N/A: Primeira história de Saint Beast, e primeira aqui do fanfiction em português! Yeah! ^^

Avisos: Essa fanfic é yaoi (sério? ¬¬).

Haverá um darklemon mas não neste capítulo. Quando ocorrer, ele estará devidamente identificado, de modo a não traumatizar ninguém por acidente.

Este capítulo é meio curto, mas prometo que os outros serão maiores. Também exclusivamente neste capítulo haverá uma alternância entre POV's, ou seja, Rey e Luca irão se revezar como narradores da história.

Here we go...


Dark Angel – Curst, Tears and Love

Capítulo 1: Curst

Ele é mesmo um anjo?

Devia estar no inferno, queimando com os outros demônios.

E essas asas brancas? Quem ele acha que engana?

A minha vida toda escutei frases assim. Desde o primeiro dia de minha existência, a inevitável faísca de poder celeste que me deu vida, mas que também revelou o elemento a qual tão melancolicamente pertenço. Sim, desde aquela época que sou alvo de olhares furtivos e cheios de desprezo, palavras ásperas e toques frios. Pudera. Um dos maiores mitos entre os anjos é que os "anjos negros" – pobres coitados que deram o azar de manipularem as sombras – nasceram da tão proibida quanto involuntária união entre anjos e demônios, durante os tempos de guerra.

Por isso eu não os culpo.

Mesmo assim...

Vá embora!

...não poderia doer mais.

Às vezes me pergunto se um dia irá parar. Porém, o tempo passa. Para o bem ou para o mal, ele sempre passa. Eu cresci e amadureci, abrindo caminho por meu inferno particular, pisando nas palavras que me eram atiradas como se fossem degraus de uma longa escada até o topo. Agora, depois de infinitas batalhas, resistindo a tudo que me impuseram, vejo com infinito orgulho a incredulidade nos olhos dos que me condenavam.

Eu finalmente consegui. Sou um anjo de alto nível, melhor, sou um dos seis guardiões e tenho quatro amigos em que posso confiar minha vida.

Agora sou amado...e por você.

No entanto, há noites em que a brisa sopra mais fria, e eu me permito olhar para trás numa rápida mas inevitável espiadela. São nesses momentos em que me pergunto se não fui sempre amado. Sim, desde aquela época...

Eu era tão tolo, sempre me considerando o anjo mais infeliz do paraíso. Ainda que um belo arco-íris resplandecesse a minha frente, eu fazia questão de enxergar somente cinza. Minhas costas, infantes mas já dando os primeiros sinais de futura força, viviam curvadas sobre olhares e palavras. Meus ombros estavam sempre caídos, até mesmo os sussurros que ecoavam por trás e que mal podiam ser ouvidos parecendo me condenar ao chão. Por isso eu me isolava por horas e horas, abraçando meus joelhos na tentativa de fazer a dor ir embora, sentindo pena de mim mesmo.

Foi então que você chegou. Nada mais que outro rejeitado, rechaçado por aqueles a quem deveríamos considerar irmãos. Porém, diferente de mim, ele não era temido, não.

Você era invejado.

Seu poder, suas asas, sua beleza... tudo motivava a cobiça dos que o rodeavam, atraindo com isso não só um pecado capital, como ódio e dor. Mas eu era tão cego... Acho que só parei de fingir ignorar quando vi as marcas. Só mesmo assim para admitir que éramos iguais, ainda que tão diferentes.

Até hoje, não sei se estendi a mão para salvá-lo ou a mim mesmo.

Mas você a pegou, e é só isso que importa.

Ficamos do lado um do outro, ajudando e protegendo, amparando e consolando quando ninguém mais se importava. Quando tudo a nossa volta parecia conspirar nossa ruína, nós demos as mãos e firmamos os pés. E não nos dobramos a ninguém.

Dessa união, algo nasceu em mim, tão quente e acolhedor que por muitos anos julguei ser o motivo de minha existência. E, talvez fosse somente impressão, ou mesmo um desejo escondido até de mim mesmo, mas por um instante, ínfimo segundo em meio a toda a amizade, nossos olhos se encontraram.

Será que vinha de você aquele calor?

Porém, o tempo se pôs a passar novamente, seguindo seu caminho sem se incomodar ou mesmo avisar. As dúvidas sobre Zeus-sama surgiram e se multiplicaram, alimentando ainda mais o preconceito entre os anjos. Preocupado, passei a mantê-lo sempre sob minhas asas, meus olhos o acompanhando como uma incansável sombra.

Esse foi o meu erro.

Porque agora...agora...

- Luca?

XxX

Te vejo cerrar os punhos antes mesmo que eu consiga pousar no galho da grande árvore. Meu peito dói, o coração ferido como se você o esmagasse com suas próprias mãos. Seu cenho se franze um pouco quando me aproximo, substituindo rapidamente o semblante triste por mal contida irritação. Os olhos de rubi continuam fechados.

Você não quer me ver. De novo.

- Incomodo? – tento controlar a voz, impedindo toda a melancolia guardada de vir à tona. Você deve ter seus motivos, alguma coisa que o esteja preocupando e que precise manter apenas para si. Algo que esteja além do meu alcance, do meu afeto.

Se você soubesse como me forço a acreditar nisso...

Só que isso não me protege de suas atitudes.

Por quê? Eu lhe ofereci minha mente naquele dia, expondo meus mais profundos sentimentos. Me tornei nada mais que um livro a ser folheado ao seu bel prazer. E você aceitou! Você me deixou beijá-lo, Luca!

