Considerações iniciais:
1 - A fic se passa em uma realidade alternativa em que Regulus Black era a única pessoa na família de quem o Sirius gostava, o Regulus nunca fez a besteira de se juntar aos Comensais da Morte e o Sirius não saiu da casa dos pais só porque cansou deles.
2 - Os nomes dos capítulos estão em dinamarquês (como tudo, tudo, tudo na minha vidinha, até meu browser). Vou colocando as traduções conforme for necessário, prometo!
3 - Sirius é Uke, beijos.
4 – Escrevi essa fic pro III Challenge SiRem do 6V. Moony, querida, espero que esteja tão boa quanto você tinha imaginado que ficaria! O título também veio de um projeto da mesma seção, o Like a Brother My Ass.
Like a Brother
Capítulo 1
Sort
Black
Eu adoraria não ter que admitir isso, mas não havia ninguém no mundo que eu admirasse mais do que meu irmão mais velho. Claro, eu poderia listar algumas razões estúpidas para isso, mas todas elas se resumem em uma coisa só: ele nunca teve medo de deixar muito claro quem exatamente é Sirius Black.
A coisa mais chocante, talvez, fosse o fato dele nunca ter se preocupado em esconder que estava, como ele próprio costumava dizer, "do outro lado do arco-íris". Claro, ele não era louco de levar algum cara para jantar em casa ou falar em namorados na frente dos nossos pais, mas ele também não escondia o quanto todas as mulheres a que ele era apresentado lhe pareciam mortalmente entediantes.
Nós dividíamos, sozinhos, um andar da Mansão Black, o que significava que praticamente não existiam segredos entre nós dois. Nós éramos próximos, muito mais próximos do que se esperaria para dois irmãos que cresceram numa família normal, e meus pais sempre pareceram desaprovar isso por achar que Sirius me influenciaria. Não sei se eles estavam certos, mas sei que, durante boa parte de nossas vidas, eu fui capaz de fazer uma coisa que nenhum outro Black conseguiu: fazer Sirius falar.
As férias de verão do ano em que eu fiz quatorze anos estavam na metade quando tudo começou. Sirius havia saído de casa assim que nossos pais se trancaram em seus quartos, e só voltara às quatro e meia da manhã. Foram as risadas, dele e do cara que ele trouxe para casa, que me acordaram, e eu ouvi a porta do quarto dele bater logo depois disso.
Eu tentei voltar a dormir, mas era impossível quando eu sabia o que estava acontecendo no quarto ao lado do meu. Creio que fosse imaginação minha, mas eu tinha certeza de que podia ouvi-los. Se eu fosse um pouco mais hipócrita, eu teria tentado me convencer de que eu estava preocupado com o meu irmão, com a hipótese de ele estar bêbado o suficiente para esquecer de que, quem quer que fosse, aquele outro cara não podia dormir na nossa casa. Mas a verdade era que, durante todo o tempo que aquele outro cara passou no quarto do Sirius, uma única pergunta não saía da minha cabeça: como seria estar no lugar dele?
Descobri a resposta poucas semanas depois, quando nossos pais foram fazer compras para o começo do nosso ano letivo no Beco Diagonal e nós dois ficamos sozinhos em casa. Decidi ir tentar conversar com ele sobre todas as dúvidas que eu tinha, enquanto dividíamos garrafas e mais garrafas de fire whisky. Lembro claramente de ter dito a Sirius que achava mulheres tão atraentes quanto bules de chá, e também lembro de que ele riu e me perguntou se bules de chá eram ou não uma coisa que eu achava sexy. Diante da minha careta de nojo, ele então perguntou se eu já tinha passado por alguma experiência com homens. Eu disse que não.
