Ultimamente a vida tem-se tornado rotineira e muitas vezes isto acaba provocando efeitos inimagináveis, uma sucessão de acontecimentos darão oportunidade para surgir...
O DOCE BEIJO DA MORTE!
Tive mais um dia rotineiro, bem cansativo, diga-se de passagem. Meu dia foi constituído apenas de trabalho, trabalho e trabalho, minhas únicas palavras ditas foram "Sim Senhor!", não possuo ninguém para conversar comigo (nem na internet encontrei alguém ) e isto me sufoca, pior ainda é no final do expediente ser chamado para falar com o meu chefe e ele simplesmente me "chuta" da empresa, para ser substituído por um jovem, pior ainda, o jovem foi eu quem o treinei!.
Voltava para casa quando fui abordado por dois pivetes, visivelmente drogados, quem dera eles roubassem apenas meu carro, após roubarem meu automóvel, tentaram fugir em alta velocidade, acabaram por subir na guia, deram de frente a um poste, um fio de energia se desprendeu e... Espero que eles tenham tido tempo de se arrepender pelo menos. =/
Depois de passar horas a fio na delegacia, consigo chegar à frente da minha casa, toda velha, estragada, refletia bem o dono, alguém acabado, sem nada de bom... Entro nela, ficando mais uma vez completamente sozinho, solitário, frio, vazio...
Olho meu espelho e vejo uma caveira chamando-me pausadamente, sem pressa... Deito na minha cama, cubro-me, olho para o teto e... A cena se repete.
Não é a primeira vez que a morte me convida, ela tem sido minha única companheira, sempre tem estado do meu lado, me aguardando, me aguardando...
Ela me venceu, não, na verdade a proposta dela parece-me mais tentadora, é como aquele mais maravilhoso beijo, que te domina... Abro meu armário e pego o vidro com arsênico, sabia que ele me seria muito útil um dia, mas ele ESTÁ VENCIDO! Será que nem o prazer da morte eu posso ter?
Viro o vidro numa golada só, até que a morte tem um gosto doce, estranho...
Minhas lembranças começam a ressurgir, escuras, opacas, sombrentas, vazias... Minha visão vai embaçando, cada segundo meu coração acelera, minha garganta seca e fico à mercê da morte!
Consigo senti-la tocando meus lábios e sugando minha alma, arrancando-me a vida e nada faço contra isto, pois ela foi minha única e eterna companheira, que nunca me abandonou e morrerei com ela, com o doce beijo da morte!!
Fim.
Muitas vezes sentimos dores que avassalam o nosso coração, que nos destroem, passamos por muitas coisas que poderíamos pensar que não agüentaríamos enfrentar, mas há um momento em que a morte é tentadora, ela com jeito se aproxima de nós e nos abraça, é o último abraço, aquele que você nunca se desvencilhará.
Felipe Nani.
