Título: Um Toque Feminino
Autora: Crica (sem Beta, por minha conta e risco)
Fandon: BONANZA
Classificação: Livre
Gênero/categoria: Western/família
Sinopse: Ben casou-se com Marie em Nova Orleans e retorna à Ponderosa. Em seu coração, a felicidade de um novo amor e a apreensão a respeito da reação de seus filhos diante da novidade.
Nota da autora: Bonanza e seus personagens não me pertencem, são de David Dortorf e da NBC. Esta é uma obra de ficção, escrita por uma fã apaixonada, sem qualquer fim lucrativo. Pura farra.
Não sei se alguém, em outro idioma já escreveu algo parecido com o enredo desta historinha, mas decidi fazê-lo. Gosto de preencher espaços vazios. Momento pré série.
UM TOQUE FEMININO
Haviam se passado três semanas desde que deixara Hoss e Adam aos cuidados do casal Sheridan, seus vizinhos e amigos, para tratar da venda do gado em Nova Orleans. Tempo demais longe de seus garotos. Seu coração batia acelerado dentro do peito, mais rápido do que as rodas da diligência conseguiam girar sobre o terreno acidentado.
Ao longe, era visível a fronteira de Ponderosa, marcada pela cadeia de montanhas de cume azulado. A mais bela imagem que tivera a oportunidade de ver em toda a sua vida, não importando o quão longe tivesse ido em suas viagens ou quantas vezes parasse para observá-las. A sensação de estar chegando em casa era um alívio, apesar de, nos últimos dias ter vivido um romance relâmpago precedido de muita confusão e até um duelo, mas o fato de estarem ali, os dois, tão ao alcance de seu porto seguro, o fazia respirar de forma diferente.
Os solavancos obrigavam a bela mulher que segurava sua mão esquerda a apertar os olhos de quando em vez, engolindo um soluço. Bem imaginava o quanto estaria sendo difícil para Marie aquela viagem dura e longa. Ele sorria sozinho, perdido em seus pensamentos, quando pousava os olhos sobre a dama refinada que se dispusera a deixar o conforto e a vida agitada de uma cidade grande para segui-lo ao meio de um lugar perdido, assumindo para si a missão de cuidar de duas crianças que sequer eram suas. Ele a amava. Não importava que a tivesse conhecido há apenas algumas semanas. Amava-a do fundo do coração e tinha certeza de que Marie correspondia ao seu sentimento.
Naquele tempo, a cidade de Virgínia não era mais que um povoado, com uma única rua ladeada por barracões, um estábulo e, claro, um bar movimentado. Homens mal cheirosos e truculentos se espalhavam por todo canto indo e voltando dos acampamentos mineiros. Ben sabia que aquele não era um ambiente saudável para uma senhora e tratou de conseguir uma carroça para levá-los até o rancho no momento em que as portas do transporte empoeirado se abriram. Ansiava por chegar logo à sua casa e dar um pouco se sossego à sua esposa que, mesmo aparentando serenidade e sorrindo-lhe sempre com carinho, sabia estar exausta e, talvez, um tanto assustada.
Minutos depois, o alvoroço da pequena vila havia ficado para trás. Na estradinha aberta, a caminho de Ponderosa, a brisa suave da primavera soprava em seus rostos. Agora faltava pouco. Logo, logo estaria com seus queridos filhos e apresentaria a eles sua nova mãe.
No momento em que pronunciou, silenciosamente, a palavra mãe dentro de seu cérebro, um arrepio correu pelo corpo do Cartwright: Seus filhos nunca tiveram efetivamente uma mãe e não lhe havia ocorrido que talvez os meninos pudessem resistir à presença constante de uma mulher na casa, principalmente para ocupar o lugar de suas mães. Seu sangue gelou dentro das veias e sentiu-se nausear. Voltou seu olhar para Marie e percebeu que ela torcia os dedos das mãos entrelaçados, em sinal de preocupação. O rosto da jovem senhora demonstrava tensão, mesmo com o sorriso amarelo que dispensara ao marido, ao perceber-se observada por este. Era claro que os pensamentos que, só agora assaltavam o coração de Benjamin, já estavam em Marie. As mulheres percebem essas coisas, pensou ele. Elas vêem além e tinha a mais absoluta certeza de que sua esposa temia o encontro com seus filhos.
A casa grande se destacava na paisagem, ao longe. Um descampado, um celeiro e o coche, onde alguns homens pinoteavam sobre cavalos bravos. A cena parecia saída de um livro para a moça da cidade grande.
Ao passar da carruagem, aqueles homens vistos ao longe, agora parecendo ainda mais brutos e suados, saudavam seu marido com acenos amistosos, aos quais ele respondia cordialmente com outros acenos e sorrisos. Marie viu o rosto de Benjamin iluminar-se e ganhar outros ares. Ele estava em casa. Estava feliz e, por nada no mundo, permitiria que algo roubasse de seu amado aquela expressão.
Assim que ganharam o pátio, duas crianças saíram em alvoroço da grande casa de madeira, acompanhados por uma senhora pequena de cabelos grisalhos. Ben estacionou a carruagem e saltou, correndo em direção aos meninos que pularam em seu pescoço. Ele agora estava completo.
