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Caminho para o poço das lágrimas

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Talvez, seus pés estivessem sendo guiados pelos seus pensamentos, ou o que sobrou deles. Naquele extenso lugar que compunha seu mísero mundo – dos sonhos dela, dos olhos dela, ou era dela? -, ela se sentia vazia. Cada passo – cada som, cada gota, cada eco – ela sentia tudo o que estava a sua volta, pois era, tão, tão, tão vazio. Era escuro – todas as cores que ela não percebia, ou nenhuma delas estava lá – e tinha a água sobre seus pés – fina como um espelho, na qual reflete sua imagem distorcida -. Onde estava, o que era aquilo? Kirakishou não sabia. Só sabia – ou achava que sabia – que ali era onde ela vivia – vivia?

Andava com lentidão – de quase parar – e suas botas faziam um irritante barulho quando se chocava com a água. Mas ela não queria para com aquele barulho, pois não sabia qual era pior – o silêncio de quase cortar, ou os ecos que mostram que estava sozinha – Por isso, simplesmente, andava. Não sabia pára onde, já que não havia direção ou algo diferente onde estava, então simplesmente andava.

Buscou em outros cantos, uma cor a mais que lhe prendesse a atenção, sem ser sua cor normal – rosa-cor-de-rosa e seus olhos, mel-cor-de-âmbar – Um vermelho quem sabe? – Mas ela não gostava da cor vermelha, ela manchou a preta Um rosa mais claro, talvez? – Talvez matasse a fome – Um amarelo, um duplo verde-vermelho? – Não lhe servia em nada – Roxo? – Uma cópia mal feita de sua própria imagem – Suspirou, seu suspiro ecoou e o som voltou. O preto não era tão ruim assim, só era um tanto – tanto quanto? – sozinho demais – triste demais, melancólico demais, triste demais -. Assim como ela mesma era.

Havia lago diferente mais a frente. Quase não acreditou no que viu – parecia ser feito de algo duro e cinzento, circular – Uma saída? – de quem queria fugir, de onde queria sair? – Por coincidência do destino – Nesse mundo, não existem coincidências. Apenas o destino inevitável. Uma hora ou outro, você chegaria ao seu final, por mais que ele não seja feliz – Foi receosa tocar nas beiradas do poço, olhou para o fundo – sentiu uma brisa de verão assoprar-lhe o rosto – Ilusão? – ou a falta de ação? – Alice através do espelho passou por ele para a Casa do Espelho, todo macio, como gaze, para poder atravessá-lo.² - Imagine que ele virou bruma³ -

O poço de lágrimas? – A toca do Coelho? – Por pressa de sair – Por medo de morrer sozinha – Por não saber onde estava – Nem onde vai parar – Se deixou levar pela gravidade de seu corpo – Pela gravidade de seus pecados – Caiu com tudo – Sumiu do mundo – Caiu no abismo de portas sem saída – Continuará sozinha, por toda a vida – Mergulhou nas lágrimas de Alice.

Seucorponãomaisexiste.

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Em cada gota de eco encantada;

No poço de lágrimas choradas;

No leito que Alice dormiu um dia;

Foi minha cova de memórias esquecidas.

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Meus sete fantasmas me assombram no escuro;

Não a gritos, apenas barulhos mudos;

Por mais que eu procure, não a nada que vejo;

Às vezes, quebrar-me em mil pedaços almejo.

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Meus passos não têm direção;

Só à falta de cor e as lágrimas ao chão;

Eu sinto as batidasou a falta delas – do meu coração;

Esse vazio transpassa as barreiras de minha mão.

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Nesse lugar, encontrei um poço;

- A toca do Coelho? – Assopra-me o rosto;

Fui afundando até a cabeça.

Morri de tristeza.

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¹ - Ando assistindo Holic demais. e.e

² e ³ - Partes de "Alice através do espelho".

N/a: Não entendeu? Se você reler Alice no País das Maravilhas novamente com certeza entenderá.

E não, eu não fiz referência ao livro de André Vianco. Por falar nele, tenho que parar babar um pouco mais pelo Guilherme... '-'

Eu estava fazendo um outra fanfic a muito³ tempo e não conseguia terminar de jeito nenhum, então, em meio a uma prova de Física, quando eu estava pensando nas malditas Lei de Newton, eis que me surge a utopia!... Tá, não ficou lá grandes coisas, mas é de coração. Virão melhores pra você, Aoi querido-pegael. ç.ç

Cara, eu estou MUITO³ insegura com essa fic. Não está o bastante pro Aoi, e não há ninguém que me convença ao contrário.

(Kirakishou depressiva é canon, eu amo escrever com ela. Fatão. s2)