Passaram-se anos desde a ultima vez que eles se viram. Primeiro Carly, sua melhor amiga, foi embora sem qualquer data de voltar. Ela viu o ultimo beijo dos dois, e mesmo amando Freddie ela não conseguiu se ressentir com qualquer um dos dois, a cena parecia algo como uma conclusão de um assunto entre os dois. Então se passaram alguns dias, apenas Freddie e ela sobraram de um trio que julgavam inseparáveis para o resto da vida. Naqueles dias eles se aproximaram. Ela iria para o apartamento dele quando sua mãe estava trabalhando, ou ele iria para o apartamento dela quando a mãe sumia para Las Vegas, ou Tijuana, ou qualquer lugar que lhe desse na teia e que o namorado da vez pudesse pagar. Eles não falavam nada a principio, esperavam a transmissão a vivo no Skype, onde Carly conversaria com eles por uma hora. Nessa primeira semana eles não trocavam palavras entre si, apenas quando Carly estava na transmissão, e era quase como tê-la de novo entre eles.

Depois da primeira semana eles passaram a conversar, algumas palavras no principio, mas logo se empolgavam até incluir Carly na conversa como se ela estivesse ali, como se ela fosse respondê-los, mas obviamente ela não respondia.

Na terceira semana começaram os toques, sutis, como um soco no ombro de provocação ou uma mecha de cabelo tirada do rosto, que foram evoluindo para um abraço pela cintura ou uma cabeça deitada no ombro. As palavras ainda não eram muitas. As chamadas de Carly começaram a diminuir para dia sim, dia não.

Na quarta semana vieram os beijos, simples no começo. Um beijo na cabeça ou no rosto durante o dia, como uma forma de um lembrar ao outro que eles ainda estavam ali, que tinham um ao outro. Naquela semana Carly falou com eles apenas uma duas vezes, chamadas rápidas de vinte minutos na qual Carly falou sobre sua nova vida, sobre novos amigos e até mesmo um novo garoto. Sam percebeu a mandíbula de Freddie se tencionar levemente, pra qualquer pessoa um gesto imperceptível, até mesmo para ela até um mês atrás, mas agora ela poderia ler com exatidão suas expressões. Sabia que enquanto Carly falava desse novo garoto que participava de uma banda entre amigos e a levou pra passear de cavalo Freddie repetia a cena do ultimo beijo deles de novo e de novo na mente. Naquele dia quando se despediu ela lhe deu um beijo, um selinho. Sabia que não poderia substituir aquele momento, mas queria que ele soubesse de algum modo que ela estava lá. Ela nunca foi boa com as palavras.

Na semana seguinte sempre havia dois selinho, um na chegada, outro na despedida. Algo simples para ambos. Então passavam horas no mesmo lugar, ela jogando, ele lendo, ou só em silencio. Naquela semana ela apareceu na janela do seu quarto pela escada de incêndio. Sua mãe levou o namorado pra casa e os dois não podiam fazer suas coisas em silencio. A casa de Carly era sua antiga fuga quando algo assim acontecia, mas agora ela só tinha Freddie e ele a aceitou. Foi estranho compartilhar a mesma cama. Ambos ficaram tensos, um de costas pro outro, ela com um conjunto de roupas largas dele emprestadas. Em algum momento o sono veio, e no meio do sono seus corpos se encontraram. Quando acordaram no dia seguinte dormindo de conchinha as coisas não pareciam tão tensas assim.

Na sexta semana aquilo virou rotina, se a mãe dele estivesse em casa Sam subiria pela escada de incêndio, se não ela ficaria depois da escola até o dia seguinte. Chegou a um ponto que mesmo sozinha em casa ou sua mãe sozinha e silenciosa ela iria procurá-lo, e ele não fazia perguntas, apenas a recebia. Os contatos de Carly ficaram mais rápidos e espaçados, com promessas de que não seriam mais tão espaçados assim, mas nunca cumpridos. Nenhum dos dois a culpavam era um país novo, com o pai que fazia tempos que não via, com muitas coisas pra conhecer, ela era uma garota jovem, eles não fariam o mesmo se fossem eles?

Foi na sétima semana que ele realmente a beijou. Um beijo profundo, intenso, de tirar o fôlego, como eles não faziam desde o termino no elevador. E após o primeiro veio o segundo, o terceiro e tantos outros, sem aviso, apenas seguindo suas vontades. As vezes ele começaria, as vezes ela. Eles não conversavam sobre isso, seus corpos aprenderam a conversar um com o outro.

