Le Passé (tempos passados)
I
Meus passos ecoaram pelo quarto silencioso, iluminado apenas pela vaga luz que entrava pela cortina entre aberta e iluminava o corpo nu de meu futuro marido, deitado de bruços na cama, que parecia não se incomodar com a luz em metade sua face. Me aproximei da janela, observando a miudeza das casas e das pessoas abaixo de vigésimo andar em que eu morava. Suspirei, sentindo saudades das épocas em que eu me orgulhava em morar com a miudeza.
- Isabella, volte para a cama.- a voz de Carlisle soou vagamente sonolenta, mas eu já havia me acostumado com sua maneira súbita de acordar.
- Estou sem sono baby. - respondi, ainda sem olhá-lo.
- Não imaginava que voltaríamos a dormir. Gostaria de fazer algo mais interessante. - Respondeu-me com a voz cheia de malicia.
Sorri para a rua antes de me virar e caminhar lentamente até ele. Carlisle puxou-me para seu colo e despejou beijos leves pela minha clavícula esquerda. Um leve gemido escapou por meus lábios.
- Você está tão tentadora, com esse corpo nu e esses saltos vermelhos. - levantei minha perna esquerda e pressionei meu salto levemente em sua coxa musculosa. Seus beijos mudaram o trajeto subindo para meu pescoço, dando a volta por meu queixo, sem tocar em meus lábios, e voltando por meu pescoço até beijar minha clavícula, a oposta. Gemi de forma audível e ele sorriu contra minha pele.
- Sua pele é tão sensível Isabella. - seu tom rouco me fez estremecer.
Passei minhas mãos por seus cabelos loiros, extremamente macios, enquanto ele sugou deliciosamente meu seio direito.
Suas mãos acariciaram minha barriga e eu suspirei, mas seus dedos passearam até a cicatriz logo abaixo de meu vente, serpenteando por sobre a marca.
- Se não a conhecesse Isabella, poderia jurar que já teve um filho. - soltei uma risada seca, mas ele não me deu chance de comentar coisa alguma, seus lábios tomaram os meus em um beijo sensual.
Seu membro, visivelmente ereto, estava perto de minha intimidade, e eu o queria dentro de mim, contudo não ainda. Levantei-me da cama e ele me olhou com descrença.
- Vai deixar-me assim? - seu tom o fez parecer um colegial, algo que Carlisle Cullen não era chamado a mais de trinta anos.
- Não vamos começar o dia assim baby, ainda tenho duas reuniões pela manha e três pela tarde, e não quero passar o resto do dia pensando em como quero tê-lo dentro de mim novamente. - sorri.
- Você vai me pagar Isabella. - ele sorriu maliciosamente, o deixando ainda mais tentador.
- Eu espero que sim.- pisquei e me virei caminhando até o banheiro.
Enquanto a banheira enchia, lentamente a meu ver, eu analisei a cicatriz em meu baixo ventre. Era uma linha, quase invisível, que eu sentia a presença de forma constante. Era um marca do passado que eu não poderia apagar.
Quando a banheira se encheu de água, deixei meus sapatos de lado e me afundei na água fervente. A dor em minha pele era relaxante e eu suspirei fechando os olhos e deixando que a água entrasse por meus poros.
- Você está ainda mais tentadora. - A voz de Carlisle soou a porta do banheiro.
Podia analisar seu corpo exposto sem nenhum problema agora. Os músculos bem definidos, o rosto com traços marcantes, o cabelo loiro com o familiar desalinho da manha, um sorriso encantador e os atributos de sexo masculinos muito bem definidos. Ninguém diria que aquele homem tinha mais que trinta anos, apesar de já beirar os cinqüenta. Não freqüentava a academia, apenas algumas corridas matinais, sem freqüência alguma, mas mesmo com uma vida parcialmente sedentária, ele daria inveja a qualquer jovem com um terço de sua idade.
- Estou? – disse fechando os olhos novamente e voltando a aproveitar o banho.
- Os anos lhe fizeram muito bem Isabella, não tem idéia de como. – ele se aproximou e agachou-se ao lado da banheira.
