Algumas palavras antes do início...

Algumas pessoas (algumas) devem ter notado que eu deletei esse fic, que antes estava postado aqui. Acontece que resolvi refazer algumas pequenas mudanças (e o tempo ta curto pra isso então...).

Bem, uma rápida ementa sobre a história: trata-se de um grande (mesmo) Crossover de animes, juntamente com a história principal, baseada em personagens que eu mesmo criei (que vocês todos notarão quando começarem a ler).

O que posso dizer para os que lêem é que acompanhem a história passo a passo, sem pressa de que realmente surja um anime do vazio...tudo tem sua hora, portanto CALMA!

Era isso...boa leitura?

- PRÓLOGO ...

"...Como pode você...ainda estar vivo...?"

"Vivo, você diz?... H�!...Anime-se...meu caro predecessor...Tudo o que sou agora são apenas ...Pedaços!"

"Sim! Não se compara com o poder que eu detinha antes DAQUILO acontecer! Malditos sejam...!"

"Eu francamente não sei se lamento ou..."

"...Mas você irá me ajudar! E você sabe que não tem escolha!"

"Obedeça Keinzer... Você não pode se opor a mim!"

"...Não! Eu não quero tomar parte nisso novamente! Eu já cometi um erro entregando àquele louco chamado Luke! Não quero colocar todos em perigo de novo!"

"Obedeça! Obedeça!"

"...Não!"

"... Não!"

Em um pequeno aposento, num lugar desconhecido, um homem acabava de acordar de um terrível pesadelo.

Com o corpo suado...E a respiração ofegante, ele se mantém sentado sobre a cama...Ainda pensando no sonho.

Já era o quinto pesadelo que tinha, consecutivo.

Tentando se acalmar, ele apóia as costas na cabeceira da cama e fecha os olhos, tentando visualizar mentalmente o que acabara de acontecer...

Tratava-se de um lugar muito escuro, com pouca luz... Na verdade, apenas a luz de uma lua que se escondia atrás de nuvens negras e espessas. Ao redor, diversas lápides e túmulos o circulavam, como um enorme cemitério.

...A menos de um metro a sua frente, uma cova aberta atraia toda a sua atenção. Não por ter algo de especial na aparência...pois se tratava somente de um grande buraco no solo sem qualquer lápide indicando quem ou o que estava enterrado ali, mas sim por uma voz...fraca e quase doentia, que chamava pelo seu nome... 'Keinzer'...

Atendendo ao chamado, ele anda lentamente até a beira da cova e olha diretamente para o seu fundo, o qual não se podia ver... A escuridão era enorme, o que causava a impressão de que o buraco, já grande, era mais profundo do que se aparentava.

A voz, então, tornava-se mais forte e poderosa...e os ecos que produzia dentro do túmulo aberto retumbavam para o tal Keinzer, como se um ser muito superior estivesse diante dele...

Ambos começavam a discutir...até que, por fim, a voz sempre terminava por atormenta-lo, dando ordens para que ele a Obedecesse. Keinzer sentia-se tão atormentado e desesperado com aquilo, que acabava por cair dentro daquela escuridão...e neste ponto sempre acordava...

"...Maldição." Ele diz, ainda apoiado na cabeceira, com uma das mãos esfregando os olhos. "Porque você não me deixa em paz? Porque? Porque?"

Tenta descontar um pouco da raiva, e medo, na própria cama, dando um soco no colchão, pouco antes de apoiar-se novamente na cabeceira, preocupado e exausto. Aqueles pesadelos estavam lhe tirando o sono nos últimos cinco dias.

"Isso não é normal..." Ele fala para si mesmo, agora olhando na direção da janela do aposento, aberta, revelando a noite estrelada. As cortinas balançavam levemente com a brisa. "Eu tenho certeza que...estes sonhos são algo mais que...apenas fruto da minha imaginação. Você está querendo me falar algo não é seu maldito...?"

O homem senta-se na beirada da cama, e apóia a cabeça sobre as mãos, pensativo, ainda olhando para a janela e o céu.

"...Eu espero que um dia...nós possamos nos perdoar pelo que vai acontecer...mais uma vez." Ele fala...ao mesmo tempo em que uma forte lufada de vento balança violentamente as cortinas.

Neverending War

Cap.1 - Tecnomage : Sangue e Máquina

...Com um grito rápido e seco ele acorda, espantado e assustado com o pesadelo que tivera há pouco. Com o coração acelerado e a respiração ofegante, ele olha fixamente para o breu do quarto enquanto tentava se recuperar do susto.

"...Julian? Julian!"

Quase ao mesmo tempo, a porta do aposento abre-se e em seguida um clique de interruptor sendo ligado pode ser ouvido. A luz invade o que parecia ser um pequeno quarto comum...

Sobre a cama do mesmo, estava um garoto, que aparentava ter entre 17 e 18 anos, com cabelos bastante rebeldes e castanhos escuros. Seus olhos ainda se acostumavam com a luz e por isso, mantinham-se fechados e protegidos.

Recém chegada no quarto, estava uma mulher de aparentes 40 anos de idade, ou mais. Trajava um grande roupão branco e possuía os grandes cabelos negros presos por uma trança que batia na metade de suas coxas.

"Julian meu filho, o que houve?" Ela diz, aproximando-se do garoto.

"..Ahn..." O garoto Julian agora parecia recuperar os sentidos. Voltava aos poucos para a realidade. "Ah...oi mãe...Desculpe, eu a acordei de novo?"

"Isso não importa, você sabe." Ela diz, passando a mão pelos cabelos do jovem. "Mas me diga o que houve... Foi outro pesadelo?"

"É...acho que sim."

"Hum...Pobrezinho..."

A mãe abraça o filho, colocando sua cabeça sobre o seio. O rapaz apenas sorri levemente.

"Calma mãe...já está tudo bem."

"Talvez agora esteja." Ela fala, separando-se do filho. "Mas eu estou bastante preocupada com você Julian. Estes pesadelos estão ficando cada vez mais freqüentes...Isso não é nem um pouco normal!"

