[SHORT-FIC] "Contrato Para o Amor"
Autor(a): Barbara Dunlop
Adaptação: Carolina (Xarol)
Shipper: Edward/Bella
Gênero: UA, romance, drama,lemons.
Censura: NC-18
Sinopse:Para salvar sua fortuna, ela deverá aceitar seus termos...
Lutando para salvar a empresa de sua família, Bella Swan fica chocada quando Edward Cullen, bilionário do ramo da hotelaria, oferece a salvação. Junto com ela, no entanto, vêm uma aliança, em sua família há gerações, e um calhamaço de termos para formalizar o acordo pré-nupcial. Um perfeito manual de casamento por conveniência: ele salda a dívida com os credores, ela cede a ele metade de sua empresa. Mas o complicado jogo de faz-de-conta logo se torna mais envolvente e arriscado do que ambos esperavam. Afinal, um casamento construído com mentiras seria capaz de resistir ao teste do verdadeiro amor?
Capítulo I
Bella Swan deveria estar nervosa ao sair do elevador no andar da rede hoteleira Cullen Hotels. Mas já deixara de lado as emoções havia alguns dias.
Tudo começou com a morte repentina do pai. Em seguida, ela descobriu as imensas dívidas da empresa, a Swan Inns. Por fim, tomou conhecimento da oferta bizarra feita à irmã para quitar as dívidas da família.
A única coisa que a movia agora era uma determinação fér rea. E seu foco tinha um nome: Edward Cullen, o presidente da rede hoteleira.
Pressionou a bolsa com força contra o peito e seguiu, com passadas firmes, pelo corredor ornado com colunas de már more. Bella nunca estivera na empresa dos Cullen. Jamais tivera motivos para falar com os concorrentes da família.
Mas não era preciso ser muito esperta para imaginar que as por tas duplas ao fim do corredor a levariam direto à sala de Edward Cullen.
Ela ignorou os olhares de espanto dos funcionários em suas mesas ao longo do corredor. Ninguém parecia querer detê-la; tampouco estava disposta a permitir que a detivessem. Bella podia não ter um horário marcado com o sr. Cullen, mas tinha o direito moral de confrontá-lo pessoalmente.
Como ele ousava se aproveitar de sua única irmã, Rosalie, poucas semanas após o enterro do pai, com ameaças veladas e propostas indecentes?
Bella respirou fundo.
Talvez ainda restasse alguma emoção, afinal.
— Em que posso ajudá-la? — perguntou uma voz feminina à sua esquerda, assim que o corredor se abriu numa área maior e elegante: a recepção.
Ignorou a pergunta. Não olhou para a mulher nem diminuiu o passo. Dez passos até a porta. Oito passos.
— Por favor! — Bella ouviu a voz alta, estridente, de uma mulher bem-vestida, de cerca de trinta anos, que levantara-se da cadeira para ir atrás dela.
Cinco passos.
— A senhorita não pode...
Bella já segurava a maçaneta dourada da porta do escritório.
— Entrar aí!
Mas Bella já abrira a porta, numa entrada triunfal.
Quatro homens de temos escuros, sentados à uma mesa de reuniões, viraram-se bruscamente para ela. Dois deles tinham o cabelo grisalho; as sobrancelhas espessas franziram-se como que a adverti-la de que tinha cometido um grave erro. O terceiro homem era mais jovem, o cabelo bronze, os olhos de um azul-esverdeado brilhante. Seu semblante dizia-lhe que aquela interrupção era até bem-vinda.
O quarto homem ficou de pé. Cabelo escuro, olhos cinzentos, ombros largos. Pela sua postura, via-se que estava disposto a enfrentar qualquer um que invadisse sua privacidade.
— Sinto muito, sr. Cullen — desculpou-se a secretária, praticamente sem fôlego ao entrar na sala. — Eu tentei...
— Você não teve culpa, Simone — respondeu Cullen, os olhos fixos em Bella. — Em que posso ajudá-la, senhorita?
Bella voltou a pressionar a bolsa com força contra o peito. Sentia tanta raiva que quase não enxergava os outros homens na sala. Sua atenção estava completamente focada em Edward Cullen.
— Você acha mesmo que eu vou permitir que você leve este seu plano adiante?
— Como a srta. deve ter percebido, estamos no meio de uma reunião. —As palavras de Edward soaram duras como aço.
— Eu não quero saber se...
— A srta. não gostaria de marcar uma hora?
— Não.
— Então devo pedir que se retire.
— Você sabe quem eu sou?
— Não.
— Mentiroso!
— Vou chamar os seguranças — advertiu Simone.
Edward arqueou as sobrancelhas e encarou Bella. Ela logo percebeu que ele de fato não sabia quem ela era. Como era pos sível? É claro! Swan Inns era um conglomerado associado apenas à imagem de Rosalie.
— Será mesmo preciso chamar os seguranças? — perguntou Edward.
— Eu sou Bella Swan.
As narinas de Edward ficaram ligeiramente dilatadas e ele re cuou.
Após um breve silêncio, Edward pegou a caneta sobre a mesa e acomodou-a no bolso do paletó.
— Senhores, se me dão licença, acredito que posso conceder uns cinco minutos à srta. Swan.
Os homens começaram a se levantar.
Edward fez um gesto para que permanecessem em seus lugares.
