Capitulo 1
POV Esme
- VOCÊ NÃO PODE FAZER ISSO COMIGO, JAMES! VOCÊ ESQUECEU O CONTRATO? – meu pai gritava ao telefone. Ele estava sempre assim, gritando, de mau humor, sempre praguejando tudo. Entrei em meu quarto e nem lhe dei muita atenção.
Eu gostava de ficar sozinha, ficava a maior parte do tempo lendo um livro ou escutando Coldplay. Essa é a minha vida. Não tinha um único amigo, meu pai decidiu me tirar da escola quando terminei o 7º ano, pra acabar com as 'despesas desnecessárias'.
Estava quase terminando de ler THG quando fui interrompida pelo meu pai entrando em meu quarto.
- Esme, podemos conversar?
- ah, claro. Mas da próxima vez você podia bater na porta antes de invadir, sabe? – isso realmente me irritava, e ele nunca aprendia.
- ok, ok. Venha comigo até a cozinha. – Ele segurou a minha mão e me levou até lá. – Quer jantar?
- Não. Por favor, não enrole, o que aconteceu?
Me odeio por ser extremamente ansiosa. Sentei-me em uma cadeira na ponta da mesa, ele logo fez o mesmo e se sentou em uma cadeira à minha frente. Ele me olhava e eu não tinha certeza se devia quebrar o silêncio. Comecei a balançar uma perna e a fazer um toc-toc irritante na mesa.
- Fui despedido. James simplesmente quer a casa de volta. Se até final do mês não arranjarmos outra casa, vamos morar na rua.
Até a parte de meu pai ser despedido eu não fiquei surpresa, isso acontecia frequentemente. Mas James querer a casa de volta, eu entrei em choque. Eu não sabia o que pensar. James era um velho amigo de meu pai que havia vendido a casa a ele antes mesmo de eu nascer, por que ele estava fazendo isso?
- Eu não tenho outra escolha – ele continuou agora me olhando nos olhos, com um olhar frio. – vou atrás de um emprego pra você. Você vai ter que trabalhar pra sustentar seu velho pai que já não aguenta muita coisa.
Ele disse o que eu ouvi mesmo? Eu vou ter que trabalhar? E por que não ele?
- Como assim trabalhar? Eu não tenho idade pra isso! Trabalhar com quê? Por que você não vai atrás de outro emprego? – eu já estava de pé gritando quando meu pai se levantou e segurou meu braço com força.
- Que eu saiba eu não lhe perguntei nada. Você vai trabalhar! Eu passei a minha vida inteira trabalhando, pra sustentar você e aquela maldita da sua mãe, nada mais justo que agora você me retribuir um pouco não acha? – assim que ele se referiu à mamãe sua expressão mudou rápido de desgosto à raiva.
Lágrimas começaram a escorrer pelo meu rosto, ele via minha mãe como um fardo. Ele nunca me amou, nunca a amou. Sei que ele ficou mais aliviado quando ela morreu logo após o meu parto.
Sem pensar o empurrei e fui correndo me trancar em meu quarto. Desabei na cama e chorei mais ainda. Que tipo de pai obriga a filha de 15 anos a trabalhar? O meu é claro, ele me odiava. Passei algumas horas chorando até pegar no sono.
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Acordei confusa, olhei meu relógio ainda era 02:30 da manhã. De tudo que eu lembrava do dia anterior, esperava que fosse um pesadelo. Me levantei e fui para a cozinha, sem propósito nenhum, acabei tomando um pouco d'água. Quando estava voltando ao meu quarto ouvi a voz de meu pai, ele estava na sala falando ao telefone, fiquei escondida ouvindo o que ele dizia.
- Sim, ela já fez 18. Tem cabelos compridos, um corpo bacana, vocês vão gostar. Então a levo aí dia 23, combinado?
Ele... ele estava falando de mim? Não podia ser, eu ainda não tenho 18. Logo depois ele desligou o telefone.
- Prostituição. Por que não pensei nisso antes?