"É...eu sei..." Ele diz, com a cabeça baixa, olhando para o lençol desarrumado. Havia se mexido tanto durante o sonho que as cobertas haviam sido jogadas no chão.

"Ai..." Ela suspira e volta a passar a mão pelos cabelos embaraçados do filho. "Consegue se lembrar do que era?"

O garoto olha para a mãe como se já soubesse que ela iria perguntar isso. Ele então fecha os olhos e esforça-se para visualizar novamente o que o atormentava tanto...Em vão.

"Não." Ele fala fatidicamente. "Não me vem nada à cabeça..."

"Como das outras vezes." Ela completa. "Mas bem...já se sente melhor mesmo? Está tudo bem?"

"Sim, não se preocupe." Ele sorri. "O único problema é que isso me tira completamente o sono..."

"Então, relaxe e tente descansar. Não precisa dormir se não quiser, mas fique quietinho aí." Ela então se levanta e se dirige para fora do quarto.

"O que vai fazer?"

"Vou preparar algo quente para você tentar dormir. Ficar mais calminho..."

"Ah não precisa disso mãe...Pode voltar a dormir se quiser..."

"Você sabe que eu não consigo dormir sabendo que você está sendo atormentado por esses sonhos ruins." Ela fala, na porta. "Agora fique aí que eu já volto."

"Heh...tá bem..."

A mãe sai do quarto e se dirige para o que deveria ser a cozinha, aonde iria preparar alguma bebida para o filho.

Julian, por outro lado, apóia as costas na cabeceira da cama e dá um longo e profundo suspiro, pensativo. Ele então, estica o braço direito e se põe a observar a palma da mão.

"Será que é você que está fazendo isso comigo...?" Ele diz para si mesmo, antes de ficar em silêncio novamente.

Algumas horas depois...

"Estou indo para o instituto mãe!" Diz o garoto, colocando uma mochila em suas costas com alguns objetos, livros e cadernos.

"Vai para o instituto? Tem certeza que está bem para ir Julian?" Fala a mãe, de outro aposento da casa.

"Sim! Não se preocupe!" Ele então pega um pequeno cartão do bolso e passa através de uma fina fenda na porta. Esta, então, emite um ruído rápido como um 'bip', e abre. "Tchau mãe!"

"Tchau meu filho! Cuide-se!"

Ele sai do local, e a porta automaticamente fecha-se.

O garoto caminha em direção ao que parecia ser o ponto de ônibus, ou algum outro coletivo qualquer, pois uma placa próxima a esquina daquela rua mostrava a figura de um retângulo branco sobre o fundo preto.

Porém não se podia dizer que naquele local havia ônibus como os normais...

A casa de Julian, bem como muitas próximas as dele, possuíam um estranho design. Era redonda, como uma grande 'oca' de metal, com janelas e portas.

As poucas pessoas que passavam por ali também eram uma visão à parte: muitas delas eram, na verdade, uma espécie de autômatos, feitos de puro metal, muito semelhantes aos seres humanos normais. Outros, possuíam apenas algumas partes do corpo (como braços e pernas) feitos de alguma liga metálica, como se as originais tivessem sido trocadas pelas artificiais. Enfim, uma população um 'pouco' fora do padrão para o nosso tempo.

Ao longe, podia se ver veículos (na verdade naves!), voando a grandes velocidades, como verdadeiros automóveis em rodovias movimentadas, a diferença era que as naves iam pelo ar e não por terra... Apesar disso, havia uma enorme densidade desses veículos numa região mais afastada daquela cidade, aonde também havia enormes arranha-céus. Provavelmente, o centro da cidade... Julian morava no que poderia ser chamado 'subúrbio'...apesar de ser muito tecnológico para ser chamado assim.

Aquela grande cidade futurista possuía um nome: Autonoe...mesmo nome do continente a que ocupava.

Cerca de cinco minutos de espera depois, um veículo muito semelhante a um trem bala locomove-se velozmente pela rua à frente da casa de Julian. Este, faz um sinal e o 'trem' vai parando lentamente...até que fica imóvel por completo, e uma porta dupla abre-se automaticamente na frente do rapaz, estendendo uma escada para que o ele entre. Ele o faz, cumprimentando o autômato que pilotava.

"Senhor Julian. É um prazer tê-lo a bordo mais uma vez." Fala o robô.

"O prazer é meu, como sempre! Nunca atrasado!" Diz o garoto satisfeito.

"Por favor, queira sentar-se pois partiremos novamente."

"Sim, já estou indo..."

Julian parte para os bancos de trás, procurando por um bom lugar. Até que, bem ao fundo, ele percebe alguém de pé, abanando rapidamente com uma das mãos. A pessoa faz sinal para que ele se aproximasse e aponta para baixo, como se ali houvesse um lugar.

O garoto vai rapidamente até o fundo do ônibus, aonde se depara com um jovem rapaz, também com a idade entre 17 e 18 anos, com cabelos azuis escuros, um grande óculos no rosto e vários livros sobre o seu colo.

"Obrigado por guardar lugar Elliot." Diz Julian, sentando-se ao lado do rapaz após cumprimentarem-se. "Não é sempre que pegamos um coletivo tão 'vazio'."

"Tudo bem, não há de que." Fala o outro rapaz. "É, realmente...Pensei até que estávamos um pouco atrasados para a aula mas parece que estamos é adiantados!"

"Hehehe!"

"Mas e então Julian, como você est�?"

"..." Julian olha pensativo para Elliot. "Depende. Se está perguntando por causa daquele problema...bem...não estou nada bem."

"Hum...teve outro daqueles pesadelos fortes?"

"Sim." Afirma. "Tanto que novamente acordei no meio da madrugada com o susto que tomei...nem sei como consegui dormir mais um pouco depois. Acho que...foi a bebida que minha mãe fez para mim."

"Que bom poder contar com ela." Ele diz sorrindo. "Mas, me diga...consegue se lembrar desta vez?"

"Não..." Fala o garoto, decepcionado. "Por mais que eu tente nada me vem à cabeça...Nada! Tudo o que eu sei é que é algo muito ruim! E que logo depois que acordo, parece sumir completamente da minha cabeça."