— Por favor, senhores. Vou conversar com a srta. Swan na sala da diretoria.
Ele apontou para uma grande porta de carvalho, indicando que Bella deveria acompanhá-lo.
Ela cruzou o recinto e girou mais uma maçaneta dourada. A porta se abriu para uma ampla sala, dominada por uma imensa mesa oval com vinte cadeiras. A mobília era extremamente re quintada. Várias janelas, todas dispostas do mesmo lado, deixa vam entrar o sol de agosto que banhava toda a Manhattan.
Ela ouviu a porta se fechar e virou-se para encará-lo.
— Creio que nossa conversa será breve — comentou Edward, dando um passo em direção a ela.
Ele parecia mais alto e mais impressionante de perto. Os om bros largos e o tórax musculoso. Os raios de sol destacavam as feições de seu rosto perfeito. O queixo quadrado, o sorriso irônico, e os olhos reluzentes.
Bella teve a sensação de que poucas pessoas o enfrentavam e sobreviviam para contar a história. Se ela não soubesse sobre sua origem nobre, poderia jurar que ele nascera e se criara nas ruas do Brooklyn.
Mas nada disso importava. Ele não iria tocar num fio de ca belo da irmã dela nem colocar as mãos na empresa da família.
— Você não vai se casar com Rosalie — afirmou Bella. Ele deu de ombros.
— Isso é com Rosalie.
— Meu pai acabou de ser enterrado.
— O que não muda sua situação financeira.
— Eu posso dar um jeito na situação financeira. — Talvez. Ela queria acreditar que sim. Sempre poderiam hipotecar a pro priedade Marthas's Vineyard.
Edward inclinou a cabeça, pensativo.
— Posso cobrar sua dívida em 24 horas. Você consegue con tornar sua situação financeira nesse prazo?
Bella não respondeu. Sabia perfeitamente que não podia re solver os problemas tão rapidamente. Levaria semanas, talvez meses para lidar com as hipotecas, cartas de crédito e promissó rias assinadas pelo pai.
Ela sentiu um aperto no peito. Por quê? Por que o pai mor reu tão cedo? Bella sentia falta dele, desesperadamente. Ainda esperava contar com a sua orientação durante muitos e muitos anos.
— Srta. Swan?
— Por que você quer a Swan Inns?
Os hotéis Cullen abarcavam várias propriedades, instala ções maiores e mais luxuosas. Swan Inns se encaixava num pequeno nicho de mercado, porém lucrativo, onde Cullen po deria competir com qualquer rede de hotéis de luxo no mundo.
— Isso é alguma piada?
Bella balançou a cabeça negativamente.
— Como todo mundo, quero crescer. E você é uma oportu nidade.
— E o senhor não se importa em atropelar quem estiver na frente.
A reputação de Edward era famosa. Embora a imprensa tenha se tornado mais condescendente nos últimos meses, Bella conhe cia-o bem. Edward não passava de um frio empresário que lucrava com a desgraça alheia.
Ele deu mais um passo à frente e cruzou os braços.
— Acho que Rosalie não esclareceu bem a situação. Estou fa zendo um favor a vocês.
Bella sentiu um arrepio na espinha. Ergueu o queixo para encará-lo, olho no olho.
— Casando com a minha irmã e tomando a nossa empresa?
— Salvando a sua empresa da falência. Vocês estão falidas, srta. Swan. Se eu não fizer isso, alguém o fará. É assim que funciona o capitalismo.
— Não me venha com paternalismo.
Os lábios de Edward esboçaram um sorriso frio.
— Da forma como encaro a situação, todo mundo sai ga nhando.
— Da forma como eu encaro a situação, todo mundo sai per dendo.
— Porque você é uma idealista. Não é prática.
— Pelo menos eu tenho uma alma.
— Até onde eu sei, "ter uma alma" não é requisito para se fazer negócios em Nova York.
— Ela não vai se casar com você.
— Ela explicou o acordo?
Sim, Rosalie tinha explicado o acordo. Edward queria a empresa. Mas, nos últimos dois anos, gastou uma fortuna em campanhas para melhorar sua imagem e tinha medo de uma publicidade negativa se aparecesse como uma ave de rapina rondando duas irmãs que tinham acabado de perder o pai.
É claro que a imagem da ave de rapina refletia perfeitamente seus interesses. Ele só não queria que as pessoas soubessem. Por isso a proposta de casamento e toda a boa vontade do noivo em ajudar.
— Ela me explicou — respondeu Bella.
— Então você sabe que vão manter metade da empresa. — Sua máscara impassível transformou-se numa carranca. — E eu me acho louco por oferecer tanto.
— Na verdade você quer comprar uma noiva.
— Por esse preço? Quero.
Bella simplesmente não sabia o que dizer.
— A conversa acabou? — perguntou Edward.
A conversa acabou? O que ela faria agora? Uma ameaça in fundada? Sair feito um furacão pela porta afora? Jurar que ele nunca colocaria as mãos nos negócios da família, quando os dois sabiam que era exatamente isto que ele iria fazer?
Edward pareceu pressentir a hesitação dela.
— Ninguém vai se machucar — declarou ele. — A publi cidade vai ser boa para todo mundo. A imprensa vai ficar im pressionada com a fusão de duas grandes empresas hoteleiras. Vamos dar material de primeira para os repórteres que irão até ficar com os olhos marejados...
