Notas: Isso é originalmente uma redação que eu fiz para Português (eu ganhei um "Obs.: Primoroso! Nota: 100" como prêmio, hehe.). Mudei o nome da Alex para "Alessandra". Menções a Alex/Marissa, Ryan/Marissa. Alex passando por uma noite difícil depois do fim de seu relacionamento com Marissa.
A virada da maré
Ela permaneceu deitada em sua cama, acordada, por outra hora, a escuridão lhe fazendo companhia. Ela ouvia claramente sua respiração, observando o aparente nada.
Mas, para Alessandra, havia muito mais que o nada para observar. "Flashes" de memória assaltavam-lhe a vista. Volta-e-meia, os faróis de carros ocasionais ofuscavam of "flashes". Mas assim que a luz dos faróis se desvanecia na escuridão, as memórias voltavam mais fortes do que nunca.
O fogo. A maré. A própria Alessandra. A outra garota. E o garoto que a havia roubado dela.
Alessandra fecha os olhos com força, tentando fazer com que a escuridão e os "flashes" desaparecessem. De nada adiantam seus esforços.
Seus cachos loiros já estavam úmidos de suor. Como desejava uma bebida. Mas ela sabia que, por mais que a sensação ardente em sua garganta quando o álcool passasse fosse aliviante, no momento em que fechasse os olhos ela se lembraria de quando haviam se conhecido.
Oh, sim, se lembrava bem. Alessandra a havia defendido da raiva do garoto. O mesmo garoto que depois a tirou de seus braços.
Mas era nessas horas que Alessandra se perguntava se ela ainda estava em seus braços, se ela ainda era sua, quando ele a levou de volta para a vida "normal" dela.
Alessandra pensou que talvez fosse demais para a garota. Viver fora da vida confortável na qual ela tinha crescido. Mansões, líderes de torcida, eventos escolares... garotos.
Mas ainda assim... sequer fora Alessandra quem fez o "primeiro movimento".
Ela se vira na cama, tirando os olhos de onde o teto estaria na escuridão, e fecha-os.
Mas a imagem não se desvanece. Alessandra viu, com tanta intensidade quanto naquela noite, a garota de madeixas castanhas e vestido caro entrar pela porta do clube deserto, um tanto quanto afobada.
Alessandra deixa escapar um suspiro. Como ela estava bonita. Linda.
- Droga. - ela deixa escapar entre dentes, jogando as pernas para fora da cama e levantando-se.
Ela se dirige cegamente até onde sabe ser a janela. Em sua mente, a garota repetia as palavras. "Mas... também... vim aqui porque sabia que te veria."
O ar noturno bate em seu rosto quando ela afasta as cortinas. "Não que eu queira colocar alguma pressão em você ou algo parecido..." a garota repetia em sua cabeça. "É que... é assim que eu me sinto... e eu tinha que dizer."
Alessandra olha pela janela. Sob a luz do luar ela consegue divisar a praia deserta. Ela se lembra como havia sentido seu coração dar um pulo em seu peito, como sua respiração acelerou ao ouvir aquilo da garota. E como Alessandra a levou para a praia para um pequeno ritual que tinha para quando algo grande estava prestes a mudar em sua vida.
Elas haviam sentado na areia. Em certo momento, Alessandra virou-se para a garota.
- A maré acabou de virar. - Alessandra havia dito.
E então, Alessandra a beijou. Até agora, sua respiração acelera ao lembrar como tocara os lábios da garota com os seus. E seu coração salta ao lembrar de ela retribuir o beijo.
Ao prestar atenção no mar, Alessandra sorri e se sente mais leve. A maré acabou de virar.
