Aos meus amigos.

DUONO OKAZO

Por Arthemisys

...x...x...x...

Prologo

"Dar alguma coisa para receber outra coisa de igual valor.

Essa foi a verdade que eu aprendi desde que nasci.

Essa foi a verdade passada a mim, pelo meu irmão.

Mas agora, eu estou aqui, neste deserto de gelo manchado de rubro, a me perguntar...

Essa é a verdadeira essência da Troca Equivalente?

Pois meu irmão deu tudo o que possuía...

E em troca, recebeu a guerra, a dor... E a morte."

Tatiana Milovick

Unueæapitro (1)

Era uma manhã ensolarada do dia sete de outubro de 1925. O Quartel General da Cidade Central estava apinhada de gente. Homens e mulheres aguardavam o momento em que prestariam o último e mais importante exame para Alquimistas Nacionais.

Em uma das inúmeras janelas que compunham a arquitetura do prédio do Quartel, dois personagens observavam atentamente os candidatos. Ambos estavam vestidos com a farda do exército. Um deles falou:

- A cada ano, parece que triplica o número de candidatos, não acha? – um homem branco de feições robustas indagava a outro de aparência mais delicada, mas possuidor de um olhar objetivo.

- Sim, mas é como diz aquele ditado: "Não se fazem mais alquimistas como antigamente". De todos estes, nenhum parece que irá me surpreender.

- Tem certeza disso, Roy?

- Absoluta, Armstrong.

- Então, veja quem chegou. – o comandante Armstrong imediatamente apontou em direção a uma pessoa que acabava de chegar na arena de testes.

- Elric...? – o comandante Roy Mustang balbuciou, em meio a um semblante de espanto.

Lá embaixo, um rapaz alto, loiro e possuidor de firmes olhos dourados se desvencilhava das pessoas que ao verem, paravam de conversar e de ler as últimas notas, para ficarem observando.

- Veja! O Full Metal Alchemist!

"O Full Metal Alchemist". O título que ele ouvia era mais uma escassa lembrança do passado que lhe fora tomado. Mesmo assim ele não baixou o olhar. Continuou a caminhar até o local que lhe seria mais apropriado para que pudesse exercitar os seus conhecimentos. Conhecimentos esses que tiveram que ser novamente implantados em sua mente. E essa reaprendizagem só seu deu de forma perfeita, graças a paciência de sua sensei.

Continuou a ouvir os comentários:

- O alto e de cabelo curtinho?

Alphonse Elric se virou para os alquimistas que faziam tais comentários e disse:

- Eu sou o irmão mais novo dele.

Imediatamente os homens se calaram. Então os boatos que percorriam por todo o país eram verdadeiros: o Full Metal havia conseguido realizar a tão perigosa transmutação humana e com tal feito, teve que dar o seu devido pagamento: sua vida.

- Senhoras e senhores. Hoje será realizado o último teste que definirá a pontuação final e, por conseguinte, a escolha dos Alquimistas Nacionais. Podem usar de todos os artifícios que a alquimia permite e saibam que cada um estará sendo observado por nossos avaliadores. – o brigadeiro general Roy Mustang falava tranqüilamente, enquanto caminhava entre os testandos. – Lembrem-se que o que será avaliado nesse teste será a boa utilidade que todos vocês farão da alquimia. – ao parar em frente a Alphonse, ele terminou. – Boa sorte a todos. Que o teste comece agora.

Imediatamente, todos se dirigiram a um lugar mais adequado para começarem a colocar em prática seus conhecimentos em alquimia. Em poucos segundos, os primeiros sinais de fenômenos alquímicos começaram a surgir de várias partes da arena. Uns produziam ouro falso com minerais presentes no solo. Outros faziam com que as plantas tivessem um crescimento acelerado. O jovem Elric começou a examinar o local com relativa calma, pensando no que produziria, foi nesse exato momento que...

- Cuidado! Vai desabar!

