Uma Viagem Inesquecível

Quatro anos se passaram desde que BelialVandemon pereceu perante os digiescolhidos, e muito havia mudado. Agora no Ensino Secundário, TK, Kari, Yolei, Davis, Cody e Ken enfrentavam um desafio especial para superar essa fase de suas vidas. Já Izzy havia terminado o colégio antecipadamente o colegial graças a seu intelecto superior, enquanto que Mimi não teve a chance de continuá-lo após retornar dos Estados Unidos. Já para Matt, Sora e Tai, após terem terminado o colégio, entraram em um acordo de tirar um ano sem estudar propriamente, com o objetivo de decidir quais cursos pretendiam para suas vidas. Joe, o mais velho, adentrara a faculdade de medicina.

Já para suas vidas amorosas, muitas haviam começado: TK namorava havia 5 meses com uma ex-digiescolhida chamada Mirato que havia entrado em sua sala no começo do ano, mas que abandonara o Digimundo, seu digivice e seu digimon; já Kari começara um namoro havia três meses com o segundo líder do grupo, fazendo Davis muito feliz com isso.

Matt e Sora completavam já um ano de namoro. Muitos ficaram preocupados com como Tai reagiria a tal fato, mas, para a surpresa geral, ele admitiu apenas uma semana depois que não sentia nada além de amizade por ela. O digiescolhido da Coragem no momento não possuía relacionamento, e sequer se preocupava muito com isso; os projetos para a faculdade preenchiam completamente seus dias.

O mais novo casal do grupo era Izzy e Mimi. Dois meses atrás, a garota retornara ao Japão, sozinha. Sem ter conseguido entrar no colégio japonês, ela tinha muito tempo livre que passava com o ruivo, e, em uma viagem ao Digimundo, ele se declarou a ela e eles se beijaram. Apesar de desejosos, eles não haviam ultrapassado o limite de beijos, deixando para um momento especial a consumação.

...

Tudo começa no dia 1º de Agosto, o mais especial dos dias: o Odayba Memorial Day.

Visando uma surpresa bem especial, todos os pais dos digiescolhidos, em especial os de Mimi, organizaram uma viagem surpresa para eles com destino nos Estados Unidos, mais especificamente Nova York. Provisões tomadas, a viagem estava marcada, mas infelizmente Joe e Davis seriam incapazes de ir, este tendo que realizar uma recuperação que definiria seu ano, e aquele deveria estar presente no hospital, sem oportunidade de interromper seu estudo.

Finalmente chegando ao país, eles correram do aeroporto, ansiosos por um quarto. O hotel era gigantesco, com algo em torno de 20 andares e tomando todo o quarteirão em que estava.

Tai foi até a recepção e encontrou uma mulher ruiva com sardas no rosto e aproximadamente 25 anos atrás do balcão, um pouco surpresa pelo tamanho do grupo que chegara, e ele fala no melhor inglês que é capaz de pronunciar.

-*Oi, nós temos reservas*.

-*Certo, você poderia me dizer o nome em que eles foram reservados*?

-Er... - Tai fica confuso e se vira para Mimi - Mimi, você sabe que nome seus pais colocaram na reserva?

Após pensar um pouco, a garota dá um sorriso de "desculpas" e fala:

-Desculpa, Tai, não tenho ideia.

-Bah... - Tai suspira e arrisca - *Talvez... Tachikawa*?

A menina ruiva digita o nome no computador e sorri de forma tranquilizante:

-*Está tudo certo, suas reservas estão...* - de repente, a menina inclina seu corpo na direção do computador e começa a analisar alguma coisa - *Ah não*...

-*O que foi*? - pergunta Tai, vendo a cara de apreensão da moça e logo trata de acalmá-la - *Olha, se os quartos não estiverem prontos, nós podemos esperar*...

-*Não, não é isso... Parece que houve um problema com os quartos e eles ficaram bem separados uns dos outros*.

Os digiescolhidos se entreolham e dão de ombros, o cansaço e o jet lag anularam qualquer problema que isso pudesse significar, suas mentes se focavam unicamente nas camas que lhes aguardavam.

-*Sem problema, quais são os quartos*?

