Capítulo I: Herois, anti-herois e corações partidos
Grifinórios e sonserinos se odiavam certo? Não podiam se ver, esbarrar um no outro ou compartilhar o mesmo ambiente que já acontecia desgraça. Ao menos era esse o combinado. Quer dizer, era algo subentendido.
Mas a cada nova geração escolar da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts esse acordo era, digamos, rechaçado. A jovem de cabelos negros só não imaginava que essa era a vez dela.
Tudo começaria na mesma fatídica noite em que começa essa história. Nossa anti-heroína andava tranquilamente pelos corredores desertos e escuros de Hogwarts, iluminados apenas pela lua, que em breve seria cheia. O luar parecia realçar suas características: a pele muito alva, os cabelos ondulados, longos e brilhantes, os olhos de tom azul acinzentado e o ar de superioridade. Afinal, essa era a característica mais marcante em Bellatrix Black.
Com o tal ar de superioridade no rosto, a jovem andava pelos corredores noturnos, fazendo a patrulha deles. Detestava as rondas noturnas, não tinha saco para ficar vigiando ninguém, e ser monitor era definitivamente, em sua opinião, muito degradante.
Muitas vezes se perguntava porque diabos o esclerosado Professor Dumbledore, atual diretor, havia escolhido-a. Suas notas eram sempre máximas – e sem estudar muito – esta parecia ser sua única grande vantagem na seleção. Fora isso, jamais seria escolhida.
Não tinha um histórico escolar muito entusiasmador: detenções por ataques à alunos, baixa frequência escolar – matava muitas aulas durante a semana – e comportamento antisocial. Não que ela se importasse muito com o que as pessoas – leia-se professores que escrevem no histórico - achavam dela. Era algo do tipo: DANEM-SE TODOS.
Virou o corredor quando sentiu alguém enlaçá-la pela cintura. Detestava pessoas que simplesmente iam tocando nela sem pedir permissão.
- Hei seu atrevido! Tire as mãos de cima de mim! - exclamou para o ainda desconecido atrevido.
- E por que eu tiraria, hum?
Era McGregor, o estúpido batedor setimanista do time da sonserina. Havia saído com ele durante umas três semanas, mas ele era tão aborrecido que ela nem lhe avisara que não o queria mais, apenas passou a evitá-lo. Mas pelo visto, o desconfiômetro de algumas pessoas não funcionavam muito bem.
- O que você quer Aaron? – perguntou secamente.
- Mas que tom é esse estrelinha? É nervosismo não é? O sexto ano não é nada fácil, ainda mais tendo de fazer ronda nos corredores. Mas pode deixar comigo que eu curo esse cansaço em um instante... – disse entusiasmado, levando seus lábios à nuca da garota.
- Tire-os-lábios-de-mim-McGregor!
Se afastou dele abruptamente, olhando-o com raiva e nojo. Seu cabelo loiro estava bagunçado, e os olhos azuis pareciam não entender o porquê da raiva. E, mesmo sendo uma cabeça mais baixa que o rapaz ( não que fosse baixa, pelo contrario, mas Aaron era muito alto), ela o olhou furiosamente nos olhos.
- O que foi? Eu não posso mais encostar em você? – perguntou confuso
- Não.
- Por que? Eu não sou seu namorado? Ora, você está começando a me deixar nervoso.
- Que pena Aaron! Você está nervosinho é? Peça à mamãezinha pra deixá-lo mais calmo então! - disse furiosa. Suas suspeitas de que o rapaz tinha um grave problema de distúrbio mental estvam se tornando mais fortes.
E saiu andando a passos firmes, pensando que quanto mais tentava fugir de problemas, mais eles apareciam.
E, falando em problemas...
Hogwarts, 24 de setembro de 1975
12h30min - Não sei o que está acontecendo. Ou eu estou ficando louca ou cega. Talvez ambos. Desci até o salão comunal da Grifinória e encontrei Frank Longbottom beijando Jane Parker. Não teria nada de mais nisso, se não fosse o fato de que Frank É O MEU NAMORADO!!!!! COMO ELE OUSA??!! Vou tomar um banho de água gelado. É, isso mesmo. Antes que eu desça lá e quebre o pescoço daquela oferecida (pra não dizer outra coisa), embora que eu ache que ela ficou com bastante medo do meu olhar. Eu só não comecei a berrar lá embaixo para não acordar o castelo inteiro.
01:21min – Qual é o problema comigo? Por que infernos eu estou chorando por causa daquele CACHORRO? Eu não consigo dormir pensando nisso. Eu não deveria estar chorando por causa DELE. Mas no fundo no fundo eu sei que não é por causa aquele traidorzinho imundo que eu estou chorando (URGH!!! Falei igual a Bellatrix Black agora), mas sim porque o problema é comigo... Quer dizer, meu último namorado, sem ser Frank, também me traiu, e as desculpas: você era distante.
Deus, é melhor eu ir dormir. E aparar de escrever nesse diário, afinal, eu já não tenho mais doze anos.
- Ora, ora, ora... Bellatrix Black fora da cama? Acho que você está precisando de uma detenção priminha.
Bellatrix olhou Sirius da cabeça aos pés. Ele estava usando um roupão de dormir com o leão dourado da grifinória estampado no peito.
- Caso você não saiba Black, eu sou monitora da sonserina. E se você continuar andando a noite pelos corredores, pode ter certeza que eu vou lhe dar uma detenção.
Sirius a olhou em tom de zombaria.
- Você? Me dando uma detenção? E quem foi o doente mental que lhe deu um distintivo? Essa pessoa certamente tem problemas mentais.