"Hum..." Elliot ajeita os óculos e cruza os braços. " Já faz alguns meses que isso vem acontecendo...com certeza não são pesadelos comuns."

Os dois ficam em silencio momentaneamente. Elliot com os olhos fechados, pensando, enquanto Julian agora olhava para a paisagem da cidade, passando velozmente pela janela do coletivo.

"Tem...alguma coisa..."

"Hum?" Elliot presta atenção em Julian que falara algo.

"...Tem alguma coisa que está me dizendo...que, talvez, isso tudo venha daqui..." Diz Julian, mostrando seu braço direito.

"...Agora que você falou...é bem possível." Diz Elliot. "Já estudei um pouco sobre os 'Tecnomages', como você...Dizem que as suas partes biônicas podem afetar um pouco seu metabolismo e mentalidade mas...é tudo que eu sei."

"O senhor Dimitri já me falara sobre isso."

"O...senhor Dimitri?" Indaga o garoto. "Ele também é um Tecnomage não é?"

"Sim. Acho que é por isso que ele sabe tanto sobre essas coisas."

"Bem, e pelo que eu me lembre ele também é o responsável pelos implantes cibernéticos e Nanotecnológicos em você não é?"

"Sim...Por causa disso o senhor Dimitri é como um pai para mim e eu o respeito muito."

"Eu entendo..." Concorda Elliot, balançando a cabeça afirmativamente. "Se não fosse por ele talvez você não estivesse aqui agora..."

"..." Julian começa a se lembrar vagamente daqueles dias tão fatídicos...

FLASHBACK

Próximo ao centro de Autonoe...

"Ei vamos logo com isso! Precisamos retirar todo este Urânio até o meio dia de amanhã!"

Uma grande escavação que bloqueara várias ruas e desviara rotas de coletivos estava sendo finalizada. Com a ajuda de diversas máquinas pesadas de construção e escavação, o metal, que era importante para o funcionamento de diversas usinas que existiam na cidade, ia sendo retirado aos poucos.

A cerca de um quilômetro dali...em uma grande edificação denominada Instituto de Educação, diversos jovens em uma das salas de aula observavam as distantes máquinas fazendo o seu trabalho... Muitos ficavam nas janelas enquanto outros preferiam ver 'de longe', de suas carteiras mesmo.

"Incrível todas aquelas máquinas trabalhando na escavação..." Fala Elliot, em uma das carteiras, enquanto olhava para uma das janelas. Um grande 'bate-estacas' podia ser visto dali. "Você não acha Julian? Julian...?"

Julian se encontrava na carteira de trás, concentrado...Porém, não nas grandes máquinas da escavação...mas sim, mais precisamente, em uma pessoa...uma garota, que conversava junto às amigas, despreocupada e sorridente.

"...Parece que você está louco por ela mesmo né?"

"Ahn...?" Diz o garoto voltando a si. "...Bem, talvez..."

"Esqueça ela cara...você sabe o quanto ela é esnobe e sequer gosta que você esteja perto dela." Fala Elliot.

"É, eu sei..." Ele diz.

"É só um conselho que eu lhe dou... veja! Ela só se importa em falar do quanto é importante pras amigas. Só porque é filha do presidente..."

Elliot realmente estava certo... A garota gabava-se da grande obra que o governo estava fazendo para a melhoria da cidade, enquanto as amigas a rodeavam impressionadas.

Julian apenas a observava...e, quando esta percebia estar sendo olhada, desviava o olhar, ignorando-o. O garoto percebia aquilo com tristeza...

De volta a escavação, vários trabalhadores afastam-se quando um enorme bloco de Urânio é retirado de dentro da escavação... O bloco é carregado por uma grande máquina e colocado dentro de um gigantesco container de um metal muito resistente para aparar a radiação do mesmo.

"Senhor!" Fala um dos trabalhadores para um homem que parecia ser o chefe ali. "Há muitas toneladas de urânio lá embaixo! Não vamos conseguir retirar tudo até o prazo se utilizarmos as escavadeiras."

"...Hum...então, utilizem os explosivos." Ele diz seriamente.

"Mas...isso não poderá acarretar algum problema?"

"Faça o que mandei! É pago para obedecer e não para opinar!"

"...Sim senhor."

Em minutos, diversos explosivos são colocados ao redor do buraco e então, detonados... A explosão fortíssima chama a atenção de muitos...Parecia que os explosivos haviam reagido com o urânio causando diversas explosões não só próximas ao local de trabalho mas também em vários outros locais da cidade num raio de cerca de três quilômetros!

Havia muito mais urânio do que se pensava!

"Maldição! Pare com isso! Vai matar todos nós!" Fala o chefe para que parassem com as explosões.

"É impossível! Está reagindo sozinho!" Ele diz, um segundo antes de uma das explosões atingir um grande prédio ao longe, derrubando-o lentamente. O caos agora começava a se espalhar...As pessoas corriam desesperadas de um lado para o outro enquanto os coletivos e naves próximas dali se afastavam como podiam.

No Instituto...Os alunos observavam tudo já mais assustados...Até que várias explosões abalam a grande estrutura da edificação. Os alunos começam a ficar desesperados e correm para fora da sala, temendo que o prédio caísse.

Elliot e Julian levantam-se das cadeiras e correm para fora da sala, mas antes disso...Julian pára bruscamente olhando para trás.

"O que foi cara? Vamos sair daqui logo!" Fala Elliot.

"Vai na frente!" Diz Julian. "Eu já vou!"

"Mas o que você vai fazer?"

"Vai!"

Elliot, meio a contra gosto, sai rápido dali. Julian retorna a sala de aula e vai até um dos cantos, aonde vê a garota que observava anteriormente...chorando, assustada e encolhida.

"Que você quer!" Ela fala.

"Vamos sai daqui! Anda, vem!" Ele diz estendendo a mão.

"Não tem como sair! Há essa hora as saídas já devem estar bloqueadas! Vamos morrer!" Ela fala chorando desesperada.

"Não vamos não! Anda, me dá sua mão!" Ele fala estendendo a mão.