Em algum momento, eu cheguei àquele ponto em que a quantidade de álcool que eu havia ingerido era grande o suficiente para que eu não tivesse mais vergonha de puxá-lo para mim e beijar sua boca. Ele deixou que eu o beijasse, como se desejar meu próprio irmão fosse a coisa mais natural do mundo. Quando me afastei, ele me puxou de volta e me deitou na cama, e o resto simplesmente aconteceu. Eu, que sempre tive tanto medo de como seria, apenas deixei que ele fizesse tudo o que queria – tudo o que eu mesmo queria.
"É só curiosidade", ele sussurrou, talvez para tentar se convencer de que tinha um bom motivo para o que estava fazendo. Eu sabia que ele estava curioso para saber o quanto exatamente nós éramos parecidos, e também suspeitava que sua curiosidade se estendesse ao fato de que eu seria o primeiro virgem a ousar dormir com ele. Mas o próprio Sirius tinha me dito, no que naquele momento me parecera um passado muito distante, que curiosidade não era um motivo bom o suficiente para fazer dois homens transarem um com o outro.
Nunca me arrependi daquela tarde, por mais que eu soubesse o quanto era errado. Não que eu acreditasse nisso; como poderia ser errado se eu me sentia daquele jeito? Sirius parecia concordar comigo, parecia entender perfeitamente como eu pensava e como eu me sentia.
Depois daquela tarde, veio outra, e mais outra, e, quando percebemos, estávamos arrumando as malas para voltar para a escola - e para nossas vidas independentes. Enquanto eu colocava no meu malão as vestes verdes cuidadosamente lavadas e passadas por Kreacher, o elfo doméstico da família, Sirius enchia o seu com roupas vermelhas, das quais ele próprio tinha que cuidar, porque nossos pais se recusavam a permitir que ele lhes lembrasse de que era de Gryffindor. Eu dobrava com cuidado meu uniforme de Quidditch, ele socava pilhas e pilhas de frisbees dentados e varinhas de mentira dentro do caldeirão.
Fomos para King's Cross em família, como sempre fazíamos e, segundos antes de correr para seus amigos, ele se virou para mim e sussurrou que nos encontraríamos no jantar. Vi ele cumprimentar James e Peter com aquele abraço impessoal que homens costumam usar para cumprimentar um ao outro, e depois ele se virou para Remus, que abriu um sorriso enorme e o abraçou de um jeito um pouco afetado. Enquanto me afastava, na direção da cabine, ouvi os quatro rirem alto, tentando chamar a atenção para si - parabéns, irmão querido, você tinha conseguido a minha atenção.
Nos encontramos, como ele tinha dito, no caminho para o Salão Principal. Ele me lançou um sorriso e se encaminhou para a mesa de Gryffindor, do outro lado do Salão, enquanto eu sentava entre os irmãos Lestrange e Severus Snape. Depois do jantar, ele levantou e veio na minha direção, com um livro nas mãos. Jogou o grosso volume encadernado em couro na minha frente, dizendo que ele tinha ido parar em seu malão por engano. Quando o abri no dormitório, encontrei um bilhete de Sirius que não dizia nada além de "Floresta Proibida, depois do toque de recolher".
Não ignorei seu pedido naquela noite, nem em nenhuma das outras. Eu sabia, ambos seríamos expulsos se fôssemos pegos - e isso ia significar deserção, sem sombra de dúvida -, mas, ao que parecia, era exatamente isso que tornava tudo tão divertido, ao menos para Sirius.
Rapidamente criamos o hábito de desaparecer por algumas horas em alguns dias da semana, sob as desculpas mais terríveis que já foram usadas, mas ninguém pareceu se importar.
Durante os dois anos seguintes, nós conseguimos nos esconder perfeitamente bem - o que era um feito incrível quando pertencíamos a Casas diferentes na escola -, e não havia nada que nos separasse, apesar de Sirius ser um perfeito cretino e fazer questão de me contar em cada detalhe sobre cada um dos outros com quem ele dormia quando não estava comigo.
Talvez nunca tivéssemos nos separado se ele não tivesse destruído tudo.