Várias pessoas olharam para o local onde um homem gritava desesperado. Ele havia feito um carvalho já morto novamente criar folhas e a crescer apressadamente. A arvore ganhou um tamanho tão extraordinário que a sua raiz não suportou mais o peso que sustentava e partindo-se, começou a trajetória de uma queda que sem dúvida, arrasaria toda a estrutura do prédio do Quartel Central.

Imediatamente, Al correu até a frente da árvore que despencava e rapidamente, traçou no chão o círculo da transmutação. Ao encostar suas mãos no desenho, todo o traçado brilhou e um segundo depois, irrompeu do chão ao seu lado, três enormes blocos rochosos em forma de mãos que prenderam firmes o pesado tronco da árvore, impedindo que um estrago maior acontecesse.

Enquanto isso, dentro do Quartel...

- Bom Elric! – exclamou Armstrong, com seus olhos pequenos brilhando.

- O senhor disse "Elric"? – uma voz feminina e austera tirou o comandante de sua empolgação.

- Sim, tenente Riza. Alphonse Elric está aqui e acabou de salvar a fachada desse prédio.

A jovem militar encostou o rosto no vidro da janela e contemplou a árvore amortecida e o jovem próximo a ela.

- Quer dizer que ele conseguiu...

- Sim. Edward Elric conseguiu realizar a transmutação humana.

Vendo o que acabara de fazer, Al não deixou de dar um leve sorriso de satisfação. Aquele incidente foi sem dúvida, uma ocasião formidável para que seus conhecimentos fossem bem postos à prática.

- Nada mau, Alphonse.

O rapaz se virou e viu que um militar o observava minuciosamente. Por um breve instante, teve a impressão de que aqueles olhos negros e frios já o haviam encarado antes.

- Não foi nada. – o irmão de Ed respondeu apenas. Nesse momento, ele conseguiu ler na farda do militar: Roy Mustang.

- Fujam! Fujam! – um alquimista bradava correndo.

Ao se virarem, ambos puderam ver enormes labaredas de fogo pareciam engolir tudo a sua volta, começando a queimar as pessoas próximas.

- Essa não! – Mustang gritou, correndo em direção as chamas. Mas antes que pudesse fazer alguma ação para inibir aquelas chamas, alguém se postou entre o general e a grande muralha incandescente.

- Saia daí!

Sem dar créditos às ordens do general, uma jovem por volta dos seus dezessete anos se aproximou mais das chamas. O calor fazia com que rajadas quentes de ar soprassem, agitando o cabelo negro e liso, preso por um rabo de cavalo. Uma mecha de cabelo caia desalinhada no rosto branco onde seus olhos azuis estavam fixos na chama. Como vestimenta, usava uma mini-saia jeans, uma blusa regata branca e usando por cima desses, um sobretudo preto. Também calçava um par de botas pretas de cano alto. Sem mais um minuto a perder, ela elevou os braços a altura do tórax e com força, bateu as palmas das mãos, produzindo com o choque, um globo esbranquiçado que começou a ganhar uma proporção maior, engolindo sua autora e crescendo assustadoramente, começando a engolir as labaredas.

- O que é aquilo! – Riza indagou espantada, ainda na janela do Quartel.

- Hum... Esse... Esse é um caso raro de alquimia com a umidade do ar. Mais comumente conhecida como Alquimia do Gelo... Interessante. – Armstrong concluiu, enquanto cruzava os braços e apenas observava o desenrolar dos fatos.

Todos os presentes começaram a notar que a temperatura começou imediatamente a baixar, fazendo com que as chamas começassem a diminuir de tamanho, até desaparecer por completo. Todos os pretendentes a Alquimistas Nacionais exclamaram um "oh" de espanto pelo que acabaram de presenciar.

- Isso foi bom. – Roy comentou ao se aproximar dela. – Qual é o seu nome?

- Lee. Liza Lee.

- Você é estrangeira? – o brigadeiro general indagou novamente, ao ver que ela tinha um carregado sotaque.

- Sou do interior... Sou de Rizempool.

