Primeiro Capítulo
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Sasuke estava recostado no batente da porta de braços cruzados, sem fazer nenhum ruído. Observava a cena com uma cara enojada enquanto os gemidos de sua noiva ecoavam pelo apartamento para quem quisesse ouvir. Sempre soube que ela não era a mulher mais digna do mundo, mas não esperava flagrar ela transando com seu primo e rival.
- Não precisam parar por minha causa – ele falou debochado para que se dessem conta de que ele estava ali assistindo ao espetáculo.
- Sa-Sasuke? Eu posso explicar – a mulher se espantou ao vê-lo.
Karin não esperava Sasuke ali tão cedo, uma hora dessas o moreno deveria estar trabalhando, focado no projeto para o concurso arquitetônico que aconteceria no mês seguinte.
- Explicar o que? Que ele tropeçou e caiu sobre você? – ele achou muita cara de pau dela querer explicar enquanto continuava de quatro sobre a cama. – Não se incomode com a minha presença. – Falou, jogando a chave da casa dela no ar e deu as costas, esperou que ela entendesse que aquilo era o rompimento.
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Estava de molho na cama, observando atentamente o teto branco daquele quarto de hotel. Karin provavelmente lhe procuraria em casa, então preferiu evitar o mal estar.
Que vadia. Sentia tanta raiva por ela ter feito aquilo. Não por ela ter dormido com outro cara, ela não era insubstituível, mas por ela ter ficado com o primo que ele tanto odiava. Invejoso, Obito sempre quis tudo o que era seu, mas daí a dividir a mulher já era demais.
Escutou as batidas na porta e foi abrir. Deu de cara com uma moça de cabelos rosados e olhos esplendidamente verdes, com as bochechas mais vermelhas do que maçãs recém-colhidas.
- Quem é você? – ele perguntou seco encarando a jovem.
- Madame Red me mandou. – ela falou com aquela voz doce.
Ele cruzou os braços e fitou-a desacreditado:
- Você é prostituta?
Ela assentiu com a cabeça e ele continuou incrédulo. Ela usava uma blusa decotada, mas nada muito vulgar para uma garota de programa, tinha um rosto gentil, e uma expressão que exalava inocência. Era bonita, mas não tinha cara de quem vendia o corpo por dinheiro.
Sasuke a puxou para dentro e fechou a porta.
- Ótimo, pode começar – ele falou desabotoando sua calça. Não conseguia desgrudar os olhos de curiosidade dos dela. O que ela faria a seguir?
Ela engoliu seco. O moreno percebeu que o rosto da garota estava mais vermelho do que antes e que suas mãos tremiam, quando estas tocaram o cós de sua calça.
E então ele segurou a mão dela, antes que descesse a peça por completo.
- Para. – ele disse sorrindo. Nem sabia o porquê de estar sorrindo, mas sentiu graça da inocência com que ela agia.
Ela olhou curiosa para ele, buscando uma explicação.
- Você não é boa para isso. – ele falou, abotoando a calça novamente.
- Por favor, madame Red não vai ficar contente se saber que o senhor não gostou de mim – a moça explicou preocupada. – Ela disse que o senhor era um cliente especial.
- Ela disse isso? – Ele soltou uma risada sonora – Maldita, sempre fazendo as pessoas pensarem coisas pervertidas ao meu respeito.
A rosada só observava. Ele passou a mão pelos cabelos negros e se sentou na beirada da cama, que por sinal era bem grande.
- Nunca fez isso, não é? Quero dizer, por dinheiro.
Ela negou com a cabeça. Era mais do que óbvio, madame Red sempre enxergou Sasuke como um homem gentil, sempre foi assim desde criança. Ele nunca entendeu da onde ela tirara isso, talvez por ser amiga de seus pais.
- Senhor, por que mandou me chamar? – Ela perguntou envergonhada, com uma voz tão suave quanto veludo.
Sasuke pensou. A verdade é que também não sabia o motivo. Talvez só quisesse aliviar a raiva do acontecimento de cedo, ou talvez só quisesse companhia.
- Não está se divertindo? - perguntou debochado.
- Com licença. – ela abaixou a cabeça para cumprimentá-lo e virou-se para ir embora.