Suas mãos entraram em contato com a água até acariciar minha barriga lentamente, estremeci. Suas caricias continuaram até chegar em contato com meu sexo que ele passou a estimular da forma que apenas seus longos dedos eram capazes.
- Pare Carlisle. – gemi em protesto, de forma débil.
- Se é o que você quer. – seus dedos deixaram meu sexo e foram passeando por entre meus seios até chegar à base de meu pescoço. – Eu estive pensando, o que vai vestir hoje à noite? – ele acariciou os cabelos úmidos de minha nuca.
- Não sei, mas sei que Alice já decidiu. – sorri para ele, abrindo meus olhos lentamente.
- Quero que vista algo vermelho, vamos para um lugar diferente após a festa. – ele sorriu.
- Vou saber qual é o lugar? – perguntei já sabendo a resposta.
Seus dedos deixaram minha nuca e ele caminhou até a porta, sem me responder ao menos um simples "não".
O salão de baile estava belíssimo, ninguém diria que aquela casa foi um dia o lixão que era antes de Rosálie Masen a comprar. A decoração entre dourado e preto traduziam a personalidade da anfitriã, charmosa, misteriosa e ainda assim simpática. Sua beleza fluía por todos os cômodos da casa, mas não foi surpresa os suspiros masculinos quando ela posse a descer as escadas.
Seu corpo, de curvas invejáveis, estava coberto por um exuberante vestido bege, bordado com pedras, que a distancia pareciam diamantes, eu me perguntei se não eram de fato.
Rosálie era conhecida pelo prazer em esbanjar. Nada nela era simplório, nem mesmo a maneira de falar. Ela caminhou até mim, havíamos nos tornado amigas com o passar dos anos, e me analisou dos pés a cabeça.
Sorriu com aprovação para o longo vermelho que eu usava, atendendo o pedido de Carlisle. Era um exclusivo de um promissor estilista francês, que tinha um grande futuro pela frente, Jasper Hale, amigo intimo, para não dizer algo mais, de Alice Cullen, sobrinha de meu futuro marido. O vermelho, quase bordo, de calda sereia, moldava meu corpo, deixando minhas curvas mais proeminentes e meus seios maiores. Carlisle aprovou imediatamente, apesar de ter visto seu olhar feio para vários homens da festa que me olhavam com interesse, desconhecendo minha identidade. Afinal, quem se meteria com a futura esposa do barão dos diamantes se a conhecesse realmente? Ele tinha feito um ótimo trabalho em me esconder por alguns anos, e eu agradeci por isso, me proporcionando a possibilidade de acabar a faculdade de advocacia em paz, mas agora, parecia que meu espalhafatoso futuro marido, queria me mostrar para o mundo.
- Isabella, como vai mon chéri? – Rosálie segurou minhas mãos e beijou minha face docemente.
- Rosálie, está magnífica. Que festa magnífica, ouso dizer. Vou perfeitamente bem e você? – ela soltou minha mão e enlaçou minha cintura, me levando a andar com ela por entre os convidados que ia cumprimentando enquanto conversávamos.
- Eu? Ainda esperando o meu convite para o seu casamento, quando sai? – sorri para ela, todas as vezes que nos encontrávamos Rosálie tocava nesse assunto, que eu andava evitando.
- O quando antes Rosálie. – a voz de Carlisle soou cortes, seu jeito particular de encantar todas as mulheres que se aproximavam, Rosálie não era imune a seu charme.
Ela deu uma risadinha enquanto ele beijava levemente os dedos, enfeitados por diamantes, de minha amiga intima.
- Ela ainda está lhe enrolando Carlisle? – Rosálie sorriu para mim e depois ele.
- Jamais. Isabella jamais seria capaz de tal ato. Apenas estamos esperando um momento apropriado. – ele me tirou do abraço de Rosálie e me puxou para seus braços, agradeci mentalmente por sair da saia justa.
A loira exuberante deu um sorriso de concordância e pediu que lhes déssemos licença enquanto ela cumprimentava os outros convidados.