- Rizempool? Você nasceu lá? – Alphonse pergunta completamente interessado ao saber da origem da moça.

- Sim, - ela respondeu. – quem é você?

- Sou...

- Para alguém que nasceu em Rizempool, você deveria conhecê-lo. – Mustang retorquiu de imediato.

A moça então encarou Al com mais profundidade, tentando resgatar de sua mente, alguma informação adequada para dar sobre aquele rapaz a sua frente.

- Hum... Elric?

- Você acertou. – Mustang disse, se dirigindo então às outras pessoas e dizendo: - Senhores, os testes acabaram. Amanhã voltem para o Quartel, a fim de conhecerem suas notas finais. – Roy finalizou, se retirando e indo a direção ao prédio do Exército.

Ao ver o militar a uma distância bem considerável, a moça suspirou aliviada e Al timidamente voltou a falar:

- Err... Liza, eu não me lembro de você em Rizempool.

- Claro que não poderia se lembrar, bobinho. Eu menti.

- Mentiu? – Al indagava incrédulo.

- Claro! Assim como você! – ela retrucou, começando a caminhar.

- Assim como eu? Que garota... Esquisita.

...x...x...x...

Alguns minutos depois, no Quartel General...

- Aqui está.

- Hum... Deixe-me ver isso.

Após alguns minutos observando o relatório que a Tenente Riza havia lhe entregue, Roy se espreguiça em sua poltrona, esticando os braços enquanto bocejava. A jovem por sua vez, apenas o observava séria. Ao final do "relaxamento", o brigadeiro tornou a falar.

- É, parece que ela não está mentindo. Pelo menos os documentos dela parecem ser verdadeiros.

- Ela realizou alquimia sem nenhum arranjo. – Riza frisou, sentindo-se minuciosamente observada pelo militar. – É necessário que ela seja...

- Pode deixar que eu cuido dela. – Roy avisa se levantando da cadeira e caminhando até a militar. – Agora, quero falar de outros assuntos com você, tenente.

- Que outros assuntos, senhor? – ela questionou, ainda mantendo o costumeiro ar sério. Sentiu quando ele ficou por detrás dela, roçando os dedos em sua nuca, fazendo com que ela sentisse um leve arrepio naquela região.

- Você sabe do que eu estou falando. – ele respondeu maliciosamente.

- Esse não é o melhor momento, senhor.

- E qual seria? Não vejo melhor momento que esse.

Roy então vira Riza para si, a segurando pela cintura, enquanto procurava o olhar dela.

- Vamos, olhe para mim.

Ao levantar o rosto, Roy viu que o rosto dela estava avermelhado. Mesmo depois de tanto tempo, ela continuava a ser uma mulher bastante tímida quando o assunto era "aquele" que Roy Mustang insistia em terminar o mais breve possível. E ele sempre achava aquela reação encantadora.

- O que houve tenente? Parece incomodada com alguma coisa.

Riza o encarou mais uma vez e mais uma vez, percebeu o porquê que Roy Mustang era sempre fora tão cobiçado pela enfermeira, pela florista, pela garçonete e por quase todas as mulheres da Cidade Central: os olhos. Aqueles olhos negros e pequenos eram os portadores de toda a sensualidade e mistério que sempre rondavam o militar Mustang.

- Não estou me sentindo incomodada, senhor. – ela retrucou dessa vez mais segura de si.

- Certo. Assim é bem melhor. – Roy falou, passando o dedo indicador pelos lábios dela, os contornando com cuidado. Seu passeio terminou no queixo, onde segurou seu rosto mais firmemente, aproximando o rosto dela do seu.

PATDRUM!

Os dois param imediatamente, olhando em direção de onde vinha o barulho.

- Tenente...

- Eu vou ver. – ela respondeu, empunhando o revólver e se dirigindo até a porta. Com a mão esquerda, ela gira cuidadosamente a maçaneta, e com o pé, abre a porta, mirando para o alvo e o também responsável pelo barulho.

- O que! – Riza exclamou, ao ver quem era.

