Fragrância Perfeita
Resposta ao desafio Eien no Yume. Presente para Priscy-Lockheart. Rony x Hermione. A única saída era encontrar a fragrância perfeita.
Rony x Hermione - tema: fragrância.
Capítulo 1: Surpresa Desagradável
Amanhecia mais uma vez na Toca, o lar dos Weasley. Num quarto em especial, no andar mais alto da casa, o sol teimava em espiar pelas frestas da janela um ruivo muito sardento que dormia a sono solto. O sol, teimoso, conseguiu lançar alguns finos raios de sua luz no rosto do jovem, acordando-o.
-Hum... -murmurava o ruivo, aborrecido. Virou-se na cama tapando o rosto com o travesseiro.
Algumas horas se passaram, enquanto o ruivo continuava a dormir e seus irmãos acordavam para tomar o café da manhã. Quando o relógio marcou dez horas e quarenta e cinco minutos, a matriarca dos Weasley pediu para a filha que chamasse o ruivo para tomar café, caso este ainda quisesse que seus pôsteres dos Chuddley Cannons continuassem intactos.
A ruiva subiu as escadas e bateu na porta. Nada. Bateu novamente. Dessa vez recebeu um "Hum" em resposta, que interpretou sendo um "sim". Entrou.
-Mamãe tá chamando você para o café. – disse ela.
-Mas ainda é cedo! – protestou ele.
-Cedo nada, já são praticamente onze horas!
-Onze!? – berrou, saltando da cama, completamente acordado.
-Isso mesmo. Acho melhor você descer, caso não queira que tenhamos "Picadinho de Ronald" para o almoço.
A garota não precisou nem mesmo repetir. O ruivo escovou os dentes, trocou de roupa na velocidade da luz, calçou o primeiro par de sapatos que viu pela frente e desceu as escadas, pulando de dois em dois degraus.
Adentrou a cozinha, arfando, com o rosto sardento avermelhado.
-Bom... dia. – disse, e logo sentou-se na cadeira mais próxima.
A matriarca dos Weasley, que estava de costas para Rony, virou-se. Seu olhar era, no mínimo, de fazer o sangue congelar nas veias. Rony engoliu em seco, temendo não sair da cozinha com vida.
Os outros Weasley, temendo ter o mesmo destino de Rony, saíram em silêncio menos Jorge, que deu um tapinha no ombro do irmão.
-Não se preocupe maninho. Direi a Mione que você lutou contra seu cruel destino até o final. – disse Jorge, com fingidas lágrimas a escapar-lhe pelos olhos.
Rony não respondeu. Talvez por medo, talvez não. Virou-se para a mãe, esta com as mãos na cintura e o mesmo olhar temido por todos seus filhos.
-Olhe para o relógio Ronald. – falou ela, com um tom muito claro de impaciência na voz.
Ferrou, pensou o ruivo. Afinal, sempre que a mãe o chamava de 'Ronald' a situação não era a das melhores. Virou-se novamente e olhou para o relógio.
-Me diga que horas são. – ordenou a Sra. Weasley.
-São dez horas e cinqüenta minutos, mamãe. – respondeu Rony, com um fio de voz.
-E isso lá são horas de se acordar? – indagou ela, aproximando-se perigosamente do filho.
-Não, mamãe. – respondeu ele, baixando a cabeça, envergonhado e temeroso.
-Não desvie o olhar quando estou falando Ronald! – respondeu-lhe a mãe, elevando o tom da voz.
-Desculpe mamãe. A senhora tem toda a razão. Isso não se repetirá. – disse, a esperança de escapar com vida era a única coisa que lhe restava.
O silêncio tomou conta do cômodo.
-Ah, venha cá. – disse a mãe, puxando-o para um abraço. – O seu café vai esfriar.
-Valeu, mamãe.
-A propósito, o grande dia está chegando. – falou a mãe, deixando um sorriso maroto escapar-lhe dos lábios.