A garota, contra a vontade, pega a mão do garoto e os dois saem correndo dali rapidamente...Ao mesmo tempo, o teto da sala desmorona...

Enquanto correm pelos corredores, observam as luminárias presas no teto caírem e se estraçalharem no chão, soltando faíscas para todos os lados...As paredes e o teto começavam a apresentar enormes rachaduras e o local inteiro tremia sem parar!

Tentando adivinhar por onde os demais foram, Julian e a garota correm pelos corredores que estavam intactos, enquanto o resto atrás deles despencava. Enquanto correm, o corredor é bloqueado a frente deles por um desmoronamento...Diversos escombros agora impediam que continuassem.

"E agora?" Ela fala, gritando e apavorada. "Olha só no que você meteu a gente! Vamos morrer por sua culpa seu idiota!"

"..." Ele tenta ignorar o que ela falara, pensando num jeito de escapar, olhando para todos os lados procurando por uma brecha...Porém...um segundo depois, mais um desmoronamento, desta vez acima dos dois, surpreende ambos. "Cuidado!"

"Aaaah!"

As pedras caem causando um grande estrondo, enquanto uma espessa poeira se levanta, impedindo que possa se ver o que acontecia ali. Logo, ela começa a se dissipar e a cena mostra Julian, abaixo de várias das pedras, com apenas um braço e uma perna livres, enquanto que a garota estava de joelhos mais afastada dali...provavelmente havia sido empurrada pelo garoto antes que fosse atingida.

Mas tinha pagado um preço bastante alto...Não conseguia sentir sua perna e seu braço...

"Argh..." O garoto esforça-se para sair de baixo dos escombros. Ao mesmo tempo, a garota levanta-se e olha para cima.

Luz do sol entrava por ali...Uma saída!

A garota tenta subir em alguns escombros, deixando Julian para trás enquanto se esforça para alcançar a saída. Fica exausta e quase sem esperanças por um momento, até que sente uma mão segurar o seu braço...e puxar-lhe lentamente para cima.

"Subaru!" Ela diz, ao reconhecer a pessoa que a retirava dali.

A garota é retirada de dentro do prédio e colocada sobre a parte superior do teto, a qual estava mais firme...pelo menos por algum tempo. A tal Subaru tratava-se de uma mulher jovial, aparentando ter 20 anos ou até menos, com cabelos negros e longos presos por um rabo de cavalo e olhos bastante rubros. Traja roupas de couro, coladas ao corpo, por baixo de uma estranha roupa, com o emblema da cidade de Autonoe.

"Você é incrível Subaru! Você salvou minha vida!" Ela diz sorrindo, abraçando a moça. Esta sorri levemente.

Subaru então, afasta-se momentaneamente da garota e vai na direção do buraco por onde puxara a mesma.

"Subaru, onde vai?" Diz a garota.

A moça faz um sinal com a mão, apontando para o buraco.

"..." Ela aproxima-se da moça de cabelos negros e pega em sua mão. "Não há mais ninguém aqui...Vamos embora..."

Subaru fica imóvel durante alguns segundos, olhando para a garota sem esboçar qualquer reação diferente de antes. Ela então olha novamente na direção do buraco por algum tempo e toma a garota nos braços, correndo velozmente, saltando e voando para longe dali, em segurança...

Dentro do edifício...Julian ainda se mantinha preso nas pedras e escombros...

Por entre seus olhos, que observavam o buraco no teto, um filete de sangue escorria, pouco antes do teto inteiro desmoronar por completo...e tudo ficar escuro...

FIM DO FLASHBACK

"Julian? Ei Julian, acorda! Acorda cara!"

"Ahn...?"

O rapaz estava de volta ao coletivo juntamente do amigo Elliot. Este último balançava seu ombro, alertando-o para que voltasse a si novamente.

"Já chegamos?"

"Sim...Heh, você se perdeu tanto nos seus pensamentos que nem viu o tempo passar." Fala Elliot, já de pé.

"Parece que sim...Bem, vamos..." Ele diz levantando-se, porém, desta vez, demonstrava uma expressão mais desanimada no rosto.

"Hum...Estava pensando nela novamente?"

"É..." Confirma o garoto. "Por mais que eu tente não consigo esquecê-la..."

"É, isso é mesmo um problema." Fala Elliot, acompanhando Julian até a saída do coletivo. "Aquela garota não é do nosso nível cara...Você tem que dar um jeito de esquecê-la. Além disso, ela não gosta nem um pouco de você, quanto mais de qualquer um de nós...Não vale a pena perder tempo pensando nela. Ela acha que pode pisar em todos quando quiser...apenas porque é filha do presidente...!"

"Sim, eu sei de tudo isso...Mas não consigo evitar."

Os dois descem enfim do coletivo e agora se dirigem para uma grande edificação mais à frente.

Elliot mantém-se pensativo, enquanto Julian, ao seu lado, olhava para o chão enquanto caminhava...também perdido em pensamentos.

"Hum...porque não vai hoje à casa do senhor Dimitri para falar sobre esse novo pesadelo?" Sugere Elliot, arrumando os óculos novamente.

"...É uma boa." Responde Julian. "Acho que minha mãe não vai se importar...e eu ainda vou tirar um peso da cabeça."

Os dois adentram no que seria o grande instituto de Autonoe...muito maior do que era há alguns anos atrás, antes do terrível acidente. Vários jovens e professores entravam no local, andando de um lado para o outro, quão grande era o número de pessoas que havia naquele local.

Logo, os dois rapazes entram em uma das muitas salas que havia ali e se dirigem para duas carteiras numa das fileiras... Enquanto arrumavam os materiais e anotações, Julian parecia organizar na cabeça o que iria perguntar ao tal senhor Dimitri.

"Já que vou ao senhor Dimitri hoje, aproveitarei e perguntarei mais um pouco sobre os Tecnomages e a Nanotecnologia...tem muitas coisas que eu ainda não entendo."

"Eu estudei um pouco sobre a história de Autonoe..." Fala Elliot, colocando alguns livros sobre a carteira. "...mas...é mesmo verdade que o senhor Dimitri é o primeiro Tecnomage de Autonoe?"

