Esta história é uma fan fiction sobre a obra de Charlaine Harris, Southern Vampire Mysteries. Algumas personagens e passagens tem direitos de autor pertecentes a CH.

CAPÍTULO 1

CPOV

''Esconde a estaca de madeira por dentro do casaco…'' – ouvi

Estava na casa de banho a rectificar a maquilhagem e automaticamente fiquei em alerta. ''Estaca de madeira?'' – perguntei mentalmente.

As vozes soavam através da parede, directamente da casa de banho dos homens. Soube imediatamente do que estavam a falar. Os vampiros que estavam na festa!

Para a inauguração no novo centro de congressos da cidade todos os grandes empresários tinham sido convidados e isso incluía também a comunidade vampírica.

O centro de congressos estava situado num edifício centenário devidamente restaurado para o efeito. Grandes salas com alto pé direito podiam ser utilizadas por empresários para as suas reuniões e o auditório no piso inferior podia receber seminários e palestras de qualquer ordem. Eu estava aqui em representação da empresa onde trabalho, que foi responsável por parte da renovação do edifício. O edifício tem um amplo terraço à altura de um quarto andar, ricamente decorada com estátuas de mármore, árvores e plantas raras. Para a festa de inauguração foram distribuídos algumas mesas de buffet e alguns sofás tipo ''chaise-long'' de pele branca para os convivas poderem confraternizar com mais conforto. Empregados vestidos de fato, camisa e gravata preta circulavam com bandejas reluzentes distribuindo champanhe.

Era uma festa com traje a rigor. Os homens usavam fato e gravata preta com camisa branca e as mulheres longos vestidos compridos de estilistas conhecidos.

Eu escolhi um vestido vermelho de uma só alça, justo ao corpo, com uma cauda de chiffon que balançava à medida que eu me deslocava. A noite estava fria mas as mulheres têm a capacidade de suportar baixas temperaturas desde que estejamos lindas e sexys!

Cheguei cedo à inauguração. Encontrei vários colegas e andava a circular, cumprimentando os conhecidos, quando os vi entrar.

À frente vinha o alto e loiro. Tinha uns olhos azuis extremamente brilhantes e o cabelo apanhado num rabo-de-cavalo. Apercebi-me na hora de que eram vampiros, já os vou reconhecendo quando os vejo. Muito pálidos e de olhos muito parados. Ao contrário dos humanos, os vampiros parecem sempre ignorar tudo o que os rodeia. O loiro era lindo e trazia vestido um fato de tom claro e uma gravata verde água que contrastava com a forma de vestir de todos os outros homens na festa. Atrás dele vinha uma vampira, loira platinada e muito sexy. Trazia um vestido rosa colado ao corpo que evidenciava cada uma das suas curvas e o cabelo apanhado no alto da cabeça. Por fim acompanhava-os um outro vampiro, mais baixo que a mulher, moreno de olhos castanhos e cabelo cheio de gel. Vinha todo de preto o que quase o confundia com os empregados. Parecia o mais entediado dos três!

Não evitei um ''Uau!'' quando vi o loiro. O meu amigo André com quem eu estava a falar nesse momento largou uma gargalhada.

- Catherine, também tu?

- Também eu o quê, André?

- Também tu te tornaste uma fan de vampiros?

Nem fan nem nada que se lhe pareça - pensei. Nunca conheci nenhum de modo que não posso ter uma opinião formada.

- O loiro é o homem mais bonito que já vi – disse-lhe

- Cat, não é um homem é um vampiro!

- Ou isso! – disse-lhe rindo

Fiquei a admira-los mais um pouco. Os outros convivas foram aos poucos aproximando-se do trio. Cumprimentavam e eles respondiam com um ligeiro aceno de cabeça.

Pela reverência que os humanos lhes prestavam percebi que deviam ser conhecidos no meio empresarial nacional. Sabia que alguns vampiros eram empresários e que empregavam outros. Havia ainda alguns que ninguém sabia do que viviam mas todos pareciam ter dinheiro. Quem tem a vida eterna provavelmente arranja forma de amealhar fortuna.

- Sabes quem são? – Perguntei ao André

- Ai, ai, Cat!

- Curiosidade apenas! Sabes ou não?

- O loiro – respondeu o André – é Eric Northman e segundo se diz, um dos vampiros mais antigos e mais temido também. Sei que é empresário e que tem um bar chamado Fangtasia, mas não me parece que seja a sua única fonte de rendimento. Pelo menos já vi o meu chefe a responder-lhe a e-mails e alguns onde o teu chefe também era um dos destinatários.

Já tinha ouvido falar do Fangtasia mas não fazia a mais pequena ideia de que negócios falariam os nossos respectivos chefes com ele.