- O cerco está se fechando Srta. Swan. – Carlisle disse com um leve tom de humor em sua voz.
- E o que pretende fazem em relação a isso Sr. Cullen? – me aproximei dele e espalmei minhas mãos em seu peito, ele aproximou nossas bocas.
- Estou esperando um sim sair de seus lábios, para procurar um bom rabino. Não preciso de festa, só preciso das suas palavras. – ele pareceu um adolescente enquanto fitava meus olhos e selava levemente meus lábios.
- E decepcionar a elite francesa? Creio que não meu bem. Se as apaixonadas por você não me matarem por tal ato, a própria Rosálie, ou até mesmo Alice, me matariam. – ri ao imaginar tal cena.
Me afastei de seu corpo levemente e virei, batendo em outro corpo masculino, que me segurou, impedindo-me de cair.
- Desculpe-me. – minha voz saiu como um chiado e eu senti meu rosto corar.
- Está bem senhorita? – os braços do homem ainda seguravam minha cintura, certificando de que eu não ia cair. Seu tom de voz era quase musical, ele parecia cantar ao invés de falar, mas mesmo assim, os pelos de minha nuca se arrepiaram com a masculinidade que emanava dele.
Levantei minha cabeça e encontrei aqueles olhos, minha estrutura se abalou completamente. Os mesmos olhos castanhos dourados que eu não ia esquecer jamais, os cabelos em um tom diferente, entre o castanho claro e loiro escuro, um bronze levemente mais claro, um pouco mais cumprido. Ele havia se tornado um homem, assim como eu havia me transformado em uma mulher.
Percebi o reconhecimento em seu olhar e seus braços me soltaram como se tivesse levado um choque.
- Estou bem obrigada. – murmurei e me virei para Carlisle, decidida a fugir daquela festa, mas ele não olhava para mim, fitava o estranho conhecido que eu queria fingir que não existia.
- Edward Masen? – meu futuro marido perguntou, sua voz cheia de satisfação.
O sobrenome Masen me pegou completamente de surpresa. Então era esse o irmão que Rosálie Masen tanto falava e do qual tinha tanto orgulho. O canalha, que eu conheci em minha adolescência, era o homem que uma amiga muito querida chamava de amor e falava com tanto esmero?
- Carlisle? Há quanto tempo meu amigo, como vai? – a voz de Edward se tornou mais calorosa enquanto ele e Carlisle se abraçavam em um comprimento intimo.
- Vou muito bem, mas olhe para você, onde está à criança que corria pela casa de seus pais sempre que eu estava lá? – ambos riram, eu me senti deslocada, estava prestes a sair dali quando Carlisle enlaçou minha cintura e olhou para seu amigo. – Vejo que acabou de salvar minha noiva, Isabella, esse é o Edward que eu e Rosálie tanto lhe falamos. – meu futuro marido sorriu e Edward me encarou, parecendo controlar sua expressão.
- É um prazer conhecê-la senhorita. – beijou brevemente minha mão, agindo como se nunca houvesse me visto.
- É um prazer, senhor Masen. – respondi friamente. – Senhores, se me dão licença, Alice acabou de chegar. – os homens concordaram com a cabeça e eu fugi deles, antes que outra palavra pudesse ser pronunciada, me escondendo no lavabo mais próximo.
Fechada naquele cubículo, deixei que o ar saísse de meus pulmões, eu não havia percebido que estava prendendo a respiração até que senti um dor forte no peito. Olhei meu reflexo no espelho, apesar da exuberante maquiagem eu estava pálida igual a uma morta. Minhas mãos tremiam, e vi que lágrimas ameaçavam jorrar de meus olhos.
Respirei fundo, controlando minhas reações emocionais e colocando minha postura de volta nos eixos. Eu havia deixado meu lado emocional esquecido por muito tempo, e não era agora, muito menos na frente de um homem que eu jurei odiar para sempre, que isso iria mudar.
Quando conheci Edward há dez anos atrás eu era boba e apaixonada, isso acabou, eu não era mais a garota "pobre" e ingênua, que sonhava com um futuro, eu havia crescido e isso não iria mudar, não iria retroceder, não agora.
