Prólogo
Corria assustada. Tênues raios de luar passavam pela copa das árvores, mas não era o suficiente para iluminar seu caminho. Não sabia para onde estava indo, mas não podia parar. Tinha que escapar. Agora, que descobrira tudo, não podia mais continuar com aquilo. As lágrimas escorriam abundantes de seus olhos violetas. Como pudera desconfiar de Siegfried? Como não percebera o que estava acontecendo a sua volta? Sentiu que ele estava se afastando dela, mas não teve coragem de perguntar seus motivos... Apenas permitiu que a distância se impusesse entre eles... Sem questionar, sem ter como evitar... E agora se arrependia...
Seus passos se arrastavam. Estava cansada. Correra a noite toda, mas não podia parar, não até ter certeza de que estava em segurança. De que Ymir não mais a perseguia. Assustou-se quando sua capa enroscara no galho de uma das árvores, parando seu movimento bruscamente, fazendo com que caísse sobre a neve. Permaneceu deitada alguns instantes, e então se voltou para ver o que tinha acontecido. Um suspiro aliviado escapou dos lábios arroxeados e trêmulos pelo frio. Levantou-se e caminhou até o galho, desenroscando a capa, para em seguida retomar sua corrida...Mas quando seus olhos miraram o caminho a sua frente...
Olhou ao redor, buscando reconhecer o local onde estava, ou o caminho de onde viera, mas não conseguiu... Estava perdida. Seu coração disparou. Ele a devia estar perseguindo. Não podia correr o risco de voltar... Mas o que fazer? Para onde deveria ir?
Sentiu o peso do cansaço, suas pernas trêmulas dobraram e ela não conseguiu sustentar o peso de seu corpo, sentando pesadamente no chão. Os soluços de pânico explodiram de seu peito. Cobriu o rosto com as mãos e permitiu que o choro convulsivo a tomasse. O frio aumentava. Se ficasse ali muito mais tempo, acabaria congelando.
Olhou ao redor, seus olhos estavam pesados. A corrida a deixara exaurida. Apoiou as mãos na neve, mas não conseguiu se levantar. Respirou fundo, enquanto seus dedos se afundavam na neve fofa, baixou a cabeça e encarou suas mãos, vendo-as afundarem na neve... Talvez não precisasse mais correr... Aquela poderia ser a fuga perfeita... E não mais teria que se preocupar.
Respirou profundamente e deitou, encolhendo-se. As lágrimas escorreram por seu rosto. Como se arrependia de não ter acreditado em Siegfried... Pior que isso... Como pudera desconfiar dele? Fechou os olhos e deixou que a escuridão a levasse. Deitada na neve, naquele frio... Não demoraria até que congelasse... E então... Finalmente estaria livre.
Tinha que encontr�-la. Mantê-la em segurança. Ele provavelmente a estava perseguindo. Não aceitaria que o rejeitasse. Mesmo ferido, tinha que encontr�-la. Depois pensaria em como tratar seu ferimento... Embora tivesse certeza de que não era tão grave quanto podia parecer.
Correu pela floresta, sentia que a encontraria ali. Era o lugar de mais difícil acesso, onde ela se sentiria segura para buscar algum lugar para se esconder, mas era também perigoso. Se perdesse o caminho, aquela floresta era como um labirinto mesmo de diaà noite, na penumbra, não havia chance de escapatória. Tinha que encontr�-la antes que fosse tarde demais... Com esses pensamentos em mente, adentrou a floresta, correndo o mais rápido que podia e mantendo seus sentidos à alerta.
Sua atenção fôra atraída pelo que parecia um choro... Um choro doloroso e assustado. Sorriu, tinha que ser ela. Precisava encontr�-la antes dele. Correu seguindo aquele som que apesar de lhe cortar o coração ao imagin�-la sofrendo, era o que lhe alimentava as esperanças.
Chegou a uma clareira, o choro parara há alguns minutos, mas sentiu que era aquele o caminho que devia seguir. Seus olhos azuis perscrutaram o local, tentando ver algo através daquela escuridão. Caminhou alguns passos e olhou ao redor. Seus olhos arregalaram.
Seu coração disparou ao ver um vulto caído em meio à neve. Tinha que ser ela! Aproximou-se cauteloso, ajoelhou-se ao lado do corpo caído e tomou-o nos braços, virando-o para si. Seus olhos encheram de lágrimas ao reconhecê-la, lágrimas que passaram de felicidade a medo, quando se deu conta de que seu rosto estava frio e arroxeado.
Aproximou seu rosto do dela e pôde sentir a fraca respiração. Esperanças renovadas, ele agora tinha que aquecê-la o mais rapidamente. Tomou-a nos braços e pôs-se a correr o mais rápido que o peso de seus corpos permitia. Sabia que havia uma cabana por ali... Tinha que encontrar o lugar antes que fosse tarde demais.
Depois de alguns minutos de corrida incessante, conseguiu vislumbrar a pequena cabana em meio à escuridão. Olhou para Hilda, desacordada em seus braços e caminhou rapidamente. Forçou um pouco a porta e esta cedeu, dando-lhe passagem.
A cabana era escura e estava fria. Parecia que ninguém passava por ali havia um bom tempo. Seus olhos procuraram fazer um reconhecimento do local o máximo que a escuridão lhe permitia. Vislumbrou uma cama e caminhou com Hilda até lá. Tinha que agir rápido. Tinha que aquecê-la.
Deitou-a na cama e correu até a lareira. Conseguiu encontrar alguns pedaços de lenha que por sorte estavam secos e pôs-se a tentar acendê-la. Em poucos instantes, o fogo já estava alto, mas mesmo assim, não seria o suficiente para aquecê-la.
Sabia o que tinha que fazer e esperava que ela lhe perdoasse por sua ousadia. Despiu-a e afastou as cobertas. Corou ao vê-la seminua. Não pôde conter o arrepio de desejo que lhe tomou o corpo, mas não devia pensar nisso. Tinha que salv�-la. Ela não podia morrer. Não permitiria que acontecesse. Sabia que a melhor forma de aquecer-lhe era transmitir a ela o calor de seu corpo, por isso, despiu-se também e deitou ao lado dela. Puxou-a para que se deitasse sobre ele e cobriu a ambos, abraçando-a com força e esfregando-lhe as costas.
Lembrou-se de quando e como tudo começou... Não podia ter permitido que acontecesse daquela forma...
Continua...
Oi Pessoal! Estou de volta! Esta fic não vai ser muito grande, eu juro! Espero os comentários sempre carinhosos e animadores de vocês! Abraços a todos e atá o próximo capítulo!
