passaram-se três longos anos e, desde aquele dia, venho me condenando por não ter cumprido minha promessa. Fiz justo o contrário. Eu o matei. Nunca me perdoarei por isso. Tanto por ter passado dos limites, acabando com a vida de um grande amigo, quanto por tê-la feito sofrer ainda mais. Odeio lembrar do dia em que ela soube. Essa lembrança machuca meu coração. Foi como se um grande vácuo tivesse sido aberto nas minhas razões de viver. Pude ver o ódio em seus olhos, direcionado a um único alguém. Ou melhor...coisa. Eu. [...]

...

Fazia pouco tempo que o dia em que Naruto voltou à vila, com a notícia de que Sasuke Uchiha estava morto, completava três anos. Sakura saía de casa quando escutou uma voz que há muito tempo já não queria ouvir.

– Sakura, espera! – gritou Naruto. A rosada apenas ignorou e continuou a andar. – Sakura! – Naruto a alcançou e pôs a mão em seu ombro, fazendo-a parar.

– Não encoste em mim. - disse friamente.

– Espera, eu-

Sakura virou violentamente para Naruto e, lagrimando, começou a falar.

– Você matou o amor da minha vida! Droga, Naruto! Você não consegue fazer outra coisa a não ser estragar a minha vida? Você não sabe o que é ser ignorada a vida inteira e, quando finalmente tem a chance de ser notada, o cara que você ama morre. E quem o matou? Você, Naruto! Você! – aquele dia voltou. Aquela lembrança horrível voltou para atormentar a mente de Naruto. – Você é meu pior pesadelo. É um assassino desalmado que pôde acabar com a vida do próprio amigo. Você é... Você é apenas o demônio que todos sempre disseram que você era. Só um problema pra preocupar nossas mentes. – Sakura extravasava toda sua raiva, ódio e dor em cima de Naruto. Infelizmente, ela não entendia, pois não presenciou os acontecimentos. Tudo o que ele queria era uma chance para explicar que ele não queria que aquilo tivesse acontecido, que a culpa não tinha sido dele. Que ele não matou Sasuke por querer, e sim porque a Kyuubi o havia atormentado.

– Do que você me chamou, Sakura? – Naruto procurou olhar em qualquer direção, menos em seus olhos. Depois de tanto tempo, ele já não conseguia mais olhá-la diretamente sem ter vontade de se ajoelhar e implorar por seu perdão. E, mesmo a amando tanto, sabia que não poderia fazer isso. Apesar de tudo, ainda mantinha seu orgulho.

– Demônio! Kyuubi! Quer que eu soletre? – disse debochando.

Naruto serrou os punhos e os dentes. Fechou os olhos para que a raiva evaporasse e começou a lembrar dos dias em que Sakura disse que confiava nele e nos bons momentos que passaram juntos antes dele partir. Naquela hora, quis matá-la. Ou melhor, quis apenas dizer muitas coisas à ela. Jamais a machucaria. Seria incapaz.

– Sakura... – disse ainda sem olhá-la.

– O que foi, Kyubbi? – Naruto pareceu ter sentindo uma ponta de raiva cair em seu coração, novamente.

– Sabe quantas vezes aguentei seus gritos de raiva, sermões desnecessários e socos descarregados em mim? Muitos. E já não vou mais suportá-los por achar que são momentâneos. Agora irei retribuí-los. Mas não da mesma forma. Não faria isso com você. Mas já que você parece fazer questão de ser tratada como lixo, vou te dar esse prazer. Vou fazer exatamente como seu amadinho fazia. E não espero que você caia de amores por mim. Quero apenas que, dessa vez, você entenda o que é se sentir ignorada de verdade.

– Você é um idiota, mesmo. Não sabe nem o que diz. – riu sarcástica. Na verdade, ela tinha se sentido um pouco ofendida com aquela resposta.

Naruto apenas foi embora. Não desistiria do que havia dito à ela. Estava realmente exausto de tanto sofrimento. Tentaria, de fato, ignorá-la. Talvez fosse o jeito mais fácil de superar tudo aquilo.

Depois daquele dia, meses se passaram sem que Sakura visse Naruto e, quando o enxergava, parecia que ele não estava lá. Já sentia até falta de odiá-lo por tentar conversar com ela, mesmo que soubesse que ela não suportaria olhá-lo. Mas ela jamais admitiria isso.

Mas as coisas só começaram a entrar em colapso, de verdade, naquele bendito dia em que Tsunade a chamou em seu escritório. Provavelmente era mais algum serviço comum que sua mestra a pediria para cumprir. Pelo menos era isso que Sakura pensava.

– Desculpe a demora, Hokage-sama. - entrou rapidamente, chamando a atenção de Shizune.

– Tudo bem, Sakura. Você foi escalada para uma nova missão. - disse Tsunade enquanto assinava alguns papéis.

– Qual o objetivo? – perguntou.

– Vocês deverão capturar um dos membros da Akatsuki. – disse Shizune.

– Certo. Quem fará parte do meu grupo? – perguntou.

Nesse momento, alguém entrou e passou ao lado de Sakura. Era uma presença fria, cálida. Exatamente como...

– Mandou me chamar, Hokage-sama? – pergunta o rapaz.

– Sim, Naruto. – respondeu.

– O que houve? – perguntou novamente.

– Você e Sakura deverão capturar um dos membros da Akatsuki e trazê-lo escoltado para um interrogatório aqui na vila.

Só pode ser brincadeira... - pensou Sakura. – Tsunade-sama, eu-

– Hokage-sama, peço permissão para ir sozinho nessa missão. - disse friamente.

– Não! Eu vou também! – Sakura disse, mas ele a ignorou.

– Isso mesmo, Naruto. Sakura irá com você. Você precisa de alguém para ajudá-lo caso aconteça algo. - ordenou Tsunade.

– O perigo não é se eu me machucar por não ter tido ajuda, mas por me machucar por ter sido atrapalhado.

– Você é quem pode me atrapalhar, seu patético. - disse Sakura.

– Sou tão patético quanto você é irritante.

Um choque passou por todo o corpo de Sakura. Esse jeito de falar...

– Já chega! – interrompeu-os. – Parem de brigar, vocês dois! – ordenou a Hokage. – Vocês partirão amanhã de manhã. Agora, saiam.

Saíram da sala e, já fora do prédio, Naruto virou-se para Sakura. Seria a primeira vez que ele tomava a iniciativa de falar com ela depois daquele dia.

– Estarei no portão de saída da vila às sete em ponto. Se você se atrasar cinco minutos que sejam, não me encontrará mais lá. O que não será um problema, já que não gostaria da sua companhia, de todo modo. - a verdade era que ele preferia que ela não corresse risco. Apesar de tudo, não deixaria de se preocupar com o bem-estar dela. Era simplesmente impossível.

– Humpf! Até parece que você acordaria às sete. Não consegue acordar nem a pontapés. - riu.

Naruto precisava manter aquela imagem de ignorante que adquiriu, então segurou-a pelo pulso, fazendo-a levar um susto.

– Ai, garoto! Que isso? Tá me machucando! – disse tentando se soltar.

– Eu sou o capitão dessa dupla e você tem que me respeitar. Nunca mais deboche de mim, ficou claro? – disse olhando-a nos olhos. Ele parecia tão assustador.

– Até parece.

– Ficou claro?! – foi mais rígido.

– Ai, tudo bem! Agora me solta! – disse puxando seu braço e massageando seu pulso.

– Às sete, garota burra. – disse sumindo das vistas de Sakura.

– Burro é você! – retrucou depois de ter certeza que ele não estava mais lá.