Título: Euforia

Autora: Incidera

Rate: M+ (?) - Serei franca. Sou explícita. Sou desbocada. Vou escrever cenas de sexo. Dependendo do meu humor posso apelar nas cenas de violência. Enfim, se você tem medo de ler coisas pesadas, não sei se deveria estar lendo essa fanfic.

Disclaimer: Os personagens pertencem a J. K. Rowling.

Shipper: Draco/Harry; Remus/Sirius; ? (vai saber o que se passa em minha mente perturbada depois de alguns capítulos)

Gênero: Geral/Angst/Romance (aqui vai ter de tudo, provavelmente)

Atenção: É slash, yaoi... blá... blá... Durante algum momento dessa história homens irão se pegar, você foi avisado.

Observações importantes: Eu não uso os nomes traduzidos. Eu não li os livros em português e componho a velha guarda das fanfics. Sim, tenho mais de 14 anos de fandom e só resolvi colocar as garrinhas de fora (novamente), porque preciso descarregar as energias. Atualmente não possuo uma beta-reader, portanto erros ortográficos e semânticos poderão ser encontrados. Minha gramática é da época de 90 e bolinha e eu tenho pavor das novas regras de acentuação, principalmente aquele que insiste em colocar pêlo sem acento. Então, por favor, sejam pacientes comigo.

Sumário: Sufocado. Era assim que Harry se sentia. Por fora era o menino perfeito, mas de verdade? Estava preso. Odiava economia, não amava a namorada, seus tios eram homofóbicos e ainda havia Draco, seu ex-melhor amigo. Como se tudo não pudesse ficar melhor sua mente resolvera ajudá-lo, sabem como? Fazendo-o esquecer um ano de sua vida.

AVISO: Esta fanfic é uma AU (Universo Alternativo). Não pretendo distorcer personalidades, principalmente as do Harry e do Draco, mas preparem-se para um Rony e uma Ginny, hmm, um pouco diferentes. E ah! Dudley não existe no meu mundo, sei que vocês amam o rapaz, mas não precisam chorar. De qualquer forma, espero que gostem.


Prólogo – Início do Fim


Alguns instantes passam mais lentos que outros.

Alguns pensamentos duram mais tempo.

Algumas memórias escapam com facilidade.

E a única coisa que resta é o vazio.

Todos os sons estavam misturados. Buzinas, gritos, o ronronar dos motores dos carros. Em outra situação ele poderia dizer onde cada coisa estava, saberia para que lado olhar. Mas agora era impossível. Ele estava deitado. Estendido sobre o pavimento frio. Algo úmido escorria lentamente no meio de sua testa e seus dedos tinham a pontas doloridas.

Tentou mexer uma das pernas. A dor foi excruciante. Seu torso estava todo torcido, sua cintura deslocada para a direita. Para as pessoas de pé ele deveria se assemelhar a um boneco largado sobre o asfalto gelado.

Sim, pessoas. Ainda conseguia distinguir alguns poucos pés parados ou andando apressados ao seu redor. Mas sua vista estava embaçada, seus ouvidos zuniam e uma sirene, lá longe, muito distante, ressoava. Respirar estava difícil, pensar quase impossível. Fácil era esquecer.

Então, por fim, ele esqueceu.


Acordar sempre fora a pior parte do dia, só que nunca em toda sua vida sentira que abrir os olhos pudesse ser uma experiência tão amedrontadora. Não era doloroso, nada doía, havia apenas aquela sensação pastosa, como se ele estivesse afundando em uma gelatina e suas pálpebras, oh, nunca se sentira tão tentando a simplesmente deixar que o peso sobre elas vencesse a necessidade de despertar.

- Ah, Harry – ouviu um suspiro, um soluço, alguém estava sobre ele, abraçando-o, apertando-o contra o peito enquanto cabelos muito negros, longos e revoltosos envolviam o seu pescoço.

Novamente nada doía, mas também era impossível sentir com precisão a pressão de qualquer toque sobre a sua pele.

- Sirius, você irá sufocá-lo. Deixe o garoto respirar – a segunda voz era terna e firme, mas ainda assim continha uma minúscula nota de alívio.

- Oh, desculpe, Harry. Só estou um pouco descontrolado. Pensei – e Sirius olhou para o lado, para o outro homem de cabelos levemente grisalhos e olhos cansados – Pensamos que você não iria mais acordar.

