Vídeo Game
Sasuke permanecia sentado no sofá, olhando admirado para a tela da TV, que piscava alucinantemente luzes azuis e amarelas do jogo de vídeo game. Como alguém conseguia passar três dias diretos jogando - num mínimo razoável - 6 a 9 horas o mesmo jogo idiota sobre guerreiros e torres? Ok, ok, muitos adolescentes faziam isso. Queriam fugir da rotina, ou mais, fugir de suas realidades banais e monótonas das cidades de pedras e se aventurar em mundos virtuais de aventuras e perigos. Ainda assim, seria alarmante, mas compreensível. Mas não vindo dele!
Aquele ser sentado já há quase 40 horas em seu tapete cansara de ver mundos mais sombrios e monstros muito piores que aqueles do jogo!
- Você está aborrecido? Olha, eu estou quase chegando ao chefe final!
- Ah, não, Naruto! Eu acabei me distraindo. - Mas Naruto não parecia mais ouvi-lo, gritando alguns xingamentos para o bonequinho verde que o atacava.
Sasuke o olhou mais uma vez. Naruto suspirou, sorrindo.
- O buraco negro, Naruto. Você tem que dar um pulo duplo para não cair nele. - Sasuke sorriu de canto, apertando forte os botões do controle.
- Achei que não estava prestando atenção...
- Você já devia saber que eu sempre estou prestando atenção em tudo.
- Mesmo? Porque às vezes me parece que você é meio lerdinho... - Sasuke arregalou os olhos, mas Naruto sequer se moveu, soltando um grito de satisfação ao pular o buraco negro e alcançar a chave dourada.
De repente, isso. Era meio difícil para Sasuke dizer quando ou onde, mas a partir de algumas semanas Naruto passou a andar mais com ele. Aparecia assim, como quem não quer nada, ria dele com alguma gozação, o chamava para dar uma volta. Era bem lógico que isso acontecesse, uma vez que Neiji agora era um estudante esforçado de Nutrição e um noivo dedicado à Hinata. Kiba? Continuava a mesma pessoa alegre adorável, fora os momentos - longe de serem raros - em que estava discutindo ou brigando com Gai. Sasuke passou a mão pelos cabelos. A verdade é que inventava a si mesmo todas essas possibilidades para evitar pensar que Naruto, afinal, preferia a sua companhia à de qualquer outra pessoa do grupo.
Para ele, estava mais do que claro seus sentimentos pelo outro. E embora ele mesmo fosse o mais astuto e observador, não conseguia enxergar nenhuma resposta naqueles olhos azuis, que brilhavam diante da TV.
- Estou chegando ao último chefe, Sasuke! - gritou Naruto, animado.
- E isso é uma coisa boa, devo imaginar. - Sasuke retrucou em seu tom calmo e irônico.
- Isso quem me diz é você. Porque assim que eu acabar com esse chefe, eu vou embora e você vai demorar em me ver... - Naruto riu, largando o controle no chão.
O boneco do jogo permanecia imóvel em frente a uma porta de aço azulado, com uma chave dourada brilhando no canto inferior da tela. Ele se virou para Sasuke, que o olhava espantado.
- O que quer dizer, Naruto?
O loiro riu novamente, se aproximando mais do maior sentado no sofá.
- Que estou cansado de vir aqui todos os dias e esperar você me perguntar de uma vez. – Disse ele fitando os olhos de Sasuke com seriedade, sua voz num tom mais baixo e rouco que o normal. Mas ainda sim, tinha um sorriso de canto nos lábios travessos.
- Perguntar...? - Sasuke arriscou, os olhos presos nos azuis do outro.
- Me desvende. - Dizendo isso, Naruto aproximou seu rosto a milímetros do de Sasuke, ainda ajoelhado na frente do maior.
Ele o olhava fixo e parecia que nunca mais ia desviar seus olhos dos dele. Sasuke arriscava pensar em qualquer estratégia de fuga, qualquer pista que lhe fizesse qualquer sentido, mas desistia, quase antes mesmo de tentar. Inútil. Estava sendo devorado por aquele olhar. Estava derrotado. Fora descoberto. Mais uma vez, por aquele moleque de olhos azuis.
- Você me quer? - ele sussurrou, o mais calmamente possível.
Naruto sorriu, e antes que pudesse se inclinar um pouco mais para beijar o amigo, sentiu uma mão a lhe segurar a nuca. Ouviu o riso de Sasuke, o olhando seriamente.
- Então vai ter que me pegar.
Os dedos se soltaram devagar entre seus cabelos... Naruto mal deu tempo de Sasuke recolher sua mão de volta da nuca do rapaz, avançando feroz contra ele. Jogou-se contra seu corpo, o deitando no sofá, sua boca pressionada com força contra os lábios macios. Sasuke segurava com força as costas de Naruto, que se deitava sobre ele, o beijo se aprofundando cada vez e com mais força... Naruto soltou-lhe a boca, brincando com a língua até o pescoço, lambendo, mordiscando, provando de todas as formas aquele gosto marcado da sua pele... Sasuke gemia baixo, as mãos correndo pelas roupas de Naruto, ansiosas, descendo pelas coxas escondidas debaixo do jeans, pedindo mais, pedindo tanto por ele... Naruto se afastou um pouco, buscando ar.
Sentou-se em cima do sexo de Sasuke, o olhando da forma mais gentil.
- Espera, Sasuke... eu...
- Há quanto tempo, Naruto?
Sasuke retribuía o olhar, respirando forte e fundo, tentando controlar seu corpo debaixo das pernas de Naruto.
- Eu nem saberia contar.
O maior sorriu. Sabia aquela era o tipo de declaração mais sincera que Naruto podia lhe dar, agora. Ele olhou para o rosto quase avermelhado, levando uma mão a acariciar as bochechas duras e de traços finos, bem delineados, com três listras em cada lado.
- O tempo todo eu só queria entender você. E eu não pude.
- Sabem o que dizem, teme. O amor é cego! - Riu Naruto.
- Está dizendo que eu amo você, Uzumaki Naruto?
Sasuke o puxou para mais perto de si, as mãos entre seus cabelos, e o olhar... Ah, não deixando dúvidas do quanto ele estava certo.
- Eu descobri o seu segredo, não foi, teme?
Beijaram-se, os lábios mais calmos, as bocas mais tenras. Não tinham pressa em dizer o quanto cada pedaço do outro lhe era especial, como cada toque leve era um arrepio, cada momento em que as peles se tocavam lhe pareciam infinito... Naruto soltou-se devagar dos braços do Sasuke, se levantando.
Sasuke o olhava intrigado, sorrindo. Sentiu a mão do rapaz a puxar a sua, o fazendo se levantar também, enquanto sussurrava próximo do seu ouvido:
- Vem, teme... Eu ainda tenho alguns segredos que quero te contar...
Sasuke apertou a mão de Naruto, e se levantou, seguindo o pelas escadas, atrás de qualquer mistério que o amor lhe pudesse apresentar.