Sasuke pulou da cama e a segurou pelo pulso antes que ela saísse.
- Tem toda razão. Ela não vai ficar contente. – ele falou perto do ouvido dela.
Estava ficando mesmo louco. Seduzindo a prostituta?
- Fique até amanhecer, não falta muito mesmo. – ele completou
A mulher lançou um olhar desconfiado a ele.
- Como se chama? - ele perguntou voltando a se sentar na cama.
- Sakura.
- Pode me chamar de Sasuke.
Sakura pensou que talvez ele fosse carente. Precisava de um amigo e não de uma prostituta. Ele não aparentava precisar desse tipo de relacionamento comprado.
- Por que foi que virou prostituta, Sakura? Você não tem vocação. – ele confessou.
- Senhor, com todo respeito, isso é estranho.
- O que é estranho?
- Conversar. – ela disse hesitante.
- Bem, minha segunda opção é encher a cara até sair correndo pelado pelos corredores desse luxuoso hotel.
Ele brincou e arrancou uma risada acanhada dela.
- Como é que uma garota bonita como você foi parar nas mãos da Madame Red? – perguntou curioso.
- Última opção.
- Nunca existe uma única opção – falou observando atentamente a moça - Até eu, que peguei a mulher com que ia me casar com outro cara na cama, tenho duas opções. Beber ou contratar você;
- Tenho certeza que o senhor tem mais opções.
-Tenho certeza que você também. – Ele rebateu imediatamente.
- Talvez essa seja a mais viável.
- Vender o próprio corpo?
- Acho que eu devia ir embora – ela falou, puxando a bolsa que estava jogada sobre a cadeira perto da porta. – Com licença. – Virou-se e foi embora.
Dessa vez o Uchiha resolveu não impedir. Se ela não se sentia confortável ali, talvez devesse mesmo ir. Mas que mania chata que ele tinha de se meter na vida das pessoas, fazia isso inconscientemente.
Voltou para a cama e tentou dormir um pouco, já estava com uma expressão de cansaço. O maldito sono não chegava. Ficou pensando no que será que a vida tinha aprontado para aquela garota ter que se submeter àquele mundo libidinoso. Ela era intrigante.
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- Bom dia docinho, o que faz por aqui? Suponho que tenha ficado satisfeito com a novata. – Aquela senhora indecente perguntou assim que Sasuke apontou na recepção.
- Bom dia, Tsunade.
- Xiu, já pedi para que não me chame assim. – Ela cochichou à ele e o mesmo riu. Ele não havia esquecido, sabia que ela não gostava que a chamassem pelo nome. Preferia o codinome Madame Red, era como todos a conheciam, por conta do batom vermelho que sempre coloria seus lábios ou quem sabe pela luz vermelha que brilhava na porta de seu negócio todas as noites.
- A Sakura esqueceu. – Disse ele jogando algum dinheiro em cima do balcão. – A propósito, por que mandou ela? Também acha que ela não serve para esse tipo de coisa e teve a brilhante ideia que eu a fizesse mudar de opinião. Acertei?
- Só achei que você seria gentil com ela. – A mulher explicou, colocando o dinheiro entre os seios fartos.
- Claro.
- Não me olhe com essa cara. Ela quem me procurou, parecia desesperada.
- Onde ela está?
- Ficou interessado? – Ela perguntou erguendo uma das sobrancelhas desconfiada.
- Pare de colocar as meninas na vitrine como se fossem objetos. – Sasuke falou zangado.
- Não me venha com essa, Sasuke. Você vai casar com uma vadia, a diferença é que ela não cobra. Ou cobra, realmente não sei e não me importo.
- Não vou mais. – disse olhando frio para ela. Ela já o tinha alertado sobre Karin, mas ele preferiu dar os ombros aos conselhos de sua quase tia. – Chame a Sakura, por favor.
- Certo – falou e entrou.
- Você? O que faz aqui? - Sakura perguntou espantada quando viu que se tratava de Sasuke - Por favor, não conte nada à ela sobre ontem. - pediu preocupada.
- Não vou, até porque não aconteceu nada. - garantiu – Só vim te convidar para almoçar.
Sakura não havia descartado totalmente a hipótese dele ser carente.
