N/A: Infelizmente, eu não tive outra opção a não ser deletar a antiga versão da história e reeditá-la. Fiquei indecisa sobre deletar por conta das reviews queridas que eu tinha, mas como vocês bem sabem, os textos estavam impossíveis de serem lidos. Por conta disso, reeditei todos os capítulos e me permiti a mudar um pouco o rumo da história, porquê na versão original eu tive a audácia de fazer a trama se passar no período do Natal no Japão, em uma praia! E a gente sabe que no Japão o Natal é comemorado no inverno, ou seja...ficou muito desconexa. Espero que vocês gostem da nova versão, pelo menos agora dá pra ler de forma decente! Enviem seus comentários, não demora nadinha e é uma ótima forma de incentivo para a autora! Um beijo! LS


HAPPY HOLIDAYS!

Capítulo 1

O ano passou voando. O último mês então, nem se fala; estive atolada de trabalho com artigos, matérias e publicações para as festas de final de ano e cheguei à conclusão de que esse tipo de esforço não é para qualquer um. Isso tudo exige tempo, paciência e muitas, muitas xícaras de café.

Graças à minha dedicação fui consagrada a melhor jornalista da agência em que trabalho e é realmente gratificante receber elogios de todos após tantos dias dedicados a uma coisa só. Mas, como ninguém é de ferro, é lógico que eu estava precisando de férias como jamais precisei antes.

Não havia planejado nada para as festas, eu só pensava em dormir, relaxar, comer e assistir televisão. Quando faltava uma semana para o Natal, meu telefone tocou no meio da noite. Era muito raro eu receber telefonemas naquele horário, porque geralmente estava me afundando no teclado do computador, com o bumbum quadrado de tanto ficar sentada escrevendo. Todos sabiam disso e, por isso, costumavam me ligar de manhã.

Geralmente era mamãe querendo jogar conversa fora sobre alguma matéria interessante que viu na televisão sobre os animais de Madagascar ou sobre receitas culinárias exóticas, ou algum histérico da empresa implorando por informações que nem eram de minha responsabilidade (acontecia direto).

-Moshi moshi.

-Pode ir injetando ânimo nessa voz porque tenho uma proposta tentadora para te fazer!

-Yusuke?

-E aí, como você 'tá?

Mesmo depois de todos os casos resolvidos como Reikai Tantei, Yusuke e o pessoal nunca tinham desfeito os laços de amizade, mesmo porque haviam se estreitado demais depois de tudo o que passaram juntos. É claro que não nos víamos mais com tanta frequência, afinal, todos estavam bem mais ocupados com seus empregos, faculdades, entre outros. E por conta disso, eu ficava muito feliz cada vez que encontrava com um deles.

-Estou ótima. Linda. Esta semana consigo sair de férias.

-Que ótimo, foi exatamente por isso que eu liguei.

-Qual é a sua proposta indecente? Olha que eu conto para a Keiko, hein...

-Menina, se liga. Eu lá sou cara que faz proposta indecente para alguém? – respondeu num tom nervoso.

-É pra responder?

-Não.

-Ótimo. Sou toda ouvidos!

-Nós queremos que deixe essa vida de enclausurada de lado e venha passar as festas de final de ano com a turma na praia!

Senti o coração acelerar de ansiedade; eu amava praia, mas nunca tinha tempo para visitar alguma. Parecia um convite bem interessante, exceto pelo fato de que não estávamos no Brasil, mas no Japão, onde dezembro era coberto pelo clima frio e chuvoso durante todos os dias.

- Mas Yusuke, é inverno. Como você quer ir para a praia?

-Obviamente não iremos a uma praia japonesa. Para isso existem as passagens aéreas para destinos quentes e paradisíacos, como o que nós escolhemos, por exemplo.

Eu senti meu estômago parar na garganta, de tanta excitação.

-Qual destino?

-Bali.

Quando escutei que estava sendo convidada para fazer uma viagem de final de ano até Bali, senti meus joelhos tremerem e o sangue gelar. Era simplesmente meu sonho de consumo desde uma matéria que havia feito sobre o turismo no local, uns dois anos antes.

-Você 'tá brincando. – disse, não acreditando naquilo.

-Claro que não. Aliás, não é nem um convite, é uma intimação, uma vez que já compramos sua passagem.

-O QUÊ?

-Nós só gostaríamos de garantir o seu lugar, depois você me paga. Vamos Botan, há quanto tempo você não faz uma viagem como essas? É uma praia fantástica, você precisa ir com a gente.

-Mas é claro que eu vou! Só Deus sabe o quanto babei por essas praias enquanto fiz um artigo sobre elas.