-Ah... É... -concordou o filho. Mas que grande dia será esse? Foi o que pensou.
-O que você dará a Hermione, querido?
-Dar?Mione?Ah, dar, é claro. É...bem...sabe...É uma surpresa! – foi a única coisa que lhe passou pela mente em responder.
-Ai, ai... -suspirou a mãe. – Que filho romântico eu tenho. Aposto que ela vai adorar o presente! –falou, sorrindo e saiu da cozinha.
Com a saída da mãe, os outros Weasley vieram checar se o irmão continuava vivo.
-Incrível! – disse Carlinhos, com os olhos do tamanho de galeões. – Você sobreviveu a irá da mamãe!
-É... -disse, com um pedaço de torrada no canto da boca. – Que dia é hoje, mesmo, hein?
-Treze.
-Treze?-perguntou Rony, confuso. – Treze de que?
-Treze de fevereiro. - respondeu Gui, como se fosse algo banal e comum. Mas não era. Não para Rony, que caiu da cadeira ao ouvir o que o irmão dissera.
-T-t-t-t-t-t-tre-ze-ze de fe-fe-verei-i-ro ? – gaguejou ele. Não, pensou ele, aflito. Não pode ser...Rony havia esquecido totalmente de que era véspera do Dia dos Namorados. Ele e Harry passaram dias e noites estudando para um teste de pré-admissão para trabalharem no Ministério.
-Vocês acham que ainda dá pra comprar alguma coisa de Dia dos Namorados? –indagou o ruivo, com medo da resposta que poderia receber.
-Hum... Depende do que você for comprar. – disse Gui, analisando a situação, com os esguios dedos a passear por suas longas madeixas ruivas. – A essa altura do campeonato a maioria das lojas do Beco Diagonal devem estar fechadas. Menos um tipo.
-Qual? – perguntou Rony, esperançoso.
-As perfumarias. - respondeu-lhe Gui. – Elas não fecham exatamente por isso; sabem que algum namorado desesperado pode ter se esquecido de comprar um presente decente.
-Você esqueceu de comprar um presente pra Mione, então? – perguntou zombeteiro Fred.
Rony preferiu que o silêncio respondesse por ele.
-Ainda temos Pó de Flu suficiente pra uma viagem de ida e volta?
-Sim. – disse Percy, com o Profeta nas mãos. – Mamãe comprou mais semana passada.
Rony correu em direção as escadas. Subiu até seu quarto, pegando sua carteira, uma jaqueta azul escuro e a varinha. Desceu as escadas, retornando a cozinha.
-Hei... Não contem pra mamãe nem pra Mione que eu fui comprar o presente, ok? Digam que eu... Sei lá, podem inventar uma desculpa? – pediu suplicante.
-O que nós não fazemos pelo bem de nosso querido irmão? –respondeu Jorge, com o reaparecimento das lágrimas fingidas.
Saiu da cozinha, entrou na sala e pegou um pouco de Pó de Flu no vaso. Entrou na lareira e gritou "Beco Diagonal!" e seu corpo foi tomado por chamas. Passados alguns segundo, estava na lareira da Floreios e Borrões, o rosto sardento coberto de fuligem. Limpou o rosto e olhou ao redor. Dar um livro a Hermione seria perfeito, mas...Que livro compraria? Não sabia qual era o gosto da namorada para livros. Só sabia que ela os lia, em grande número e numa velocidade incrível. Livros estão fora de cogitação, então, pensou o ruivo. Vou a uma perfumaria, concluiu ele. Saiu da livraria. Dirigiu-se a primeira perfumaria que avistara a alguns passos da livraria. Para a sua surpresa havia uma placa fora da loja. Nela estava escrito: "Estoque Acabado". Rangeu os dentes. Droga. Talvez tenha mais sorte na próxima. Porém a sorte não lhe sorriu. Todas as lojas não tinham mais estoque. Então, passadas duas horas de incessante busca, a luz se fez. Havia uma perfumaria que não tinha placa de "Estoque Acabado". Correu com suas longas pernas até a loja, mas quando chegou ao balcão viu um homem com um frasquinho de perfume na mão.