— Você está ouvindo o que está dizendo? — perguntou Bella.
— Como assim?
— Você não acha o seu plano um pouquinho cruel?
— Como eu disse, ninguém vai se machucar.
— E a Rosalie? E o Jacob?
— Quem é Jacob?
— O namorado dela. O rapaz sensível e carinhoso que ela está namorando há seis meses. Ele vai ficar humilhado e arra sado.
Edward ficou em silêncio. Por um segundo, Bella pensou ter visto alguma emoção nos olhos dele. Mas foi apenas um segun do. O olhar duro e frio estava de volta.
— Jacob vai se recuperar. E pode casar com Rosalie depois, quando ela estiver valendo muito mais.
Bella abriu a boca, mas não conseguiu emitir som algum.
— E você? — perguntou Edward.
— Eu estou muito, mas muito chateada — respondeu ela, na declaração do século.
Edward revirou os olhos.
— Não me interesso pelo seu estado emocional. Quero saber se você tem namorado.
— Não — respondeu ela sem entender o que a pergunta sig nificava.
— Problema resolvido!
— O quê?
— Você se casa comigo.
Bella agarrou-se ao espaldar da cadeira, com medo de cair.
— Como é que é?
Edward continuava de pé, encarando o mundo como uma pes soa racional enquanto fazia a mais indecorosa das propostas que ela já ouvira em toda a sua vida. Casar com ele? Casar com ele?
— Na verdade, não importa a irmã — continuou ele, sem nenhuma emoção na voz. — Eu só escolhi a Rosalie porque ela...
— Porque ela é a mais bonita — arrematou Bella, afas tando-se da cadeira e aprumando-se. Por algum motivo, ouvir aquelas palavras ditas por Edward a feriram mortalmente. Ela sabia que esta era a opinião da maioria pessoas, mas Edward foi ao cerne da questão com tanta frieza que Bella sentiu-se mais magoada que de costume.
— Não é que...
— Eu não vou me casar com você e nem Rosalie vai se casar com você.
A voz de Edward adquiriu um suave tom de advertência.
— A terceira opção é cobrar a dívida. E aí vocês ficam sem nada.
Bella agarrou a bolsa com força.
— A terceira opção é dar um jeito nas dívidas amanhã bem cedo.
Edward deu um meio sorriso.
— Neste caso, você tem 24 horas para refletir sobre a minha proposta.
Bella virou-se e dirigiu-se à porta. Os dois sabiam que as palavras dela não passavam de um blefe e uma intimidação sem um pingo de consistência. E Bella nunca o perdoaria por isso.
— Não é necessário, sr. Cullen.
— Dadas as circunstâncias, você poderia me chamar de Edward... Bella — sussurrou bem atrás dela, enquanto ela girava a maçaneta.
Bella não se virou, mas ouvir seu nome dos lábios de Edward fez com que estremecesse.
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Duas horas depois, Ryan Hayes peguntou a Edward:
— Presumo que você acertou todos os detalhes com ela.
— Ainda não — respondeu Edward enquanto fechava sua pasta e organizava a pilha de papéis sobre a mesa.
— Como assim, "ainda não"?
Edward suspirou e recostou-se na cadeira, esfregando as têmpo ras. O plano do Gunter parecia cada vez mais ridículo.
— Quero dizer que ainda não acertamos os detalhes.
— Mas vocês vão se casar.
— Eu estou tentando.
— Você não vai encostar um dedo nas empresas Swan sem levar uma legítima noiva Swan ao altar. Minha nossa, Edward, a mídia vai esfolar você vivo.
Edward rangeu os dentes. Ele maquinou toda essa história de diversas formas diferentes. No que dependesse dele, cobraria a dívida agora mesmo e tomaria posse da maldita empresa. Esta vam falando de negócios, não de brincadeiras de amadores.
Mas Ryan e Gunter eram os sócios majoritários da empresa e os dois estavam convencidos de que a fama de cabeça-dura de Edward estava prejudicando os negócios. Eles, inclusive, acredita vam que alguns reveses em licitações recentes tinham prejudi cado o moral dos funcionários e exercido um impacto negativo nos negócios.
Como resultado, Edward estava sendo obrigado a se compor tar como um verdadeiro escoteiro. Estava proibido de discutir em público e até mesmo fazer cara feia. Logo estaria beijando criancinhas e ajudando velhinhas a atravessarem a rua.
— Por que você não se casa com ela? — perguntou Edward a Ryan.
— Porque não sou eu quem está com problemas com a mídia — retrucou Ryan. — Além disso, não sou o presidente da em presa e também não sou a cara dos hotéis Cullen. Quais são os detalhes afinal?
— O quê?
— O que falta resolver com Rosalie?
— Nada. Não é a Rosalie. Agora é a Bella. E ela ainda está pensando no assunto. — Edward não conseguia acreditar que pe dira duas mulheres diferentes em casamento num intervalo de 48 horas.
— Pensei que você fosse casar com a mais bonita.
— A mais bonita recusou. Então fiz a proposta a Bella. Ela não tem namorado.
— Imagino que não — comentou Ryan, em tom de escár nio.
Edward empertigou-se. É claro que Bella não era tão atraente quanto Rosalie, mas não havia motivos para insultos.