"É sim." Confirma Julian. "Ele consegue fazer coisas incríveis! Coisas bem parecidas com a magia de Elencia, o outro continente."

"Puxa..." Elliot escutava impressionado.

"Na verdade...acho que só conheço uma pessoa com poder igual ou até maior que o dele."

"...Tá falando da defensora do presidente, a Subaru?"

Antes mesmo que Julian pudesse responder, várias pessoas começam a entrar na sala de aula e tomar seus lugares em suas carteiras. Em seguida, um dos professores entra, colocando vários livros e pastas em cima da sua mesa.

"Muito bem caros alunos, abram suas apostilas na página 507. Temos muito que fazer hoje..."

O ambiente muda para um grande corredor sustentado por enormes pilares. Tudo com uma decoração belíssima, demonstrando um ar nobre no local. Tratava-se do grande palácio, que abrigava a família do presidente da república de Autonoe..

Perto dali, uma porta se abre, emitindo um forte rangido. De dentro do aposento, um homem vestido socialmente anda até o corredor, porém, após alguns passos, ele pára e tosse fortemente.

"Senhor Luchenko...tem certeza que está bem?" Fala uma mulher, vestida como camareira, saindo de dentro do aposento, acompanhada por outras duas pessoas, um homem e outra mulher.

"Cof...hum-rum!" Ele força a garganta e dá fracas batidas contra o peito. "Já me sinto melhor que ontem, não se preocupem. Não vai ser uma simples crise de tosse que me impedirá de ir até aquela importante reunião."

"O senhor não deveria se esforçar desse jeito, sua saúde vai ficar muito prejudicada..." Fala um dos empregados.

"Não irá acontecer nada de grave." Ele fala, um pouco antes de começar a tossir novamente, dessa vez com mais força.

Enquanto tosse, Luchenko faz um sinal com uma das mãos para os empregados. Logo, uma espécie de comprimido é lhe entregue em mãos, e ele toma, apressado, em meio às tosses.

Parando de tossir imediatamente, ele respira fundo sentindo-se melhor.

"O remédio fará efeito por um bom tempo." Ele fala. "O que dará tempo de sobra para que eu vá até a reunião sem maiores problemas. Mas, mudando de assunto, onde está minha filha?"

"O senhor não precisa se preocupar, ela está com Subaru, no jardim do palácio."

"Menos mal." Fala Luchenko, visivelmente aliviado. "Se está com Subaru, não tenho que ficar preocupado com ela."

"...Falavam de mim?"

Imediatamente, uma pessoa entra no corredor, acompanhada pela sempre séria Subaru. Tratava-se da mesma garota que participara do acontecimento no instituto há algum tempo atrás. Porém, trajava uma roupa mais nobre, com vários tons em vermelho e branco...Como uma verdadeira princesa. Um emblema de Autonoe figurava em ambos os ombros, bordados na roupa.

Subaru mantinha-se ao seu lado, silenciosa.

"Apenas perguntei a eles onde estava você, Anna." Fala Luchenko, referindo-se a filha. "Vou ter de sair para mais uma reunião muito importante e gostaria que não se distanciasse do palácio."

"Como quiser papai." Ela diz, com um sorriso um tanto amarelo. "Mas, onde é esta reunião?"

"Bem...fica longe daqui, em um lugar próximo a Elencia. É apenas uma reunião de negócios."

Anna faz um olhar desconfiado. Era claro para ela que o pai não queria dizer aonde iria realmente, embora tivesse uma idéia.

"Tudo bem, mas papai, sair desse jeito tão repentino não fará mal para a sua saúde?"

"Ora, sou um homem teimoso Anna. Sabe melhor que ninguém que não morrerei tão cedo por causa de algumas tosses. Eu voltarei logo, não se preocupe com isso." Luchenko então, aproxima-se da filha e beija-lhe o rosto. "É melhor eu ir depressa, ou chegarei muito atrasado. Até a noite Anna. Cuide dela por mim, está bem Subaru?" Diz Luchenko. Subaru apenas faz um sinal positivo com a cabeça. e fica observando Luchenko se afastar, dirigindo-se para a saída do corredor. Anna faz o mesmo, mas com uma expressão de "pouca importância".

Já longe dos empregados e dos outros, Anna, com uma cara fechada, anda com Subaru pelos arredores do palácio, com uma cara fechada.

"O papai sempre esconde que vai se encontrar com aqueles três idiotas! Como isso me irrita!" Ela fala. "Principalmente porque eu queria tanto que eles fizessem mais presentes pra mim, mas eles insistem em recusar! Que raiva!"

Subaru mantém-se calada, apenas ouvindo.

"Hum...mas quem sabe hoje eles não estão de bom humor? Talvez até aceitem fazer o que eu quero... Hum...vamos Subaru."

Anna e sua companheira sobem por várias escadas e chegam até um dos últimos andares do enorme palácio de Autonoe. Ali, se encontram de frente para uma grande porta de metal.

"Talvez eu até consiga convence-los a fazer mais coisinhas pra mim!" Ela diz, girando a maçaneta e abrindo a porta.

Dentro do aposento, não havia nada além de uma espécie de espelho (ou tela) na parede oposta a entrada e um acento a sua frente.

Anna se dirige ao acento e em seguida, alonga os dedos, como se estivesse se preparando para algo. Subaru mantém-se quieta, na porta.

A garota fecha os olhos e concentra-se. Na tela, então, uma imagem começa a se formar e logo um homem surge, sentado em uma cadeira, de costas, e trabalhando com diversos aparatos mecânicos e elétricos sobre uma mesa, um tipo de laboratório técnico.

Antes mesmo que ela fale algo, o homem, ainda sentado de costas enquanto conecta duas ligas metálicas, fala.

"O que quer desta vez Anna?" Ele diz, mostrando um pouco de cansaço na voz.

"Sei que o meu pai está indo até vocês." Ela fala sorrindo. "Mas não é sobre isso que quero falar, e sim sobre a oferta que lhe fiz para construir mais alguns, ahn, como se diz mesmo, Tecnomages para mim, como Subaru."