-*Aqui consta que vocês ficaram com os quartos 150, 325, 606, 892 e 909*.

-*E quantas camas em cada quarto*?

-*Duas de solteiro em cada uma*.

-*Bom...* - Tai se vira para os amigos e fala - Vamos fazer assim: Yolei, Cody, vocês pegam o quarto no terceiro andar, Ken e TK ficam no primeiro, eu e a Kari no sexto, Mimi e Izzy no oitavo e Sora e o Matt no nono. Alguma objeção?

Nenhuma objeção feita, todos entregam sua mala para serem transportadas. Um dos carregadores recebeu a compaixão dos digiescolhidos: o pobre coitado deveria levar as "modestas" malas de Mimi, que ocuparam completamente um carrinho por si só.

Após chegarem nos quartos, os digiescolhidos se instalam e rapidamente descem, com um único objetivo: conhecer a cidade, mesmo que brevemente.

Almoço na Times Square, visita à famosa Estátua da Liberdade, o minuto de silêncio no Marco Zero do 11 de Setembro... Mimi estava particularmente feliz por revisitar sua casa depois de tanto tempo.

Havia uma pessoa entre eles, contudo, que não estava aproveitando tanto o dia. Por algum motivo, TK não trocara sequer uma palavra com Kari desde que chegaram ao país, o que estava incomodando imensamente a digiescolhida da Luz.

Kari P.d.v.

Que será que tá acontecendo com o TK?! Ele não falou nada comigo hoje o dia inteiro! Desde que chegamos, tenho impressão que estou com algum tipo de doença, porque ele não chega a menos de dois metros de mim por nada!

-Hey, Kari...

Ele tá muito estranho... Será que ele tá sentindo falta da Mirato? Não, não faz sentido... Será que foi algo que eu disse antes de partirmos?

-Hey, Terra para a Kari...

Não, eu não disse nada demais! Não consigo entender... Como gostaria poder ler a mente dele...

-ACORDA, KARI!

-AH! Que susto, Tai! Pode falar, não sou surda!

-Mas eu to te chamando faz uns minutos... - nossa, eu fiquei tanto tempo assim pensando nele? - Onde você tava com a cabeça?

Não consegui controlar, eu fiquei um pouco vermelha... Se eu falar que estou pensando, todo mundo vai ficar me olhando estranho a viagem toda.

-Nada. Que você queria?

-Você quer ir em algum lugar ainda? Nós estamos pensando em voltar para o hotel.

-Ah não, obrigada.

-Certo, vamos lá então, pessoal.

Normal P.d.v.

A noite chega rápido para os digiescolhidos e ela lhes guardava uma surpresa especial: os pais de Mimi reservaram o principal salão de festas para comemorar o dia deles, com toda sorte de enfeite condizente ao Digimundo. Cada um colocara sua melhor roupa e todos estavam muito animados para se divertir.

O salão de festas não era exatamente muito grande, mas servira perfeitamente para o número de presentes: perto da porta havia um bar com vários bancos estufados com couro vermelho que tinha como chefe um homem experiente e bem apessoado, cabelos escuros e um sorriso charmoso, capaz de fazer bebidas dos mais diferentes gostos, inclusive deliciosos sucos e alguns tipos de raspadinha. Do lado oposto à entrada haviam três mesas com quatro cadeiras cada, sendo que entre eles havia uma grande pista para dança.

TK estava sentado no bar, pensativo, enquanto que Kari estava do lado oposto do local, nas mesas. Ele usava um terno com gravata verde escuro, enquanto que ela usava um vestido rosa que cobria maior parte de seu corpo, mas sem deixar de dar algumas vantagens para seu corpo esbelto.

Yolei também havia percebido isso e finalmente decide tomar uma atitude, farta da situação. Ela anda até Ken, que utilizava também um terno mas com uma gravata mais escura, e lhe fala de forma inquisitiva:

-Ken, você não percebeu nada de diferente?

O rapaz olha para a garota e não consegue evitar de notar seu vestido vermelho-sangue no estilo tomara que caia, exibindo seus ombros e um pouco de seu busto, combinado com uma maquiagem que lhe dava certos contornos exóticos. Um pouco vermelho, o garoto fala:

-Ah... Bem... Você está muito bonita, Yolei...