Bellatrix sentiu seus dedos deslizando por dentro da capa escolar. Sentiu sua varinha, e teve uma louca vontade de usá-la. Controle-se Bella, controle-se.Disse para si mesma. Não desperdice seu tempo com esse traidorzinho imundo...
Resolveu repondê-lo com ofensas, era sempre divertido discutir com Sirius
- Por um caso foi seu amado diretorzinho, Dumbledore – rebateu sarcasticamente.
Sirius olhou para ela longamente. Por fim deu um suspiro de derrota.
- É, acho que Dumbledore está mesmo ficando gaga...
Sentiu seus dedos puxando a varinha. Talvez não fosse sempre divertido assim. Aquele garoto a tirava do sério, e ele iria se arrepender disso.
Mas o impulso passou rapidamente quando ouviu uma voz conhecida chamando por ela. Sentiu seu rosto gelar; tudo que não precisava no momento era do idiota do McGregor atrás dela com sua mania de posse.
Olhou para o primo assustada, e como em um filme, viu uma luz forte iluminar o contorno do rapaz. Bom, se ele estava ali mesmo, que ao menos servisse para algo.
- Sirius, me beija. – mandou desesperada.
- O q-que? - perguntou confuso
- Me beija.
O grifinório fez uma cara extremamente desgostosa, mas antes que pudesse chamar Bella de louca ou algo do tipo, ela rapidamente prendeu os cabelos em um coque, bateu com a varinha nas vestes, fazendo-as mudar de cor e colou seus lábios nos de Sirius, prensando-o até a parede mais próxima.
Ouviu os passos de seu perseguidor ficarem mais próximos, e levou seus braços até o pescoço de Sirius. Ele ainda estava estático sob os lábios de Bellatrix.
- Com licença – pigarreou Aaron – vocês por um acaso viram uma monitora passando por aqui?
Ambos ignoraram o rapaz, e Sirius começou finalmente a corresponder ao beijo.
- Ah, acho que não. Desculpem o incômodo – disse irônico.
Bellatrix separou rapidamente seu corpo do corpo de Sirius. Ignorou o olhar que ele lhe lançou.
- Sabe, você está me devendo uma.
Lily saiu muito cedo do salão comunal, e a intenção não era a de tomar café da manhã mais cedo, muito menos fazer deveres atrasados. Era justamente fugir de Frank, pois saberia que ele iria vir atrás dela.
- Fugindo Lily? -
Não adiantara muito sair mais cedo afinal. Longbottom era um maldito precisasse parar de pensar negativamente, isso atraía as coisas , seus instintos estavam quase sempre certos.
- Eu preciso falar com você - pediu o rapaz.
- Não temos nada para conversar Frank - disse baixo. Talvez tivessem, mas não estava muito afim de falar com ele
Jogou seus fios cor de cobre sobre o ombro direito, seus olhos muito verdes fixando o ex-namorado. Frank era alto, com cabelos negros e olhos castanhos. Era bastante bonito, e Lily começou a se perguntar como havia se deixado cair na lábia dele.
- Temos sim e você sabe. Primeiro eu quero pedir desculpas. Eu acho que errei...
- Acha? – interrompeu o rapaz - Pois já era para ter certeza.
Frank rolou os olhos e disse com um meio sorriso:
- Lills, não tente passar por nervosa, pois eu sei muito bem que se você estivesse realmente nervosa, não teria nem olhado para minha cara.
Pensou que ele tinha um pouco de razão na sua deu um sorriso de rendição. Sempre foram bons amigos, talvez o erro fora tentar forçar um relacionamento.
- Tudo bem. O que você quer falar?
O garoto sorriu antes de se pronunciar.
- Como eu estava dizendo, me desculpe. Sabe, eu posso até falar que você era distante e parecia não gostar de mim, mas eu errei em não ter ido falar com você. Eu comecei a me interessar pela Jane faz algum tempo e... Bem, fiquei sem graça de terminar com você - admitiu.
- Frank, você deveria ter me contado. Quer dizer, nós estamos juntos desde o ano passado e...
- Aí é que mora o problema Lily. Desde que você e Severo Snape pararam de conversar. Ultimamente, a impressão que tem me dado é que você me elegeu como o repositor do seu melhor amigo.
Ele pareceu bastante ofendido, afinal o que ele disse não era totalmente mentira. Mas não iria dar o braço a torcer, ele estava errado.
- Me desculpe Longbottom, mas quem tem que se sentir ofendida aqui sou eu. Caso você não tenha percebido, EU fui descaradamente traída. E agora, o que os outros vão sair fofocando pela escola?
-Como se você se importasse com o que os outros falassem Lills – retrucou o rapaz. E, como um estalo lembrou-se porque queria falar com Lily -. Inclusive, não se preocupe com isso, eu e Jane combinamos, por respeito a você, que só vamos sair em publico depois de um mês. E ninguém vai saber que antes disso eu tive algo com ela.
- Bom – respondeu lentamente – parece legal isso, considerando o que vocês fizeram comigo. Mas ainda assim, não pense que minha raiva vai passar tão cedo!
Olharam-se durante alguns segundos, avaliando um ao outro. Por fim, o rapaz quebrou o silêncio:
- Podemos voltar a ser amigos?
- Talvez... Olha Frank, nós temos que ver isso direito porque... você sabe como é. Nós acabamos de sair de um namoro. Nós fomos íntimos.
- Eu sei. Mas eu vou ser sempre seu amigo, e sempre te vigiar dos olhos atentos do Potter - brincou.
A garota deu uma risada alta, e se dirigiu para o corredor oposto. Talvez não estivesse tão ofendida assim.