Roy por sua vez esticou mais um pouco o pescoço, podendo finalmente visualizar um simpático cãozinho que arfava com a língua para fora.

- Bang! Bang! – uma vozinha infantil exclamou, chamando ainda mais a atenção dos dois militares.

Em frente à porta aberta, uma garotinha por volta dos seus três anos apareceu, empunhando uma pistola de plástico. Seu rostinho estava suado por conta da corrida que fez, a fim de alcançar a sua vítima que naquele caso, era Hayate, o cachorro de Riza.

- Finja de morto! – a menininha exigiu, sendo prontamente atendida pelo bichinho de estimação que rolou no chão, com as patinhas ao ar e com a cabeça um pouco pendida para o lado.

- Emily. Quem te trouxe aqui? – Roy indagou à pequenina, que logo abraçou as pernas de Riza com bastante carinho.

- Foi a tia Seska, paizim!

Riza se abaixou, tomando nos braços a menininha de olhos vermelhos e cabelos pretos. – Emily... Sabe que não pode vir para o Quartel.

- Eu sei mãezinha... – a menininha retrucou, após um preguiçoso bocejo. – É que eu tava com saudade d'ocês...

E com um ar completamente gracioso e infantil, Emily encostou a cabecinha no ombro de Riza, fechando os olhos e assim, caindo em um sono profundo.

- Ela dormiu... É sempre assim quando nós ficamos de plantão aqui. Emily não dorme e no outro dia, diz que está com saudades de nós. – Riza informou à Roy, com a voz saindo em forma de sussurro para que ela não acordasse. – Vou levá-la para o alojamento.

- Certo.

Roy então viu sua esposa e filha desaparecerem pelo longo corredor. Era incrível como o mundo dava voltas, Mustang não deixou de pensar. Afinal, há menos de quatro anos atrás, seus pensamentos eram única e exclusivamente voltados para ele próprio. Agora, tinha que dividir seus sonhos, planos e por que não os seus medos, para aquelas duas mulheres que agora, eram o que haviam de melhor nele. Era realmente algo novo... E maravilhoso.

- Brigadeiro Mustang!

Ele se virou vagarosamente e viu a tenente Maria Ross

- O que está fazendo aqui? – ele indagou com um ar sério e imponente.

- Vim avisá-lo que os resultados dos testes de hoje já estão prontos, senhor! – ela respondeu prontamente, seguido depois da comum continência.

Sem dizer nada, ele a seguiu, também desaparecendo pelo corredor de paredes claras e de chão cuidadosamente encerado.

...x...x...x...

O céu noturno estava claro e a luminosidade das estrelas estavam prejudicadas pelo brilho artificial que as lâmpadas dos postes irradiavam. Um número ainda considerável de pessoas caminhava pelas ruas. Alphonse Elric percorria o caminho limpo e sem obstáculos que as calçadas cimentadas ofereciam. Seus olhos dourados pareciam fixos no chão, mas seus pensamentos estavam todos voltados para os acontecimentos que se sucederam naquela manhã.

Quase que maquinalmente, o rapaz girou a maçaneta desgastada da porta que tinha fixado em sua viseira feita de vidro, uma placa com a palavra "Aberto" grafado em letras garrafais. Ao abri-la, Al percorreu os olhos para todos os presentes, sentados em mesas. Finalmente, seus olhos viram um assento livre, aos pés do balcão.

- O que vai querer rapazinho? – o dono do bar, um homem de olhos apertados e possuidor de barba espessa, perguntou, enquanto enxugava um copo com uma toalha clara.

- Eu quero... – a resposta de Elric foi interrompida bruscamente por outra voz.

- Seja o que for eu pago.

- Liza? – Al indagou surpreso ao ver a jovem dos testes sentada ao lado dele, com um generoso copo de cerveja. – O que você está fazendo aqui?

- O mesmo que você... – ela respondeu, encarando Alphonse de cima a baixo. – Nada.

