Esta fic segue os acontecimentos da HQ Detective Comics 859 (2010) (Greg Ruka era)

Basicamente um canon compliant para a cena da primeira vez que Kate viu Renee.

Enjoy!~ [Stone age love and strange sounds too / Come on, baby, let me get to you / Bad nights causing teenage blues / Get down ladies, you've got nothin' to lose!]


Meses se passaram desde que Katherine Kane desligou-se da rigorosa rotina militar de West Point. A ruiva viveu tanto tempo naquele ambiente que sentiu um alívio quase espiritual ao sair definitivamente. Necessitava sentir um pouco do gosto de não cumprir ordens, de não seguir toda uma hierarquia rígida ou treinar intensamente para aquilo que acontecia n'outro lado do mundo, infinitamente longe do que acontecia perto de seu lar, seu país.

Por um tempo aproveitou o máximo que podia da sua nova vida de socialite e todas as suas vantagens. Festas, casas de massagens gourmet, sexo fácil e sem compromisso, drogas, rock 'n roll... Descomprometimento. Sem dúvidas a companhia de belos corpos femininos foi seu auge da boemia. Sua imagem pública pouco importava. Não para ela decerto, mas para sua recém madrasta... Discussões sempre aconteciam entre elas. Sempre sobre como ela se comporta socialmente, sempre comparando Kate Kane de agora com Kate Kane militar. E quanto mais intensas eram as brigas, mais frequentes eram seus atos irresponsáveis. Seu pai não se intrometia nas discussões, ele se deleitava no oásis da imparcialidade, e isso Irritava ambas as moças. Porém Coronel Kane compreendia a implicância de sua filha para com sua atual esposa. Apenas pedia cautela a Kate, e sempre que pedia, era ouvido e atendido.

Kate diminuiu a frequência das farras apenas quando conheceu Renee Montoya. Ah, Renee Montoya... Havia algo naquela policial que intrigava a ruiva. Podia ser a influência latina tão claramente percebida, o linguajar treinado a ferro e temperado com um sexy sotaque dominicano ou a farda clara que contrastava tão bem ao corpo naturalmente bronzeado. No dia em que foi abordada na estrada por excesso de velocidade, Kate estava sóbria o suficiente para apreciar a mulher que a interrogava. Perguntou descaradamente quando poderiam sair para tomar um drink, não para apenas fugir da inevitável multa, mas sim porque estava genuinamente interessada na morena. Quem sabe esta tira não seria um divertimento extra? E para sua maior surpresa, a policial aceitou sua nada bem intencionada oferta. O problema é... Renee não é uma pessoa fácil de persuadir. Kate literalmente empurrou seus contatos goela abaixo de Renee com sua lábia em troca apenas da promessa de que a policial a ligaria...

Sem certeza alguma de quando.

Mas Kate, não tão inocente Katherine Rebecca Kane, ingenuamente esperou pela ligação da oficial Montoya. Uma semana se passou e nada. "Sem problemas", ela pensava. "Vida de tira deve ser um saco", Kate ainda defendia. Porém a cada novo dia que Renee não entrava em contato, mais Kate desejava procurá-la por conta própria... Ou, de modo mais radical, perseguir Renee. Kate riu de si mesma quando veio este pensamento em sua mente. Como ela poderia perseguir Renee? Cometendo crimes e contar que o tira que aparecesse para prendê-la seja Renee? Não. Ela ainda seguia cegamente o código dos cadetes da USMA para começar uma vida criminosa. Então... Voltar a correr nas madrugadas? Ela sinceramente não achou que esta seria uma ideia efetiva, visto que provavelmente exista um sistema de rodízio para cada tipo de patrulha policial. Hm... Invadir o GCPD e procurar por Renee, uh? Patético. Imagina quantas policiais latinas com um forte sotaque dominicano que atende pelo nome de Renee Montoya deve haver no departamento de polícia? Fora que ela parecia uma pobre azarada tira que trabalha sem descanso em campo... Assim sendo, péssima ideia.

Ok. Pensando de forma lógica agora, Renee de fato é uma latina e se sua dedução óbvia estiver mais do que correta, ela vive na região dos imigrantes de Gotham, provavelmente no bairro dos latinos. Quem sabe então fazer um pequeno tour por estes bairros...? Esta sim seria a idéia perfeita se não existisse uma falha crucial: Kate, socialite / Renee, tira humilde. Não importa se a ruiva usassse sua melhor camuflagem, ela seria facilmente reconhecida e rodeada por algum paparazzi. E sinceramente, aquela policial não parecia muito confortável em expor seu claro gosto por mulheres, imagine então se aparecer uma mulher estonteante como Kate Kane em seu bairro, procurando e interrogando os vizinhos sobre sua vida pessoal? Essa seria a pior saída de armário do mundo para um enrustido. Mas por outro lado, Kate não abandonou West Point para ser a Nárnia de outra mulher...

