Autora: WDe
Título: O que será do amanhã?
Casal: Jensen Ackles e Jared Padalecki
DEDICATÓRIA: Esta é minha primeira fanfic e eu a dedico a minha querida amiga Ana Ackles. Então, Ana, eis aqui a travessura que eu lhe disse que estava aprontando. (rs) Esta história, que você já conhece, agora é toda sua. Cada palavra. São seus também o ânimo e a coragem, nascidos em mim, por causa do seu incentivo e do seu carinho. E estou postando porque queria oferecer a você, no seu níver. Fiz, porque você me fez acreditar que eu ainda estou viva e se tornou minha minha amiga, não desistindo nem depois de conhecer esse meu jeitinho meio seco ser. (rs) Obrigada querida, por me enxergar melhor do que eu sou. Você é uma criatura rara, porque poucos são os seres capazes, de ter tanta generosidade, a ponto de enxergar as pessoas melhores do que elas são. Eu sou mais alegre por ter te conhecido e não importa o que nos reserva o futuro, você sempre será alvo da minha gratidão, amizade e orações. Feliz Aniversário! Muitos beijos e abraços apertados! Espero que goste da surpresa!
AGRADECIMENTOS: Quero agradecer à Mary SPN por ler com carinho e boa vontade, opinar com critério, sinceridade e muita educação (que são coisas que valorizo demais), por implicar gentilmente com minhas vírgulas (rsrs), deixar sempre um monte de palavras de incentivo, responder a todas as minhas perguntas (e foram muitas), me explicar pacientemente passo-à-passo como se fazia para postar uma história (eu sei que devo ter te deixado doida! rs) e por embarcar nessa loucura comigo sem saber onde vai dar. Saiba que tê-la por perto me deu segurança para postar esta história e poder fazer esta surpresa para Ana. Como eu nunca havia escrito ficção, seu auxílio foi primordial. Muito Obrigada mesmo! Mil beijos!
AVISO: A quem mais quiser se aventurar a ler, além dessas duas doidas (rsrs), gostaria de dizer que esta é apenas uma história de amor. Simples assim. Então, vem sonhar!
SINOPSE: Até que ponto as dificuldades da vida, podem impedir o nascimento de um amor? A estrada de Jared vai esbarrar na de Jensen, mas se eles vão seguir juntos o mesmo caminho, só o amanhã dirá.
Capítulo 1
Jensen
"Dos nossos planos é que tenho mais saudade/ Quando olhávamos juntos na mesma direção/ Aonde está você agora além de aqui, dentro de mim?"
Vento Litoral – Legião Urbana
A água morna cai em seus cabelos, escorre pelo pescoço, por seu peito, onde um coração bate sufocado por uma dor alienígena pois, de tão grande, não é possível que seja deste planeta. Suas mãos em concha, recolhem água e a jogam em seu rosto várias e várias vezes seguidas, na intenção de acordá-lo do que ele julga ser um pesadelo medonho.
Jensen gostaria de poder nunca mais sair daquele chuveiro. Tentava em vão diluir sua dor aumentando a potência da ducha, mas a única coisa diluída nesse momento, era a sua sanidade.
Tinha vontade de sair correndo para lugar nenhum, de não enxergar mais as pessoas, de silenciar para sempre a voz do mundo.
Por que Ty tinha que fazer aquilo? Por que tinha que ir embora sem aviso? Quem disse que ele podia morrer sem a sua autorização?
Enfarto. Que coisa mais sem graça! Ele ainda era muito jovem para meramente enfartar.
Aliás, ele, Jensen, também era jovem demais para ficar viúvo.
Viúvo. Que palavra estranha! Jensen não conseguia encaixá-la numa mesma frase com seu nome.
Com a cabeça totalmente aérea, ele sai do banho. Apanha um roupão branco que está pendurado atrás da porta do banheiro e veste-o sem se secar. Vai arrastando os pés molhados pelo corredor até chegar à sala, onde encosta a testa no vidro da janela, que dá para uma rua de movimento intenso, e fica ali, olhando para nada, pensando em nada, ansiando o nada.
Não sabe quanto tempo se passou, mas se esforça a voltar cinco graus para a realidade, ao sentir duas mãos lhe puxando para um abraço apertado.