— O que quer dizer com este comentário?
— Quero dizer que ela é durona. Assusta qualquer um.
— É apenas sem sal. —Edward levantou-se.
Bella não era durona e assustadora. Estava frustrada e em pânico. Na verdade, ele podia tirar vantagem disto.
— Uma irmã ou a outra. Ou você leva o plano adiante ou compromete o projeto — lembrou Ryan.
Comprometer o projeto? Edward achava que não. As Swan possuíam uma excelente propriedade na praia da ilha Kayven. E seu valor iria dobrar quando inaugurassem o novo percurso do cruzeiro marítimo.
Edward tinha que tornar a proposta mais atraente ou encontrar e explorar um ponto fraco. Mas ele não ia desistir.
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— O que vamos fazer? — perguntou Rosalie, pálida e preocu pada, à mesa do Chateau Moulin, restaurante do Swan Inn da Quinta Avenida.
— Eu não sei — respondeu Bella, com toda a sinceridade. — Tenho de ligar para o banco amanhã.
— E vai dizer o quê? — perguntou Rosalie, aflita, elevando a voz.
— Podemos rolar as hipotecas, talvez usar a propriedade de Martha's Vineyard como uma garantia extra.
— Você sabe que não vão aceitar.
Bella não respondeu, porque sabia que Rosalie estava certa. A propriedade não cobriria nem um décimo da dívida do pai.
A vida estava difícil para os Swan nos últimos anos. Custos elevados, e as pessoas faziam poucas reservas. O pai de Bella e Rosalie sempre relutava em demitir os funcionários. E fi caram enrolados com três resorts de esqui que sofreram grandes reformas mas não tiveram muita procura, porque nevou muito pouco durante dois invernos seguidos.
Elas estavam encurraladas e Edward Cullen sabia disso. Ele não era tolo, por mais antiético que fosse.
— Vou ter de casar com ele — desabafou Rosalie, derrotada.
— E o Jacob?
— Vou dar um jeito de explicar para ele.
Bella sorveu um gole de seu martíni, imitando a voz da irmã:
— Desculpe, querido, mas vou ter de casar com um outro homem, por causa do dinheiro dele.
— Eu não vou falar desse jeito.
— Não tem como ser agradável ao dizer uma coisa dessas.
— Então você vai se casar com ele?
Bella não respondeu. Esperou o garçom servi-las.
— Pelo menos eu não tenho namorado — sibilou Bella.
— Isso é um sim? — perguntou Rosalie, cheia de esperanças.
— Não, isso não é um "sim". — Bella fez uma pausa, ten tando desesperadamente concatenar seus pensamentos. — Não podemos... Isso não está certo... Eu fico louca só de pensar que vamos acabar cedendo.
—Ao menos vamos ficar com metade da empresa.
Era justo. Bella sorveu mais um gole de seu martíni. Por outro lado, se Edward resolvesse cobrar a dívida, teriam sorte de fi car com um hotel sequer. Se ao menos tivessem mais tempo. Se ao menos conhecessem alguém que pudesse assumir as dividas da família de forma irrestrita. Se ao menos o coração do pai não tivesse parado de bater.
Os três formavam um time. Já haviam enfrentado tempesta des juntos e ela sabia que conseguiriam encontrar a saída desse labirinto.
— Bella? — chamou Rosalie.
Bella deu uma garfada na salada de camarão.
— Vamos ter de falar com o Jurídico.
— E declarar falência? — Os olhos azuis de Rosalie ficaram embaçados.
Bella suspirou. Não. Não iriam declarar que estavam fa lidas. Não diante de uma escolha ligeiramente mais tolerável. Jogariam pelas regras de Edward Cullen. Se não fizessem isso, amanhã estariam na miséria e teriam destruído todo o trabalho de uma vida inteira do pai.
Ao menos com Edward havia uma chance. Se tivessem algum lucro nos anos subseqüentes, poderiam comprar a parte dele de volta.
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Edward colocou o jornal sobre a mesa de mogno e levantou-se.
— Podemos ao menos dispensar o sir.
— Como queira, senhor Cullen.
— Você está demitida!
— Creio que não — respondeu, impassível.
— Por que você conhece os podres da família?
— Porque o senhor nunca decorou a senha da adega de vi nhos.
— Bem colocado.
— Muito bem, então... sir.
— Insubordinada! — murmurou Edward.
— A srta. Swan vai ficar para o almoço?
Boa pergunta. Será que Bella ia dizer "sim" e facilitar a vida dos dois? Ou continuaria com sua teimosia, causando-lhe todo o tipo de problemas? As chances eram equilibradas.
Ele respirou fundo.
— Não faço idéia.
A sra. Nash balançou a cabeça e foi arrumar o escritório.
Edward seguiu pelo corredor, sob os olhares atentos de seus an tepassados. Os retratos estavam sempre polidos e alinhados. O pai era o último, o olhar grave, sombrio, como a repreendê-lo por alguma coisa. Edward imaginava que era isto o que o pai mais odiava na morte — ficar ali na ala dos retratos, em silêncio, vendo o filho dilapidar os negócios da família.
