Não, não, não. A negativa repetida diversas vezes deveria causar o mesmo efeito de algum feitiço forte para desfazer besteiras próprias e, mais do que isso, dos outros. Mas a verdade é que a vida nunca fora fácil para ela e, claro, não se tornaria desta forma nesta altura do campeonato.
E ela, sem ter tido nenhuma experiência assim em toda a sua vida, não sabia como tudo havia mudado tão rápido, nada nunca tinha sido tão depressa quanto naquele longínquo ano em que Malfoy fora transformado em uma doninha.
Pare agora mesmo! – Repetiu para si enquanto chacoalhava a cabeça, tentando tirar aquela cena de seus pensamentos. Não podia ser possível, sua garotinha indefesa, linda e tão genial e o filho imprudente daquele imprestável.
Aliás, haviam tantas negativas provenientes daquela família que ela preferiria ter mais uma marca da guerra além daquela em seu braço do que ver sua princesa com uma serpente vinda daquela víbora. E, de repente, uma lágrima rolou por suas faces.
"Como tudo passou tão rápido? ", refletiu enquanto secava a lágrima solitária de sua face e respirou fundo. "Quando é que eu me tornei o mesmo que ele, uma pessoa com conceitos prévios, controladora e que busca vingança? ", eu deveria estar do lado dela, ajudando-a como ninguém pôde fazer por mim, mas não. "Chega! "
Com passos mais rápidos do que quando quase foi expulsa (diversas vezes, claro) de Hogwarts, bateu na porta da filha e manteve um sorriso em seus lábios.
– Pode entrar – respondeu a adolescente, a qual parecia com mais idade do que tinha e, de repente, isso fez pesar o coração de Hermione.
– Me desculpe, realmente, me perdoe pela reação ao saber sobre vocês. É só que...
– Mãe, eu sei que quando estavas na escola as coisas eram difíceis e o pai dele te tratou de formas horrendas, mas ele é diferente. É sério! – cortou a menina.
Granger só conseguiu sorrir, enquanto colocava uma mecha encaracolada por detrás da orelha da filha, a qual amava mais que a si mesma e por quem mataria e morreria.
– Eu... eu sei. É só que, há momentos em que ele ainda age como um ser desprezível e me amedronta pensar que quem você ama pode ser parecido com ele e, sem querer, te ferir de alguma forma. – Continuou uma Hermione um tanto cansada.
– Talvez você tenha permanecido na defensiva por tempo demais, mamãe. Ambos são bons, tanto meu "Córpi", quanto o pai dele. Ok? E eu sei me defender, afinal, aprendi tudo o que sei com a melhor bruxa de todos os tempos. – Completou a menina, a qual havia entrelaçado os dedos com os da mãe. – Ah! E eu os convidei para jantar aqui hoje, 'tá?
- O QUE?! – disse Mione, que tampava a boca enquanto notava que tinha pulado da cama e encarava a filha espantada. – D... desculpe, querida. É só que, realmente, você me pegou de surpresa. Mas, tudo bem, vamos dar um jeito e eu vou ameaçar azarar seu pai caso ele tente algo. Combinado?
A jovem bruxa sorriu com a mesma alegria que Mione se recordava de ter sentido ao se sentir completa e feliz. A mãe daquela bruxinha incrível deu um beijo na testa da filha e foi verificar o que poderia fazer para o jantar de domingo.
E, sem esperar, permitiu que lembranças e mais lembranças rodopiassem por sua memória. O Baile de Inverno, os jogos de quadribol nos quais torceu por seus melhores amigos, seu primeiro beijo, mãos dadas com Rony, o reencontro com seus pais e aquele abraço que permanecia em sua memória, aquele tal abraço que ocorrera logo após o fim da guerra em alguém que havia perdido tanto, mas que tinha se encontrado finalmente. Ela sorriu e suspirou, sabendo que bons ventos trariam boas novas.