Marie permaneceu na carruagem totalmente esquecida pelo homem que a trouxera até ali, mas não reclamou ou zangou-se. Isso deu-lhe tempo para analisar a situação e conferir o que esperava por ela. Deteve seu olhar, primeiramente, no menino menor, de cabelos loiros, muito lisos e brilhantes olhos azuis. Benjamin lhe havia dito que seu filho mais moço contava agora quase seis anos, mas o garoto era muito maior do que imaginara, quase alcançando a altura do mais velho. Depois, levou o olhar ao outro menino, muito contido, porém não menos emocionado com o retorno do pai. Adam, como sabia ser seu nome era já um rapazinho com seus onze anos e meio e pensou ter ele uma expressão bastante compenetrada para alguém de sua idade. Marie reparou que o menino maior, imediatamente notou sua presença, lançando-lhe um olhar curioso, mas não proferiu uma palavra a respeito. Aquele menino moreno, com as duas mãos enfiadas nos bolsos da calça comprida, aguardou pacientemente até que seu pai fizesse toda a festa que o menor exigia para saber o viria a seguir.
_ Calma, calma, Hoss! – Ben colocou seu filho caçula de volta ao chão _ Você está muito agitado! Estou de volta e não pretendo viajar novamente tão cedo, meu filho, então teremos muito tempo para matar a saudade, certo?
_ Está bem, pai. – o menino ajeitou a camisa que estava toda enrolada no peito e passou a mão no cabelo, jogando a franja para trás.
_ Como estes pestinhas se comportaram, Emma? – O pai dirigiu-se à senhora que observava a cena, divertida _ Deram-lhe muito trabalho?
_ Oh, não, Ben! – Emma depositou suas mãos sobre o ombro de cada um dos meninos _ Eles são umas joias de crianças. Precisando, pode chamar-me que virei olhá-los com todo o prazer.
_ Você é uma boa amiga – apertou as mãos da senhora Sheridan e sorriu abertamente _ Nâo tenho como agradecer!
_ Já disse que não há porque agradecer – Beijou o alto da cabeça de Hoss e depois de Adam.
_ Pai, o senhor disse que ia trazer uma surpresa – Hoss abriu mais os olhos e alargou o sorriso desdentado na frente _ Trouxe presentes para nós? Trouxe, pai?
_ Fique quieto, bobalhão! – Adam reclamou, batendo atrás da cabeça do irmão _ Não está vendo que a surpresa é outra? Como pode ser tão bobo?
_ Não fale assim com seu irmão, filho – Bem repreendeu o mais velho _ E, sim, Hoss, eu trouxe presentes para os dois e para Emma também, mas não era a essa surpresa a que me referia no tolegrama.
_ Não? – o menino menor levou as mãos à cintura, intrigado _ E o que pode ser mais surpreendente do que um presente?
Os adultos tiveram que rir com vontade diante da expressão do menino robusto.
Benjamin encaminhou-se até a carruagem e estendeu a mão para a bela mulher que o aguardava; tomou Marie nos braços e auxiliou-a a descer do transporte, conduzindo-a ainda pela mão, até perto de seus filhos.
_ Adam, Hoss, Emma, esta é Marie.
Houve uma espécie de coro dos três com um, 'é um prazer, senhora' que provocou uma pequena risada à dama de Orleans.
_ É um imenso prazer conhecê-los também – ela respondeu amistosa _ Benjamin falou muito de todos.
_ Ei, pai... – Hoss acenou para que o pai abaixasse à sua altura e perguntou-lhe ao ouvido _ Essa moça é a tal surpresa? – E ao aceno positivo do pai, continuou: _ Ela é bonita pra caramba! O senhor vai namorar com ela? Ela bem que poderia ficar e fazer de conta que era a nossa mãe, o que o senhor acha?
Ben não pode conter a gargalhada. Hoss havia espantado de uma vez todos os seus temores e, aproximando-se, segredou ao pequeno Cartwright:
_ Por que você não pergunta diretamente a ela, filho? Quem sabe, com todo esse seu charme e entusiasmo, poderia convencê-la?
_ Está certo, pai. – o menino piscou, matreiro, um olho para o pai e dirigiu-se à senhora que estava ao lado dele _ Madame, - o lirinho se empertigou todo _ É uma honra ter a senhora em Ponderosa e nós ficaríamos muito felizes se pudesse ficar por muito, muito tempo e, quem sabe até, namorar o pai. Ele é muito sozinho, sabe?
_ Hoss! – Adam sentiu o coração saltar pela boca _ Olha moça – afastou o mais novo para o lado _ Não lique para o meu irmão. Ele não é muito bom da cabeça e sai falando um monte de bobagens e...
_ Adam... – Ben interferiu _ Tudo bem, filho.
_ Senhor Hoss – Marie fez uma mesura e sorriu, contente _ Será o meu prazer permanecer neste belo lugar na companhia de três cavalheiros tão distintos e charmosos – Estendeu a mão para o menino, que a beijou, satisfeito.
_ Ei, pai, acho que ela vai ficar – sorriu mais abertamente outra vez _ Agora podemos ver os presentes, podemos?
_ Claro que sim, meu garoto! – Cartwright tomou os dois filhos num abraço e encaminhou-se para dentro da casa seguido pelas duas mulheres _ Você não vai acreditar no que seu pai trouxe para vocês lá de Nova Orleans!
CONTINUA EM BREVE.
Meus mais sinceros agradecimentos, pela audiência, paciência e qualquer comentário.
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