Virou o corredor para dar de cara com seu mais recente pro blema financeiro bem ali de pé no vestíbulo. Bella pressionava a bolsa contra o vestido chemisier marfim. Os cabelos castanhos na altura dos ombros estavam soltos, presos apenas pelos ócu los escuros posicionados na cabeça. Tinha os cílios negros e os olhos cor chocolate; o batom rosa cintilante nos lábios e dois dimi nutos diamantes nas orelhas. Roupa e maquiagem impecáveis, mas estava claramente nervosa.
Isto podia ser um bom sinal, ou um mau sinal.
—Bella — cumprimentou Edward, estendendo-lhe a mão e tentando não ser sarcástico.
— Edward — retribuiu ela o cumprimento, num rápido aperto de mãos.
— Vamos entrar? — perguntou ele, indicando o corredor. Bella lançou um olhar suspeito ao longo corredor.
— No meu escritório. Ficaremos mais confortáveis lá.
— Tudo bem. Obrigada — concordou Bella, após um mo mento de hesitação.
— Certo. Como está o trânsito? — perguntou Edward e se ar rependeu no mesmo instante por ter cedido ao impulso de jogar conversa fora. Ele não estava nervoso. Nada o abalava quando se tratava de negócios. E este não era diferente dos outros.
Se ela recusar, tudo bem. Ele poderia fazê-la mudar de idéia ou partir para o plano B. Ryan estava levando muito a sério esse negócio de casamento. Edward não acreditava que seu futuro dependesse dos caprichos da srta. Swan.
O escritório estava impecável. O jornal dobrado sobre a es crivaninha. Edward sabia que podia sentar-se à escrivaninha, co locando-se numa posição de superioridade. Mas ofereceu uma poltrona perto da lareira para que Bella se acomodasse.
Ela agradeceu, afundou-se na poltrona e cruzou as pernas. Ajeitou o vestido e acomodou a bolsa ao seu lado. Pousou as mãos sobre os belos joelhos e olhou para Edward.
Ele tratou de afastar as idéias que a imagem daquelas pernas evocavam em sua mente e sentou-se de frente para ela.
— O trânsito estava bom — respondeu ela. Edward achou melhor ater-se aos negócios.
— Já tomou sua decisão?
— Já.
— E?
Bella ficou brincando com um anel de safira e esmeralda que trazia no dedo anular da mão direita.
— Eu vou me casar com você — respondeu ela, como um condenado a caminho da forca.
Também não seria nada agradável para ele. Estava a ponto de arrumar uma esposa teimosa e reduzir drasticamente sua vida social e sexual. Aliás, pelo que podia vislumbrar da linguagem corporal de Bella, "relações conjugais" era um termo predestinado a ser banido deste casamento.
Em outras palavras, continuaria um celibatário enquanto durasse o casamento. Isso não era nenhuma maravilha.
— Obrigado.
Bella fez menção de levantar-se.
— Espere — pediu Edward. — Você não acha que temos de discutir alguns detalhes?
— Que detalhes? — perguntou ela, e voltou a sentar-se e cruzar as belas pernas.
— Para início de conversa, para quem você precisa contar?
— Contar que vou me casar com você?
— Não. Contar que tudo não passa de uma farsa.
— Ah!
— É. Essa parte. Meus sócios sabem.
— Minha irmã sabe.
— Mais alguém?
— Meu advogado. Ele vai procurá-lo para discutir o contrato pré-nupcial.
— Você quer um contrato pré-nupcial? — Edward não conseguiu conter o riso.
— Mas é claro!
— Você já deu uma olhada na minha renda líquida, publicada na Forbes do ano passado? — Um contrato pré-nupcial protegia-o muito mais do que a ela.
O semblante de Bella era mais que taciturno.
— É claro que não. Eu não dou a mínima para a sua renda líquida.
Edward custava a acreditar no que ouvia. Mas não se importa va. O que importava era seguir em frente com aquela farsa do casamento.
— A primeira coisa a fazer é ficarmos noivos.
— Eu achei que já estávamos noivos. — Edward abriu a boca para falar alguma coisa mas Bella continuou: — Você me encostou na parede e disse para eu me casar com você ou me le varia à falência. Optei pela pena mais leve, ou seja, casar com você. E se quer saber, não pense que as coisas vão ficar mais românticas que isso.
Sarcasmo? Ela estava embolsando milhões de dólares; ele ia ficar com um negócio de segunda só para salvar a reputação dele e ainda tinha de aturar desaforos?
— Você não está nem um pouco satisfeita, não é mesmo?
— Suas vítimas de chantagem costumam ficar satisfeitas?
Ele não conseguia acreditar naquilo. Qual o motivo daquele pânico? Por que Bella sentia-se tão intimidada?
— Você esperava receber flores e brindar com uma taça de champanhe?
— Eu esperava receber um empréstimo bancário e uma boa estatística.
— Fazer o quê? Eu sou tudo o que você ganhou.
Bella meneou a cabeça devagar, empinando o delicado nariz.
— Pode apostar.
Aquela troca de insultos não iria levá-los a lugar algum. Edward levantou-se, impaciente.
— Se vamos fazer com que acreditem nessa farsa, é preciso tomar algumas atitudes daqui para a frente.
— Como um aprender a tolerar o outro?
— Como convencer a mídia de que estamos apaixonados.