O homem então se vira e se levanta, retirando, em seguida, o pequenos óculos que usava nos olhos para proteger-se das faíscas.

"Anna, já lhe disse mais de mil vezes! Você tem de conter essa sua vontade louca de ter Tecnomages como se eles fossem bonecos de brinquedo! Além disso..." Ele continua. "...Subaru é mais do que suficiente e especializada para acompanha-la aonde for."

"Eu sei, eu gosto muito da Subaru." Ela diz. A Tecnomage apenas continua observando sem mencionar qualquer palavra. "Mas é que..."

"Então já que gosta dela, não há motivo algum para me perturbar. Agora preciso voltar ao trabalho."

"Espere!"

A conexão então é desligada, e a imagem some da tela.

Bastante zangada, Anna levanta-se da cadeira e, com os punhos cerrados, começa a pensar e a falar sozinha, depois de praguejar contra o homem que acabara de falar.

"Todos eles vão ver só! Eles não querem prestar atenção em mim? Não querem atender os desejos da princesa da cidade? Pois então eles vão ver uma coisa! Uma coisa que eu deveria ter feito a muito tempo..." Ela fala, olhando para os lados. "Ninguém fica contra mim! Ninguém!"

"Com licença?" Na porta, ao lado de Subaru, uma outra pessoa surge. Uma mulher belíssima, com uma pele morena e cabelos longos e ondulados,totalmente brancos. Trajava um manto completamente vermelho e possuía olhos também rubros, bastante semelhantes aos de Subaru. Esta última, olha para a recém chegada seriamente, enquanto que a mulher transmite uma certa indiferença perante a Tecnomage. Logo, ela continua falando. "Senhorita Anna, sabe muito bem que seu pai não gosta quando mexe em suas coisas." Ela fala, sorrindo docemente.

"Ahn, tudo bem Rebecca, eu já estou saindo..."

A garota então se dirige para fora do aposento, seguida logo depois pela mulher em vermelho. Subaru fecha a porta atrás delas, e as observa, seguindo-as logo em seguida.

Pasiphaë...

Um planeta composto basicamente de 3 continentes.

Num deles, Elencia, tudo é centrado em magia... Toda a vida deles gira em torno de magia.

No segundo continente, Autonoe, no qual vivemos, ninguém tem poderes mágicos, porém temos uma tecnologia muito avançada e as máquinas são os pilares de nosso progresso. O último continente, Thrymr, é habitado por uma raça muito antiga, que vive isolada e não mantém muito contato.

"Queria saber quem será que vive lá." Fala Julian para si mesmo.

Ainda com a matéria da aula na cabeça, o jovem acabara de descer do coletivo que tomou e ia à direção de uma cabine telefônica. Rapidamente, ele toma o aparelho em mãos e clica em algumas teclas.

Logo, numa pequena tela de cristal líquido, uma imagem começa a se formar.

"Mãe, você tá aí?"

"Oi querido! Onde você est�?" Fala a mulher para o garoto.

"Eu vou até a casa do senhor Dimitri tudo bem? Por isso vou chegar um pouco mais tarde."

"Hum..." A mãe do rapaz desfaz o sorriso que tinha no rosto. Sente-se incomodada momentaneamente ao ouvir falar no nome do tal Dimitri.

"Ahn, tudo bem mãe?"

"Ah, sim Julian, sim...Mas o que vai fazer l�?"

"Vou falar sobre o novo pesadelo que tive e que não consigo me lembrar."

"Ah, bem, então tente não chegar tarde da noite está bem?"

"Hehe, tá mãe eu aviso quando eu estiver lá. Beijos, tô indo."

"Volta logo!" Ela fala, um momento antes da ligação ser encerrada.

O garoto então caminha pela rua em direção ao outro lado do subúrbio da cidade. Enquanto andava, imaginava o que Dimitri falaria sobre o pesadelo.

Minutos de caminhada depois, Julian aproxima-se de uma grande casa em uma rua pouco movimentada. Antes, porém, percebe que há quatro veículos estacionados na frente do lugar. Quatro homens vestidos totalmente de preto, como seguranças, cuidam dos carros e de quem entra na casa.

"Puxa vida...Pelo jeito eles têm visita hoje." Fala o garoto, enquanto se dirige para o portão da casa.

Os quatro grandes seguranças seguem o garoto com o olhar, por baixo dos óculos escuros que usavam nos rostos. Mas para a surpresa de Julian, nenhum dos quatro se coloca entre ele e o interfone. O garoto então, toca a campainha do aparelho ainda um pouco desconfiado, até que o portão emite um apito agudo e se abre automaticamente.

Deixando os seguranças para trás, ele se dirige até a porta de entrada e levanta uma das mãos para bater, porém, esta se abre antes disso.

"Ah, deve ser o famoso Julian, não é?"

"...Er, sim sou eu. O senhor Dimitri est�?"

Na frente do rapaz, estava nada menos que o presidente de Autonoe, Luchenko. Naturalmente, ele não o reconhece como tal, pois o presidente da cidade dificilmente surge em público, para a sua própria segurança. Principalmente para a população do subúrbio...

"Estou aqui Julian. Parece que resolveu me fazer uma visita hoje, não é?" Fala um segundo homem, saindo de dentro da casa e indo até a porta. Ele trajava uma roupa branca, semelhante as que os cientistas usam. Possui um cabelo muito longo, negro e liso. Na verdade, tratava-se do mesmo homem que falara com Anna anteriormente. "Coincidentemente bem na hora que minha outra visita estava de partida."

"Muito prazer jovem Julian. Seu amigo Dimitri me falou muito bem sobre você." Fala Luchenko.

"Muito prazer senhor..."

"Julian, este é..."

"Apenas um amigo!" Fala Luchenko, interrompendo Dimitri enquanto sorri para o garoto. "Só um velho amigo que resolveu dar as caras hoje! Hehehe!"

"...Bem, muito prazer assim mesmo." Completa o garoto

"O prazer é todo meu. Mas bem, devo ir embora, vocês têm muito que conversar." Ele diz, já se dirigindo para o portão de saída. "Com sua licença, sim?"