Foi na oitava semana, um dia em que sua mãe levou o seu namorado pra casa e fez mais barulho que o usual, ela rumou pra casa de Freddie mandando uma mensagem avisando que iria a qual ele respondeu que estava sozinho. No caminho não pôde deixar de se perguntar se ser tocada, beijada era tão bom assim como a mãe fazia parecer através das paredes finas da sua casa. Quando Freddie a deixou entrar e fechou a porta ela o puxou para um beijo, o qual ele prontamente correspondeu, quando o garoto estava distraído o suficiente ela começou a desabotoar seu pijama. Ele se afastou o suficiente apenas para olhá-la, mas novamente voltou a beijá-la e a ajudou a se livrar das próprias roupas. Sabia que quando ela começava algo era porque realmente queria aquilo. Foi em sua cama, em meio ao cheiro dele. Cada toque se provou como fogo e ela realmente entendeu que segurar qualquer barulho era extremamente difícil. Quando ele a tomou houve dor no inicio, ele foi compreensivo, paciente. Se fosse qualquer outra pessoa acharia que ele já havia feito isso antes, mas foram seus corpos, eles se conheciam, sabiam o que um precisava dar ao outro. Depois da dor veio o prazer, e apenas sons, suspiros, gemidos e o nome um do outro escaparam dos seus lábios. Quando finalmente terminaram deitaram um de frente para o outro, se olhando até dormirem. Antes de dormir ela agradeceu internamente que sua mãe deixasse preservativos jogados pela casa (inclusive nas suas roupas) como se fosse decoração.

E semana após semana se passou, eles passariam a maioria das noites juntos, algumas vezes receberiam transmissões de Carly. Como sua amiga responsável poderia ficar noiva ainda tão jovem? Ela o olhou, temendo ver qualquer sinal de dor em seu rosto, mas não encontrou nada. Ele então segurou sua mão, apertando de leve como se dissesse que tudo estava bem, ele tinha a Sam.

As semanas passaram, meses passaram até finalmente terminarem o colégio. Freddie foi aceito na faculdade se sua escolha. Sam não seguiria qualquer faculdade, não era ela. Foi com um pouco de dor que ela percebeu que ele iria pra longe. Naquela noite ela cavalgou sobre ele com sofreguidão, como se sua vida dependesse disso. Ao fim, quase dormindo ele falou que poderiam fazer dar certo, mas ela sabia que não, e sem que ele visse uma lagrima escapou do seu rosto. Na noite antes dele ir embora foi a vez dele tomá-la com força, a cada impulso repetindo que ela era sua, e ele dela, e continuaram mais uma e mais uma vez, até quase amanhecer e quando ele finalmente dormiu ela se levantou, beijou o seu rosto e se despediu dele com um sussurrado "eu te amo". Deixou apenas um bilhete para trás com a mesma frase, não precisava falar muito, ele a entenderia. Naquela mesma madrugada fez sua mochila, pegou o dinheiro que havia juntado dos lanches roubados e de apostas de poker (no que ela era muito boa) subiu em sua moto comprada com o mesmo dinheiro e foi embora. Seus pensamentos nunca deixando o homem deitado em sua cama de solteiro, que ela passou a reconhecer como sua também.

Agora haviam se passado cinco anos, nesse tempo ela havia rodado vários estados, de vez em quando recebendo uma transmissão por Skype com Carly ou mesmo alguns sms por Freddie. Não podia negar que seu coração falhava uma batida ou duas ao ler um "oi" do garoto. Houveram outros caras em sua cama nesse tempo, todos parecidos com Freddie na aparência, mas nenhum deles conseguiam tocá-la, beijá-la, satisfazê-la como ele conseguia. Nos momentos finais fechava os olhos e via aquele cara de olhos chocolate e sorriso cativante e apenas assim conseguia seu orgasmo.

Ela não estava muito longe de Seattle quando recebeu uma mensagem de Carly. "estou voltando, amanhã espero encontrá-la no vitamina da hora, Freddie já confirmou que vai". Ela olhou pela janela da lanchonete em que estava, mas sem olhar pra nada em particular. Como será que ele estava? Será que pensava nela tanto quanto ela pensava nele? Talvez fosse hora de voltar e enfrentar o passado.