UNTHINKABLE

O jeito como ela corria pelo jardim era vergonhoso. Seus braços balançavam de maneira cômica, como se não estivessem presos ao corpo, e suas pernas pisavam tortas do jeito mais engraçado que ele já vira. Os outros alunos caçoavam enquanto ela corria até a beira do lago para procurar alguma coisa que esquecera lá.

A cena toda era ridícula.

(E ele não conseguia parar de olhar)

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Ela tinha mania de morder a ponta da pena enquanto pensava no que escrever. Os movimentos eram quase sincronizados, sempre exatamente iguais: primeiro ela se aproximava do livro, franzia os olhos e lia o que dizia. Então jogava a cabeça para trás, encarava o teto por um instante e enfiava a maldita pena na boca, mordiscando-a.

Ele achava nojento.

(Uma vez ele se pegou pensando como seria ser aquela pena)

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Sua pele era pálida demais e geralmente leves olheiras enfeitavam seus olhos. Os cabelos negros geralmente estavam bagunçados ou enrolados de qualquer jeito em um coque mal feito, e mesmo quando ela os arrumava rapidamente a qualquer aproximação de Draco, continuavam incrivelmente sem graça em comparação com os fios loiros de Daphne. O nariz dela era um pouco torto e muito achatado; a boca era fina demais.

Ela não era bonita.

(Mas por algum motivo era sempre para ela que ele desviava o olhar)

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Quando ela sorriu divertida e revirou os olhos, tudo que ele pôde fazer foi sorrir também. Não sabia sobre o que era a piada ou se havia uma de fato. Estivera entretido em contar as pequenas sardas que se espalhavam pelo rosto dela e acabara por não acompanhar o rumo da conversa. Desviou os olhos para outro ponto qualquer assim que percebeu o que estava fazendo, pigarreando baixo.

Blaise não acreditava em amor.

(Não é preciso acreditar para se apaixonar)