Com um ar de "maturidade", a garota ingeriu alguns goles da bebida dourada. Ao pousar o copo novamente no balcão, Alphonse não deixou de esconder uma risada por dois motivos: a careta que ela fez ao terminar de experimentar a bebida comprovava que ela não tinha o costume de beber e a garota havia ganhado um opulento bigode feito pela espuma da cerveja. Ela notou que estava sendo observada novamente e se virou para Al, astuciosamente perguntando:

- O que foi? Nunca viu uma garota beber cerveja!

- Com a careta que você fez e com o bigode que ganhou, não. Nunca vi.

As faces de Liza ficaram rubras não se sabia se era de vergonha ou de raiva. Rapidamente, ela passou as costas da mão no rosto, retirando o excesso espumoso da bebida. Porém, quando iria abrir os lábios para proferir algo, a sineta da porta novamente vibrou, mostrando que mais alguém entrava naquele recinto. Imediatamente, os olhos da garota ficaram arregalados e Al notou que sua pele havia ficado um pouco pálida rapidamente.

Tentando disfarçar alguma coisa, ela se virou para o balcão, levantando a gola do sobretudo que usava. O irmão de Edward Elric teve uma imensa vontade de perguntar se ela estava bem, mas não teve chance: o estranho se dirigiu para o balcão, vindo se sentar ao lado dela.

O homem de pele clara, usava um espesso sobretudo na cor caramelo. Mesmo assim, podia-se ver que as roupas que ele usava por baixo eram de um vermelho bastante fechado. Seus cabelos eram lisos e avermelhados, cortados de forma comportada, no estilo militar. Seus olhos tinham o mesmo tom avermelhado e eram sérios e concentrados.

Assemelhava-se ao sangue escuro que escorria das vítimas de uma guerra, Al pensou.

- Vodka. – o homem pediu, e notou-se que seu sotaque era bastante forte.

- Desculpe, mas não temos vodka, rapaz.

Sem esperar outro tipo de reação, a moça retirou de um bolso interno do sobretudo uma cédula e o pousou sobre o balcão. O balconista não deixou de olhar com espanto o valor da nota deixada pela garota. Afinal, daria para pagar cinco rodadas de cervejas para todos naquele bar.

- Hei moça! O seu troco...

Ela já tinha se levantado e mantinha os olhos fixos na porta. Porém, um toque brusco a faz se virar. Era o homem que tentava enxerga-la melhor em meio ao casaco que escondia parte do rosto dela.

- Vi... – o homem falou, segurando o braço dela com mais força. – Vi e sciencisto! (2)

Um chute no estômago foi a resposta que o homem menos esperava da jovem que ao se ver livre, correu em direção à porta. Alphonse assistia a tudo, impressionado.

Ao vê-la escapar, o estranho soltou um impropério na mesma língua não conhecida e rapidamente, sai à rua correndo atrás da moça. Al se levantou e tomou o rumo oposto dele.

...x...x...x...

Liza corria a passos largos, mas uma inclinação que apareceu tão logo ela cruzou a esquina a fez perder um pouco o ritmo da corrida. Mesmo assim, não se permitiu perder a velocidade com que corria e arfando muito, conseguiu ultrapassar o obstáculo, continuando a correr pela calçada de uma longa avenida que só tinha como sinal de vida, o movimento dos carros.

Os fios negros de sua franja já estavam completamente colados à face suada pelo esforço e seus olhos pareciam petrificados no horizonte escuro que àquela via de acesso oferecia. Mesmo assim, continuou a correr.

"Maldição!" – Liza praguejou mentalmente. Justo agora que estava prestes a se tornar uma alquimista nacional, eles tinham que acha-la!

Sua concentração em escapar dos homens era tanta, que nem percebeu que braços a tomaram pela cintura, a arrastando para uma estreita fresta escura que dois edifícios ofereciam. Pensou em gritar, mas uma voz já conhecida sussurrou perto de seu ouvido, enquanto uma mão tapava sua boca:

- Não grite... Sou eu.