Luchenko então parte. Julian e Dimitri apenas o vêem entrar em um dos carros e então, sair dali, juntamente com os seus seguranças.

"Puxa,ele deve ser uma pessoa realmente importante!" Fala Julian.

"Bem, um pouco." Responde Dimitri, a porta. "Mas, vamos entrar, sim Julian?"

"Sim, obrigado senhor."

Os dois entram adentram no local e a porta se fecha.

O que parecia ser uma mansão, tratava-se na verdade de um grande laboratório, repleto de aparatos e máquinas dos mais diversos tipos. Várias ferramentas também estavam espalhadas em cima de uma das mesas que ocupavam o primeiro aposento.

"Mas e então meu jovem." Fala o homem, sentando-se em frente a mesa e voltando fundir uma liga metálica com um aparelho que lançava minúsculas faíscas. "A que devo a honra da visita?"

"Bom..." Julian se senta em um banco, do outro lado da mesa. "...vou ser direto senhor Dimitri, tive outro daqueles pesadelos."

"Hum."

"Acordei no meio da madrugada repentinamente, e, o que é pior, não lembro de absolutamente nada!"

"Hum." Dimitri pára de fundir a liga, e coloca o aparelho calmamente sobre a mesa, retirando os óculos de proteção. "Se não me engano isso vem acontecendo a um bom tempo. Mas diga, o que você acha que pode estar causando isso?"

"Bem, tem uma coisa... uma coisa dentro de mim, que me diz que isto tem algo haver." Ele levanta o antebraço direito, mostrando-o para Dimitri.

"..." O homem levanta-se e anda lentamente pelo laboratório, com as mãos nas costas, pensativo. "Você tem o direito de saber e, por isso, não esconderei nada. É bem possível que estes pesadelos sejam um dos efeitos colaterais que o delicado mecanismo da Nanotecnologia implantado em seu corpo possa acarretar."

"Senhor." Fala o garoto, ansioso. "Poderia me explicar sobre a Nanotecnologia? É que eu queria entender melhor o que é isso que está dentro de mim."

"É natural..." Dimitri estica o braço na direção de uma das mesas e, como mágica, um grande livro que estava em cima do móvel flutua até a sua mão! Aquilo não impressiona muito Julian, pois já havia visto Dimitri fazer coisas muito mais impressionantes. "A Nanotecnologia é uma ciência há muito tempo criada por nós, de Autonoe. Você deve saber bem, Julian, que nós, diferente das pessoas de Elencia, não podemos usar a magia verdadeira. Em Elencia, tudo é rodeado por um fator de misticismo no meio."

Dimitri abre o livro que pegara e observa algumas das páginas, folheando-o rapidamente.

"Nós de Autonoe, por outro lado, temos uma tecnologia muito evoluída. Tecnologia esta, usada sempre em pró de nosso povo. A nanotecnologia é um exemplo disso, pois ela foi criada inicialmente para auxiliar em pesados e difíceis trabalhos, graças a capacidade que ela fornecia de criar efeitos...um tanto especiais."

"Refere a essa magia 'não-natural'? " Pergunta o garoto.

"Sim." Continua o homem. "O que na verdade ocorre é que existem, ao redor das peças imbuídas com Nanotecnologia, dezenas de milhares de minúsculos Nanorrobôs."

"Ro-robôs?" Fala o garoto, surpreso.

"Exatamente. Todos os efeitos que você conhece, semelhantes a magia, são na verdade criados por essas minúsculas máquinas que existem ao redor dos mecanismos que os controlam. Eles eram utilizados para carregar objetos e placas extremamente pesadas, há vários anos atrás. Porém, depois que esta mesma tecnologia começou a ser utilizada para repor membros e alguns órgãos vitais das pessoas, descobriu-se que o usuário poderia guiar estes minúsculos robôs da forma como quisesse..." Ele senta-se novamente na cadeira, coloca o livro sobre a mesa e dá um sorriso. "...hehe, claro que é necessário alguma instrução e prática."

"É impressionante..." Julian falava, olhando para o seu braço direito...e para sua perna esquerda. "Eu jamais ia imaginar que existissem robôs a minha volta... caramba. Mas, será que eles tem algo haver com..."

"É provável." Continua Dimitri. "Em algumas pesquisas recentes, descobrimos que os microscópicos Nanorrobôs, diferente de quando instalados em máquinas, alimentam-se de uma pequena parcela da energia mental do indivíduo. Ainda não descobrimos se isso realmente causa um dano à pessoa, mas talvez influencie em seus sonhos."

"Quer dizer que são eles que estão criando estes pesadelos?"

"Bem provável."

"Mas porque eles estão fazendo isso?"

"É como eu disse, talvez seja apenas um efeito colateral do que os alimenta." Ele diz, abrindo o livro novamente, folheando algumas páginas. "...Ou talvez, estejam tentando lhe dizer algo..."

"H�?"

Nesse exato momento, entra na sala uma terceira pessoa. Uma mulher, vestida de modo idêntico a Dimitri, com os cabelos presos e um par de óculos no rosto, enquanto anota algumas coisas em uma tabela que trás em mãos.

"Julian, que surpresa tê-lo aqui! Como est�?" Ela fala, sem retirar os olhos das anotações.

"Estou bem srta Alexis." Fala o garoto, cumprimentando-a. "Apenas passei para falar um pouco com o sr. Dimitri."

"Sim, eu vejo. Desculpem-me por interromper a conversa de vocês, apenas vim pegar algumas anotações que deixei guardadas em algum lugar, por aqui."

"Não está atrapalhando em nada, Alexis. Apenas estava conversando com Julian sobre a Nanotecnologia." Explica Dimitri. "Aliás, ia convidar o garoto agora para tomar um café. Porque não se junta a nós e descansa um pouco?"

"Não, obrigado senhor Dimitri!" Fala Julian, levantando-se da cadeira. "Eu agradeço pelo convite, mas eu já vou indo, prometi a minha mãe que não chegaria muito tarde em casa."