-Espero que a sua namorada goste. – disse a vendedora, sorrindo. – Era o nosso último perfume.
Então o fim dos tempos veio à tona. Rony não tinha escapatória. Não fora morto pela mãe, mas com certeza a namorada o mataria.
-Ah... Senhor? – perguntou o Weasley, fazendo a última loucura que lhe passara pela cabeça de cabelos ruivos. – Quanto o senhor pagou pelo perfume? Eu pago o dobro! Por favor, aceite a minha oferta! Estou desesperado!
-Ah, meu rapaz. – disse o homem. – Lamento, mas nem que pagasse o quíntuplo do valor deste perfume eu o venderia. Não encontrava nenhuma perfumaria com estoque, até que passei por esta aqui. Me desculpe. – concluiu, saindo da loja.
-Ah... Eu sou um desastre! – disse Rony.
-Rapaz? – indagou a velha vendedora, sorrindo. – Por acaso o senhor deixou para comprar o presente de Dia dos Namorados para a última hora?
Rony assentiu positivamente com a cabeça.
-E não achou nada que sua namorada possa gostar como presente?
O ruivo concordou novamente com a cabeça.
-Hum...- começou a vendedora, com a mão no queixo. – Acho que posso ajudá-lo.
-Pode? – indagou o ruivo, surpreso com a própria sorte.
-Sim. Mas o que eu vou lhe dar é para ser mantido em segredo. Entendeu? – disse ela, parando de sorrir, olhando-o severamente. – Por acaso, sabe como os perfumes bruxos foram criados?
-Não. – disse, envergonhado, o ruivo.
-Muito antigamente, no tempo em que esta perfumaria pertencia a tataravó da minha tataravó, os perfumes bruxos começaram a ser fabricados. Não eram simples essências bruxas com um cheiro agradável. Era muito mais que isso. Eram presentes, normalmente dedicados a uma pessoa que se estimava muito. Era uma antiga maneira de namorados se presentearem. Era uma maneira de dizer "eu te amo". E sabe por quê? Por que dar um perfume significava "eu te amo"?
A história era curta, mas Rony estava empolgado e achou-a interessante até. Balançou a cabeça, negativamente.
-Por que os perfumes eram baseados em poções. Mas não qualquer poção.
-Que poção?
-Amortentia. Mestres de poções fabricavam a Amortentia. Mas logo constataram que cada pessoa sentia um cheiro emanado da poção. Era o cheiro do que mais amavam. Então, começaram a tentar reproduzir o aroma que cada um deles sentia da Amortentia. Se um sentia um aroma adocicado, como chocolate, seria um perfume com cheiro de chocolate. Mas se sentisse um aroma mais fresco, como o da hortelã, misturaria essência de chocolate com folhas de hortelã. Assim, nasceu o perfume.
Rony entendera a historia, mas não o que iria fazer. Afinal, a vendedora o ajudaria ou não?
-Tenho algo que pode lhe ser útil. – disse a vendedora, sumindo de traz do balcão, para uma sala, provavelmente o depósito. Foi e voltou, com um grosso livro encadernado. Assoprou, eliminando o pó contido nele de uma só vez. Quando leu o título do livro, os olhos azuis do ruivo ficaram do tamanho de galeões.
Então, Rony entendeu o que tinha que fazer.
N/A: Oi! Mais uma fic de R/H! Essa será minha primeira two-shot, e ainda por cima um presente para uma menina maravilhosa, uma das pessoas mais doces que já conheci! Então? O que acham que vai acontecer? E Rony? O que fará? Tudo isso no próximo capítulo! Aguardem!