Sai do lavabo e encontrei Alice conversando animadamente com Carlisle e Edward. Caminhei até eles com a compostura que sempre foi minha marca registrada.
- Eu disse que você ia ficar perfeita nesse vestido. O que achou titio? – ela olhou para Carlisle cheia de expectativa.
- Está belíssima, perfeita para a noite que teremos logo mais. – ele sorriu maliciosamente para mim e balancei a cabeça, soltando um leve sorriso matreiro. – Então Edward, o que achou da minha noiva? – ele perguntou ao homem que me olhava, eu podia sentir a cobiça enquanto ele me analisava.
- Você sempre teve bom gosto para mulheres Carlisle, mas admito que dessa ver se superou. Isabella é uma mulher belíssima. – ele comentou sem o mínimo receio, como se eu não estivesse ali, ou como se fosse uma artigo comprável.
- Obrigada. – inclinei levemente minha cabeça e peguei o braço de Alice, caminhando para longe dos cavalheiros.
- Que homem lindo. – Alice exclamou logo que me afastamos deles, ela era uma típica adolescente, apesar de ser mais velha, eu ainda mantinha a razão dessa amizade.
Ri dela, não querendo comentar que aquela beleza era uma arma mortal, um veneno sem antídoto, que havia me intoxicado anos atrás.
- E você viu a maneira como ele a olhou? Só faltava come-la com os olhos! – Alice exclamou, balançando as mãos no ar. – Não que meu tio não seja belíssimo, mas olhe para aqueles cabelos, aqueles olhos, aquela boca, sem falar no corpo… - minha futura sobrinha suspirou, acreditei que a qualquer momento teria que segura-la, pois estava prestes a desmaiar.
- Estou muito bem com Carlisle. – sorri indiferente para ela, que continuava a fitar a mais nova atração masculina da festa. – Alice! Controle seus hormônios! – a adverti.
- Apesar de você ser minha futura tia, continuo sendo mais velha. – ela sorriu e me abraçou. Enlaçou meu braço enquanto caminhávamos até Rosálie que acenava. Ri de minha "sobrinha", tão espirituosa e animada.
- E então o que acharam? – Rosálie perguntou, parecia que até ela não era imune ao charme do irmão.
- A festa está perfeita Rosálie, parabéns. – sorri e peguei uma taça de champagne do garçom que passava ao nosso lado.
- Ora Isabella, você é comprometida, mas não está morta. Estou perguntando o que achou de Edward? – ela disse sem nenhuma cerimônia.
- Desista Rosálie. – Alice interviu. – Já perguntei isso a ela. Sei que é seu irmão, mas preciso dizer, ele quase comeu Isabella com os olhos, e ela não lhe deu a mínima. Bell eu queria estar em seu lugar. – ela me deu um leve tapinha e eu sorri, lembrando do apelido que ela me dera desde que nos conhecemos.
- Lhe dou de presente. Com um laço se preferir. – sorri para elas e bebi o liquido de uma vez só, tentando aplacar as borboletas de meu estomago.
- Ora Isabella não me diga que ama tanto Carlisle que não consegue ver a beleza de outro homem! Sei que seu noivo é um deus, mas meu irmão também é! – Rosálie me pareceu ofendida com o desinteresse que expressei.
- Rosálie jamais disse que seu irmão não é atraente, ele é. Porém, não para mim. – sorri para ela e peguei mais uma taça com o garçom que sorriu afavelmente. Era um homem de idade, com olhos azuis que transmitiam simpatia, murmurei um "obrigada", enquanto Rosálie falava.
-… bom, parece que você é atraente para ele pelo menos. Fazia anos que não via Edward olhar para uma mulher da maneira que ele olhou para você. – peguei o final de sua frase, sem entender onde ela queria chegar.
- Não compreendo. – disse a ela com um sorriso de escárnio.