Você me deixou amá-lo.

Mas existe uma parte de mim que se arrepende amargamente de tê-lo feito. Um pedaço de meu coração, tão sombrio que talvez nem mesmo você tenha sido capaz de ler, e que me atormenta a cada segundo desde que fechaste os olhos para mim.

Porque poderia ser tudo mentira.

Porque, no fundo, talvez você achasse mais conveniente continuar a acreditar no velho tabu que aceitar nosso jovem e insensato amor.

Suspiro, tentando juntar forças e continuar. Se eu ao menos soubesse que não sou eu a pesar e curvar seus ombros. Se entendesse o porquê de não me deixar mais ler seus olhos.

Seus punhos tremem ligeiramente, os nós dos dedos se tornando brancos. E eu sei que está se esforçando. Você é bravo, sempre foi, lutando e seguindo de cabeça erguida mesmo na pior das batalhas, seus passos firmes ainda que todo o resto clame por sua desistência.

Mas você também não pede ajuda. Nunca o fez.

E eu não consigo não odiá-lo por isso.

Dou um pequeno passo, seguido por outro e outro, num ritmo calmo e lento, porém determinado. Vou me aproximando como se diante de um animal ferido e acuado, ignorando sua aura que parece me repelir com todas as forças. Ajoelho a sua frente, me equilibrando com cuidado no galho da árvore, e toco suas mãos gentilmente, forçando-as a se abrirem. Baixo os olhos, triste por ver os ferimentos nas palmas.

- Pare de se ferir por minha causa. – peço, depositando um beijo extremamente leve sob seu sangue.

Percebo seu corpo estremecer, o menor de seus movimentos ecoando em minha alma com uma avalanche. E eu sei que você pode ver, e sentir, tudo que se passa dentro de mim. Seu cenho se franze ainda mais mas você não se afasta, desejando meu toque pelo pouco tempo que se permite.

E isso basta para me encher de esperança novamente, dando-me forças para resistir e te encontrar mais uma vez.

- Eu amo você, Luca. – sussurro, tentando me afastar enquanto saboreio o peso de minhas próprias palavras. Porque disse isso? Não sei. Só achei que precisava ouvir.

Por fim, abro as asas e parto, ganhando o céu noturno, me fazendo de estrela na tentativa de iluminar, nem que só um pouco, o caminho que você escolheu.

Se você ao menos parasse de me ver como algo frágil...Se ao menos percebesse...

Ah, Luca...

XxX

Anjo puro e doce, essência divina da própria inocência. Você não consegue entender, não é mesmo? Não consegue ver o demônio que cresce em mim, corrompendo o belo sentimento que guardo a sete chaves.

Eu nunca deveria ter sido atingido por aquela maldição. Jamais. Não por ser melhor para mim ou os a minha volta, eu simplesmente não podia ser amaldiçoado! Não podia!

Porque eu já pertenço as trevas.

Agora, ainda que oficialmente tudo tenha chegado ao fim, reduzindo dor, lágrimas e sangue a uma mera lembrança desbotada a ser esquecida, sinto algo crescendo dentro de mim. Tal qual um segredo sujo, mancha negra de puro piche, que toma meu coração cada vez mais, se alimentando dele com uma fome abominável e horrenda. E eu não posso fazer nada além de tentar esconder, assistindo impotente o anjo que você tanto ama se transformar em um monstro.

Porém, são justamente nesses momentos de puro desespero, perdido em meio a mais pura treva, que sua imagem surge ante meus olhos. Você, meu amado e imaculado anjo. Tua pele de porcelana, tão macia e perfumada. Teu corpo sempre escondido, provocando com movimentos leves, as curvas de movendo, chamando... Ah, meu anjo! Minha querida, deliciosa e inocente presa! Como eu queria ter em mãos teu corpo e tuas asas, percorrer cada centímetro com a sofreguidão que me é por direito. Sentir o gosto de teus lábios quentes, tua pele e sangue... Marcá-lo onde ninguém jamais alcançou...

Meu.

Banhado em rubro. Corrompido e decadente.

Só meu.

- Não!

Sacudo a cabeça com força, cerrando ainda mais os punhos na esperança da dor me trazer de volta. Não posso pensar nisso! Não posso traí-lo assim! Você confia em mim! Me entregou seu coração sem pedir nada em troca! Não posso, não posso!

Não você.

Teu amor é tão ingênuo, que basta minha presença, mãos dadas... um beijo. Não preciso sequer perguntar se sou o primeiro que amas, tamanha entrega que sinto em cada gesto teu.

Não, não posso maculá-lo, profanando teu corpo com tal pecado imundo e vil. Ainda que essa chama maldita me consuma até os ossos, condenando o que sobrou de minha alma ao pior dos infernos, não cederei.

Me recuso a ser o dono de tuas lágrimas!

- Eu amo você, Luca.

Ah, meu querido anjo de gelo...Tamanha inocência deveria ser proibida. Mas então você não existiria, não é mesmo?

Zeus, ouça-me, por favor! Eu, que nunca lhe pedi nada, que suportei calado o meu sofrimento e o dele, imploro que me arranque essa maldição. Por favor...

...antes que eu não consiga mais controlar...

Antes que eu condene minha alma e a dele.


E então? Devo comemorar ou fugir?

Mande um review com a resposta! ;)