O comentário inocente de Ken faz com que a digiescolhida perca totalmente a compostura e fique muito vermelha.

-Obrigada... – ela respira um pouco para que o rubor desaparecesse - Mas não é isso - finalmente ficando séria de novo, ela aponta para TK e depois para Kari - Olha esses dois... Eles sempre são a alma da festa, se divertindo tanto, mas agora... O TK te disse algo?

-Não, e, agora que você falou, é verdade. Qual o seu plano?

-Quero que você seja meu parceiro!

Ken fica imediatamente vermelho e escolhe com cuidado suas próximas palavras.

-Parceiro... No quê?

-A descobrir o que aconteceu. Por que, pensou no quê?

-Nada não, continue... - fala Ken, olhando para os lados tentando disfarçar.

-Bem, vai falar com TK e eu vou com Kari. Arranque a verdade desses dois de qualquer forma, mesmo que signifique deixá-los bêbados!

-Hey... Yolei, você não acha que isso é um pouco de... Exagero? - conhecendo tão bem Yolei como conhecia, Ken sabia que ela seria bem capaz de fazer aquilo.

-Claro que não! Operação Reconciliação entre Kari e TK começa!

-Ai... - "Por que estou sentindo que isso vai acabar muito mal?" se pergunta o digiescolhido da Bondade. Resignado, ele se dirige para onde TK estava sentado.

Yolei se aproxima de Kari. A digiescolhida da Luz estava sentada em uma mesa, encarando um copo de refresco, obviamente imersa em seus pensamentos. A irmã caçula de Tai só percebe a presença de Yolei quando a menina de cabelos lavanda aponta um dedo na sua cara e pergunta escandalosamente:

-QUE DIABOS TÁ ACONTECENDO COM VOCÊ?!

Kari fica encarando Yolei por alguns segundos antes de começar a rir da atitude da amiga, entretanto seu semblante triste retorna em poucos segundos e ela responde, desanimada:

-Não é nada, Yolei, pode deixar...

-Tá na cara que não é nada! Olha pra você! Nessas horas, você e o TK deviam estar lá, se divertindo, animando a festa, fazendo as melhores brincadeiras! Pode dizer que tá rolando!

-Esse é o problema, Yolei... Ele me evitou dia inteiro! Ele não me olhou na cara desde que chegamos! Não sei o que aconteceu, mas ele age como se eu tivesse feito algo pra magoar ele, mas eu juro que não fiz nada Yolei! Nada! Por que ele tá assim?! - Kari tenta fazer com que a voz saísse natural, mas algumas vezes ela vacila um pouco, mostrando para Yolei que aquilo realmente a havia atingido.

-Kari, você não pode ficar assim... Por que não conversa com ele? - Yolei se senta ao lado da amiga, colocando uma mão em suas costas.

-Não, Yolei... Do jeito que ele está, ele não vai me dizer... Sabe, desde que ele começou a namorar a Mirato, tudo tem ficado tão... Difícil... - algumas lágrimas finalmente se libertar de Kari, mesmo ela lutando ao máximo - Não que ele não possa namorar outra pessoa, mas poxa... Justo ela! Uma menina que abandonou o Digimundo e deixou muitos digimons na mão, como ele pode ficar com alguém assim?!

-Calma, Kari, respira, amiga... Você não devia ficar assim. Você não tá namorando o Davis? Ele pode ser um porre às vezes, mas mesmo assim, você não devia se machucar tanto por com quem o TK tá.

-Acho que você tá certa... Olha, acho que vou subir um pouco, pra pensar melhor - Kari se levanta pra voltar para o quarto, afastando com calma a digiescolhida para se erguer. Quase que simultaneamente, Yolei também se levanta, colocando um braço no ombro da amiga.

-Tem certeza? Quer que eu vá com você?

-Não, pode ficar, preciso pensar um pouco. Se diverte, não vou estragar sua noite.

Yolei percebe o quanto havia falhado na sua missão, ficando chateada por ter machucado ainda mais a amiga.

-Que grande amiga eu sou...

Continua...