Maldita Don't Ask, Don't Tell.

Em um longo suspiro, Kate afundou sua cabeça no braço acolchoado do sofá, relaxando o resto de seu corpo e alongando seus braços e pernas -lentamente soltando seu lápis e o bloco de notas riscado no processo-. Kate definitivamente odiava esta dolorosa dúvida povoando sua mente e coração. Odiava não saber o que fazer para rever Renee, que dirá se a policial realmente estava interessada por ela... Céus, teria mesmo ela a chance de ver Renee novamente? Aliás, o que havia de tão especial nela que deixava Kate tão... Calma e ao mesmo tempo tão apreensiva?

— Ugh. Ela é só uma fardada gostosa, nada demais. Aposto que é só o uniforme... Isso! Só o uniforme! A maldita farda azul...

Olhando para o vitral que era seu teto, Kate cruzou os braços para os fazer de apoio de cabeça no sofá, deixando sua mente navegar pelos mares da realidade. Nem ela mesma poderia se enganar. Ou poderia? O momento que hoje parece ter durado uma eternidade não durou mais do que quinze minutos -da perseguição até a abordagem- e Kate por si só não estava tão sóbria assim no dia.. E ela já havia cansado de usar a mesma lábia para se livrar de encrencas com os fardados. Mas de certa forma com Renee sim foi diferente. A policial aceitou o endereço, o telefone e o convite, porém aplicou a maldita multa do mesmo jeito e acompanhou a meio-sóbria-meio-ébria senhorita Kane até sua residência. Kate não precisou de esforços para lembrar de como as algemas deixaram uma mistura perigosa de quente e frio na sua pele, e o toque inesperadamente cordial de Renee quando a colocou no banco traseiro da viatura.

Aquele carro da polícia em si era tão diferente de todos os outros dos quais a socialite teve o desprazer de estar nos últimos meses... Este em particular era organizado, surpreendentemente limpo e com um bom cheiro de perfume para carros até. Provavelmente Renee não andava com um parceiro, mas de certa forma ver o cinzeiro cheio e o par de botas tamanho 43 de solas rasgadas escondido embaixo do banco do passageiro dizia Kate o contrário. Não que todas essas observações a afetasse, mas ela precisava de meios para puxar conversa com Renee, ela queria porque queria descobrir mais sobre a bela policial.

No fim tudo que Kate descobriu foi que Renee realmente era um dos poucos policiais que faziam diferença em Gotham City. E nem com todas as investidas do mundo Renee se deixou ser o prêmio final daquela noite de farra de Kate. Nem o insistente e deveras sugestivo pedido de acompanhá-la para sua cobertura no prédio Arbóreo abalou a policial. Realmente, a única resposta para seu tentador convite foi "se você tanto me quer, vai ter que lutar por mim".

Mas como lutar por alguém cuja a única certeza do mundo é a de que ela vive na mesma cidade que você? Kate realmente estava tentada a usar de meios mais... Ilícitos para descobrir mais sobre Renee, mas ela nunca mais trapacearia em beneficio próprio. E ela agradecia sua mãe todo dia por tê-la ensinado o valor da integridade.

— Heh. E pensar na tamanha lição de vida que eu tive aquela noite...

O Gotham City pague e leve reboques que se lasque, desta vez Kate realmente odiou ter de deixar o reboque levar sua icônica Porsche 911 amarela e cobrar uma nada generosa parcela da fortuna da sua família por que a taxa de permanecia de um veículo de gente rica com yk no depósito era maior, mas desta vez valeu toda a pena. Essa despesa foi debitada na conta de sua madrasta mesmo...

Entretanto, a ruiva já havia mergulhado na prazerosa filosofia do "Você Só Vive Uma Vez". E a vontade de mergulhar uma segunda vez voltou com tudo. Pelo menos já era noite agora...

Em um impulso, Kate se levantou e correu para seu quarto. As raves, boates, as casas noturnas e o que mais de perigoso e divertido que estiver ao seu alcance a aguardava agora.

— Você só vive uma vez, com toda a certeza.

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Continua...


A/N:

Olá!~

Ontem eu estava assistindo Dear White People e quando acordei hoje me deu uma vontade enorme de desenterrar esta singela ficzinha aqui

Batcop (Renee x Kate) eu comecei a escrever mais ou menos na mesma época de Diana x Leona apesar de eu ter acompanhado 52, o debut no Detective comics e a série solo da Batwoman na época que estreou, então imagina a minha carga de feels? Tava a mais de 8 mil kkk

Ah! Quem será que vai encontrar a easter egg que deixei no ar pq sou má? rsrs

E vamos ao próximo capítulo!~ o/

(050913) (161118)