Bella esboçou um sorriso. Era a primeira vez que Edward a via sorrir. Seus olhos adquiriam uma luminosidade dourada e uma covinha brotava em sua bochecha direita. Quando a ponta da língua de Bella tocou os dentes da frente, Edward foi sacudido por uma onda de desejo.
Desse jeito, precisaria repensar qual era a irmã mais bonita.
— O que foi? — perguntou ele, domando seus instintos.
— Acho que descobri no que somos diferentes.
Edward ficou surpreso. Ele tinha perdido alguma coisa?
— Eu sou extremamente realista. Já você sonha com o im possível.
Ele não falaria nesses termos, mas era verdade.
— Acho bem possível que um aprenda a tolerar o outro — continuou Bella. — Mas não vejo como convencer o mundo de que estamos apaixonados.
Edward aproximou-se e sentiu o aroma do perfume de Bella. Outra onda de desejo a ser dominada. Aquilo era loucura. Ele não podia estar sentindo atração por ela. Não se permitiria sen tir-se atraído por ela.
— Sabe qual é o seu maior problema? — perguntou Edward.
Ela se levantou, desafiando-o, mas Edward era mais alto.
— Não, mas aposto que você vai me contar.
— É essa sua tendência ao derrotismo.
— Na verdade, o meu maior problema é você.
— Minha querida, eu sou a sua salvação.
— Mas como você é modesto.
— Quando você dá duro no trabalho e presta atenção no que faz, não é preciso ser modesto. — Ele se aproximou mais um pouco e abaixou a voz. — Só existem seis pessoas no mundo que sabem que eu não estou apaixonado por você. Quanto às outras, vou convencê-las do contrário.
— Vai convencer o mundo inteiro? — perguntou ela, petu lante.
— Você tem de pensar grande, Bella.
— E você tem de ser realista, Edward.
— As duas coisas se completam.
— Estatisticamente falando? Não creio.
— Então você será a exceção. — Edward podia rebater cada petulância dela. — E, minha querida, eu sou muito bom no que faço.
Bella revirou os olhos.
— Será que podemos inserir uma cláusula no contrato pré-nupcial para controlar o seu ego?
— Só se o seu advogado for muito melhor que o meu.
Bella recuou.
— Então este é o seu grande plano? Trocamos olhares apai xonados em público enquanto nossos advogados discutem nos bastidores?
Edward convidou-a a sentar-se.
— A idéia é essa. Agora, voltemos ao nosso noivado. Bella sentou-se, a respiração ofegante.
— Presumo que estamos falando de um anel para todo mun do admirar.
— Para todo mundo admirar. — Ele se acomodou na poltro na. Estava pensando no assunto no caso de uma das duas aceitar sua proposta. — Só que não queremos que perguntem se esta mos noivos; queremos que perguntem como ficamos noivos.
— Acho que não vou gostar disso.
— Você é fã dos Yankees?
Bella sentiu um arrepio percorrer-lhe o corpo e Edward pôde perceber o exato momento em que ela entendeu o que ele tinha em mente.
O olhar estupefato, o semblante pálido.
— Não.
— Aqueles telões de alta definição? O jumbotron?
— Não!
— Todo mundo vai ver!
— Eu vou ter que matar você.
— Eu não faria isso. Ainda não inclui você no meu testa mento.
— Você pode não ter percebido, mas é Rosalie quem cuida da publicidade. Ela é a garota extrovertida.
— E se você se lembra, eu tente casar com ela.
O semblante de Bella turvou-se por um segundo e Edward percebeu que talvez suas palavras tivessem soado como um in sulto.
— Ela já tem dono. É melhor aceitar isso.
— Eu não quis dizer...
— Claro que quis. Nada de telões. Entendeu?
Edward não quis dizer que preferia Rosalie. Tanto faz. Era indi ferente para ele. Mas outra recusa e estaria pisando em terreno minado. E Bella ficaria ainda mais arredia.
— E se eu fizesse uma surpresa? — perguntou Edward. — Se acrescentasse uma pitada de realismo à situação?
— Bobagem — respondeu Bella, empertigando-se na pol trona. — Deveríamos conversar sobre a fusão das empresas. Quem liga para como ficamos noivos?
Será que ela não entendia? Tudo girava em torno da reputa ção e da imagem dele.
— Eu ligo — respondeu Edward, sem rodeios. Ela podia ser petulante, mas precisava entender os interesses dele. — No pa cote que você ganhou está inclusa uma bela de uma proposta financeira e eu lucro nas relações públicas. O como interessa. A estratégia interessa.
Bella tentou refutar, mas ele estava empolgado.
— Não tenha dúvidas, Bella. Você e eu vamos convencer o mundo de que estamos apaixonados. Ou vamos morrer ten tando.
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— Não sei como vou fazer isso — disse ela a Rosalie na qua dra 12 do Club Connecticut. Perturbada pelos planos de Edward, tomou uma surra da irmã no jogo.
Ela não era uma atriz, tampouco uma pessoa pública. Algu mas executivas de renome na rede hoteleira adoravam aparecer nas páginas dos jornais. Bella prezava sua privacidade.
— Ele está sendo muito chato? — perguntou Rosalie, tentando consolar a irmã enquanto procurava uma mesa para se sentar.
— Menos do que eu esperava — respondeu Bella, com sin ceridade. — O problema é que ele tem essa fantasia de ludibriar a mídia. E eu não estou nem um pouco disposta a bancar a noiva sorridente de Wall Street.