- Misha...Você ainda está aqui? Por quê? O Mark não está doente? Vá para casa.
- Não vou embora. Não é bom pra você ficar sozinho. E o Mark já foi pra casa. Está medicado e se recuperando, é só um resfriado forte.
- Você pode ir. Eu estou bem. Eu tenho mesmo que me acostumar a ficar sozinho...
- Você não está só. Eu e o Mark estaremos sempre contigo. Conte conosco em todos os momentos. Somos seus amigos para sempre.
- Para sempre. Ele se foi para sempre. Como pode fazer isso comigo? Ele sempre soube que eu não sei viver sem ele, que eu não sei dormir sem estar aconchegado a ele, que eu nem sei quem sou se ele não estiver aqui. Droga! Ty, seu desgraçado! Você prometeu que era pra sempre! Nós dois contra o mundo. Nós dois...
Jensen soluçava de tanto chorar. Sentou-se no chão sobre os joelhos e esmurrava com força a parede a sua frente, xingando e chamando por seu companheiro.
Misha não o conteve. Sabia que Jensen precisava extravasar sua dor de alguma forma e ele havia passado o dia inteiro quieto, sem chorar e, praticamente, sem dizer nada. Agora, todo aquele sentimento estava transbordando. Melhor assim, antes que ele sufocasse. No dia seguinte, suas mãos estariam doendo, mas duvidava que algo doesse mais do que a ferida aberta em sua alma.
Misha Collins e Mark Pellegrino eram amigos de Ty Olsson há muito tempo, antes mesmo de ele conhecer Jensen. Eram casados há 12 anos, tinham um relacionamento feliz e o apoio de suas famílias.
Jensen e Ty não tiveram a mesma sorte. Ty se afastou da família quando contou que era gay, pois foi duramente criticado e passou a ser alvo de todo tipo de piada dos irmãos. Seu pai dizia que ainda tinha esperança que ele voltasse a ser normal e sua mãe, que era muito religiosa, lamentava por ele ter seguido, segundo ela, um caminho que não era de Deus. Ty, que era professor de Geografia, viu que já não era mais possível estar ali. Então, alugou um pequeno apartamento e foi morar sozinho. Quatro anos depois conheceu um loiro lindo de olhos verdes, com lábios magnificamente desenhados, que se tornou o amor de sua vida.
Com Jensen foi ainda pior. Sua família texana tradicional, não aceitou sob nenhuma hipótese a sua condição de homossexual. Não houve argumentos que fizessem com que seu pai reconsiderasse a sua expulsão de casa, quando soube de seu namoro com Ty. Então Jensen, aos dezoito anos, já não fazia mais parte da família Ackles.
Ty comprou o apartamento que alugava e chamou Jensen para morar com ele e desde então, construíram uma vida lado a lado, com muito amor e companheirismo. Tinham amigos, um lar e empregos que permitiam uma vida sem luxos, mas tranquila. E tinham um ao outro.
Ninguém da família de Jensen soube quando ele entrou para a universidade. Eles não foram à sua formatura, e não o viram ganhar uma medalha como melhor aluno da turma de formandos em Matemática. Eles também não comemoram seu primeiro emprego como professor em uma renomada escola em Austin. Ty estava em todos esses momentos, apoiando, incentivando e lutando junto com Jensen. Até quando brigavam feio, geralmente por ciúmes que ambos sentiam, Jensen tinha a certeza que o amor de Ty não diminuía um milímetro, assim como o seu também não.
Agora Ty estava morto. Simples assim. De uma hora para outra, deixara de existir na vida de Jensen. E ele sequer pode se despedir de seu companheiro. Fora impedido de ir ao enterro pela família de Ty. Mas Jensen era a família dele! Seu amante, seu amor, seu amigo. Eles não tinham o direito de impedi-lo de velar o corpo de seu companheiro. Porém, o fizeram.