Harry sorriu. Não iria acordar? Que besteira, tirar um cochilo uma vez ou outra não era o mesmo que entrar em coma, certo? Porém ainda havia algo errado. Sirius e Remus estavam diante de si, parecendo extremamente preocupados com algo. E estavam no seu quarto, aquilo era um absurdo. Petúnia nunca deixaria dois homossexuais assumidos entrarem em sua casa para simplesmente sacudi-lo de volta a vida.

- Vocês estão uma merda. – Foi a única coisa que conseguiu dizer, fazendo uma careta ao notar o quão diferente sua voz soara. Mais profunda, engasgada, rouca.

- Agora sim, Moony, agora estou tranquilo. Ele está aqui, ele está de volta. – Sirius exclamou sorrindo, a felicidade tingindo seus olhos com pequenos pontos luminosos.

Remus estendeu a mão na direção do amado, a palma rugosa repousando sobre seu ombro enquanto seus lábios também se abriam em um sorriso.

- Sim, Pads, nosso menino está de volta.

Todo aquele diálogo logo assumiu a forma de ondas na mente de Harry e ele se viu surfando em um mar de dúvidas. De volta? Não iria acordar? Será que os seus padrinhos estavam bêbados, usando drogas? E seus tios? A onde estavam Petúnia e Vernon? Já não estava na hora dos Dursleys aparecerem com seus narizes torcidos vociferando palavrões homofóbicos?

E porque tudo estava tão branco? Porque seus lençóis pareciam ser tão ásperos e da onde vinha aquele cheiro... cheiro acre, cheiro de cloro?

E o barulho? Argh, o barulho infernal.

Bip, bip, bip...

Era como uma bomba-relógio, bem dentro de sua cabeça, pronta para explodir a qualquer momento, a qualquer instante, a partir de agora.

Tonto ele ouviu sobre o bipe o barulho de uma porta se abrindo e vozes, muitas vozes. Sua tia estava claramente entre elas, o tom esganiçado reverberava sobre as paredes, contra os seus tímpanos. Era uma orquestra de gritos estridentes e bipes vindos das profundezas do inferno.

Alguma coisa dentro de sua mente parecia derreter. Seus olhos estavam vibrando, ele tinha certeza que se os mexesse poderia senti-los tremer. Era uma sensação horrorosa. Logo em seguida foram as suas mãos que começaram a se mover incontrolavelmente. Os dedos sendo envolvidos por espasmos rápidos enquanto seu corpo se desdobrava em todas as direções.

Em poucos segundos sentiu-se perder o controle. O bipe mais alto, Sirius gritando, seus olhos revirando enquanto sua vista embaçava permanentemente.

- Se afastem! – alguém berrou com firmeza enquanto uma mão gélida se apoiava sobre o seu braço e o virava de lado.

Meu deus, Harry pensou, eu estou babando!

E por incrível que pareça isso o incomodava profundamente. De todos os problemas daquele exato instante, as convulsões que dominavam seu corpo, o barulho infernal fazendo um carnaval em seus ouvidos, a dor no pescoço, a vista embaçada, tudo, era apenas a saliva borbulhante que escorria por entre seus lábios que o perturbava.

- Fique calmo, Harry. - uma mulher vinda do nada falou pausadamente bem próxima de seu rosto, como se ele fosse um doente mental. Teve vontade de gritar e foi exatamente isso o que fez. – Estamos com você. Isso é uma convulsão e logo vai passar.

Choro, o cheiro de cloro cada vez mais forte e a baba, escorrendo pelo seu queixo, atingindo o seu pescoço e molhando parte da roupa que usava.

Ele queria morrer. Aquilo era a morte, certo?

Em poucos instantes, da mesma forma que veio o tremor passou. E ele estava exausto, como se tivesse corrido uma intensa maratona. Sem pensar fechou os olhos. O bipe agora era um suave brrr, a voz de Petúnia era inexistente e ele só conseguia sentir o conforto de uma mão agarrada firmemente ao seu tornozelo.

Remus.

Ele sabia. Não precisava olhar. Desde o início a mão do homem estivera ali, sem tremer. Apenas ali. Como é que ele só percebera isso agora?

No instante seguinte ele se esqueceu da mão, ficou confuso. Estava de novo naquele quarto, estava gritando, irritado, uma raiva quente e ofegante oprimindo sua garganta. Ele iria engasgar. Mas não estava sozinho. Draco estava ali, certo? Aqueles cabelos loiros, os dedos longos agarrados aos seus ombros, sacudindo-o.

E do nada tudo se apagou e restou apenas o silêncio.