— Acredito que ele vai lucrar alguma coisa com isso — co mentou Rosalie, preocupada, enquanto sentava-se.
— Ele está levando nossos hotéis.
— Só a metade.
Bella encarou a irmã. Será que Rosalie acreditava mesmo que Edward estava sendo justo?
— Prometemos que ele teria uma esposa, não uma noiva para estampar na primeira página dos jornais feito um troféu.
Rosalie deu de ombros.
— Se ele quer se exibir um pouco, por que não aceita e paga para ver?
— Porque se eu aceitar, a coisa não vai ter fim e vai ser cons trangedor. Sem falar que tudo não passa de uma grande men tira.
— Não vejo mal algum em fazer uma cara alegre diante de uma mentira.
— Quer parar de zombar de mim?
— Desculpe. É que...
— É que sobrou para mim e você está livre?
Rosalie mudou o tom da conversa.
— É claro que não. Eu agradeço. Você sabe o quanto eu agra deço.
Bella suspirou.
— Tenho que dar um jeito de fazer com que ele seja mais discreto. Um juiz de paz. Um pequeno anúncio na seção de clas sificados.
— Ou eu posso emprestar uns vestidos para você circular com Edward pela noite.
— Você não está ajudando.
— Sair um pouco não vai fazer mal algum. Você trabalha demais!
— Não o bastante para salvar a empresa.
— Mas você está salvando a empresa!
Bella recostou-se na cadeira. Ela não estava salvando a em presa valendo-se de seu discernimento e astúcia nos negócios.
— Eu me sinto como se estivesse me prostituindo.
— Sem sexo?
— Sem sexo.
— Então não é prostituição. Anime-se! Vamos ao shopping!
— Claro! Fazer compras vai resolver o meu problema. — Com o guarda-roupa certo, seria fácil circular por toda a Manhattan, lançando olhares lânguidos para Edward.
Ela sentiu um arrepio percorrer-lhe o corpo.
— Minha nossa — exclamou Rosalie, os olhos fixos num pon to atrás de Bella.
— "Minha nossa" por quê?
— Ele está aqui.
— Quem está aqui? — perguntou Bella, virando-se.
— Edward.
Bella congelou.
— O quê?
— Edward está aqui.
— Mas ele não é sócio.
— Talvez seja.
— Mas é um clube particular.
—Até parece que o rapaz da portaria vai dizer que ele não pode entrar para conhecer o clube.
Bella sentiu uma pressão no peito.
— O que ele está fazendo?
— Vindo para cá.
— Não!
— Está sim — respondeu ela para então abrir seu melhor sorriso. — Oi, Edward!
Bella sentiu o calor da mão que pousou sobre seu ombro nu e suado. Os músculos se retesaram ao toque, tremendo num ritmo estranho. Como se um homem nunca a tivesse tocado.
Ela resistiu ao impulso de encolher os ombros para que ele retirasse a mão.
— Oi, meu anjo. — A voz de Edward ressoou nos ouvidos dela.
O beijo que Edward salpicou-lhe na testa foi o suficiente para deixá-la sem fôlego. Apesar da suavidade do toque, o pulso ace lerou e os nervos ficaram à flor da pele.
Ela precisava se acalmar a qualquer custo.
Ele finalmente sentou-se e tomou um pouco de água.
— Como foi o jogo?
Edward vestia uma camisa pólo branca com uma faixa azul num dos ombros. A blusa realçava o bronzeado e o pescoço grosso e delineava os ombros largos e os músculos peitorais bem-definidos. Bella não respondeu, e ele lhe lançou um olhar sombrio.
— Foi bom—respondeu ela, a voz ligeiramente estrangulada.
Agora que começava a se recompor, estava morrendo de raiva. Um beijo no Club Connecticut era praticamente tão ruim quanto vários telões de alta definição. E Edward sabia disso. Os olhares curiosos das mesas vizinhas confirmavam suas suspeitas.
— Que bom — comentou Edward, bem à vontade.
— Ela perdeu todas — disse Rosalie.
Bella não gostou daque le tom excessivamente amigável.
Bella inclinou-se na direção de Edward.
— Pensei que iríamos conversar a respeito — sibilou ela.
Edward apoiou um dos braços no encosto da cadeira de Bella.
— Sou todo ouvidos.
— Mas eu não.
— É mesmo? Que pena. — Ele olhou ao redor. — Acho que é tarde demais.
— Trapaceiro — resmungou Bella, sabendo que ele ganha ra o primeiro round. Pelo menos umas 12 pessoas tinham visto aquele beijo.
Edward gargalhou. Dirigiu-se para Rosalie.
— Parabéns pela vitória.
Rosalie agradeceu com um sorriso.
— Parece que minha irmã estava com dificuldades de se con centrar no jogo.
— É mesmo? — Edward pousou mais uma vez a mão sobre o ombro de Bella e o corpo dela novamente queimou ao toque dele. Isso não era nada bom. Bella recusou-se a apreciar aquele toque. Tinha que ser repulsa. Não podia ser outra coisa.
— Será que a falta de concentração está relacionada ao que aconteceu ontem à noite? — perguntou Edward em alto e bom som.