-Então se programe com os seus compromissos, porque nosso vôo está marcado para o dia 23 de dezembro, às seis da manhã. Você vai ter tempo de resolver tudo antes de ir?

-Ora, se "resolver tudo" se resume em eu não ter conseguido montar minha árvore de Natal este ano, lógico que eu terei tempo.

-Maravilha! Marcamos uma reunião no domingo na casa de Kurama para acertar os detalhes.

Assim que desliguei o telefone tive um surto de felicidade e saí gritando pelo apartamento como se tivesse sido assaltada, assustando até minha pobre gata.

-Mas...Mas eu nem montei minha árvore de Natal!


Eu adorava compras para viagens de final de ano e, sinceramente, nem sabia há quanto tempo não fazia aquilo. Keiko, Shizuru e eu parecíamos três alucinadas andando pra lá e pra cá, atrás de roupas, biquínis e acessórios para a nossa viagem de luxo. É claro que dispensamos todo tipo de ajuda masculina para aquela ocasião, porque queríamos o máximo de tempo possível dentro de um Shopping Center, situação esta que sabíamos que nossos amigos não suportariam por mais de trinta minutos.

Depois de quase cinco horas no estabelecimento, já estávamos abarrotadas de sacolas e pacotes e nos entreolhamos, exaustas.

-Meninas, não está faltando nada, não é? – Keiko perguntou ofegante, como se suas sacolas pesassem três toneladas (o que eu não me assustaria).

Eu adorava shopping centers, mas depois daquelas compras, não desejava mais pisar na calçada de um por um bom tempo – ou até que minhas finanças estivessem completamente recuperadas daquele rombo por causas festivas. Por conta disso, apenas acenamos positivamente, com o intuito de sair de lá o mais rápido possível.


No domingo, todos estavam reunidos na bela casa de Kurama, situada em um bairro nobre de Tokyo. Era de se esperar que tudo ali fosse de bom gosto, visto que seu dono era aquele ruivo de olhos verdes que, para falar bem a verdade, me obrigava a suspirar em todas as vezes que eu o via.

Para se ter idéia do quão prestativo e maravilhoso aquele rapaz era, ele mandou preparar um jantar especialmente para nos receber. Estavam todos lá: Koenma, Yusuke, Hiei e Kuwabara, Keiko e Shizuru, e eu não pude deixar de me surpreender quando vi que, além dos meus amigos mais íntimos, ainda estavam presentes Jin, Toya, Suzuki, Tiyu, Rinku e Shishiwakamaru. Era no mínimo curioso incluí-los em uma viagem entre amigos, porém eu sabia que seria divertido, uma vez que Jin e Tiyu estariam juntos conosco.

Entre conversas sobre assuntos diversos e comentários, Kurama chamou a atenção de todos ao bater com um garfo em sua taça de vinho. Por educação, todos ficaram e silêncio e voltaram as atenções para o anfitrião.

-Bem, como vocês sabem, estamos reunidos aqui porque, além de hoje ser um domingo ótimo para reunir os amigos, vamos acertar todos os detalhes sobre a viagem – todos concordavam conforme ele ia se pronunciando – Pois bem. As passagens de todos já estão garantidas, pelo que sei. – nesse momento em especial ele me direcionou um olhar de confirmação que, embora mostrasse um pouco de seriedade, continha alegria também (ou o vinho já estava começando a fazer efeito e eu estava imaginando coisas).

-A minha passagem já está certa, Keiko e Yusuke compraram para mim – anunciei. Após mencionar esse detalhe, um falatório começou. – E eu já os reembolsei. – silêncio novamente.

-Ficamos muito felizes em saber que irá conosco, Botan. Apesar de te convidarmos em cima da hora, sabemos que não irá se arrepender de colocar os pés em um lugar tão bonito quanto Bali. – Kurama disse, o que me fez sentir algo se remexendo dentro do meu estômago.

Eu consegui ter forças para sorrir de volta, embora minha vontade fosse vomitar um arco-íris de felicidade por ter recebido um pouco mais de atenção da parte dele. Afinal de contas, que mulher não se apaixonaria por ele?

-Bom galera, o nosso vôo sai às seis da matina. É bom que todos estejam lá às cinco e vinte da manhã, para impedir qualquer imprevisto que nos atrapalhe. – Yusuke disse, brincando com um garfo entre os dedos.

-Qual é o tempo de viagem mesmo? – Tiyu questionou, bebendo um gole de saquê.

- Onze horas. – Yusuke respondeu, sorrindo zombeteiro.

-O QUÊ? – Tiyu berrou. Kurama apenas apertou um pouco os olhos, demonstrando que não gostava que gritassem em sua casa. – Me desculpe. Onze horas?