- Sério?

- Sim, não sei bem que tipo de negócios existe entre eles mas mais que não fosse, como podemos ver aqui todos os homens de negócios da sala lhe estão a prestar vassalagem. Isso não vem apenas por ser proprietário de um bar!

- E os outros dois?

- Não sei. A loira sei que trabalha no Fangtasia pois já lá a vi…. – e calou-se de repente

- André! Afinal quem é que é fan de vampiros? - disse entre gargalhadas

- Ora um homem tem que se divertir e uma noite fui ao Fangtasia com amigos!

- Sei, sei!

Aceitei um copo de champanhe e resolvi ir à casa de banho e foi quando a voz vinda do outro lado da parede me chamou a atenção. Tentei ouvir melhor.

As vozes faziam eco e só percebia algumas palavras. ''Prata'', ''estaca'', ''loiro''.

Sem pensar sai da casa de banho das mulheres e entreabri uma frincha para a casa de banhos dos homens. Só conseguia ver um dos ocupantes e percebia que falava com pelo menos mais duas vozes. Estava vestido como os empregados que circulavam com as bandejas de copos e tinha uma estaca de madeira pontiaguda numa das mãos.

Percebi na hora o que aquilo significava. Aqueles homens preparavam-se para atacar o Eric e restante comitiva. Instantaneamente tirei o telemóvel da mala e liguei para a polícia, enquanto corri. Atenderam antes de eu conseguir transpor as portas de vidro que davam acesso ao terraço e expliquei rapidamente o que se estava prestes a passar. Abrandei quando a mulher polícia que me atendeu o telefone pareceu indecisa sobre o que fazer sobre um ataque a vampiros. Não era hora de entrar em debates telefónicos sobre os direitos dos vampiros e ignorei o seu breve silêncio á minha denúncia. Estava quase perto do trio quando consegui desligar o telemóvel e avancei a correr para eles.

Imediatamente seis olhos letais fixaram-se em mim e eu nem pensei:

- Vocês correm perigo! – gritei e nem tive oportunidade de me aperceber do que se passou em seguida.

Naquilo que me pareceu apenas um segundo a loira agarrou-me por um braço e ouvi o som dos meus ossos a estalar. A dor foi dilacerante e cai de joelhos ficando o meu braço preso na tenaz que era a mão gelada da vampira.

Faltou-me o ar e tentei com todas as minhas forças não desmaiar com a dor. Sem saber como, ignorei a dor que sentia e o ar que me queimava nos pulmões e levantei a cabeça e olhei Eric directamente nos olhos.

Ele olhava para mim como quem olha para uma formiga antes de a esmagar só pelo gozo de aniquilar uma vida insignificante e eu, sem saber como, falei, agora calmamente e em tom consideravelmente mais baixo:

- Estão uns homens na casa de banho dos homens… - parei para respirar - ….estão armados com estacas…estão vestidos de preto…. – e acabou-se-me a força para falar.

Estava a transpirar apesar de a noite estar gelada. Parecia que tudo se desenrolava a uma velocidade alucinante que não me permitia ver correctamente. A loira já não me estava a esmagar os ossos do braço, ouvia sirenes das forças policiais a chegar e pelo menos dois homens vestidos de preto estavam agora caídos no chão, inconscientes. Um deles tinha uma corrente de metal numa das mãos que pensei que deveria ser feita de prata. O vampiro moreno tinha uma estaca de madeira numa das mãos. Os três tinham as presas completamente estendidas e pareciam rosnar aos corpos inanimados.

Mãos quentes ajudaram a levantar-me do chão. Era o André. Falava comigo e eu não o conseguia ouvir. Os meus ouvidos apitavam!

Respirei fundo várias vezes para tentar acalmar o meu batimento cardíaco que parecia que estava a mil à hora. O meu braço esquerdo parecia morto do cotovelo para baixo e tinha uma forma estranha. Consegui equilibrar-me sozinha.

A festa estava transformada num enorme alvoroço. Humanos que olhavam incrédulos, policias a entrar, o André que me perguntava insistentemente se eu estava bem e os três vampiros muito quietos, como estátuas a guardar os seus prisioneiros.

- Estou bem…. – consegui finalmente dizer

- Vou chamar um médico!

O braço doía-me horrores e só pensei em sair dali para procurar auxilio médico. Sem hesitar procurei a saída sem dizer mais nada a ninguém.

Saí do prédio e fiz sinal a um táxi que parou ao meu lado.

- Para o hospital por favor – disse

Quando o táxi arrancou, olhei para cima na direcção do terraço. Sob uma das luzes brancas que iluminavam a festa vi um vulto alto vestido de tom claro a olhar na minha direcção.