- Meu irmão é um homem retido dentro de si mesmo. Ele sai, tem companhias de uma noite, mas nunca mais que isso. Há dez anos atrás, algo assim, ele se apaixonou por uma jovem, mas ela o deixou, desde aquela época nunca se relacionou a serio com ninguém. – a encarei com descrença, não acreditando em suas palavras. Eu podia ver nos olhos daquele homem a minha insignificância, e não seriam aquelas palavras de irmã preocupada que iriam mudar minha opinião.
- Ora Rosálie, você é uma mulher adulta, acredita que um homem agiria assim? Por Deus, isso é historia da carochinha. – ri levemente.
- Você está me ofendendo Isabella, nem ao menos conhece meu irmão, não sabe a historia dele. – minha amiga pareceu magoada, e eu tive a impressão de que Edward era um assunto muito delicado para ela, onde não via ponto errados, apenas a "santidade" de seu irmão caçula.
- Desculpe-me Rosálie, não quis ofende-la. – um silêncio se instalou entre nós, nem Alice ousou quebrá-lo. – Se me dão licença, vou pedir para Carlisle para irmos, estou cansada. – Rosálie acenou levemente com a cabeça e continuou a fitar o irmão, que mantinha uma conversa animada com Carlisle e mais alguns homens.
Eu caminhei até eles lentamente, pareceu que ninguém havia me notado ali, tanto que a conversa entre homens continuou animadamente.
- Sua noiva é belíssima Carlisle… - começou Edward, sem o menor receio – diga-me, á conhece há muito tempo? – o tom do homem do meu passado era casual, mas eu podia sentir a curiosidade em sua voz mesmo sem ver seu rosto.
- Eu e Isabella estamos juntos há quase dez anos, mas como um casal a uns cinco ou seis anos, ela tinha dezessete anos quando nos conhecemos. – meu futuro marido sorriu, cheio de orgulho.
- A diferença de idade é grande, isso não o incomoda, ou a ela? – ele perguntou sem o menor receio, parecia que sua amizade com Carlisle não tinha nenhum pudor social, mesmo que os outros homens ao redor fossem desconhecidos para mim.
- Isso nunca a incomodou, há mim um pouco, no inicio, mas não agora. Quando conheci Isabella, ela tinha perdido os pais, estava sozinha no mundo e com uma herança capaz de comprar um terço de Nova York. Ela implorou que eu a ajudasse, e eu aceitei. A via como uma filha. Mas quando ela começou a mudar, deixando a adolescência para trás, eu me apaixonei… - Carlisle parecia perdido em pensamentos.
- E teve a sorte de meu coração ser seu desde o primeiro olhar é claro, baby. – me aproximei dele e o abracei, ele sorriu com um leve corar.
- Claro. – disse enlaçando minha cintura e acariciando meus cabelos - Estava procurando você meu bem. Está na hora de irmos. – ele tocou minha bochecha e selou meus lábios, ignorando os olhares a nossa volta.
- Era isso mesmo que eu ia dizer, estou cansada. – sorri para ele e para os homens ao nosso redor.
- É um homem de sorte Carlisle. – um jovem de cabelos loiros, deveria ser alguns anos mais novo do que eu, sorriu em minha direção.
- Não Alec, só serei realmente quando ela resolver aceitar meu pedido de casamento. – ele sorriu para mim e soltei uma risadinha.
- Conversaremos sobre isso mais tarde. – pisquei para ele.
As despedidas foram rápidas, Carlisle pareceu ver o cansaço em meus olhos. Enquanto me auxiliava a vestir meu casaco percebi o olhar de Edward sobre nos, que eu ignorei.
Já no carro, Carlisle segurou minha mão e perguntou se eu estava bem.
- Não estou me sentindo disposta, poderíamos deixar nossa noite para outro momento, sinto-me desgastada. – ele sorriu e acariciou meu rosto.
- Claro pequena. Vamos para casa, você parece doente, se não estiver melhor amanha, ligarei para um medico. – ele sorriu e mandou que o motorista nos levasse para o apartamento.
Carlisle não ousou me tocar. Ele sabia que constantemente eu tinha crises de enxaqueca, e deveria acreditar que aquela noite não seria diferente. Depositou um beijo em minha testa e saiu enquanto eu trocava de roupa, para dormir. Não tive vontade alguma de tirar a maquiagem ou prender meus cabelos, apenas deitei na cama, deixando que o cansaço me deixasse inconsciente por algumas horas.