Duas mesas adiante, Marion Thurston estava atenta. Alguns segundos depois, estava ligando para alguém. Não era preciso uma bola de cristal para descobrir para quem estava ligando. Praticamente todo mundo sabia que ela colaborava com a colu na social de Leanne Height.
Bella reclinou-se para Edward mais uma vez.
— Agora é sério. Eu vou matar você.
— Já disse que ainda não incluí você no testamento.
— Não dou a mínima. Edward gargalhou de novo.
— Vai estar livre amanhã à noite? — perguntou a Bella e virou-se para Rosalie. — E você? Reservei uma mesa no evento beneficente do Teddybear Trust Casino.
— Eu não jogo — respondeu Bella.
— Pois está na hora de aprender.
— Eu topo — respondeu Rosalie. — Posso levar o Jacob?
— Ah! O famoso Jacob!
— Eu não quero aprender — resmungou Bella.
— Blackjack — respondeu Edward. — Eu vou bancar o jogo.
— Você não vai...
— Eu vou bancar você — repetiu ele, a voz dura como aço.
— Tá legal. E também vai botar um carimbo na minha testa? Edward tomou-lhe as mãos e beijou-as. A voz, gentil, não com binava com o olhar duro.
— Não. Só vou colocar um diamante no seu dedo.
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— Problemas à vista na frente de batalha — disse Ryan, jo gando-se numa cadeira do escritório de Edward.
Edward estava examinando os prospectos sobre as empresas Swan.
— Que tipo de problema?
— O tipo que começa nos chalés DreamLodge e termina na ilha Kayven.
Edward sentiu o sangue ferver.
— O velho James sabe da ilha Kayven?
— Com certeza. Não tem outra explicação. Parece que ele vai fazer uma proposta para as Swan.
— Cretino! A rede hoteleira inteira?
— Só a propriedade em Kayven.
Edward fechou os olhos por um segundo; entrelaçou as mãos na nuca.
— E as Swans ficariam com o resto?
— Isto seria perfeito para Bella.
— Isso mesmo — respondeu Ryan.
— Quanto tempo nos resta?
— Ele vai fazer a oferta na segunda-feira.
— Como você ficou sabendo?
—Adam, lá da contabilidade, mencionou que o cunhado, que trabalha no Williamson Smythe, estava pesquisando as mesmas áreas geológicas que nós.
— Foi daí que ele tirou a informação?
—Adam não sabe de nada. Eu montei o quebra-cabeça a partir de seis fontes diferentes. Ainda temos a peça maior.
Edward começou a imaginar diferentes perspectivas em po tencial. Todas levavam DreamLodge à vitória e Cullen à der rota.
— Não posso permitir que ele faça a oferta. Ryan assentiu com a cabeça.
Edward precisava passar a frente de James. Como fazer isso antes de segunda-feira? A resposta era casar com Bella.
— Estou aqui pensando como Bella se sentiria em Vegas...
— Você não pode se casar antes de segunda-feira.
Edward deu uma gargalhada.
— O jatinho está no aeroporto. Posso casar com ela amanhã.
— Você não acha que um casamento destes pode parecer um tanto quanto oportunista?
— Prefiro parecer oportunista do que colocar tudo a perder.
— E o que vai acontecer quando James falar com Bella?
— Quando isto acontecer ela já será a senhora Cullen.
— Não é o suficiente. Não queremos que James fale com ela.
— Não podemos impedir que ele faça isso. — Afinal, vivia-se num país livre e a DreamLodge possuía tantos dispositivos de comunicação quanto qualquer outra empresa.
Ryan acomodou-se, relaxado, na cadeira.
— Podemos sim. É só fazermos com que ele pense que não tem motivos para falar com ela.
— São centenas de milhões de dólares em jogo.
— Eu sei — concordou Ryan. — E nós vamos fazer com que James pense que esse dinheiro é nosso.
Edward podia ver o brilho da astúcia no olhar de Ryan. Esse vislumbre renovou-lhe os ânimos. Sentou-se à mesa e ficou brincando com uma caneta de ouro.
— Como?
— Precisamos de quatro coisas.
Edward era todo ouvidos. Havia um motivo para ter escolhido Ryan como sócio: ele era um estrategista brilhante.
— Os rendimentos financeiros da Swan, informações importantes e cruciais sobre a DreamLodge, um rápido esboço fajuto de marketing e um anel de noivado no dedo de Bella Swan.
Edward podia cuidar do marketing e do anel. Acreditava que, no decorrer do fim de semana, poderia encontrar alguma explica ção racional para solicitar os rendimentos financeiros de Bella. Mas ele não tinha um único contato na DreamLodge.
— Que tipo de informação?
Ryan hesitou por um momento.
— Você pode ligar para o Emmett?
Edward ficou surpreso ao ouvir o nome do primo.
— É uma jogada e tanto!
— Temos centenas de milhões de dólares em jogo.
Certo. Emmett era o nome.
Bom pessoal, esse foi o primeiro capítulo, já todo no capricho e enorme para vocês!!! Se vocês acham que a história vale a pena e querem mais... basta clicar num certo bõtãozinho que seus desejos serão todos atendidos... se for do agrado e o retorno for bacana, prometo um capítulo a cada dois dias!!!
Vamos lá, estou esperando vocês comentarem!!!
beijos,
Xarol