-É, minha gente. Ainda faremos uma escala, por isso vamos demorar um pouco. Mas com certeza seremos recompensados quando chegarmos ao nosso destino. A Keiko vai mostrar 'pra gente as fotos do resort onde iremos ficar hospedados. – Yusuke disse, por fim.

A aparelhagem eletrônica já estava toda ligada e Keiko apenas executou um aplicativo de fotos que estava dentro do seu pendrive. Eu não sei dizer exatamente qual foi minha reação ao ver as fotos.

Todos estavam visivelmente chocados com a beleza daquele lugar.

-Tem certeza de que é aí que vamos ficar? Não estão enganando a gente? – Kuwabara perguntou, ingênuo.

-Claro que é aí, idiota, ou você acha que estamos pagando caro para ficar em uma espelunca qualquer? – Hiei aproveitou a oportunidade para provocá-lo.

-Cale a boca, seu estúpido, nunca se sabe!

-É muito bonito mesmo! – Jin exclamou – Quem teve a idéia de ir para Bali?

Um silêncio se fez à mesa, o que estranhei de início.

-Bem, eu me lembro que uma vez Botan comentou que estava empolgada escrevendo um artigo sobre o turismo em Bali – eu quase engasguei e cuspi o vinho que estava tomando na cara de Koenma, que estava à minha frente, após ouvir aquilo. Ele se lembrou? Fazia mais de dois anos! – Achei que seria um destino interessante para reunirmos todos e comemorarmos o natal e a virada do ano.

-Parabéns, mal posso esperar para chegar! – Koenma estava visivelmente agitado por conta da viagem.

-Então é isso. Arrumem as malas e nos encontramos sexta-feira de madrugada no aeroporto internacional. – Kurama encerrou o assunto.


A minha mala não era suficiente para abrigar a monstruosidade de coisas que eu planejava levar na viagem. Olhei desesperada para a cena grotesca: a mala parecendo uma boca de jacaré aberta, cuspindo roupas e biquínis para fora. Cogitei a hipótese de me sentar em cima para tentar fechá-la, mas parecia impossível de verdade.

A única solução era dividir tudo em duas malas, ou eu teria que deixar de levar algumas coisas (o que, definitivamente, eu não queria).

Olhei para o relógio e quase fiquei surda com o meu próprio grito: eram quase onze da noite, eu ainda não tinha tomado banho e tinha que estar acordada dali à algumas horas para ir até o aeroporto. Kurama tinha feito a gentileza de se oferecer para me buscar para irmos até o aeroporto, já que ele tinha um motorista especialmente para isso.

Já havia deixado minha gatinha aos cuidados da minha vizinha, uma senhora muito fofa e que adorava gatos. Então, era só me mandar para debaixo do chuveiro, besuntar o rosto com creme rejuvenescedor e dormir como uma princesa.


Era uma bela paisagem ao fundo, e eu estava deitada na areia, vestindo apenas um vestido de algodão. O sol estava se pondo, mas eu podia sentir uma agitação no ar. Em cima de mim havia um homem maravilhoso, com longos cabelos prateados e corpo escultural, e acariciava meu rosto com uma das mãos, enquanto a outra era usada como apoio na areia.

O rosto dele estava se aproximando demais do meu, em uma velocidade baixa, porém sedutora. Ele ia chegando próximo ao meu ouvido, entreabrindo os lábios como se fosse dizer algo, quando de repente-

Uma buzina muito alta me acordou daquele sonho maravilhoso. Apesar de eu morar no quinto andar, podia escutar aquele barulho estridente como se o carro estivesse ao lado da minha cama.

-Ai, meu Deus!

Levantei imediatamente da cama e fui olhar a janela.

Era o carro de Kurama. Eu estava acabando de acordar. Eu não estava pronta. Eu queria morrer.

Com uma agilidade que eu desconhecia que possuísse, me vesti (porque tinha sido organizada o suficiente e separado minha roupa na noite anterior), escovei os dentes e me maquiei, escovei os cabelos e peguei minhas duas malas monstruosas. Antes de sair do apartamento, lancei um olhar triste à caixa da minha árvore de natal, solitária e empoeirada, jogada em um canto da sala. Me desculpei mentalmente com ela e fui embora.

Quando saí do prédio, Kurama tratou de vir me ajudar imediatamente com as malas, pedindo para que seu motorista ajudasse também. Nos cumprimentamos e fiquei totalmente hipnotizada pelo perfume que ele usava. Mas que droga! Kurama, você quer fazer o favor de parar de ser tão perfeito?