O sono não veio. Eu ouvia o relógio da cozinha, um silêncio vindo da casa. Algo me dizia que Carlisle havia saído, mas não importava, ele costumava sair algumas vezes durante a noite, para atender algum problema urgente. Enquanto estávamos no carro seu telefone havia tocado, ele havia olhado o visor, e feito uma careta, em desagrado, algum problema, obvio.
Enquanto estava deitada naquela cama, eu lembrava-me da conversa de Carlisle com os outros homens, sobre a nossa historia. Eu nunca tive uma vida de princesa, apesar de nunca ter faltado nada em minha casa, meus pais se recusavam a ostentar o dinheiro que tinham, que eu só tomei conhecimento após a morte deles.
Sempre adorei ajudar as pessoas, como minha mãe. Lembro-me que sempre a acompanhava aos lares de caridade que sempre fazia doações. Me sentia útil quando lia para uma criança órfã, ou quando alimentava um bebê. Meus pais se orgulhavam desse lado de minha personalidade, diziam que era assim que eu deveria ser para sempre, e agradeço a eles por continuar assim, mesmo após tanto tempo de suas mortes.
Quando o carro em que eles estavam caiu do penhasco, e eu me vi sozinha no mundo, achei que o que existia dentro de mim acabaria, mas não acabou. Quando Carlisle apareceu em minha vida, se apresentando como advogado de meu pai, de negócios, que para mim até aquele dia eram desconhecidos, eu já havia começado a lutar contra os advogados que vinham a minha procura, decididos a me levar para um abrigo de órfãs, já que não tinha mais família nenhuma.
Ele assumiu minha guarda, e me ajudou com os tramites legais em relação a minha herança e todo o resto, eu seria grata a ele para sempre. Revelou-me os negócios de meu pai, nada que fosse ilegal, segundo ele, eu só não fui incluída naquele mundo, porque meu pai gostaria que eu tivesse uma vida normal, e assim foi até os meus dezessete anos.
Ele disse que sua vida estava estabelecida na França, e eu não me importei em ter que ir embora, não havia nada naquela cidade que realmente importasse, antes mesmo da morte de meus pais eu queria ir embora, eles sabiam de meu desejo e dos motivos, então sabia que me apoiariam, independente de onde estavam.
Eu me estabeleci com facilidade na cidade, familiarizada com a língua. Carlisle me colocou em um colégio regular, para moças, e tentava me fazer feliz, ele conseguiu, apesar de sempre comentar que havia uma tristeza em meu olhar que estava sempre presente, mesmo nos momentos mais alegres.
Quando no ano seguinte completei a maioridade ele me perguntou o que pretendia fazer. Pedi que me deixasse ficar com ele na França, disse que gostava do país e que era meu novo lar. Ficou mais do que satisfeito com minha decisão e depois que começamos um relacionamento eu não podia dizer que minha vida não era perfeita.
Quando me formei em advocacia ele disse que finalmente poderia aparecer para o mundo, agora como sua futura esposa, eu não me opus, gostava de vê-lo feliz, e vi que aquele ato o levaria ao ápice da felicidade. Eu era muito grata a Carlisle, mas gratidão não era o suficiente para me levar ao casamento. Recentemente pensei em romper nosso compromisso, mas não conseguia imaginar agir de tal forma com o homem que salvou minha vida, a única coisa que eu tinha certeza era a de que não podia me casar, não antes, nem agora.
O sono se aproximou, enquanto eu planejava em ir visitar as crianças do orfanato no qual eu fazia trabalho voluntario desde que me estabeleci em Paris. Eu sentia falta deles e sabia que seria bom vê-los novamente.
A luz do sol entrou pelas cortinas abertas e eu cobri meus olhos da claridade. Passei meus dedos pela cama, mas o corpo de Carlisle não estava lá. Procurei pelo quarto, nenhum sinal dele, ele não havia passado à noite em casa, parecia que o problema com seu trabalho era maior do que imaginei.