Os olhos arregalados dela comprovaram seu medo e balançando a cabeça, ela afirmou que não gritaria. No mesmo instante, o homem que a perseguia passou correndo, mas não enxergou nada além das edificações escondidas pelas sombras da noite.

Ficaram mais algum tempo calados e escondidos. Após cerca de meia hora, saíram do beco escuro. Liza foi a primeira a indagar:

- O que você está fazendo aqui!

- O mesmo que você... – Alphonse respondeu tranquilamente. – Nada.

- Engraçadinho... – ela retrucou, após um bufo de raiva. – Mas mesmo assim, obrigada pela força.

- Quem era aquele cara?

- Eu não sei.

- Como assim não sabe?

- Bem... – a garota coçou a cabeça, suspirando resignada. – Acho que foi um carinha que eu... Err...

- Um carinha que você...? – Al a estimulava a responder, ainda mais curioso.

- Um carinha que eu... – ela respondeu o final com um gesto de mãos, que deixou Alphonse boquiaberto.

- Você o roubou!

- Err... Sim! – ela afirmou dando um grande sorriso. – Qual é! Nunca viu uma alquimista ladra não!

A pergunta dela fez com que o cérebro de Al lhe transmitisse uma nítida, porém rápida imagem de uma bela mulher loira, possuidora de um arranjo alquímico tatuado na altura dos seios. Seria um resquício de seu passado esquecido? Liza o retirou da lembrança tênue com uma outra pergunta:

- Hei, como você se chama mesmo?

- Alphonse. Alphonse Elric.

Ela soltou um suspiro, mantendo um ar incrédulo em seu rosto de feições delicadas.

- Continua mentindo!

Dessa vez, foi Alphonse que arregalou os olhos.

- Eu não estou mentindo!

- É claro que está! O irmão do Full Metal não tinha um corpo humano!

"...não tinha um corpo humano!". As últimas palavras ribombaram na mente do rapaz que respondeu a ela, dessa vez, de uma forma mais veemente:

- Sim, eu "não tinha um corpo humano", como você disse. Mas meu niisan conseguiu realizar este milagre que você está vendo agora! Alphonse Elric não é mais um mero espírito preso em uma armadura: é um humano real, com um corpo real!

Imediatamente, os olhos azuis da garota ficaram arregalados. Al sentiu a intensidade da surpresa dela em seu rosto pasmo.

- O que foi? Eu disse alguma coisa que...

Sem chance de terminar, o irmão mais novo de Edward sentiu que seu rosto era tocado pelas mãos da jovem que o olhava num misto de surpresa e veneração. O toque era frio, mas ao mesmo tempo produzia em Al, um calor inexplicável, à medida que os dedos percorriam os cabelos dourados, a face branca com todos os seus contornos, os lábios. Era uma carícia carregada de comoção e por mais que tentasse Alphonse não conseguia achar uma explicação lógica para o fato daquela jovem está daquele jeito. Tentou mover os lábios para perguntar o que era tudo aquilo, mas não conseguia. Simplesmente estava paralisado.

- Então é verdade... Ele conseguiu... Ele realmente conseguiu...

Daýrigota(3)

Corajosamente revisado por Fabi Washu.

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(1) Primeiro Capítulo

(2) Você... Você é a alquimista?

(3) Continua...

...x...x...x...

Notas finais:

Finalmente... Minha primeira fic de Full Metal Alchemist. E para variar, estou sentindo um friozinho na barriga... É que sempre que faço uma fic de um anime que não estou acostumada, fico com o maior medo de que tenha escrito bobagens demais. u.u

Mas mesmo assim, torço que esse primeiro capítulo tenha sido uma leitura agradável! E aproveitando o ensejo, gostaria de agradecer à minha querida amiga Fabi Washu que tão bondosamente, betou este primeiro capítulo.

No mais, até a próxima e saibam que eu irei responder a todos os reviews no meu blog (cujo endereço se encontra no meu profile), certo?

Um forte abraço e até a próxima! o/

Arthemisys