Entramos no carro e ele logo foi contando sobre como estava ansioso para aquela viagem e como foi uma ótima idéia escolher Bali como destino. Durante o trajeto – que graças a Deus não estava congestionado por conta do horário – nós trocamos diversas informações sobre a cultura e as tradições do lugar, e acabamos nem sentindo o tempo passar.

Chegamos ao aeroporto no horário combinado e encontramos todo o pessoal reunido.

-Gente, o que vocês acham de tomarmos um café para acordar? Eu estou morrendo de fome! – sugeri, e todos concordaram prontamente.

-Eu acho que preciso fumar todos os cigarros do mundo antes de fazer essa viagem. – Shizuru comentou e logo viu que Tiyu concordou com ela. Ambos tomaram o café e foram para a área de fumantes, enquanto os outros conversavam animadamente sobre a viagem.

-Eu estou com medo de me deparar com aqueles espetinhos nojentos que o pessoal come por lá. – Yukina estava se referindo aos famosos espetinhos de gafanhoto.

-Não se preocupe, Yukina-chan. Em Bali a comida é bem variada, tem comida italiana, mexicana, japonesa...Quando eu fiz o meu artigo, descobri um prato que sempre quis experimentar.

Ela prendeu a respiração, esperando um prato que fosse tudo, menos comestível.

-Nazi goreg ayam. Arroz, frango e legumes. Parece bastante saboroso e acredito que todos aqui vão gostar.

-Graças a Deus, Botan-chan. Parece ser bem gostoso. – ela sorriu enquanto tomava uma xícara de chá.

-Já ouvi falar de uma comida muito comum por lá que se chama babi gurlin, feita de carne de porco e arroz. – Kurama acrescentou.

-Viu só, Yukina-chan? Vamos encontrar coisas deliciosas por lá. – sorri para ela, mas congelei quando vi Kurama me olhar fixamente após pronunciar aquela frase. Corei até o último fio de cabelo e não sabia aonde enfiava a cara. Certamente jamais tive a intenção de carregar aquela frase com duplo sentido, mas não era o que parecia.

Yusuke começou a falar de um outro assunto que fez a atenção de todos desviarem, inclusive a de Kurama. Aproveitei a oportunidade para ir até o caixa pagar minhas despesas, quando olhei para o relógio e vi que estava quase na hora.

-Pessoal, vamos?

Todos concordaram, pagaram suas despesas e se dirigiram até a sala de embarque.

-Minha nossa, Botan. Vão prender você por excesso de bagagem! – Kuwabara começou a caçoar de mim.

-Eu sou mulher, portanto eu posso. – sorri sarcasticamente para ele, que ficou sem resposta.

-Quer dizer então que você será nossa guia turística? – Suzuki perguntou divertido.

-Bem, não posso afirmar que conheço tudo em Bali, mas tenho bastantes informações sobre pontos turísticos e locais para a gente se divertir. – respondi sorridente, com os olhos brilhando de emoção ao me lembrar das imagens que eu tinha em arquivo por conta do artigo.

-Só aquele resort já é de encher os olhos. – o loiro comentou.

-E tem muito mais. Vocês não vão acreditar, mas aquilo é quase o paraíso! – comecei a me exaltar enquanto falava para ele, Shishiwakamaru, Jin e Toya. – E é um lugar ótimo para surfar. – quando mencionei o surfe, os rapazes pareceram não se conter de felicidade.

Depois que nós nos separamos das nossas bagagens, partimos direto para o embarque. O avião era bastante aconchegante e logo fomos nos acomodando nos assentos.

Me sentei ao lado de Shizuru e aguardei Koenma se sentar ao meu lado, porque ele estava dando a entender que ia fazer exatamente isso, mas para minha surpresa (e desespero) Kurama se sentou ali.

Eu tentava tirar forças do além para conseguir me imaginar sentada ao lado dele durante quase doze horas de viagem. Apesar disso, eu realmente adorava a companhia dele. Gostávamos dos mesmos assuntos, tínhamos interesses nas mesmas coisas e...éramos solteiros!

Eu nunca havia tentado nada com ele, embora sempre tenha guardado uma paixonite por aqueles olhos esmeralda. A verdade é que eu sempre esperava uma oportunidade melhor para que as coisas acontecessem, e até então essa oportunidade não tinha aparecido de forma clara. Meus pensamentos começaram a dar sinais de que gostariam de formular a imagem de nós dois juntos em um bangalô à beira das praias de Bali, mas eu os impedi antes.

Era melhor não colocar a carroça na frente dos bois, sacar minha venda de dormir com plumas lilases e tratar de aproveitar a viagem para dormir.

Algo me dizia que a hora era aquela, porque talvez não conseguiria dormir mais para frente.

Continua...