- Me convidar? - ela questionou desconfiada e ele afirmou com a cabeça - Por quê?
- E por que não?
Sakura não conseguia entender o interesse que ele tinha em levar uma garota de programa para sair. Homem estranho.
Pensou um pouco, e resolveu aceitar.
- Mas afinal, o que o senhor quer? – A rosada perguntou, interrompendo Sasuke que falava de algo sem importância, nem estava prestando muita atenção mesmo.
Não queria ser mal educada, longe disso. Afinal ele a tinha trazido àquele restaurante adorável na beira do canal, mas não conseguia parar de pensar no interesse que ele tinha por ela.
- Já disse que o meu nome é Sasuke. E nós só estamos batendo um papo.
- Algo me diz que o senhor não sai por aí convidando prostitutas para bater um papo. – Ela falou um pouco mais alto do que devia e fez Sasuke ficar levemente constrangido, já que os clientes da mesa ao lado olharam com uma expressão de reprovação. – Desculpe – murmurou à ele.
- Red disse-me que você estava com problemas. Que tipo de problemas? – Sasuke perguntou sério encarando bem fundo os olhos dela.
Sakura suspirou aliviada. Então era isso, ele era só um curioso.
- Problemas amorosos. – Ela disse tranquilamente.
- Problemas amorosos?
- É. – Confirmou. - Sabe, ultimamente eu não tenho dado muita sorte no amor.
- Sei como é. – Ele disse.
Ele entendia perfeitamente. A vida não estava sendo muito fácil para ele também, com seus pais mortos, a construtora ruindo e agora um par de galhos, a vida estava mesmo uma merda.
- Não, não sabe. Acha que ser traído é a pior coisa do mundo? – Ela falou com um sorriso falso – Eu fui usada pelo meu namorado e graças a minha não ajuda a ele, o idiota acabou com a minha vida. – disse dando um gole generoso na taça de vinho.
- Então é por isso que foi parar naquele lugar?
- Sim. Acho que lá é o único lugar que ele me permite ficar.
- Permite? – Ele perguntou curioso com uma sobrancelha arqueada.
- Você não entende. Eu era design de interiores, já fui secretária, caixa de supermercado, babá, telefonista... Qualquer coisa, ele sempre dá um jeito de fazer com que me demitam. Eu realmente não sei como a mágica dele funciona, mas sei que dá certo. – Falou com desgosto, enquanto alisava a boca da taça com o indicador.
- Mas por que tudo isso? – Quanto mais a garota falava, mais curioso Sasuke ficava. Era como um daqueles mistérios policiais que ele costumava ler todas as noites, envolventes e que não te deixam dormir enquanto não descobre como termina.
- Eu também não entendo o porquê de todo esse ódio por mim. Ele precisava de uns projetos antigos e eu achei que não devia dá-los, mas isso não tem mais importância agora. Afinal, por que se importa? – Ela perguntou, levantando os olhos para encarar os dele.
Sasuke pensou. Por quê? Bem... não sabia o porquê, mas agora precisava desvendar o final da trama.
- Eu não sei. Seus olhos me despertam curiosidade. – Ele explicou, fitando-a. E ela enrubesceu. – Precisa de um emprego? Acho que preciso de uma nova assistente.
- Não ouviu a história que eu acabei de te contar?
- Você não deve ser mais problemática do que a última. – Sasuke disse, levantando o celular para mostrar a foto de papel de parede, dele e uma mulher de cabelos ruivos abraçados. Sakura concluiu que devia ser a noiva dele.
- E o que vai escrever na carta de demissão dela? Que ela te traiu? – Sakura sugeriu divertida.
- Eu nem preciso inventar o que escrever, tenho uma lista de motivos na minha gaveta. – Respondeu adotando mesmo tom divertido dela. – Madame Red não vai se importar de perder uma garota. Você não daria muitos lucros a ela, mesmo.
- Acho que não – confessou rindo. – Sasuke...
- hum?
- Obrigada.
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Yo! Voltei minha gente!
Mais uma história pra vocês :D
Vamos ser pessoas legais e deixar reviews, combinado? ;)
Bejinhos e até o próximo capítulo o/
