Disclaimer: os personagens de Naruto não me pertencem, do contrário o anime chamaria Sakura.
Nota: personagens fora da personalidade.
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Amor de Viúva
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Pereceu sob a mesa a entrada. Prontamente escutava-se um murmúrio de ambos os lados da mesa. A mulher levantou, saindo de seu súbito relaxamento para pegar o prato principal. Seu mais novo trabalho perante a ele era este: servir de dona de casa. Teve total descaso com a educação e foi em direção à cozinha, voltando segundos depois com uma bela bandeja, onde a deixou sob o centro da mesa.
Dentro de segundos os olhares frios de Sasuke só eram destinados a comida. Estava faminto, e talvez, ficasse despercebido todo o resquício de amargura no singelo pedaço do cordeiro. Ele agarrara-se a comida com tanta admiração que talvez tenha sido um agouro à Sakura. Afinal estavam a falar de comida.
Mas havia a inquisição em teu ato: qual seria o motivo?
De longe não havia motivos. As esmeraldas que tanto se debatiam dentro dos olhos de Sakura não tinham motivos. Pelo contrário, o que mais lhe restava era rancor sobre o marido. Tal amor havia sido consumido pelo tempo e dava lugar à tristeza. A querida não havia se conformado com a perda do trabalho e a devoção necessária que seu marido pedia.
Brigas e mais brigas surgiram no lugar das belas palavras e das noites queimantes. E o clima desconfortável cresceu dentro da grande casa. Acabaram-se as belas noites e o amor conjugado entre eles. E com o tempo ambos viviam assim...
A mulher acompanhou o marido no prato principal. Diferente do mesmo, só tinha uma simples salada em seu prato. Diferentes até mesmo no gosto, onde se podia ver o quão errônea foram as palavras de Sasuke ao conquistá-la. Os opostos se atraem. Errado, simplesmente errado. Voltando a salada, ela já havia ingerido grande parte, quando começou a abordar o marido com sorrisos amarelos e guardava aos cantos os maliciosos.
Sasuke havia devorado o cordeiro. A culinária de Sakura era impecável. Como uma deusa. Perséfone sentiria inveja de toda a áurea que percorria em volta da rosada. Suas belas esmeraldas, os cílios brilhantes, o nariz arrebitado e o sorriso maquiavélico.
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Com o jantar sendo um sucesso, Sakura já estava em sua banheira, consumindo de grandes regalias: sais mineiras, espuma, um som estridente de violino. Todos estes conseguiam relaxá-la. Mas nada podia ser comparado ao cordeiro, esse fê-la mais feliz do que nunca.
Sakura tinha uma toca em sua cabeça, algo capaz de isolar seu cabelo bem tratado da água ali presente. Algo que deixava possível com que a mesma se deitasse sob a banheira. E fora o que ela fez. Deitou-se e ficou inerte durante minutos.
Perante o som do violino Sakura só balançava os braços para acompanhá-lo. Fez várias vezes, até dar um longo suspiro e uma gargalhada tresloucada ecoar dentro do banheiro. Tresloucada e maliciosa.
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O salto alto de Sakura descia as escadas. O barulho era o mesmo de sempre: clack, clack. Tal barulho era o agouro de Sasuke, e diante da situação, a viúva não podia ser mais irônica. Dentro de seu roupão de seda e seu salto alto, desceu as escadas fazendo o maior barulho que conseguia.
- Alô! Meu marido está caído, acho que ele morreu! – Sakura largou o telefone no chão. Seus macios dedos tampavam a boca risonha.
Ali estavam os dois. Sasuke e Sakura. Tantas recordações, tantos momentos, tantas brigas. Sakura sentava-se ao lado do corpo imóvel do marido. As palavras que usou com os policiais ecoavam em sua mente. Foi como Clarice Lispector poetizou: minhas desequilibradas palavras são o luxo do meu silêncio.