Ty tivera um infarto fulminante na sala dos professores, durante o intervalo das aulas, na escola onde lecionava desde que havia se formado. Alguns colegas de trabalho que conheciam sua família, avisaram do acontecido e depois tudo se passou muito rápido. A família providenciou a liberação do corpo e, pouco tempo mais tarde, quando Jensen ficou sabendo da morte de seu amado, ele já havia sido levado por seus familiares, que trataram solidamente de bloquear a presença de Jensen, alegando a fragilidade da mãe de Ty, por ser cardíaca e já estar passando por um momento difícil.
Jensen, sozinho, não tivera forças para lutar contra toda aquela pressão e, completamente desnorteado, saíra do cemitério caminhando às cegas. Sentara-se em um parque nas proximidades e lá ficara, até ser encontrado por Misha e Mark, que o levaram para casa.
Agora, jazia deitado no chão do apartamento que dividira com seu amor. As mãos doloridas e inchadas, os olhos cansados de chorar, corpo e alma exaustos de dor.
- Venha, vamos colocar gelo em suas mãos e tomar um analgésico. – Disse Misha, ajudando o amigo a se levantar. - Você também tem comer algo ou pelo menos tomar um copo de leite. Sei que não comeu nada durante o dia todo.
Jensen se deixou levantar e cuidar por Misha. Não por querer, mas por não ter forças para negar-se a qualquer coisa. Depois deitou-se na cama que por sete anos dividiu com Ty, fechou os olhos e tão somente apagou, de puro cansaço.
Ao acordar no dia seguinte, a primeira coisa que lembrou foi de ir desligar a cafeteira, que Ty sempre esquecia ligada ao sair para trabalhar. Entrou na cozinha pequena e organizada, toda em preto e branco, e correu os olhos pela bancada onde costumavam tomar café. Estranhou que a cafeteira não estivesse ali, então resolveu voltar ao quarto achando que Ty ainda não havia saído para o trabalho. Talvez ele tivesse se atrasado. "Que horas eram?" Ao passar pela sala, reparou em alguém dormindo no sofá.
- Misha? O que você...
Jensen correu até a cozinha a procura da cafeteira. A encontrou guardada no armário, vazia, fria. Sentou-se no chão abraçado a ela e chorou. Sabia... Não enlouquecera. Só não queria ver, não podia aceitar.
Misha levantou-se à procura do amigo, o encontrou no chão da cozinha, desconsolado, destruído, agarrado ao eletrodoméstico. Olhou-o um tanto preocupado.
– Ty sempre esquecia a cafeteira ligada... eu... eu... só vim verificar se... – Jensen falou, meio perdido entre a realidade e a confusa dimensão em que sua mente se encontrava. Misha sentou ao seu lado e abraçados, choraram juntos por um longo tempo.
Depois que Misha se foi, prometendo voltar à noite, Jensen entrou no quarto e abriu o guarda-roupa na parte de Ty. Não tinham segredos um para outro, mas ele temeu a dor que lhe invadiria, pelo que ia encontrar ali. Mexer nas coisas pessoais dele, era como mergulhar no mundo de Ty. Um mundo que já fora seu, um homem que já fora seu e que agora não mais existia, a não ser dentro do coração de Jensen.
Lembrou-se de um carinho que Ty costumava fazer e que lhe deixava louco, roçando a pontinha do nariz bem de leve, logo abaixo do lóbulo de sua orelha e falando baixinho em seu ouvido, de um jeito bem sem-vergonha, que aquilo era pra começar a brincadeira. Ele nunca mais teria aquilo. Nunca mais teria Ty. A certeza do nunca mais e a impotência diante desse adeus tão repentino dilaceravam, a agora vazia, existência de Jensen.
Continuou olhando para os itens dentro do guarda-roupa, foi tocando nos objetos e roupas aleatoriamente, e encontrou um pacote de camisinhas de menta. Sorriu, lembrando o quanto seu amado gostava da sensação que elas lhe davam, quando em contato com sua pele. O que ia fazer com aquilo? Será que era errado usar as camisinhas de um morto? Ele queria usá-las? Que bobagem... já não estava conseguindo pensar coisa com coisa.
Alguns livros, sapatos, pen drives. Jensen fechou as portas do guarda-roupa e de seu coração. Tomou um comprimido para dormir e deitou-se. Nos braços, o travesseiro com o cheiro de Ty.
Continua...