"Ah, que pena...Só porque eu ia aceitar." Fala Alexis, sorrindo. "Não pode mesmo ficar mais um pouco?"

"Hehehe, eu sinto...mas não posso mesmo. Fica para uma outra vez."

"Bem, então nesse caso, vou levá-lo até a porta, sim?" Fala Dimitri, levantando-se da cadeira. "Mas antes, me diga Julian, como está sua mãe?"

"Está bem, embora eu acho que ela não gostou muito da idéia de eu ter vindo aqui..."

"É compreensível." Ele diz, sem tirar o sorriso do rosto, enquanto acompanha o garoto até a porta. "Mesmo assim, diga que mandamos um abraço para ela, está bem?"

"Claro, pode deixar!" Diz o garoto, assim que Dimitri abre a porta. e Julian pára de repente, virando-se para Dimitri novamente. "Ahn, só mais uma pergunta...e o senhor Keinzer, onde est�? Pensei que encontraria-o aqui hoje."

"Ele está dormindo um pouco!" Fala Alexis, do laboratório. "Ele teve muitos pesadelos essa noite e não dormiu muito bem. Agora está tentando descansar."

"Pesadelos...?" Indaga Julian, olhando para Dimitri. "Por acaso o senhor Keinzer também tem o mesmo problema que eu?"

"O motivo do sr. Keinzer é bastante diferente, Julian." Fala Dimitri, colocando a mão sobre o ombro do garoto. "Mas quanto a você, cuide-se, e tente se lembrar o que aparecem nestes pesadelos, está bem? Pode ser difícil no começo, mas se você se esforçar um pouco conseguirá lembrar-se deles."

"Tudo bem, obrigado senhor Dimitri, e até logo!"

O garoto abre o portão de entrada, e corre até o ponto onde pegaria um coletivo para partir, afastando-se dali. Dimitri apenas o observa se afastar...desfazendo aos poucos o sorriso que mantinha no rosto.

"Uááá..." Um terceiro homem entra na sala, bocejando e com grandes olheiras. Com cabelos desgrenhados e a roupa amassada, ele senta-se em uma das cadeiras.

"Ora, então você acordou?" Pergunta Alexis, ainda no laboratório. "E então, está melhor?"

"Um pouco..." Ele diz, bocejando novamente. "Mas ainda com um pouco de dificuldade pra pegar no sono. Quem é que estava aqui agora há pouco? Ouvi outras vozes além das de vocês."

"Era Luchenko." Fala Dimitri, fechando a porta e se aproximando do amigo, com as mãos nos bolsos do guarda-pó. "E também, Julian."

"Ah, o garoto veio aqui?" Ele diz, novamente segurando um bocejo. "Uma pena eu estar tão cansado, queria ter podido falar com ele. Ele é boa gente."

"É..." Alexis pára por um instante de anotar as coisas que havia trazido da outra sala e fica pensativa, com uma expressão um pouco triste. Um silêncio pesado se instala no local. O tal Keinzer, com a cabeça apoiada em uma das mãos, tentando não dormir ali mesmo; Alexis rabiscando algumas coisas na folha de anotações, pensativa e Dimitri, de pé, com as mãos no bolso, em silêncio e com uma expressão bastante séria.

"...Vai ser tudo amanhã?" Pergunta Keinzer.

"Sim." Responde Dimitri, ainda sério. "

"Ainda não consigo achar muito justo isso que vamos fazer com este garoto, Dimitri." Diz Alexis.

"Espero que não pense que eu acho." Ele diz, se dirigindo até uma das gavetas. "Mas acontece que, se não fizermos isso, todos estarão fadados a destruição..."

"Sim." Keinzer esfrega os olhos com força, tentando não dormir enquanto falava. "Ele não vai descansar enquanto não fizermos o que ele quer. Não temos outra saída."

"Exatamente." Dimitri volta da gaveta com alguns papéis dentro de um grande envelope e o coloca em cima da mesa. Os outros dois cientistas apenas observam. "Tudo o que podemos fazer agora, é esperar..."

No envelope, escrito com grandes letras pretas, podia-se ler "Projeto G.E.N.E.S.I.S."...

Tarde da noite...Aproximadamente 11 horas da noite.

Luchenko entra silenciosa e calmamente em seu aposento. O sono lhe caía sobre os ombros e precisava urgentemente repousar.

Abaixo de fortes tosses ele retira peça por peça da roupa que vestia, e veste algo mais confortável para dormir. Dirige-se, então para a cama, e senta-se ao lado da mesma, retirando os calçados.

Pondera alguns instantes sobre tudo o que tem feito, e sobre a visita que fizera a Dimitri, algumas horas antes.

Um pouco abatido, ele toma em mãos um pequeno e singelo porta retrato que parecia observá-lo, em cima do bidê ao lado de sua grande cama de casal.

"Ah minha querida...que falta você me faz." Ele diz, passando os dedos delicadamente no retrato. "Eu espero que você me perdoe um dia...mas é pro bem de todos...Cof!...Cof!"

As tosses parecem agravar-se de repente, como da outra vez. Rapidamente, ele coloca o retrato sobre o bidê e coloca a mão no interior, procurando pelos comprimidos que sempre tomara nessas ocasiões.

Porém...sente o coração pesar ao ver que a gaveta estava completamente vazia! Nem sinal do remédio!

Tossindo alto, ele se dirige para a porta depressa...E surpreende-se ao ver que esta não abre. Ele puxa com todas as forças, em vão. Estava trancado!

Começa a sentir o gosto de sangue preencher a sua boca, enquanto os músculos tremiam sem parar. Abaixo das tosses violentas, bate na porta desesperadamente na esperança de alguém ouvi-lo. Sentia o ar escapar rapidamente...estava sufocando-se no próprio sangue!

Sem resposta às batidas na porta, ele anda cambaleando até a janela...porém, cai no meio do caminho. Luchenko permanece atirado ao chão, sentindo a garganta apertar cada vez mais...e o sangue ser expelido a cada tossida.

Logo, tudo começa a ficar escuro, e a última coisa que consegue ver, é a janela, a menos de um metro de sua mão...

Continua...